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Abre bem a tua boca

Por Charles H. Spurgeon

“Eu sou o Senhor, teu Deus (…) abre bem tua boca, e eu a encherei” (Sl 81.10).

Peça coisas grandiosas, abra bem a sua boca. Quanto mais grandiosas forem as coisas que pedir, mais provável será que as receba. Entre os homens, o comum é que, quanto menor o favor que você deseja, maior a probabilidade de que seja atendido; com Deus, entretanto, ocorre o contrário, ou seja, quanto maior a dádiva solicitada, maior a certeza de que lhe será concedida.

Não existe nada mais grandioso a pedir do que o próprio Cristo, e você poderá recebê-lo, pois Deus já o deu a todos que creem: “Porque Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16)

Se você pedir riqueza, é possível que não venha a recebê-la, por ser uma coisa de pouco valor aos olhos do Senhor e porque ele pode não querer lhe dar. Mas se o que pedir for vida eterna, você a terá, pois se trata de uma coisa grandiosa, e Deus se agrada em dar as maiores bênçãos aos que chegam até ele por intermédio de Cristo Jesus; sendo assim, exatamente o que parecia ser o empecilho passa agora a ser uma motivação. Deus é capaz de ouvi-lo ainda que você não abra a sua boca, pois ele pode ouvir os suspiros secretos do seu coração. Mas, ah, tenha ainda mais certeza de que ele o ouvirá caso você abra bem a sua boca.

O seu pecado é grande? Então use-o como um argumento! Diga, assim como Davi: “Senhor, por amor do teu nome, perdoa o meu pecado, pois ele é grande” (Sl 25.11). Você está atravessando um momento triste e difícil, está fracassado espiritualmente? Então assuma a sua fraqueza, pois não existe melhor argumento que esse para Deus. Você se sente vazio? Assuma que algo está lhe faltando. Quanto mais urgente for a sua necessidade, mais certo é que a misericórdia de Deus venha a socorrê-lo; quanto maior o seu desejo, com mais prontidão ele irá até você.

Peça coisas grandiosas. O povo de Deus precisa ser ensinado a suplicar por coisas grandes. Como disse admiravelmente bem William Carey: “Tente coisas grandiosas por Deus e espere intervenções espetaculares da parte dele”. Quanto menos você esperar dos homens, melhor, mas quanto mais esperar de Deus, mais provável é que você o receba. Busque coisas grandiosas de Deus e vá até ele com pedidos impossíveis.

“É para o Grande Rei que você vai,

Leve consigo pedidos que sejam dignos dele.”

O texto bíblico não pode significar outra coisa, senão que devemos pedir coisas grandiosas. E, além disso, acredito que significa que devemos sentir desejos intensos: “abre bem tua boca”.

O Senhor quer que tenhamos muita intensidade quando diz “abre bem tua boca”. Quem ora de maneira fria e distante não está orando genuinamente, mas apenas fazendo súplicas falsas que serão negadas. Toda a força dessa oração, na verdade, está operando no sentido contrário. Nós devemos orar com fervor, persistência, frequência.

Se quisermos prevalecer com Deus, devemos dizer: “Eu não te deixarei até que me abençoes”. O Senhor ama esse tipo de súplica. Não existe música que soe mais doce aos ouvidos de Deus do que um clamor alto e intenso. Deus se agrada ao ouvir aquele que ora batendo com insistência na porta da misericórdia. Se o seu pedido foi negado seis vezes, então peça uma sétima, e bata, bata, bata, cada vez com mais veemência, se quiser ser ouvido. “Abre bem tua boca.”

Querido leitor, pode ser que você tenha ido recentemente buscar um pouco o Senhor e não o tenha achado. Mas ele não é um Deus pequeno, para ser procurado um pouco! Pelo contrário, quando você o busca de corpo e alma, quando você está profundamente ansioso, sentindo grande angústia e intensamente determinado, é nesta hora que esse grande Deus lhe dará a salvação igualmente grande. Ah, que você abra bem a sua boca! Clame a ele. E não quero dizer com a sonoridade física da sua voz, mas com a sonoridade da voz do seu coração, que há de ser ouvida nos céus.

