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Um chamado para oração

L. R. Shelton, Jr.

A oração é o segredo do sucesso em toda e qualquer obra cristã. Ela desafia todo o poder do universo e capacita as pessoas a conquistar o mundo para Cristo. Ela tem a capacidade de trazer para a terra o poder da vida celestial, o poder do próprio Espírito de Deus, o poder da Onipotência.

Se quisermos a provisão do poder de Deus para nos santificar e derramar bênçãos verdadeiras sobre as pessoas à nossa volta, precisaremos descobrir como orar com determinação e perseverança. As Escrituras nos ensinam a fazer isso de maneira muito incisiva, usando expressões como “clamar dia e noite”, “perseverar inabalável na oração”, “ser vigilante na oração”, “ser ouvido por causa de sua importunação”. Se quisermos ser intercessores, teremos que experimentar pelo menos uma medida dessa intensidade e firmeza na oração.

Em Lucas 11, nós lemos: “De uma feita, estava Jesus orando em certo lugar; quando terminou, um dos seus discípulos lhe pediu: Senhor, ensina-nos a orar” (v.1). Depois de lhes dar o modelo de oração (o Pai Nosso), ele passou a instruí-los a respeito da questão de oração intercessória.

“Disse-lhes ainda Jesus: Qual dentre vós, tendo um amigo, e este for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois um meu amigo, chegando de viagem, procurou-me, e eu nada tenho que lhe oferecer. E o outro lhe responda lá de dentro, dizendo: Não me importunes; a porta já está fechada, e os meus filhos comigo também já estão deitados. Não posso levantar-me para tos dar; digo-vos que, se não se levantar para dar-lhos por ser seu amigo, todavia, o fará por causa da importunação e lhe dará tudo o de que tiver necessidade” (vv.5-8).

Nesta passagem, o Senhor nos ensina persistência na oração. Ele usa a palavra “importunação”. Assim como a expressão “sentir dores de parto”, importunação não é uma palavra leviana. Significa orar com urgência, orar recusando-se a ser negado, orar com uma atitude persistente que não desiste até que a bênção venha, até que a dádiva seja recebida pelo amigo, parente ou até inimigo.

Uma necessidade urgente

Encontramos nesta parábola vários princípios que devemos compreender em relação à oração intercessória. Em primeiro lugar, havia uma necessidade urgente. É aqui que a intercessão começa: o amigo chegou à meia-noite. A necessidade sempre vem numa hora imprópria para a nossa carne. O amigo estava com fome e não podia comprar pão por causa do horário. Se eu e você quisermos orar da maneira certa e entrar nesta obra de oração em cooperação com o Senhor, teremos de abrir nossos olhos e coração para as necessidades daqueles que estão à nossa volta.

As necessidades são grandes e estão por toda parte: as pessoas estão em trevas, caminhando para a perdição em todos os setores. Elas estão sem Cristo, morrendo por falta de pão enquanto nós o temos em abundância. A maldade se multiplica e se alastra rapidamente. Vemos apatia entre os cristãos, ausência do espírito missionário, pregadores, mestres e obreiros que não exaltam Jesus. Há necessidade por toda parte!

Amor e compaixão pelos outros

Em segundo lugar, devemos sentir amor e compaixão pelas pessoas que nos cercam. O amigo recebeu o viajante cansado e faminto em sua casa e coração. Ele não se isentou dizendo que não tinha pão; ele se levantou e foi procurá-lo à meia-noite. Sacrificou seu descanso noturno, seu conforto para achar o pão de que o amigo precisava. Devemos entender que o amor “não procura os seus interesses” (1 Co 13.5). É da própria natureza do amor ceder aos outros e esquecer de si mesmo em preferência de outros. O amor toma as necessidades dos outros e as torna suas. O amor tem verdadeira alegria em viver e morrer em favor de outros, assim como fez Jesus.

É o amor da mãe pelo filho pródigo que a leva a orar incessantemente por ele. Verdadeiro amor pelas pessoas se transformará no espírito de intercessão em nós. O verdadeiro amor não consegue ficar sem orar!

