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Missões – Uma Igreja Especial: Mulungu Ali Nafe-Milange/ Moçambique

Por Susana Walker

Milange é uma vila situada na fron­teira de Moçambique com Malaui, entre montanhas e muito verde É um lugar lindo, com pessoas educadas e sorridentes!

Foi nessa vila que nasceu Gonçalvez Murimaoca. Esse moçambicano de 1.60m, grandes olhos e um sorriso enorme cresceu numa pequena zona nas redondezas de Milange, chamada Maúza. Assim como seus pais, ele cres­ceu nada conhecendo sobre o verda­deiro Deus e como adorá-lo. Seguiam cegamente os rituais dos antepassados, fazendo todos os sacrifícios ensinados pelos mais velhos e respeitando todas as “regras” dos espíritos.

Nascimento Não Convencional de uma Igreja

A única igreja que existia ali na época era a Igreja Católica. Todos os domingos, os pais de Gonçalves, sentados na varan­da da sua casa, ouviam o sino a tocar e viam alguns vizinhos passarem, vestidos em suas melhores roupas, rumo à igreja. Logo a seguir, podiam ouvir as músicas que cantavam ao longe.

Domingo após domingo, a mesma coisa se repetia. Até que Murimaoca, o pai de Gonçalvez, decidiu que era tempo de sua família também pro­curar uma igreja. Eles não queriam ir à Igreja Católica, pois era controlada pelos colonos portugueses, por isso o pai e outros velhos resolveram ir a Malaui, procurar uma outra igreja. Lá encontraram uma igreja chamada Utopia, na qual lhes foi oferecida uma Bíblia, e ouviram algumas canções.

Voltaram para Maúza felizes. Fizeram uma pequena construção e passaram a se reunir ali todos os domingos. Vestiam suas melhores roupas, levavam a Bíblia, cantavam as canções que haviam aprendido e vol­tavam para casa, mas não havia nin­guém que soubesse ler, para lhes dizer o que estava escrito na Bíblia!

Nessa época, Gonçalvez vivia no centro da vila, para poder freqüentar a escola. Num final de semana, quan­do voltou para casa, os pais o leva­ram à “sua igreja”. Depois das canções, pediram que lesse para eles uma parte daquele livro. Assim, Gonçalvez, aos doze anos de idade, passou a ser o leitor oficial da pequena comunidade.

Agora, os domingos eram inte­ressantes. Além de se vestirem bem e cantarem canções, podiam ouvir um pouco do que estava escrito naque­le livro. É verdade que não enten­diam nada, mas não havia problema: tinham uma “igreja” e estavam ado­rando o Deus Criador. Continuaram com seus pecados comuns: bebiam, sacrificavam aos espíritos, adultera­vam, brigavam entre si…, mas nem imaginavam que isso deveria mudar.

Após alguns anos, veio a guerra civil e alguns da igreja fugiram para Malaui. Ali, continuaram a se reunir. Os que ficaram em Maúza, também continuavam a se reunir, repetindo o mesmo ritual todos os domingos!

Depois da guerra, os que haviam fugido regressaram a Maúza, onde houve grande alegria no reencontro dos irmãos. Mais pessoas se juntaram a eles e a pequena igreja passou a ter mais de 200 membros. Todos “crentes”, sem sequer uma idéia do que é realmente ser cristão, mas fielmente se reunindo todos os domingos. Outras pessoas vinham de longe pedindo por uma igreja em suas zonas também. Assim, além da “igreja-mãe”, fundaram igrejas em mais de dez outras localidades.

Os anos foram se passando. Gonçalvez cresceu, casou-se e passou a ser o líder daquela pequena comuni­dade e de todas as demais localidades. Continuavam a sacrificar aos espíritos, beber, lutar, adulterar. Não imaginavam que deveriam levar uma vida diferente!

Gonçalvez passou a se envolver mais e mais com a política. Por ser um amante da música, com uma voz maravilhosa e um ritmo agradável, logo foi contratado por um dos parti­dos para fazer suas músicas de “publi­cidade”. Suas músicas eram tocadas constantemente na rádio, e ele passou a ser bem conhecido. Alguns gostavam muito dele, enquanto outros queriam matá-lo por serem do outro partido.

Deus Envia Alguém Para Ajudar

Tudo continuou assim até que, um dia, um missionário médico argen­tino chegou a Milange e começou a dar ensinos nas igrejas da vila. Vendo Gonçalvez tocando teclado, aproxi­mou-se dele e conversou um pouco sobre seu gosto pela música. Gonçal­vez gostou daquele missionário. Ficou sabendo que ele estaria ensinando em uma das igrejas e decidiu ir ouvi-lo. Ali, ouviu algo que nunca tinha ouvi­do antes: alguém pregar a Palavra de Deus. Com muito interesse, procurou o missionário depois do culto e contou- lhe sobre a necessidade de sua igreja. Convidou-o para ensiná-los mais sobre aquilo que tinha falado naquele dia.

O missionário foi. Ficou surpreso ao chegar à comprida construção da igreja, cheia de pessoas aguardando o ensino. Logo no primeiro dia, viu que o tra­balho era grande. ELES NÃO SABIAM NADA: quem era Deus, o que ele fez, o que ele faz, o que ele quer!

Começou a ensiná-los, todas as quartas-feiras. Teve que começar com coisas bem básicas! E por meses falou sobre quem é Deus, quem é Jesus, quem é o Espírito Santo. Conforme as semanas se passavam, o missio­nário via que o trabalho era muito e que não conseguiria fazer tudo sozi­nho! Orou para que Deus levantas­se ajuda e logo ouviu falar de uma escola bíblica (Afrika Wa Yesu) que aceitava alunos de todas as províncias de Moçambique e não cobrava nada dos estudantes. Logo percebeu que era resposta de Deus para suas orações.

