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A Assembléia Solene

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Por: Richard Owen Roberts

Há nada menos que doze movimentos de avivamento no Velho Testamento. Embora cada um seja distinto dos demais, há pelo menos quatro fatores que precedem cada avivamento, que são comuns a todos.

1) Um trágico declínio. Cada avivamento do Velho Testamento é precedido por um período de declínio moral e espiritual entre o povo de Deus. Como exemplos que ilustram este problema, podemos citar Êxodo 32 e 33, onde o declínio incluiu a fabricação do bezerro de ouro para ser adorado; e o tempo de Davi, que foi precedido por mais de seis décadas em que a Arca da Aliança de Deus estava fora do seu lugar certo em Jerusalém.

2) Justo juízo de Deus. Sem exceção, os avivamentos do Velho Testamento sempre foram precedidos por alguma espécie de juízo da parte de Deus. Enquanto alguns destes juízos foram imediatos e finais, resultando em mortes entre os ímpios, outros foram misericordiosos e redentores, resultando em quebrantamento, oração, arrependimento e intensa busca da face de Deus.

3) Levantamento de líder ou líderes imensamente aflitos pela situação. Este fato pode ser ilustrado, examinando a relação completa dos avivamentos no Velho Testamento:

a) Avivamento com Moisés – (Êxodo 32 e 33).
b) Avivamento com Samuel – (1 Samuel 7, com capítulos 1-6 para dar o contexto).
c) Avivamento com Davi – (2 Samuel 6,7).
d) Avivamento com Asa – (2 Crônicas 14-16)
e) Avivamento com Josafá – (2 Crônicas 17-20)
f) Avivamento com Jeoiada – (2 Crônicas 23,24)
g) Avivamento com Ezequias – (2 Crônicas 29-32)
h) Avivamento com Josias – (2 Crônicas 34,35)
i) Avivamento com Zorobabel – (Esdras 1-6)
j) Avivamento com Esdras – (Esdras 7-10)
k) Avivamento com Neemias – (Neemias 1-13)
l) Avivamento com Joel – ( Joel 1, 2)

Obviamente, em cada caso Deus mesmo levantou um líder que tinha o pesado encargo das necessidades morais e espirituais do seu povo. As palavras de Moisés em Êxodo 32.32 destacam isso enfaticamente: “Agora, peço-te, perdoa o seu pecado; ou, se não, risca-me do livro que escreveste.”

4) Ação Extraordinária. Embora esta ação tenha sido diferente em cada avivamento, a mais freqüente tomada era da Assembléia Solene. Outra vez, observemos o que aconteceu em cada caso.

a) Êxodo 33.7-11 – Moisés tomou a tenda e armou-a fora do arraial, a uma boa distância do arraial. Chamou a este lugar de “tenda do encontro”, e exigia a todos que quisessem buscar ao Senhor que fossem para fora do arraial, para longe do local do pecado, ao tabernáculo, para encontrar-se com o Senhor.

b) 1 Samuel 7.5,6 – Samuel ordenou que todo Israel se ajuntasse em Mispa, numa Assembléia Solene, onde orou por eles, e onde jejuaram e confessaram seus pecados.

c) 2 Samuel 6.14 e 1 Crônicas 13-18 – Depois de um princípio desastrado, quando pecaram contra o Senhor colocando a Arca da Aliança num carro novo (o método filisteu), Davi e o povo a carregaram de acordo com a Palavra do Senhor, e em humilhação com regozijo, ele dançou diante de Deus com toda sua força, cingido de uma estola sacerdotal de linho. Depois de colocar de lado sua coroa e roupagens reais, Davi portou-se como um homem comum entre homens comuns. Embora não haja menção de uma Assembléia Solene no relato de 2 Samuel, a passagem paralela de 1 Crônicas a descreve em detalhes.

d) 2 Crônicas 15.9-15 – Asa convocou uma Assembléia Solene em Jerusalém onde o povo entrou numa aliança para buscar o Senhor Deus de seus pais com todo seu coração e toda sua alma.

e) 2 Crônicas 20.3-13 – Josafá chamou uma Assembléia Solene por todo o Judá e Jerusalém, e o povo jejuou e buscou ao Senhor.

f) 2 Crônicas 23.16 – Jeoiada, numa Assembléia Solene, fez uma aliança entre si mesmo, todo o povo e o rei, para que fossem o povo do Senhor. Então procederam a fazer uma limpeza de todo o mal da terra.

g) 2 Crônicas 29.5 em diante – Ezequias e os líderes estabeleceram um decreto que foi circulado extensivamente, exigindo que todo o povo se reunisse para uma Assembléia Solene e a celebração da Páscoa. Quatorze dias inteiros foram dedicados para buscar e adorar ao Senhor.

h) 2 Crônicas 34.31-33 – Josias reuniu o povo numa Assembléia Solene, e entraram numa aliança com o Senhor para andar em todos seus caminhos e cumprir todas as palavras da aliança, escritas no livro.