É possível realizar muito trabalho fiel e dedicado em favor das pessoas sem realmente amá-las. Servos de Cristo podem se doar à obra de Deus com devoção e até com sacrifício sem o fundamento de amor e compaixão que flui do coração de Jesus. A falta de amor, por sua vez, é a razão de tanta fraqueza e insuficiência na oração.

Se quisermos ser libertos do pecado de não orar, teremos de suplicar para que o Espírito alargue nosso coração em favor de outros. Orar infindavelmente por nós mesmos só resultará em repetições vãs; por outro lado, é na intercessão por outros que a fé, o amor e a perseverança serão suscitados, e o poder do Espírito Santo virá para capacitar-nos a seguir nos passos do nosso bendito Senhor.

Senso de impotência e incapacidade

Em terceiro lugar, observe o senso de impotência e incapacidade na oração intercessória. É comum falar do poder do amor, contudo o amor mais forte do mundo pode ser totalmente impotente. Ainda que uma mãe tenha toda disposição de dar a própria vida em favor do filho que está morrendo, ela pode não ser capaz de salvá-lo. O amigo da parábola estava disposto a dar pão ao seu hóspede à meia-noite, mas não tinha nada para lhe dar. Foi esse senso de impotência, sua incapacidade de ajudar, que o levou a sair de casa, pedindo favor. “Meu amigo chegou à minha casa, e eu não tenho nada para oferecer-lhe.” É esse senso da nossa impotência que se torna a própria força da intercessão, pois nos impele a ficar de joelhos para suplicar ao único que pode ajudar-nos, o Senhor da glória em pessoa.

“E eu nada tenho que lhe oferecer…” À medida que essa consciência toma conta do servo ou serva de Deus, do ministro ou missionário, a intercessão se torna a única esperança e refúgio. Posso ter conhecimento e verdade, um coração amoroso e a disposição de me doar em favor do amigo, mas o Pão do Céu eu não consigo produzir. Ah, que esta verdade se apodere de nós: “Eu nada tenho para dar!”. Que essa realidade ressoe no nosso coração e nos constranja a correr para Jesus e lançar a necessidade do nosso amigo, parente ou conhecido sobre ele.

Deixe-me repetir: o senso da nossa incapacidade e impotência é a alma da intercessão. O cristão mais simples, menos dotado e mais incapaz tem o mesmo recurso do mais forte e talentoso: suplicar por provisão e intervenção a um Deus Todo-poderoso.

Fé na oração

Veja agora, em quarto lugar, a fé na oração! O que um não tinha, outro poderia suprir. Ele tinha um amigo rico nas imediações que tinha tanto a capacidade quanto a disposição de oferecer o pão. Ele tinha certeza de que, se tão-somente pedisse, seria imediatamente atendido. Foi essa fé que o levou a sair de sua casa, à meia-noite; se ele mesmo não tinha pão para oferecer, ele poderia pedir a quem tinha.

Essa é a fé simples e confiante de que Deus dará aquilo de que realmente necessitamos. As Escrituras revelam que Deus está esperando, que seu deleite é derramar bênçãos celestiais em resposta à oração. Há centenas de promessas e testemunhos que nos conclamam a acreditar que a oração será ouvida, que aquilo que seria impossível fazer em favor das pessoas que precisam da nossa ajuda pode ser obtido por oração.

A importunação é a chave da vitória

Em quinto lugar, vemos que a chave da vitória é a importunação! A fé do amigo deu de cara com um revés repentino e inesperado: o amigo rico se recusou a atender-lhe. “Não posso levantar-me para tos dar.” O coração amoroso não havia contado com esse desapontamento – e não podia se conformar. O suplicante se põe a intensificar o pedido: “O amigo necessitado está na minha casa. Você tem o suficiente para supri-lo. E eu sou seu amigo”.

Ele se recusa a aceitar não como resposta. O amor que o fez abrir sua casa à meia-noite e o levou a sair dela para buscar socorro não desistirá até ganhar.

