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CAP 3 – O DEUS EXPLOSIVO?

Eu vencia por 4X0 quando o doutor frustrado reiniciou o jogo Candy Land. Tinha apenas 8 anos mas sabia exatamente o que estava acontecendo, pois meus pais me levaram ao psicólogo infantil devido aos meus ataques incontroláveis de raiva. Eu ficava altamente depressivo e tinha uma ira explosiva quando perdia no jogo para meus irmãos ou irmãs. Por este motivo eu ria comigo mesmo no consultório do Dr. Steel. Por uma estranha razão, eu continuava vencendo e não sei por que estanha ganhando tantas partidas como naquele dia. Eu não era estúpido e sabia que eles queriam me ver perder para explodir como um vulcão, como meus pais contaram ao doutor. O pequeno Darin facilmente perdia a paciência na vida e o bom Dr. Steel iria ajudá-lo. Muitos dólares em educação, vários anos de pesquisa, e tudo por água abaixo porque as cartas estavam a meu favor e eu vencendo o simples jogo Candy Land.

Na minha quinta vitoria o Dr. Steel demonstrava sinais de estresse e começava a revelar um padrão de comportamento que estava fortemente escondido. Imaginei-o jogando longe o tabuleiro e arrancando as cabeças dos bonequinhos num ataque de raiva. Estava difícil de manter minha compostura quando minha peça, o boneco pão de gergelim, se aproximava da reta final para a sexta vitória. Eu contava em voz alta ao avançar casa por casa no jogo. “Você não precisa contar em voz alta”, o doutor me interrompeu.

Eu sabia que Candy Land era um jogo de sorte, pois havia jogado milhares de vezes com meus irmãos. E sabia também porque o Dr. Steel me lembrava disto em cada vez que eu gritava “Vitória!” E eu me controlava, pois meus pais estavam esperançosos na sala de espera com um cheque de USD 150,00 para pagar ao bom doutor expert em ensinar paciência para as crianças. Quando a seção terminou, ele recebeu seu dinheiro, saiu um alegre e saltitante menino, seguido por um psicólogo nervoso. Meus pais não faziam idéia do que acontecera naquele lugar, mas se encantavam em ver o brilho em meus olhos, mesmo que fosse só por um dia.

A verdade é que eu jamais explodiria se perdesse para o Dr. Steel. Eu já sabia onde ele queria chegar, e sabia por que estávamos jogando, mas o Dr. Steel não estava preparado para tantas derrotas e ficou impaciente. Eu ri desta experiência por quase 35 anos. Dr. Steel não me ensinou nada sobre paciência, mas pude aprender que quando você conhece a essência de algo, você não se irrita facilmente com o que te rodeia. É a falta de entendimento que nos faz ficar impaciente.

A maioria das pessoas entende que paciência é saber controlar a raiva. Se eu perder num jogo e ficar irado, devo contar até dez até que a raiva vá embora. Este pensamento requer que primeiro exista a raiva para depois vir a paciência. Mesmo sendo uma coisa boa, controlar a raiva não é ser paciente, mas exatamente o contrário. Quando falamos que “o amor é paciente”, muitos interpretam que o amor é nervoso, mas controla seus ataques de ira. Com isto se tem a noção que impaciência é uma característica do amor.

Poucos acreditam que o amor é paciente. De fato, esta geração crê que o amor é ardente, onde se espera a total ausência de paciência. Quando era pastor, gastei muito tempo tentando convencer aos novos casais a ser pacientes. Alguns iam para a cama juntos muito rapidamente, pensando que a falta de paciência era o sinal que estavam verdadeiramente apaixonados. Atualmente, se alguém espera mais que quatro ou seis semanas para ter uma relação sexual é acusado de não ter interesse pelo parceiro. Infelizmente, o amor é avaliado por quão impaciente estamos no meio dele. Se amamos alguém de todo o coração, para muitos, é o sinal que devemos abandonar o que estamos construindo e partir direto para a consumação. Por causa disto, as pessoas tendem a redefinir o coração de Deus e eu percebo esta idéia de amor impaciente em muitos ensinamentos cristãos.

Já ouvi um pregador dizer que se ficarmos repetindo os mesmos erros, Deus perde a paciência conosco e nos dará uma lição que não vamos esquecer tão cedo. Não sei qual foi o pior: ouvi-lo dizendo isto ou a onda de améns que recebeu. Se isto for verdade a cerca de Deus, nós todos temos um grande problema. As pessoas foram levadas a temer um Deus impaciente, que espera perfeição de nós. Em minha igreja, a idéia era que Deus queria nos lançar no inferno por toda eternidade e, se isto não acontecesse, a justificação era uma forma de descarregar sua raiva. Em meu escritório de aconselhamento pastoral percebo que a maioria das pessoas pensa que Deus está tão desapontado com a maneira que elas vivem que ele quase não consegue suportá-las, e que Deus não deu a eles o que mereciam por que ele ainda era bom, mesmo tendo um sentimento negativo para com eles. O mais desanimador é que muitos de nós estamos conformados com esta imagem do que nós cremos que ele é.

Muitas igrejas passam esta idéia de impaciência e “amor rude” da parte de Deus, e nos trazem sempre a memória o fogo do inferno que nos espera, se não correspondermos ao que Deus quer. São verdadeiros celeiros para a falsidade, pessoas com coração fechado para as outras, usando máscaras para fugir do julgamento.

