Compreenda e abrace o
caminho que Jesus trilhou

Proteção Contra o Engano

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Por: Derek Prince

A primeira coisa que Jesus disse sobre os acontecimentos ligados à sua vinda, em Mateus 24.4, foi: “Acautelai-vos que ninguém vos enganeMais três vezes neste capítulo (versículos 5, 11, e 24), ele reforça este alerta. Todo aquele que despreza esses avisos ou os trata levianamente faz isto com risco da sua própria alma.

O maior perigo neste final dos tempos não é a doença, a pobreza ou a perseguição. É o engano! Se alguém diz: “Isto nunca poderia acontecer comigo”, é sinal de que já lhe aconteceu, porque ele está dizendo que nunca poderia acontecer o que Jesus disse que iria ocorrer. É indicação suficiente de que tal pessoa está enganada.

A Verdade Não é Determinada pelos Sinais e Maravilhas

Uma das áreas onde devemos nos preparar para a operação de engano, com toda certeza, é na esfera de sinais e maravilhas.

Em anos recentes, tem havido uma explosão de sinais e maravilhas no mundo inteiro. Alguns têm sido bíblicos e muito úteis, outros bizarros e não-bíblicos. Quero deixar bem claro que não possuo preconceitos pessoais nem temores em relação a manifestações incomuns. A verdade é que na minha vida tenho experimentado grande número de sinais. Não me assustam. Não os encaro de forma negativa.

Mas em relação a qualquer tipo de manifestação, há duas perguntas que eu sempre faço. A primeira: é uma manifestação do Espírito Santo de Deus ou de alguma outra fonte? Segunda pergunta (relacionada com a primeira): a manifestação está em harmonia com a Escritura?

Em 2 Timóteo 3.16, Paulo diz: Toda a Escritura é inspirada por Deus. Em outras palavras, o Espírito Santo é o autor de toda a Escritura e ele nunca diz ou faz qualquer coisa que contradiga a si mesmo. Qualquer manifestação genuína do Espírito Santo sempre estará em harmonia, de alguma forma, com a Escritura.

Portanto, há uma conclusão muito importante a tirar sobre sinais e maravilhas. Eles não determinam a verdade e é essencial compreender isto. Os sinais e maravilhas não determinam a verdade! A verdade já está determinada e estabelecida e é a Palavra de Deus. Em João 17.17, Jesus ora ao Pai e diz:”A tua palavra é a verdade”. E no Salmo 119.89, o salmista declara: “Para sempre, ó Senhor, está firmada a tua palavra no céu”. Nada que acontece na Terra pode mudar uma única letra ou sinal da Palavra de Deus. Está para sempre firmada no céu.

A Bíblia fala de sinais e maravilhas. Revela algumas coisas sobre eles que são boas e outras que são muito assustadoras. Em 2 Tessalonicenses 2.9-12, Paulo diz que existem sinais e maravilhas de mentira. Há sinais verdadeiros e sinais falsos. Os sinais verdadeiros testificam da verdade. Os sinais falsos testificam da mentira. Satanás é plenamente capaz de produzir sinais e maravilhas sobrenaturais. Infelizmente, muitos no movimento carismático pensam que se algo é sobrenatural, então provém de Deus. Não há base bíblica para tal afirmação. Satanás é perfeitamente capaz de produzir sinais e maravilhas poderosos que atestem as suas mentiras.

Certa vez ouvi um líder, falando sobre experiências e manifestações incomuns, dizer o seguinte para seus ouvintes: “Agora, você não precisa testar. Não precisa examinar. Basta se abrir e receber”. Em 1 Tessalonicenses 5.21, Paulo diz aos cristãos: Examinai tudo, retende o que é bom. Assim, se não examinarmos as coisas, estaremos desobedecendo às Escrituras, e aquele que nos diz que não devemos examinar as coisas não está alinhado com a Escritura.