Quantas vezes, depois de orar por alguém, vemos a situação piorar. A pessoa se afunda mais ainda no pecado, nos ataca, zomba de nós, mostra total indiferença a Deus e ao seu Filho. Ficamos a nos questionar se vale a pena orar, pois as pessoas por quem oramos só pioram.

Esta é a lição central da parábola. Em nossa intercessão, podemos descobrir que há dificuldade e demora na resposta. Não é fácil, contra todas as evidências e aparências, manter firme nossa confiança de que Deus haverá de ouvir e perseverar em plena convicção de que receberemos aquilo que pedimos.

No entanto, é exatamente isso que Deus espera de nós. Por ser a mais alta honra que uma criatura pode render ao Criador, nossa confiança nele é tão valorizada por Deus que ele faz qualquer coisa para treinar-nos no exercício de confiar inteiramente nele. Sem dúvida, bendito é o homem ou a mulher que não se abala com a demora ou com o silêncio de Deus, com sua aparente resposta negativa ou com a condição endurecida do pecador, mas se fortalece na fé, dando glória a Deus. É essa fé que persevera de maneira importunadora, se necessário for, e jamais deixará de herdar a bênção prometida.

A certeza de grande recompensa

Observe, em sexto e último lugar, a certeza que temos de grande recompensa. “Digo-vos que, se não se levantar para dar-lhos por ser seu amigo, todavia, o fará por causa da importunação e lhe dará tudo o de que tiver necessidade”. Aqui, nosso Senhor nos dá a maior razão de todas por que devemos orar: temos a garantia de obter uma resposta!

Oh, que pudéssemos aprender a confiar na certeza de uma resposta rica e abundante! Quem dera que todos os que sentem dificuldade para orar intensamente pudessem fixar sua visão na grande recompensa e, em confiança, aprender a contar com a garantia divina de que suas orações não podem ser em vão. Se pudermos confiar em Deus e em sua fidelidade, a intercessão se tornará para nós o primeiro refúgio, o primeiro recurso quando buscamos soluções e livramentos para os outros, e a última coisa que estaremos dispostos a sacrificar quando não temos muito tempo.

Além disso, será motivo de grande alegria e esperança, pois saberemos que, sempre que orarmos, estaremos semeando plantas que darão fruto a cem por um. “Ele lhe dará tudo o de que tiver necessidade.”

O tempo gasto em oração renderá muito mais do que o que for dedicado ao trabalho. Somente a oração poderá dar valor ao trabalho e ao seu sucesso. A oração abre o caminho para que o próprio Deus realize a sua obra em e por meio de nós.

Que nosso principal trabalho, como mensageiros de Deus, seja a intercessão. Nela garantimos que a presença e o poder de Deus nos acompanharão. Entre nossa impotência e a onipotência de Deus, a intercessão é o bendito elo de ligação.

 “Por isso, vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.

Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á (Lc 11.9,10). Peça, e continue pedindo; busque, e continue buscando; bata na porta, e continue a bater.

Bendito Senhor, ensina-nos a orar; ensina-nos a esquecer de nós mesmos e a interceder em favor de outros! Dá-nos tua graça para entrar em parceria contigo, na tua obra de intercessão, ó Deus!

Extraído de Times of Refreshing: A Call to Prayer (Tempos de refrigério: um chamado para oração), Mt Zion Publications.

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2 respostas

  1. Gostei muito da chamada para a oração. É claro que a oração deve ser algo habitual e não uma coisa pontual que se pede a Deus quando se precisa de algo. Há muitas pessoas que ainda não sabem que a oração pode ser algo muito simples e rápido. Além disso, pode ser feito em qualquer lugar.

  2. MUITA ORAÇÃO, MUITO PODER
    POUCA ORAÇÃO, POUCO PODER
    NENHUMA ORAÇÃO, NENHUM PODER.
    A ORAÇÃO É ESSENCIAL EM QUALQUER MOMENTO, DEVEMOS FAZER COMO DANIEL, PELO MENOS ORAR TRÊS VEZES AO DIA.

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