Fico triste quando ouço pregadores lançam uma lista de versículos sobre pecados, como granadas espirituais, enfatizando o inferno prometido e condenação para aqueles que os praticam. Mostram um Deus impaciente e pronto para nos julgar quando cometemos um erro. O fato é que esta idéia não considera a soberania de Deus. Se ele pudesse estender nosso tempo de vida, com o propósito de nos salvar, será que ele não faria? Muitas igrejas modernas passam a imagem de um Deus distante, e com disposição de nos humilhar quando estamos num episódio pecaminoso constrangedor. “Regras são regras e fomos advertidos a estar preparados”, dizem eles.

É de se admirar que muitas pessoas, incluindo cristãos, tem medo da morte? Não é necessariamente a morte que nos assusta, mas o fato dela poder vir na pior hora possível. Se a música parar e você não estiver sentado na cadeira, você perde. O pior é que a Pessoa que controla a música não tem nenhuma consideração com você, e nem se importa por onde você estaria quando ele vai desligar o som, quase como se o desejo dele fosse que você perdesse mesmo. É impossível ter paciência com uma pessoa que você quer mandá-la para o inferno. Os cristãos não consideram a dificuldade uns dos outros, e querem mandar o outro para o inferno, porque acreditam que Deus é assim também. Eles não têm paciência porque não têm amor.

Recentemente estava falando para uma centena de pastores e perguntei o que eles fariam se fossem para o céu e encontrassem pessoas que foram budistas, hindus e homossexuais ao redor de Jesus? O que sentiriam? A resposta unânime foi que ficariam irritados. A afirmação de que os cristãos abandonam seus feridos pode não ser verdadeira para todos, mas é para muitos. Não temos paciência, pois queremos que as pessoas sofram quando tem dificuldades com coisas que não podemos praticar. Não falamos isto abertamente, mas nosso subconsciente pensa desse jeito, pois cremos que Deus é assim. Queremos que as pessoas paguem por seus erros e muitos pensam que são guardiões do céu para aqueles que não merecem estar lá, por causa de seus atos.

Deus é Paciente

Talvez a mais excitante revelação que tive quando me apaixonei pelas pessoas é que a paciência vem com o entendimento, e o entendimento vem com o amor. Quando você ama realmente alguém, a esposa, um filho, um amigo, você entende o coração dele ou dela, e, com isso, você tem paciência.

Imagine você trabalhando em uma emergência de hospital, e atendendo uma criança com idade de dois anos, com o corpo todo queimado. Ao remover a roupa, a pele da criança se desfazia e ela gritava a todos os pulmões. Qual a chance de você perder a paciência com os gritos desta criança, e ficar irritado? Você está vendo com os próprios olhos o motivo daqueles gritos. Você não perde a paciência porque está compreendendo a essência do que está acontecendo. O amor funciona da mesma forma. Os olhos do amor vê o coração além do corpo, porque sua origem é o coração. A pessoa impaciente é cega para as coisas do coração. Quando procuramos paciência, temos que nos voltar para o amor, a fim de encontrá-la.

Quando minhas filhas eram novas, choramingavam por qualquer coisa. Algumas vezes me encurralavam contra a parede enquanto choramingavam; eu esquecia que as amava e perdia minha paciência. Sempre que meus olhos se desviavam do amor por elas, eu perdia o entendimento de por que elas estavam chorando. A coisa mais irritante é ouvir choro de criança quando você não idéia do que acontece com ela. Se olhar com olhos de amor, pode perceber que estão com fome, cansadas ou inseguras, precisando ser abraçadas. Descobri que era impossível ver a razão enquanto não estivesse em sintonia com meu amor por elas.

Deus é paciente contigo porque te entende completamente. Quando te vê lutando com o pecado, seus olhos vão além do pecado em direção ao teu coração. A paciência dele não é porque ele controla sua ira para contigo, mas pelo fato dele te conhecer tão bem a ponto de não ficar com raiva. Ele te vê sempre como uma criança e seus olhos vão além do exterior para a essência de quem você realmente é.

As pessoas pensam que se conhecem, mas isto é um grande erro. Conhecem uma série de fatos sobre o que fizeram e onde foram, mas é dentro do coração onde está a verdade sobre nós mesmos, e onde está o foco de Deus. Ele é paciente com a velocidade de nosso crescimento pessoal e nunca perderá a paciência se não estamos rápido o bastante, e nem fica irritado se repetimos o mesmo erro várias vezes.

Minha esposa e eu fomos a um chá de bebê e eu preferia ser um prisioneiro de guerra que estar ali. Desde que chegamos, fiquei bolando um plano para ir embora, e minha esposa, já desesperada, disse: decida que vai ficar a noite inteira e teu estresse acaba. Ela estava certa e, no momento que mudei meu pensamento, acalmei, relaxei e, acredite ou não, me tornei um metrossexual e, embaraçosamente, passei bons momentos ali. E é assim que Deus, por amor, age conosco. Ele decidiu de todo o coração passar a eternidade conosco, e não fica pensando num jeito de nos abandonar. Ele conhece o final da história e não precisamos nos preocupar com o dia de nossa morte, pois o Pai tem tudo sob seu controle. Deus vê o dia de nossa partida como se fosse uma viagem, e ele pacientemente prepara tudo para o dia quando o encontraremos face a face. Aumenta nossa fé, nos encoraja e nos traz coisas que nos farão exatamente como ele planejou. Seu imenso amor o torna imensamente paciente e, por isso, não há razão para temermos.

Tradução resumida do cap. 3 de Misunderstood God, de Darin Hufford

 

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3 respostas

  1. Esta palavra nos dá um senso de compreensão de Deus e de nós mesmos. Que Deus nos ajude alargarmos a nossa visão do seu amor, para que possamos exercer a paciência consosco e com todas as pessoas e coisas que contribua para o propósito de Deus em nossa geração.

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