Tampouco podemos confiar nos nossos corações para termos a certeza da verdade. Provérbios 28.26 diz: O que confia no seu próprio coração é insensato. Assim, não seja insensato. Não confie no seu próprio coração. Não confie naquilo que seu coração lhe diz, porque não é de confiança. De novo, em Jeremias 17.9, o profeta diz: Enganoso é o coração mais do que todas as coisas e perverso; quem o conhecerá?

A palavra enganoso neste texto em hebraico é muito interessante. É um verbo na voz ativa, não passiva. Não significa que nosso coração é enganado. Significa que nosso coração nos engana, portanto não podemos confiar nele.

Ouvi alguém descrever o coração humano há 50 anos, e nunca me esqueci. Disse que é como uma cebola: podemos tirar casca após casca, sem nunca saber quando chegamos à última camada — e durante todo esse tempo nossos olhos lacrimejam. Portados esses anos, essa imagem permaneceu nítida na minha mente — um alerta intenso e bíblico contra a possibilidade de confiar que meu próprio coração me revele a verdade. A única fonte da verdade é a Escritura.

A Mistura Produz Confusão e Divisão

O que podemos concluir sobre os sinais e maravilhas que estão ocorrendo no mundo hoje? O meu resumo é muito simples: é uma mistura de espíritos, tanto do Espírito Santo como de espíritos impuros. Está tudo misturado.

Em Levítico 19.19, Deus nos alerta contra misturas, e especificamente contra três tipos: criar gado misto, semear sementes mistas e vestir roupa mista.

Podemos dizer que semear semente mista representa a mensagem que anunciamos, quando é em parte verdade e em parte erro. Trajar roupa mista assemelha-se ao estilo de vida que é parcialmente bíblico e parcialmente deste mundo. E cruzar gado com gado de um gênero incompatível seria equivalente a um ministério ou grupo cristão andar de mãos dadas com um grupo ou ministério não-cristão.

Há uma coisa interessante sobre tal cruzamento: seu produto é sempre estéril. Por exemplo, podemos cruzar uma égua e um burro e produzir uma mula. Mas esta é sempre estéril; não pode reproduzir-se. Penso ser essa uma razão de haver tantas operações “estéreis” na Cristandade—estão sendo gerados por parceiros errados.

A Bíblia tem um bom exemplo da mistura de espíritos: o rei Saul. Certa vez, ele profetizou no Espírito Santo; noutra ocasião, profetizou sob a influência de um demônio. A sua carreira é um verdadeiro alerta. Foi um rei que governou durante quarenta anos e que foi um comandante militar bem sucedido. Experimentou imensos sucessos. Mas a mistura foi o seu erro e sua vida terminou em tragédia. Na última noite da sua vida foi consultar uma bruxa e no dia seguinte suicidou-se no campo de batalha. É um exemplo que certamente nos leva a não querer cultivar qualquer tipo de mistura espiritual na nossa vida.

Tenho observado que a mistura produz duas coisas: primeiro, produz confusão; depois, divisão. Por exemplo, temos esta mensagem mista, parte da qual é verdade e parte falsa. As pessoas podem reagir de duas formas. Há os que vêem o bem e se concentram nele e, portanto, acabam aceitando o mal junto. Outros concentram-se no mal e, por causa disto, rejeitam o bem que estava misturado. Em qualquer dos casos, não cumprem os propósitos de Deus.

Deixe-me dar um pequeno exemplo imaginário. Na nossa congregação há uma irmã chamada Maria. Num domingo, ela profere uma maravilhosa mensagem profética e todos ficam edificados, entusiasmados. Mas dois domingos depois, ela se levanta e dá uma revelação que recebeu num sonho. Quanto mais ela compartilha, mais confusa a revelação se torna. Por fim, como pastor, tenho de lhe dizer: “Irmã Maria, agradeço-lhe, mas sinceramente creio que isso não  vem do Senhor” e ela senta-se. Mas a história não termina aqui.