i) Esdras 6.16-22 – Zorobabel dirigiu o povo numa Assembléia Solene e uma celebração de sete dias da Páscoa, em que se separaram da impureza das nações, e se comprometeram a buscar ao Senhor Deus de Israel.

j) Esdras 8.21-23; 9.5-15 – Esdras proclamou um jejum no Rio Aava, para que todos pudessem se humilhar e buscar ao Senhor. No fim, fizeram uma humilhação pública, e afastaram o pecado de si, através de uma Assembléia Solene.

k) Neemias 8.1 em diante – Uma Assembléia Solene foi realizada na frente da Porta das Águas, onde foi lido o livro da lei de Moisés, hora após hora, e um compromisso foi feito por escrito, de afastar o pecado e buscar ao Senhor com todo seu coração.

l) Joel 1.13; 2.12-17 – Joel chamou uma Assembléia Solene em que todo o povo deveria comparecer, e onde todos deviam voltar ao Senhor com todo seu coração, com jejum, choro e lamentação, e onde deviam rasgar seus corações e não suas vestes.

Considere a situação na época da Assembléia Solene convocada pelo profeta Joel. O povo, como era comum, era culpado de pecados abertos, que não foram confessados e nem abandonados. Deus os visitara com juízo corretivo: uma praga de gafanhotos em tal proporção que nada semelhante havia sucedido até então. “O que ficou do gafanhoto cortador, comeu-o o gafanhoto migrador; o que ficou do gafanhoto migrador, comeu-o o gafanhoto devorador; o que ficou do gafanhoto devorador, comeu-o o gafanhoto destruidor.”

Além da terrível praga dos insetos, uma seca cruel afligira a terra. Os ébrios lamentavam porque não tinham vinho novo para beber; os sacerdotes choravam porque a oferta de manjares e a libação foram cortadas da casa do Senhor, os campos estavam arruinados, e a própria terra estava de luto, os lavradores uivavam, os animais gemiam e andavam errantes pois não havia pasto para eles. O próprio povo pranteava como virgem cingida de pano de saco pelo marido da sua mocidade.

O profeta anunciou as ordens: “Cingi-vos de pano de saco, e lamentai-vos ó sacerdotes: gemei ministros do altar! Entrai e passai, vestidos de pano de saco, durante a noite, ministros do meu Deus.”

“Santificai um jejum, convocai uma assembléia solene, congregai os anciãos, e todos os moradores desta terra para a casa do Senhor vosso Deus, e clamai ao Senhor.”

“Tocai a trombeta em Sião, e dai o alarme no meu monte santo! Tremam todos os moradores da terra.”

“Ainda assim, agora mesmo diz o Senhor: Voltai para mim de todo o vosso coração, com jejuns, com choro e com pranto. Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes. Voltai para o Senhor vosso Deus.”

“Tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum, proclamai um dia de assembléia solene. Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai os filhinhos, e os que mamam. Saia o noivo da sua recâmara, e a noiva do seu tálamo. Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa a teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que as nações façam escárnio dele.”

Promessas foram dadas como encorajamento. “Então o Senhor teve zelo da sua terra, e se compadeceu do seu povo. O Senhor responderá ao seu povo: Eu vos envio o trigo, o vinho novo e o azeite, deles sereis fartos, e não vos entregarei mais ao opróbrio entre as nações. Farei o exército do Norte partir para longe de vós e lançá-lo-ei em uma terra seca e deserta, a sua frente para o mar oriental, e a sua retaguarda para o mar ocidental. E subirá o seu mau cheiro, e subirá o seu fedor…”

Em resposta ao arrependimento coletivo do povo através de usar o meio divinamente ordenado da Assembléia Solene, a terra se regozijou e se alegrou. Os pastos do deserto ficaram verdes outra vez. As árvores e vides deram seu fruto. E o fruto que deram não era um fruto comum, mas um fruto extraordinário, pois Deus aproximou mais os períodos de chuva, e fez com que o sol brilhasse sobre a terra, de tal forma que as eiras se encheram de trigo, e os lagares transbordaram.

Tão grande foi a bênção derramada pelo Deus que se compraz num povo quebrantado e contrito, que ele lhes recuperou os anos perdidos para o grande exército de gafanhotos. O povo tinha em abundância, e estava satisfeito, louvando o nome do Senhor que operara maravilhosamente com eles. Sabiam que Deus estava no seu meio, que ele era o único Deus, e que não havia nenhum outro!

Infelizmente, alguns que se chamam de cristãos não levarão muito a sério este assunto de Assembléia Solene, porque todos os exemplos citados foram do Velho Testamento. Neste caso, deveriam pensar a respeito de todo o tempo de preparação para o Pentecostes, à luz da Assembléia Solene, e verão que aqueles dias no cenáculo foram de fato uma Assembléia Solene, se já houve alguma em toda a história do mundo!

Fundamentos Históricos

As Assembléias Solenes não só constituíam um aspecto muito comum em todos os avivamentos da Bíblia, mas eram uma parte muito importante do cristianismo em tempos passados. Nos primeiros séculos após a fundação dos Estados Unidos, dias de jejum e Assembléias Solenes eram convocados freqüentemente. Os sermões pregados nestas ocasiões podem ser encontrados em panfletos e nas bibliotecas. Isto era comum, até que chegou o declínio generalizado do cristianismo autêntico nos nossos tempos.

