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Rabino “J”

Rabino “J”

Recentemente, levantou-se uma discussão sobre a propriedade de líderes das congregações Messiânicas na diáspora se intitularem rabinos. Há pontos a favor e contra. Um fato interessante é que nenhum dos líderes em Israel usa esse termo. Em Israel, os rabinos ocupam uma posição de autoridade tão influente que não seria apropriado, pelo menos por enquanto, chamar os líderes congregacionais de rabinos.

Uma questão relacionada também foi discutida: se o apóstolo Paulo (Saulo) deveria ser chamado de rabino. Por um lado, ele nunca é chamado rabino nas Escrituras da Nova Aliança. Por outro lado, ele é claramente descrito como alguém que ocupara uma posição rabínica, pois recebeu cartas de autoridade dos Sumo Sacerdotes (At 9.2; 22.5), foi considerado um dos líderes do judaísmo ortodoxo (Gl 1.14), foi membro de uma das seitas mais radicais (At 26.5) e foi treinado em uma Yeshivá de Jerusalém por Gamaliel (At 22.3).

Ainda outra questão relacionada é se é apropriado referir-se a Yeshua (Jesus) como rabino. Na versão dos Evangelhos em hebraico moderno, Yeshua é tratado como rabino 50 (!) vezes. Dessas 50 vezes, 13 vêm da palavra grega rabino (a maioria em João), 36 da palavra didaskalos (muitas vezes traduzida como “mestre” ou “professor”) e uma vez da palavra kathegetis.

Embora nenhuma dessas referências represente uma ordem para referir-se a Yeshua como rabino – ao contrário de outros termos obrigatórios como Messias (Cristo), Filho de Deus (Mt 16.16) e Senhor (Rm 10.9) –, se consideradas no conjunto, realmente provam a validade de usar esse termo sempre que julgarmos apropriado, como, por exemplo, ao se dirigir a uma plateia judaica ou quando se estiver enfatizando o contexto histórico-cultural da Nova Aliança a uma plateia internacional.

Mateus 23:8 – Mas vocês não devem ser chamados ‘rabis’ (rabino); um só é o mestre (didaskalos) de vocês, o Messias (christos), e todos vocês são irmãos.

Embora esse versículo possa ser usado para indicar a invalidade de usar o termo rabino para líderes messiânicos, ele pode também ser usado para indicar a validade de usar o termo para o próprio Yeshua. Não há necessidade de chamarmos Yeshua de rabino entre os povos gentios. Porém, seria justificado usar o termo para demonstrar o contexto cultural. Poderíamos chamá-lo de “Rabino J”.

Tem surgido um novo interesse no meio do mundo acadêmico judaico e, até mesmo, na comunidade rabínica de estudar Yeshua num contexto judaico histórico. Um artigo da CNN intitulado Jews Reclaim Jesus as One of their Own (Os Judeus Reivindicam Jesus como Um dos Seus) mencionou quatro livros publicados recentemente, escritos por autores judaicos de peso:
The Jewish Annotated New Testament (Novo Testamento com Notas Judaicas) publicado por Amy-Jill Levine
Kosher Jesus (Jesus Kosher), por Rabino Shmuely Boteach
My Jesus Year (Meu Ano Jesus), por Binyamin Cohen
The Jewish Gospels: The Story of the Jewish Christ (O Evangelho Judaico: A História do Cristo Judaico), por Daniel Boyarin

Esses autores não creem em Yeshua como o Salvador e são, muitas vezes, antagônicos à fé messiânica. Mesmo assim, o interesse e a pesquisa sobre as raízes judaicas da Nova Aliança constituem uma tendência positiva. Para acessar o artigo completo (em inglês), acesse: (http://religion.blogs.cnn.com/2012/04/05/jews-reclaim-jesus-as-one-of-their-own/)

A Ressurreição e a Páscoa

Nesta semana, as Igrejas Orientais nos países árabes celebraram a ressurreição de Yeshua. Evangélicos palestinos, acompanhados por um bom número de judeus messiânicos convidados, adoraram defronte o túmulo vazio no Túmulo do Jardim em Jerusalém Oriental. Os judeus messiânicos celebram a morte e a ressurreição de Yeshua (Jesus) como parte da Semana da Páscoa. Ensinamos sobre a crucificação no Shabbat que antecede a Páscoa e sobre a ressurreição no Shabbat logo após a Páscoa.

A ligação entre a Páscoa e a ressurreição de Yeshua é profunda. Em ambos os eventos, encontramos a expressão lifnot boker, que quer dizer “logo antes do amanhecer”.

Êxodo 14.27

Moisés estendeu a mão sobre o mar, e ao raiar do dia (lifnot boker) o mar voltou ao seu lugar. Quando os egípcios estavam fugindo, foram de encontro às águas, e o Senhor os lançou ao mar.

João 20.1

No primeiro dia da semana, bem cedo (lifnot boker), estando ainda escuro, Maria Madalena chegou ao sepulcro e viu que a pedra da entrada tinha sido removida.

Os israelitas saíram do Egito na noite de Páscoa, e ficaram acampados por duas noites durante a viagem (de Sucote a Etã, a Pi-Hairote  – Êx 13.20, 14.2). Deus abriu a mar durante aquela segunda noite. Na manhã do terceiro dia, eles passaram no meio do Mar Vermelho e subiram para a margem do outro lado.

O Anjo YHVH estava com eles e guiou-os na travessia. Os israelitas passaram pelas águas como se fosse um enorme batismo simbólico e coletivo (1 Co 10.1-2). Saindo do meio do mar e subindo para o outro lado foi como uma ressurreição simbólica para eles. Nós acreditamos que o Anjo YHVH na coluna de nuvem e fogo era o próprio Yeshua, na sua forma pré-nascimento (ou pré-encarnação).

Depois que Yeshua foi crucificado, seu corpo foi colocado no sepulcro. Sua alma e seu espírito desceram até ao inferno. Antes do amanhecer do terceiro dia, ele destruiu as forças do inferno e ascendeu para retornar ao seu corpo. Ele se levantou e andou para fora do túmulo exatamente na mesma hora e na mesma data em que saíra do Mar Vermelho, mais de mil anos antes.

Os dois eventos aconteceram da mesma forma, no mesmo dia e à mesma hora, pois são essencialmente interligados aos olhos de Deus. São fundidos em um só acontecimento.  Yeshua foi a figura central em ambos. Miriam estava lá, e Moisés estava lá, mas a ressurreição e o êxodo vieram a acontecer por intermédio de Yeshua, o Filho de Deus, o Mensageiro de YHVH.

Um dos elementos mais significativos do tradicional Seder de Pessach (ceia da Páscoa) é que em cada geração devemos nos ver como acabando de sair do Egito. Semelhantemente, na Nova Aliança, devemos nos ver como crucificados e ressurretos com Yeshua. O êxodo histórico dos filhos de Israel com o Anjo Yehovah é o fundamento do êxodo espiritual de todos os filhos de Deus por intermédio do Messias Yeshua.

O passado, presente e futuro se sobrepõem e se tornam um só ao vermos esse quadro profético do êxodo/ressurreição de acordo com a perspectiva e o plano eterno de Deus.

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