Depois do culto, a irmã Sílvia vem ter comigo e diz: “Irmão Prince, como pôde falar assim à irmã Maria? Não se recorda da linda profecia que ela deu há dois domingos atrás?” E quando a irmã Silvia vai embora, o irmão Manuel aproxima-se e diz: “Se este é o tipo de revelações que ela tem, não vou escutar mais nenhuma das suas profecias”.

Está vendo o que acontece? Confusão e, como fruto da confusão, divisão. Creio que é exatamente isto o que está acontecendo na igreja: confusão resultando em divisão.

A Bíblia não nos permite tolerar a incursão do mal na igreja. Não podemos ser passivos; não podemos ser neutros. Provérbios 8.13 diz: O temor do Senhor é aborrecer o mal. É pecado contemporizar com o mal. É pecado ter uma posição neutra em relação ao mal.

Compreendendo a Personalidade Humana

Quero falar agora sobre a personalidade humana na sua totalidade, para compreender melhor como o engano surge e como chega a tomar conta do nosso ser. Se não compreendermos a nós mesmos e o modo como somos constituídos, enfrentaremos um grande problema.

A personalidade humana total é revelada em 1 Tessalonicenses 5.23, onde Paulo diz: E o mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis. Portanto, em tudo significa o nosso espírito, alma e corpo.

Gênesis 1 diz que Deus decidiu criar o homem à sua imagem e semelhança (v.26). A palavra semelhança refere-se à estrutura interna da Divindade, que é triúna: Pai, Filho e Espírito. Nesta semelhança, o homem foi criado também como um ser triúno — espírito, alma e corpo. Assim, de forma singular, o homem representa Deus junto à criação sobre a qual Deus o colocou como senhor.

O relato da criação revela a origem de cada uma dessa partes. O espírito veio do sopro de Deus. Quando Deus soprou nas narinas de Adão, isso produziu espírito em Adão. O corpo foi barro a que se infundiu vida divina. A alma surgiu através da união entre espírito e corpo.

A alma é a parte de difícil compreensão. É o ego individual, singular— aquilo em cada um de nós que pode dizer “Eu desejo” ou “Eu não quero”.

Em geral, é definida como consistindo de vontade, emoções e intelecto. Assim, de modo muito simples, estes estão representados nas três declarações verbais: “Quero”, “Sinto”, “Penso”. Essa é a natureza da alma.

Quem está separado de Deus pelo pecado é dominado pela sua alma. Se nos dermos ao trabalho de analisar, veremos que a vida e as ações do homem natural são controladas por essas três coisas: “Quero”, “Sinto”, “Penso”.

Então, quais são as funções destes três elementos? Primeiro, o espírito. O espírito pode manter comunhão direta com Deus e adorá-lo. É a parte do homem que se originou em Deus e pode voltar a Deus em comunhão e adoração. Isto é o que Paulo afirma em 1 Coríntios 6.17: Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele.

E a alma? O que acontece com ela? A alma é o elemento de tomada de decisões e, através da regeneração, ela é capaz de tomar as decisões certas. Davi disse no Salmo 103: Bendize, ó minha alma, ao Senhor. Ele estava falando com sua alma. Que parte dele estava falando com sua alma? Seu espírito! Seu espírito sentia a necessidade de bendizer ao Senhor, mas seu espírito só podia fazê-lo quando sua alma ativasse o corpo. Assim, nesta criação atual, o espírito move-se sobre o corpo através da alma.

Usando um exemplo rude, penso que a alma é como a alavanca de câmbio de um carro. Sentamo-nos ao volante, colocamos o motor a funcionar, mas para o carro andar, temos de usar a alavanca de câmbio. Essa alavanca é a alma. O espírito está presente, mas sem a alma não consegue mover o carro.

Do Terreno ao Almífero e ao Demoníaco

O Novo Testamento descreve o cristão regenerado que ainda vive dominado pela sua alma (psuche) como uma pessoa “almífera” (psuchikos), da mesma forma que a pessoa governada pelo seu espírito (pneuma) em contato com Deus é uma pessoa “espiritual” (pneumatikos). Como não temos o adjetivo para alma em português, teremos que criar uma para realmente entender todo o impacto das Escrituras na sua língua original.