Chamou Gonçalvez e os outros líderes da igreja. Três deles se dispuse­ram a ir: Gonçalvez, Elias e Fernando. Deixaram esposa, filhos, igreja, tudo… e foram aprender a Palavra de Deus por cinco meses!

Sede de Aprender

Cada dia na escola era uma nova descoberta! “É mesmo?!”, admiravam- se. “Nós não podemos sacrificar aos espíritos dos nossos antepassados?! Será que é verdade que não devemos beber? Ou fumar? Ou lutar?!”

A Palavra vinha diretamente ao encontro dos seus corações abertos e sedentos. Por tantos anos haviam procurado a verdade, haviam tentado seguir a Deus, e ENFIM, é isso! Nós, professores da Escola Bíblica, admirá­vamos esses três estudantes, sedentos! Seus sorrisos cresciam a cada dia! A verdade os purificava, alimentava-os e os fazia crescer!

Quando os alunos foram divi­didos em grupos para cinco dias de evangelismo prático nas vilas ao redor da escola, Gonçalvez estava no meu grupo. Seu entusiasmo não só em par­tilhar Jesus em palavras, mas também em servir com alegria e disposição, sempre cantando e sorrindo, impres­sionaram-me muito e me faziam lem­brar das palavras: “singeleza de cora­ção” (At 2.46). Durante aqueles dias, ele me contou como sua vida fora mudada e como estava ansioso por voltar a sua casa para ensinar à sua família e irmãos da igreja as verdades que havia aprendido e compartilhar da nova vida que recebera.

Mas mais milagres ainda aconte­ceriam. Um dia antes da graduação, Gonçalvez e seus amigos se reuniram para orar, como de costume, atrás dos dormitórios. Ali, Gonçalvez confessou uma das suas preocupações: “Irmãos, as distâncias lá na minha região são tão grandes! Todas as outras igrejas estão enganadas como nós estávamos, e vamos precisar ensinar TUDO de novo! Vocês têm suas bicicletas, mas eu não tenho uma! Precisamos orar para que Deus providencie uma bici­cleta para que eu também possa fazei o trabalho do Senhor!”

Enquanto isso, entre a liderança dc escola havia uma grande decisão a ser feita O diretor disse aos professores: Temos três bicicletas para serem oferecidas! Duas delas já sei para quem dar, mas resta decidir sobre uma. Qual dos alunos se mostrou merecedor de um prêmio?” Cada profes­sor sugeriu um aluno diferente, e o diretor teve que decidir por si mesmo qual dele receberia o prêmio.

Na hora da entrega dos prêmios todos ficaram quietos à espera da surpresa. Uma foi para um pastor do Norte, outra para um outro pastor de Caia… “e a última vai para: Gonçalvez!!!” UAU! Ele mal podia acreditar! Deus respondera sua oração tão rápi­do! UAU! Não há dúvida de que esse Deus é vivo e digno!

Grandes Mudanças em Milange

Contentes, os três líderes voltaram para Milange! Tudo teria que mudar! A verdade precisava ser pregada, e muitos precisavam ser libertos da escuridão e das mentiras nas quais viviam.

Depois de um ano que esses alu­nos estavam de volta a suas casas, o missionário nos contou: “É incrível a mudança que aconteceu nessa igreja! Os líderes voltaram da Escola Bíblica completamente transformados, e essa transformação tem se espalhado não só para os outros membros da sua igreja, mas através de toda região por meio das outras igrejas nas localidades!”

Pastor Gonçalvez nos explicou como foi: “Assim que chegamos da Escola Bíblica, pregamos o que haví­amos aprendido, não só com pala­vras, mas com nossas próprias vidas. Paramos de fazer todos os sacrifícios aos antepassados! Muitos pensaram e até nos disseram que em breve iría­mos morrer! Estavam todos à espera do castigo dos espíritos sobre nossas vidas, mas nada aconteceu! Por fim, viram que estávamos falando a verdade, e foi então que a igreja começou a nos ouvir e crer que é pecado beber, fumar, prostituir-se etc! Nossa igreja mudou porque estávamos na escu­ridão sem conhecer a verdade, mas agora nossos olhos foram abertos! Até mudamos o nome da nossa igreja. Já não se chama Utopia, e sim Mulungu Ali Nafe (Deus Conosco)! Os crentes já estão livres de todo curandeirismo, bebedice e prostituição!”

Quando visitamos essa igreja, no final de Outubro de 2004, tivemos a maravilhosa surpresa de ver uma igreja viva, com um louvor e adora­ção sinceros, de uma comunidade que está conhecendo a Deus e fazendo-o conhecido por toda região. A igreja tem agora cerca de 900 membros. Nem todos vêm todos os domingos, pois muitos são comerciantes que viajam sempre para Malaui e outros lugares. No domingo que estivemos lá, estava chovendo, mas às 9 horas da manhã, a igreja estava cheia, com mais de 300 pessoas já sentadas. Além da igreja-mãe, os líderes da igreja, agora seis deles já graduados da Escola Bíblica Afrika Wa Yesu, têm viajado a todas as outras localidades pregando e ensinando o que aprenderam. Algumas das igrejas nas localidades são do mesmo tamanho e até maiores que a igreja-mãe.

Os pais de Gonçalvez e os outros velhos que começaram a igreja perma­necem fiéis e confirmam com um sorri­so a grandeza de Deus que os conduziu da escravidão nas práticas tradicionais a essa nova vida de liberdade e verdadei­ra adoração ao Deus Vivo!

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