Bata nos portões do céu desta maneira.  Um temporal está caindo violentamente, e você não pode permanecer lá fora aguardando sob a tempestade. Puxe o sino como se você estivesse puxando o próprio céu a ponto de desabar, dê uma badalada como quem diz: “Eu preciso entrar. Amor infinito, eu não posso ficar sem você. Misericórdia suprema, quero recebê-la. Eu vou morrer e perecer, vou ficar para sempre perdido a menos que venhas a mim, ó meu Deus”. Abra bem a sua boca, e ele certamente a encherá.

Mais uma vez, penso que esta exortação significa: exercite uma expectativa intensa. A imagem desse texto, sem dúvida, foi derivada de um ninho. Você já viu os filhotinhos, dentro do ninho, enquanto esperam a sua mãe chegar para alimentá-los? Se você já deu uma espiada lá dentro, e eles o confundiram com a mãe deles, com o que eles se pareciam?

Com toda a certeza, pareciam um monte de bocas abertas. Eles abrem seus bicos o máximo que podem, e é realmente impressionante o quanto um passarinho consegue abri-lo. A mãe está prestes a lhes trazer uma minhoca ou outra coisa para alimentá-los, os passarinhos estão famintos e não existe outra maneira de receberem o alimento a não ser abrindo bem seus biquinhos. A sua fome é tão grande que chega a parecer que seus bicos não estão sequer abertos a metade do que seria necessário; então eles abrem ainda mais quando um dos pais vem até eles – aquele pai ou mãe que ficou se empenhando o dia todo para satisfazer o desejo da cria. E eles trabalham para valer, pobres criaturinhas, voando muitas vezes bem rápido para lá e para cá. Eles parecem querer dizer aos seus pequenos: “Nós vamos satisfazê-los. Abram bem os seus biquinhos, que nós os encheremos”.

E quanto a você, alma necessitada, que boca você tem, se de fato a abrir! E que necessidades você tem! Em outras palavras, suas necessidades são tão grandes que, ainda que todos os santos da terra, assim como os anjos no céu, reunissem seus suprimentos e dissessem: “Nós o satisfaremos”, a tarefa pretendida seria totalmente além de suas capacidades.

Ninguém a não ser o próprio Deus é capaz de preencher o coração humano; apenas ele pode dizer: “Abre bem tua boca, e eu a encherei”. Cristo a encherá, não importa a imensidão da percepção do seu pecado e a sua necessidade de perdão. O Pai o suprirá, não importa que você esteja aflito por ter abandonado a casa dele. O Espírito Santo encherá a sua boca, não importa quanto tempo você tenha passado mortificado pelo pecado e alienado de Deus. Ninguém a não ser a Trindade é capaz de preencher o coração do homem.

“Abre bem tua boca, e eu a encherei”, diz o Senhor. Confie apenas nisso, e Deus lhe dará, em resposta à sua oração, tudo aquilo de que precisa; “eu a encherei”. Se ela for preenchida, estará cheia, e Deus o suprirá até que você esteja realmente pleno. Ele lhe dará tudo aquilo que você requerer, e tudo o que poderá vir a precisar entre o lugar em que está e os portões do céu. “Abre bem a tua boca, sensível à tua necessidade urgente, e eu”, diz o Senhor, “suprirei as tuas necessidades, de acordo com as minhas riquezas na glória em Cristo Jesus.” “Abre bem tua boca, e eu a encherei.”

Um grande Deus

Agora, quero dizer algumas palavras que possam levar os filhos de Deus a ir até a sua presença pedindo coisas grandiosas.

Primeiro, considere a grandiosidade de Deus. Você pode esperar coisas grandiosas daquele que criou os céus e a terra. Olhe para as estrelas, veja como o Senhor as espalhou pelo céu em grande quantidade e lembre-se de que as estrelas que você consegue ver são apenas o restinho da poeira estelar lançada porta afora da mansão de Deus. Há um número infinito de universos luminosos que nossos telescópios jamais alcançaram. Aquele que fez todas essas coisas é grande em poder; por isso, peça-lhe coisas grandes quando estiver diante dele em oração.