Esta palavra psuchikos é usada em diversos textos no Novo Testamento, como em 1 Coríntios 15.44, onde é traduzida como corpo natural em contraste com o corpo espiritual; em 1 Coríntios 2.14,15, onde o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus; e em Judas 19, onde fala de pessoas sensuais, que causam divisões. Em todas estas passagens, o sentido original é de uma pessoa salva por Jesus, mas que ainda é controlada pela sua alma, e cujo espírito não tomou a alavanca do câmbio para levar o corpo a obedecer a Deus.

A passagem de Tiago 3.15 é especialmente esclarecedora, porque mostra a progressão do erro. Falando de um certo tipo de sabedoria, Tiago diz:
Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; antes, é terrena, animal e demoníaca.

A palavra animal é esta mesma palavra almífero, ou psuchikos. Então, há um tipo de sabedoria que é almífera. E há uma gradação declinante em três fases: primeiro, terreno; depois almífero; terceiro, demoníaco. Creio que esta é a principal forma pela qual os demônios penetram na obra de Deus… no povo de Deus… na igreja de Deus. É através desta passagem do terreno para o almífero, e do almífero para o demoníaco.

Consideremos o que tudo isto implica. Que significa ser terreno? Para um cristão, creio que significa que nossa visão está completamente limitada a esta Terra. Não conseguimos ver além desta Terra. Tudo que esperamos de Deus através da salvação são coisas que pertencem a esta vida: prosperidade, cura, sucesso, poder — que mais? Creio que tudo isso é almífero.

Quando nos tornamos terrenos, qual o próximo degrau para baixo? Almífero. Qual é a essência da alma? O ego. O que significa ser almífero? É ser egocêntrico, preocupar-se apenas com o número um — eu. A pessoa almífera diz: “O que vou ganhar com isto?” A pessoa espiritual diz: “Como posso glorificar a Deus?” Acho que você concordará — e espero não estar sendo cínico — que há uma abundância da primeira atitude na igreja contemporânea.

Depois, o almífero abre-se ao demoníaco. Quando entramos no campo do almífero, ficamos expostos ao demoníaco. Creio que isto é, fundamentalmente, o que permite que os demônios se infiltrem no povo de Deus, na obra de Deus.

Há dois exemplos deste processo no Velho Testamento. Um está em Êxodo 32, quando Arão, o Sumo Sacerdote, conduz a nação de Israel à idolatria. Como isto pôde acontecer com Arão? Como pôde acontecer com a nação que quarenta dias antes ouvira Deus falar audivelmente do monte Sinai? Se aconteceu com eles, pode acontecer conosco também. Não somos melhores que eles.

O processo da queda começou quando tiraram os olhos de Deus, e se concentraram nos líderes humanos. Disseram que não sabiam onde estava “o homem que nos tirou do Egito”. Creio que, quase inevitavelmente, isso conduz à idolatria. Quando perdemos a nossa visão de Deus e nos concentramos nos servos de Deus, estamos em grande perigo.

Depois o texto diz que ofereceram sacrifícios e holocaustos e “o povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se”.

Esta é a essência da idolatria: divertir-se. Quando nossa adoração se torna diversão, passamos do espiritual para o almífero e, em última análise, para o demoníaco. Não quero parecer crítico, mas tenho de dizer que, no meu entendimento, a maioria daquilo que chamamos adoração no movimento carismático não é de modo nenhum adoração. Freqüentemente, é muito egocêntrico: “Deus, cura-me. Deus, abençoa- me. Deus, faz-me sentir bem. Deus, faz isto; Deus, faz aquilo”. É egocêntrico; é almífero. Só o espírito pode concentrar-se diretamente em Deus.

