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Transformando Promessas em Fatos

Por: Northcote Deck

Nosso cristianismo nasceu morto se não for prático, se não influenciar profunda e continuamente nossa vida e conduta. O cristianismo é uma vida, não uma mera profissão, uma vida a ser vivida diariamente em Cristo pelo poder do Espírito Santo. A fim de realmente produzir “o fruto pacífico da justiça” (Hb 12.11), precisa haver uma certa reação da alma, que deve ser praticada conscientemente. Refiro-me ao hábito de praticar atos de fé, definidos e diários, tão necessários durante toda a vida do crente.

Contudo, consciente ou inconscientemente, muitos cristãos têm dois evangelhos: um evangelho de fé para a conversão, após o qual se pratica um evangelho de obras, ou de esforço humano, para o crescimento subseqüente. Entendem que é preciso ceder e deixar o futuro após a morte nas mãos de Deus, quando se tornam filhos de Deus pela fé. Mas, geralmente, são indispostos a entregar sua vida presente às mesmas mãos divinas.

O Justo Viverá Por Fé

Deus nos diz em sua Palavra: “O justo viverá por fé”; portanto, não é somente crer para receber salvação. Embora “tentar” ou “esforçar-se” podem ser o lema do crente que não anda pela fé, “confiar” terá de ser sua prática diária, se quiser apropriar os recursos e o poder de Deus. Isso pode ser uma humilhação para a carne, mas é uma das certezas de Deus que a sua graça e glória só poderão ser disponibilizadas ao homem por meio de uma vida de fé.

E uma “vida de fé” implica numa série de atos de fé, conscientes, definidos, repetidos e diários, pelos quais aceitamos o que Deus diz, cremos nas suas promessas, tomamos posse delas apesar de nossos sentimentos ou aparências e, dessa forma, as transformamos em fatos e bênçãos atuais. Portanto, santidade pela fé é a única seqüência lógica à justificação pela fé.

Alguém já disse que todo verdadeiro crente anda continuamente por um caminho pavimentado pelas promessas de Deus. Assim como o pé humano era usado em tempos antigos como a unidade de medida, no mundo espiritual não é diferente. “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé vo-lo tenho dado” (Js 1.3), ele diz a cada um de nós. “Porque tudo é vosso” (1 Co 3.21), confirma o apóstolo Paulo. Então, o pé humano, medindo, tomando posse das promessas de Deus pela fé, tem possibilidades incalculáveis. Apesar disso, muitos verdadeiros crentes continuam na pobreza espiritual, para desdém e escárnio do mundo.

É como aconteceu no Monte Morgan, em Queensland, na Austrália, há muitos anos. Um dos proprietários daquelas terras trabalhou duramente por muitos anos, mal conseguindo sobreviver, sem saber que embaixo do solo improdutivo estava uma das maiores reservas de ouro do mundo inteiro. Ele era dono de riqueza imensa, vasta, incalculável; no entanto, era uma riqueza não apropriada, desconhecida. Da mesma forma, todo crente possui nas riquezas das promessas de Deus um Monte Morgan sob seus pés, esperando apenas que seja reconhecido, recebido e apropriado.

Na nossa caminhada espiritual, há dois elementos em cada ato de fé: primeiro, pedir e, depois, receber de Deus. Se uma criança pede uma moeda e eu estendo a minha mão em sua direção com a resposta ao seu desejo, é inútil a criança continuar pedindo. A moeda já foi oferecida; a criança agora precisa pegar a fim de possuí-la.

Para andar, precisamos dos dois pés. Um representa pedir, o outro, pegar e receber. Muitos oram e oram, mas estão usando apenas um pé, pulando e pulando, sem realmente fazer progresso. Por estranho que possa parecer, há momentos em que não se deve orar, quando a oração não poderá obter mais nada. É quando a ocasião pede ação. “Levanta-te; por que estás prostrado assim sobre o teu rosto?” (Js 7.10), foi a ordem de Deus a Josué naquela ocasião. O quê? Não orar? Não, quando o momento pede ação.

Fé Remove Pesos

Conta-se que Hudson Taylor, missionário à China no século XIX, estava passando por um tempo de profunda depressão. Na sua leitura diária da Bíblia, ele encontrou uma frase que chamou sua atenção. Era a descrição de vitória no meio da derrota: “O meu cálice transborda” (Sl 23.5).

“Sim, Senhor”, Hudson disse a Deus, “assim tu dizes, e deve ser verdade, mas meu cálice está longe disso, pois não há dinheiro suficiente para sustento dos missionários.”

Então, leu novamente o texto. “O meu cálice transborda.” “Sim, Senhor”, ele argumentou, “mas há também dissensões entre alguns dos missionários.”

Outra vez, leu o texto. “O meu cálice transborda.” E ainda outras preocupações lhe vieram à mente.

“Mas, Senhor, tu és eterno e tua Palavra é eternamente verdadeira. Portanto, apesar das aparências, isso é verdade para mim, agora mesmo. Meu cálice transborda. Eu creio nisso agora, considero-o verdadeiro e agradeço-te por isso.”

Dessa forma, aquele missionário cheio de ansiedades e pesos, pôde, pela graça de Deus, descansar na declaração graciosa e promessa de Deus e apropriá-la como real naquele momento. Assim “obteve” a promessa (Hb 11.33) e a transformou num fato presente e abençoado por um ato específico de fé.

O efeito foi muito mais que uma tentativa humana de animar o próprio coração. Deus logo lhe mostrou que era um fato literalmente verdadeiro, dissolvendo todas as dificuldades como só ele pode. Praticar deliberadamente este bendito hábito resulta na ampliação das nossas expectativas, de tal forma que, como George Müller, pedir e esperar em fé torna-se quase automático, e a oração torna-se uma seqüência de pedir e aceitar.

Agradando ao Nosso Senhor

Quando uma promessa é assim recebida por meio de um ato de fé, penso na alegria do Senhor, como naquele dia em que ele se virou para perguntar: “Quem me tocou? Alguém me tocou!”. Não era uma pergunta de censura ou repreensão, mas de amor e alegria pela ousadia e confiança demonstradas pelo filho. É justamente aquele ato palpável, o toque da fé, o receber em confiança, que alcança não só a veste, mas o coração do Mestre e abre sua mão de abundância para conosco.

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