Lembre-se, também, de sua bondade. Deus se agrada em dar – você não vai pedir que ele faça algo que lhe cause cansaço ou incômodo. O Senhor não é um avarento que fica regulando de maneira mesquinha as moedas que só concede sob grande pressão. Ele é um Deus para quem a ação de doar é tão natural quanto é para o sol brilhar ou para uma fonte jorrar água. Vá, pois, a ele com petições imensas, uma vez que ele é sobremaneira bondoso.

Lembre-se, também, o meio pelo qual a misericórdia chega até você – é por Jesus Cristo, seu Senhor. Você tem se achegado a Deus em busca de migalhas, no nome de Cristo? Você vai se satisfazer em pedir ninharias por intermédio do Senhor Jesus? Um trono de misericórdia como esse foi designado para algo grandioso e glorioso, um sacrifício como o de Cristo foi realizado para suprir as maiores necessidades humanas. Abra bem a sua boca quando mencionar o nome de Jesus Cristo. Parece uma coisa tão medíocre se poupar nas suas orações quando aquele a quem você suplica tem

“Um nome acima de todos,

Seja no inferno, na terra ou no céu,

Os anjos e os homens ante a ele se prostram;

E os demônios fogem, aterrorizados.”

Perceba também que o Espírito Santo é o autor da verdadeira oração. Ele “cura as nossas enfermidades”, e você vai hesitar e gaguejar quando ele oferecer ajuda? Você vai dizer: “Isso é grande demais para pedir”? Ora! Quando o Espírito Santo o incentiva a pedir, ele não sabe muito bem o que é mais apropriado para pedir? Entregue-se aos impulsos graciosos que vêm da parte dele, permita ser levado pela correnteza de súplicas sob a influência do Espírito e peça o que deseja!

Há uma bela história de que Alexandre o Grande teria dado a um homem um presente que pareceu a este importante demais, de maneira que ele duvidou que pudesse ser realmente seu. Então Alexandre lhe disse: “Pode ser grande demais para que você o receba, mas não para que eu lhe dê”. Da mesma forma, pode parecer que a misericórdia de Cristo seja grande demais para você, mas de jeito nenhum é grande demais para que ele a conceda a você. Portanto, abra bem a sua boca, quando você tem um Pai, um Filho e um Espírito Santo a quem possa recorrer em oração.

Grandes necessidades

Abre bem tua boca”, pois grandes são as suas necessidades. Elas são muito maiores do que você pode imaginar, portanto, não economize em seus pedidos. Creio que, caso tivesse a oportunidade de pedir absolutamente qualquer coisa a algum amigo, eu tenderia a exagerar um pouco as minhas necessidades, em vez de diminuí-las. Certamente, com Deus, que não se empobrece ao dar nem se enriquece ao reter, podemos tomar muitas liberdades. “Abre bem tua boca, e eu a encherei.” Peça muito em oração, por serem tamanhas as suas necessidades.

E depois considere as necessidades dos outros. Ah, quando eu penso no poder que a oração tem, eu desejo encorajar os irmãos a fazer grandes orações pela conversão da nossa cidade, pelo estabelecimento da igreja de Cristo no país e pela conversão da China, da África e da Índia. “Abre bem tua boca.”

Você pode pedir coisas pequenas quando precisar delas (e você é encorajado a fazê-lo), mas nem por isso restrinja seus pedidos a tais coisas. Busque coisas grandes e interceda pelos outros pedindo grande misericórdia, quando você mesmo não estiver em necessidade.

Lembre-se, mais uma vez, das promessas extraordinariamente grandes e preciosas de Deus. Como você pode estar orando numa dimensão correta se você o tem feito dentro de suas próprias limitações? Ah, queridos amigos, as promessas de Deus não são estreitas. Elas são “preciosas e mui grandes” (2 Pe 1.4)). Você não é capaz de mensurá-las. Vá, então, com a sua boca bem aberta e peça coisas grandes ao seu Pai que está no céu.

– Adaptado de um sermão

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