Muita música que temos hoje na igreja apela para a alma, estimula a alma. É muito semelhante ao mesmo tipo de música usada no mundo para estimular a alma.

O que é espantoso nesta cena da idolatria de Israel é a completa diferença entre a atitude do povo quando Deus falou do céu e sua atitude uns dois meses depois. Houve uma mudança impressionante. Em Êxodo 20, quando tiveram uma revelação singular de Deus como nenhuma outra nação jamais recebeu, sua resposta foi espanto, temor, reverência (vv. 18-21).

Contudo, em menos de dois meses, abandonaram essa atitude e fizeram um bezerro de ouro, com festas, diversões, e atitudes levianas. O que aconteceu? Suas necessidades físicas haviam sido supridas. Tinham os estômagos cheios, os corpos vestidos, que mais lhes faltava? Um pouco de divertimento. Vamos divertir-nos! Fico muito preocupado quando a adoração se transforma numa diversão. E hoje há muito disso. A adoração não tem nada a ver com diversão. A diversão diz: “Entusiasma-me. Alegra-me. Satisfaz-me!” Tudo isto é para o benefício da alma. O espírito fica excluído.

Meu segundo exemplo da transição do espiritual para o almífero e deste para o demoníaco é ainda mais assustador. Encontramo-lo em Levítico 9.23-10.2. Este é um momento glorioso. O povo fez tudo que Deus exigira na forma de sacrifícios e, quando a sua obediência foi completa, Deus enviou a sua glória e queimou o sacrifício colocado no altar. Porém, Nadabe e Abiú, os filhos de Arão, levaram incensários com fogo estranho diante do Senhor, e saiu fogo do Senhor e os consumiu.

O mesmo fogo que consumiu o sacrifício queimou os adoradores! O que é “fogo estranho”? Compreendo que é fogo que não foi tirado do altar que Deus ordenara. O que é “fogo estranho” na nossa experiência? Diria que é a adoração em qualquer outro espírito que não o Espírito Santo. E o castigo era a morte.

Para mim, a lição é esta: Você é responsável pelo conteúdo do seu incensário. Você é responsável pelo espírito com que se aproxima de Deus.

Não quero dizer que você será consumido pelo fogo, pois muitas vezes os juízos de Deus são para servir de exemplo. Por exemplo, quando Ananias e Safira tentaram enganar o Senhor com a sua oferta, ambos morreram por terem afirmado dar a Deus mais do que na realidade tinham dado. Nem todos os que fazem isto morrem — penso que se assim acontecesse, haveria menos pessoas na igreja. Contudo, a opinião de Deus sobre isto nunca muda.

Como diz em Hebreus 12.28-29: “Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor”.

Note a palavra “temor”. Pergunto a mim mesmo e a você: Quanto temor encontramos hoje na igreja? Em quantos cultos que freqüentamos há um sentimento da presença espantosa de Deus?

Pensemos por um instante nos movimentos espirituais contemporâneos. É fácil acreditar que em algum momento no princípio tenha havido um genuíno e espontâneo mover do Espírito Santo. Parte do resultado vem do Espírito Santo, mas é misturado com outras coisas. Há coisas que são de Deus, mas há outras que não são.

Por quê? Qual é o problema? Minha resposta é o domínio da alma: há um imperceptível deslizar da ênfase em Deus para uma ênfase no ego, da verdade bíblica objetiva para uma experiência pessoal subjetiva.

Com demasiada freqüência, um sentimento de temor e reverência pela santidade de Deus tem sido substituído por uma frivolidade e irreverência não-bíblica. De fato, diria que a irreverência se tornou uma doença epidêmica no movimento carismático contemporâneo. Se somos culpados disto, temos de nos arrepender.

Haverá uma Forma de Nos Proteger?

Será que Deus providenciou alguma proteção contra este tipo de erro? Sim! Quero apresentar nesta parte final quatro salvaguardas bíblicas que nos protegerão de tais problemas.

Salvaguarda nº 1

A primeira salvaguarda encontra-se em 1 Pedro 5.5b-6:”Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte.”

