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Oração na Escuridão

Sammy Tippit

Temos observado nos últimos anos uma crescente escuridão em algumas partes do mundo. No entanto, precisamos reconhecer que ela se alastra também aqui no Ocidente. As trevas não habitam somente num deserto distante do Oriente Médio, mas estão se espalhando por toda a cultura ocidental como uma onda sísmica. Estou convencido de que o epicentro dessa escuridão encontra-se dentro da família. O colapso da unidade familiar deixou um vácuo moral e espiritual que pode ser encontrado em qualquer rua em que a fonte de energia espiritual foi interrompida, deixando muitas casas sem qualquer luz que mostre o caminho. Raiva, abuso e comportamentos abomináveis ameaçam inundar comunidades inteiras.

Talvez a maior escuridão que encara cada um de nós seja aquela que habita no coração do homem. A maioria de nós gostaria de dizer: “De fato, há muita escuridão no mundo; é chocante ver as trevas lá fora na rua”. No entanto, poucos estão dispostos a pedir a Deus que sonde as trevas no próprio coração e exponha as áreas escuras dentro de si mesmos. Davi, um líder que foi descrito como “um homem segundo o coração de Deus”, disse uma vez: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139.23-24).

O poder da oração autêntica

É esse tipo de oração profundamente íntima que carrega o poder para expor e expulsar as trevas. Esta não é a primeira vez em que a história tem evidenciado trevas tão densas. Houve uma era inteira denominada Idade das Trevas. No entanto, a luz de Deus sempre brilhou nos momentos mais sombrios. Os historiadores costumam se referir a esses tempos de luz nas trevas como Grandes Despertamentos.

Fortes movimentos de oração precederam todo grande avivamento histórico e bíblico. O despertamento espiritual sempre desce dos céus nas asas de um grupinho de homens e mulheres que oram. Enquanto a escuridão cobre uma comunidade, alguém recebe um forte encargo de oração e começa a buscar intensamente a face de Deus. O Espírito Santo responde a tal clamor e ilumina corações, comunidades e, até mesmo, nações inteiras. Enquanto pessoas cheias de luz começam a se multiplicar na comunidade, a escuridão é dissipada automaticamente. O avivamento vem e comunidades são despertadas e vidas transformadas. Deus se move com grande poder.

Eu aprendi que não existe um lugar difícil demais para Deus. Nada é impossível para aquele que é especialista em dispersar as trevas. Ele poderia eliminar toda a escuridão em um milissegundo. No entanto, ele escolheu trabalhar por intermédio de pessoas que sejam humildes, santas e intercessoras. Deus está à procura de pessoas que o busquem. Não importa se as trevas estão aqui perto da nossa rua, em outro país ou no fundo do coração. A luz de Deus dissipa qualquer escuridão.

A oração que dissipa as trevas

A oração é universal e pode ser encontrada, de alguma maneira, em todas as culturas. No entanto, o tipo de oração a que me refiro não é uma forma específica de oração. Não seria nem classificada como oração religiosa, pois é, antes de tudo, uma comunicação íntima e pessoal com Deus.

A oração não é um dever religioso, mas sim um encontro divino. Não é uma tentativa de chegar até Deus, mas um caminhar pela fé até sua santa presença. É uma alegria inexplicável – intimidade com o Criador. Nós o amamos porque ele nos amou primeiro.

Muitos cristãos não oram porque acham que é uma obrigação religiosa e não percebem que é uma relação de graça. Sentem que requer muito esforço, quando, na verdade, deveria ser agradável e espontâneo. Jesus nos proveu perdão quando morreu na cruz e, agora, nos foi concedido acesso à presença daquele é pureza absoluta. Fomos capacitados a entrar num relacionamento profundo e íntimo com um Deus santo. Quando entendi essa verdade, tudo mudou. A oração deixou de representar um trabalho penoso a ser temido e tornou-se um prazer divino.

Quando entendemos que entramos em sua presença pela graça, sentimos grande desejo de louvá-lo pelo que ele é e agradecê-lo por tudo que tem feito. É isso que nos leva à verdadeira adoração. Quando a oração é gerada por seu amor perfeito e não por nossa obrigação humana, somos libertos do medo. Não tememos a luz divina que vem sondar nosso coração. Sabemos que os seus desejos são sempre bons. Permitimos que essa luz brilhe em qualquer área de nossa vida, porque sabemos que sua bondade sempre gera o que é melhor para nós. Embora saibamos que as trevas do nosso coração serão expostas, reconhecemos que seu plano é perfeito. É esse tipo de oração íntima que inaugura o alvorecer de uma nova era.

Elementos desse tipo de oração

Ao percorrer regiões escuras do mundo, tenho observado vários elementos comuns em orações que dissipam as trevas. A primeira é transparência. As trevas muitas vezes pressionam o povo de Deus a buscar um lugar de segurança, e a presença de Deus é o lugar mais seguro neste planeta. Por causa do seu amor perfeito, todo o medo é expulso. Como ele é cheio de graça, podemos ser completamente honestos. Não há necessidade de permitir que a culpa ou o engano habitem em nosso coração, pois o caminho para a sua presença é através da cruz. Pela sua morte, somos purificados. Não há necessidade de medo. Não há lugar para culpa. Honestidade e mudança inundam nossa alma, assim como a luz lança fora as trevas.