Os líderes antigos acreditavam que Deus se ofendia pelo pecado. Eles mesmos ficavam profundamente perturbados tanto pela existência de pecado pessoal na suas próprias vidas, como pela presença de pecados coletivos não confessados nas igrejas e na nação.

Consideravam calamidades naturais como manifestações do desagrado do Deus Todo-Poderoso por causa do pecado, e permitiam que tais eventos como terremotos, incêndios, vulcões, epidemias, enchentes, e secas os instassem a buscar a face de Deus de maneira especial, em jejum, oração, e arrependimento coletivo. Também buscavam ao Senhor em Assembléias Solenes por causa de guerras, homicídios, estupros, etc., acreditando que surtos de tal maldade eram diretamente ligados ao declínio geral da vida moral e espiritual dentro das igrejas.

Mau Uso da Assembléia Solene

Como qualquer outro meio de graça divinamente ordenado, a Assembléia Solene tem um grande potencial de ser corrompida. As denúncias tão sérias de Isaías 1.10-15 claramente indicam o desprezo de Deus para as Assembléias Solenes que perderam seu sentido e ficaram como mero ritual e formalismo. “Não continueis a trazer ofertas vãs! O incenso é para mim abominação, e também as luas novas, os sábados, e a convocação das congregações; não posso suportar iniqüidade, nem o ajuntamento solene. As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as aborrece. Já me são pesadas; estou cansado de as sofrer…”

Mas os cristãos contemporâneos não abandonaram a Assembléia Solene por causa de ser tão mal usada e abusada. Na verdade, como Deus foi diminuído até ser considerado um ser apenas uns centímetros maior que o homem, o homem foi se tornando um gigante aos seus próprios olhos. Como resultado, muitos cristãos sentiram-se livres para deixar de lado grandes porções da Palavra, e para ignorar a quase totalidade da história da Igreja Cristã, de forma a não aprender dela, e nem ser afetado por ela. A Assembléia Solene simplesmente caiu no esquecimento nas mãos de um povo que é arrogante demais para reconhecer que seus próprios pecados coletivos, especialmente os pecados de coração como orgulho, incredulidade e rebeldia, estão criando nações maduras para a destruição.

Colocando o Fundamento no Lugar

Nossa visão da Assembléia Solene será influenciada em grande parte por nosso entendimento dos justos juízos de Deus. Como já notamos, todos os avivamentos do Velho Testamento foram precedidos por alguma forma de justo juízo. Devemos compreender que estes justos juízos são conseqüência de pecados coletivos não confessados. Quando o povo de Deus peca contra ele, e não se arrepende, ele envia juízo. Embora alguns juízos possam ser chamados de finais, por trazerem morte e destruição, a forma mais padronizada de juízo tanto é corretivo, como misericordioso, e consiste da retirada de certas evidências da sua presença divina manifesta e do seu gracioso favor.

Na ausência da presença manifesta de Deus, sempre há um aumento imediato e extensivo de iniqüidade. Isto pode ser comparado ao efeito numa cidade onde a força policial entrou em greve. É a manifestação visível da lei e ordem com policiais, viaturas, etc., que restringe de alguma forma o crime. Quando a polícia está de greve, quando se sabe que são corruptos, ou quando se sabe que as prisões dificilmente acontecerão por causa da negligência e moleza dos juízes, a comunidade com certeza terá de se preparar para um aumento trágico de criminalidade. Da mesma forma, quando Deus retira de um povo a evidência da sua presença manifesta, sempre há um terrível aumento de iniqüidade e declínio de espiritualidade.

Que houve um grande aumento de imoralidade, e declínio de verdadeira espiritualidade bíblica no cristianismo moderno, é um fato sem controvérsia. Por que esta mudança tão grande ocorreu? É porque o diabo está mais poderoso que antes, ou porque Deus está mais velho, e não consegue mais se defender, ou a seu povo, da maldade?

Obviamente que não. É porque Deus está julgando os povos com o juízo corretivo da retirada de certas manifestações da sua graciosa presença e misericórdia.

Logo que se torna evidente que a imoralidade está crescendo, e que a espiritualidade está caindo, uma igreja biblicamente equilibrada e viva não começará a culpar ingenuamente o mundo, mas imediatamente reconhecerá sua própria cumplicidade. A igreja precisa se arrepender primeiro, pois o justo juízo de Deus não vem contra o mundo mas contra a igreja.

Por isto, em épocas de declínio espiritual e decadência moral, o grande dever de cada cristão é ao mesmo tempo descobrir quais pecados causaram o juízo de Deus, e abandoná-los pelo método que Deus mesmo escolheu. Este método é a Assembléia Solene. Pecados do povo precisam ser tratados com arrependimento conjunto, de acordo com métodos divinamente estabelecidos.

Do livro “The Solemn Assembly” (A Assembléia Solene) por Richard Owen Roberts. Copyright 1989. Usado com permissão.

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