Creio que o primeiro requisito essencial é que nós nos humilhemos. A Bíblia diz: Deus resiste aos soberbos. Assim, se tentarmos chegar à presença de Deus mas formos soberbos, podemos pressionar — mas ele nos pressionará também — e ele consegue pressionar com mais força do que nós. Em nenhum lugar na Bíblia diz que Deus nos fará humildes. Deus sempre coloca sobre nós a responsabilidade de nos humilharmos. É uma decisão que nós temos de tomar. Ninguém pode fazê-lo por nós. As pessoas podem orar por nós e pregar-nos a Palavra, mas somos nós que temos de tomar a decisão de nos humilharmos debaixo da potente mão de Deus para que a seu tempo nos exalte.

Acredito que, de todos os problemas, o orgulho é o maior, o mais generalizado e o mais destruidor. “A soberba (ou orgulho) precede a ruína (ou destruição)”(Pr 16.18). Se não nos desviarmos do caminho do orgulho, nosso fim será a destruição. Contudo, no Salmo 25.8-9, encontramos uma passagem muito útil e inspiradora:”Bom e reto é o Senhor, pelo que ensinará o caminho aos pecadores. Guiará os humildes retamente e aos mansos ensinará o seu caminho.”

É a graça do Senhor que o leva a estar disposto a ensinar os pecadores. Mas Deus matricula seus alunos, não pelas suas qualidades intelectuais, mas pelo seu caráter. Muitos podem freqüentar um instituto bíblico ou um seminário, mas nunca estar matriculados na escola de Deus porque Deus só matricula os humildes. Guiará os humildes retamente e aos mansos ensinará o seu caminho.

Salvaguarda nº 2

A salvaguarda seguinte encontra-se em 2 Tessalonicenses 2.9-12:”A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder e sinais e prodígios de mentira…”

Já vimos que os sinais e maravilhas não determinam a verdade, pois Satanás é capaz de grandes sinais e prodígios sobrenaturais. Então, como podemos nos proteger?

O texto prossegue: “…e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem.”

Então, qual é a nossa proteção contra o engano? Receber o amor da verdade. De novo, é algo que nós mesmos temos de fazer. Deus no-lo oferece, mas nós temos de recebê-lo.

Ora, daqueles que não recebem o amor da verdade, Deus diz o seguinte: “E por isso Deus lhes enviará a operação do erro para que creiam a mentira, para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade.”

Este é um versículo assustador. Deus lhes enviará a operação do erro. Se Deus lhe envia a operação do erro, então você realmente não terá saída!

A palavra grega para amor na passagem acima é aquela que todos nós conhecemos muito bem: ágape. É uma palavra muito forte. É a palavra mais forte para amor na língua grega. Não significa apenas ler a Bíblia todas as manhãs ou ir à igreja e escutar a pregação. É um compromisso apaixonado com a verdade de Deus. É isso que devemos cultivar se queremos escapar ao engano. Deus enviará a operação do erro aos que não receberam o amor [ágape] da verdade.

Salvaguarda nº 3

A terceira salvaguarda é cultivar o temor do Senhor. Muitos cristãos dizem que na vida cristã não existe mais temor, mas isso não é verdade. Certos tipos de temores estão excluídos, mas nem todos.

De acordo com Isaías 11.1,2, o Espírito que repousaria sobre o Messias seria sétuplo. Apocalipse 4.5 confirma este número do Espírito Santo, revelando que perante o trono de Deus há sete lâmpadas de fogo que são os sete Espíritos de Deus.

Pessoalmente, entendo que esta passagem de Isaías nos revela os sete espíritos de Deus. O primeiro é o Espírito do Senhor; ou seja, o Espírito que fala na primeira pessoa como Deus. Depois, surgem todos em pares: o Espírito de sabedoria e de inteligência; o Espírito de conselho e de fortaleza; e o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor.