Quando permitimos que a luz divina brilhe nos lugares secretos de nosso coração, já estamos no caminho para o avivamento. Ela produz profunda confissão e arrependimento completo. A confissão traz liberdade das trevas, e o arrependimento produz grande paz e alegria. A mudança em nossa vida vem da luz que nos conduz ao caminho alto chamado santidade. Esse caminho não deixa espaço para o orgulho. Somos conduzidos neste percurso pelo Espírito Santo, e só conseguimos nos manter firmes nele pela sua maravilhosa graça. Prosseguimos neste caminho que leva ao avivamento porque a graça de Deus se manifesta em nossa vida.

A segunda característica da oração que dissipa a escuridão é um profundo senso de desespero. Eu estive num palco ao lado do distinto professor de evangelismo do Seminário Teológico Batista do Sudoeste, Dr. Roy Fish, alguns meses antes do seu falecimento. Durante uma sessão de perguntas e respostas, um pastor perguntou-lhe: “Você vê alguma esperança para avivamento nos Estados Unidos?”. A resposta do Dr. Fish foi intrigante: “A grande esperança que vejo é que há um crescente senso de desesperança na comunidade cristã”.

Historicamente, o avivamento sempre toma conta da comunidade cristã quando os crentes ficam sem esperança. Assim que percebem que seus métodos e recursos materiais não são capazes de expulsar as trevas, eles clamam a Deus em desespero. Seu desespero os leva à única esperança para a humanidade – Jesus. Olhe para os grandes momentos da história bíblica e descubra o desespero que sempre precede o resplendor da glória de Deus.

A vida parecia não oferecer esperança para os filhos de Israel antes de Moisés encontrar Deus na sarça ardente. A luz que irradiou daquele arbusto iria introduzir a glória de Deus na vida de milhões de hebreus. A esperança para um futuro com liberdade surgiu a partir da luz que apareceu num arbusto seco em um deserto desolado.

Havia um senso semelhante de desesperança no Novo Testamento. Os discípulos se dispersaram com um sentimento de derrota quando Jesus morreu na cruz. Mas a maior manifestação da glória de Deus estava às portas. Ele venceu a morte, o inferno e o diabo. O mundo nunca mais foi o mesmo, e essa luz continua brilhando até os dias de hoje.

Desespero precede a visitação divina. Desesperança nos leva a um lugar em que ouvimos as palavras: “Tire as sandálias, porque você está em terra santa”. A dúvida e o medo nos fazem correr para aquele que diz: “Estarei convosco todos os dias”. É nesse tipo de lugar que corações desesperados são reavivados.

Há mais uma característica que tenho visto entre aqueles que buscaram a Deus na escuridão e se tornaram testemunhas das maravilhas da luz divina. É um apelo apaixonado em favor da liberdade daqueles que estão presos nas trevas. A coisa mais surpreendente transcorre quando o povo de Deus foge da escuridão e corre para a presença divina. Aqueles que foram abusados pelos agentes das trevas oram com paixão por seus perseguidores. Eles amam aqueles que os odeiam e oram por quem abusou deles.

Tive oportunidade para ministrar na Romênia durante o período negro do perverso ditador comunista, Nicolae Ceaucescu. Os cristãos foram severamente perseguidos sob o seu governo. Durante esse tempo, alguns amigos foram comigo levar um irmão romeno para comer fora em Bucareste, num agradável restaurante que ficava no último andar de um edifício bem alto. Era possível ver grande parte da cidade. Lembrei-me de uma passagem da Bíblia em que Jesus lamentava sobre Jerusalém. Comecei a citar a passagem, mas a mudei e disse: “Ó Bucareste, Bucareste, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!” (ver Mt 23.37).

Eu não fui capaz de concluir a citação do versículo. Olhei para o meu amigo enquanto ele chorava silenciosamente ali. Eu sabia que estava com um homem que amava seu povo. Todos nós ficamos em silêncio e choramos. O amor de Deus se derramou sobre as nossas almas em ondas sucessivas.

Um milagre incrível acontece quando oramos por um avivamento. Quando entramos em comunhão íntima com Deus, ele converte o ódio em amor, a raiva em paz e o medo em coragem. A oração apaixonada nos transforma em pessoas compassivas. O amor de Deus sempre produz amor pelas pessoas e uma fé inabalável nas suas promessas. É no lugar da fé que a escuridão é dissipada.

Extraído e condensado de Light In The Darkness” (Luz na Escuridão) por Sammy Tippit. Copyright © 2015 por Sammy Tippit. Utilizado com permissão. Para obter mais informações sobre livros de Sammy Tippit, visite www.sammytippitbooks.com.

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