É importante ver que o conhecimento deve estar equilibrado com o temor do Senhor— porque o conhecimento incha, mas o temor do Senhor nos mantém humildes. O fato de o Espírito de temor do Senhor repousar sobre Jesus fala muito forte comigo. Embora ele fosse o Filho de Deus, possuía o temor do Senhor; o temor do Senhor repousava sobre ele. Nunca o abandonou.

O temor do Senhor é também um contrapeso para o gozo. É muito importante que quando nos entusiasmamos estejamos ancorados pelo temor do Senhor. Mais uma vez, considero isto uma tremenda fraqueza no movimento carismático. As pessoas ficam tão entusiasmadas e felizes, batem as palmas, dançam — o que é maravilhoso — mas sem o temor do Senhor. Salmo 2.11 diz:”Servi o Senhor com temor e alegrai-vos com tremor.”

Isto pode parecer incoerente, mas é o equilíbrio. Alegramo-nos, mas com tremor. Permanecemos em temor enquanto nos alegramos.

Salvaguarda nº 4

A quarta e última salvaguarda é: coloque e mantenha a cruz no centro da sua vida. Vejamos o exemplo de Paulo em 1 Coríntios 2.1-5:
E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho [ou o mistério] de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria [Devemos ter em mente que nesta cultura, a grande arte era a oratória. Para ser alguém, você tinha de ser um excelente orador. Caso contrário, você provavelmente seria desprezado. Por isso, quando Paulo diz: “Não fui com sublimidade de palavras” está em certo sentido dizendo: “Não estou sujeito a esta cultura”]. Porque nada me propus saber entre vós senão a Jesus Cristo e este crucificado. E eu estive convosco em fraqueza e em temor e em grande tremor.

Quando temos em nós mesmos toda a força de que necessitamos, já não precisamos da força de Deus. Deus tem de levar- nos a uma situação em que não temos força. Tenho visto isto continuamente na minha própria experiência no ministério. Se Deus vai usar-me de uma forma significativa, ele precisa colocar-me numa situação em que reconhecerei que por mim mesmo não serei capaz: uma situação em que sei que estou totalmente dependente dele, que sou fraco. Então, sua força se aperfeiçoa na minha fraqueza.

Gostaria de dizer algo mais a este respeito: descobri que as oportunidades para servir a Deus raras vezes encaixam nas nossas conveniências. De modo geral, se Deus lhe dá uma oportunidade para servi-lo, isso lhe trará algum tipo de inconveniência. Isto é para testar a sinceridade das suas motivações.

A chave que liberta o poder do Espírito Santo é estar concentrado na cruz. Quando realmente vemos a cruz, não temos nada de que nos gloriar.
Creio que uma das nossas maiores necessidades é concentrarmo-nos na cruz. Tenho visto pessoas tornarem-se muito ambiciosas, lutando por sucesso, querendo constituir uma grande igreja ou ministério. Às vezes, são bem-sucedidas, mas se sua mensagem não estiver centrada na cruz, só têm madeira, feno e palha.

O poder é algo que apela ao homem natural. Alguns psicólogos dizem que o desejo de poder é o desejo número um da personalidade humana. Paulo disse: “Quero poder, mas quero-o numa base diferente daquela que o mundo entende. Quero esquecer toda a minha sabedoria, todo o meu conhecimento, todas as minhas habilitações teológicas e quero concentrar-me apenas numa coisa: Jesus Cristo crucificado”. E depois acrescentou: “Quando o faço, posso ter a certeza de que o Espírito Santo virá com poder”.

Termino com outro dos meus versículos favoritos, Gálatas 6.14:

“Mas longe de mim gloriar-me a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.

Este artigo foi extraído do livro “Proteção Contra o Engano – Navegando Pelo Campo Minado dos Sinais e Maravilhas”, baseado numa série de palestras de Derek Prince ministradas aos seus colaboradores da Derek Prince Ministries em março de 1996.

Para adquirir o livro, ligue: (19) 3462-9893

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