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Onde está a angústia pelos perdidos?

Onde está a angústia pelos perdidos?

H.C. Van Wormer

George Whitefield exclamou: “Dá-me almas, ou toma a minha vida… Há uma paixão por almas, uma profundidade de dor em favor das pessoas, um cuidado pelo rebanho de Deus que desafia a capacidade de palavras, suspiros e lágrimas”.

Um servo de Deus de tempos passados, antes da era do automóvel, contou que saiu do trabalho no meio da tarde, arreou o cavalo à carroça e andou mais de 30 km para orar com um homem que parecia estar-se afastando de Deus. Ouça seu testemunho: “Eu mal conseguia me conter, meu amor e preocupação por ele eram tão intensos que não conseguia descansar até que tivesse feito o meu melhor para trazê-lo de volta a Deus”. Amado, essa angústia pelos perdidos é algo que precisamos recuperar!

David Brainerd disse: “Eu não me importo para onde vou, como vivo ou o que tenha que suportar a fim de salvar os perdidos. Quando durmo, sonho com eles; quando acordo, são os primeiros em meu pensamento… Nenhuma quantidade de conhecimento acadêmico, de elevada capacidade de exposição, de brilhante e viva eloquência pode reparar a ausência de um profundo, apaixonado e compassivo amor por aqueles que estão perdidos”. 

John Fletcher, um homem de oração, disse: “Amor, contínuo, ilimitado e ardente, é a alma de todo trabalho de um ministro de Deus”.

A angústia pelos perdidos no Avivamento de Gales

Certa noite, durante o grande Avivamento de Gales, Dr. F. B. Meyer viu um jovem ministro chegar a uma reunião lotada. Esse jovem se colocou de pé e orou a Deus em favor de dois de seus companheiros que estavam zombando na galeria. Um desses homens imediatamente se levantou e disse: “Não, isso não é verdade; eu não estava zombando. Eu simplesmente disse que não era um infiel, mas um agnóstico, e se Deus quer me salvar, eu lhe darei uma oportunidade justa. Vamos ver se o fará!”.

O desafio pareceu atingir Evan Roberts fisicamente, de tal maneira que ele caiu em seus joelhos em total angústia de alma. Era como se o próprio coração fosse partir sob o peso do pecado daquele homem.

Um amigo de Dr. Meyer que estava ao seu lado disse: “Isso é muito terrível! Eu não suporto ouvir este homem gemer assim! Vou começar uma melodia para abafar o som!

Dr. Meyer respondeu: “Faça o que quiser, só não faça isso. Eu quero que esse som penetre no fundo do meu coração. Tenho pregado o Evangelho há 30 anos com olhos secos. Falei a enormes audiências sem demonstrar qualquer emoção, totalmente impassível. Quero que as convulsões de angústia deste homem toquem a minha própria alma”.

Evan Roberts continuou a soluçar sem parar, e Meyer disse: “Meu Deus, ensina-me este soluço, para que a minha alma se quebrante enquanto prego o Evangelho para as pessoas”.

Uma batalha entre céu e inferno

Depois de 10 minutos, Roberts se levantou e se dirigiu àqueles homens na galeria: “Vocês querem se render a Deus?” Eles disseram: “Por que deveríamos?” Então, ele disse à congregação: “Vamos orar”. O ar se tornou denso com suspiros, lágrimas e gemidos. Todos pareciam estar carregando aqueles dois homens no espírito, como se os seus corações fossem partir sob a forte tensão. Meyer declarou que nunca sentiu nada semelhante. Ele se colocou em pé com um salto. Era como se estivesse se sufocando. Ele disse ao amigo: “Nós estamos numa batalha entre céu e inferno. Você não consegue ver o céu puxando para um lado e o inferno para o outro? Parece que dá até para ouvir as feras na arena”.

Depois disso, um dos homens se entregou ao Senhor enquanto o outro, como o ladrão impenitente, seguiu o seu caminho. Meyer não conseguiu deixar de acreditar que, mais tarde, ele ainda tivesse se rendido a Deus.

Se esse foi o preço para alcançar as pessoas no grande Avivamento de Gales, não custará o mesmo para nós hoje?

Se você ler sobre os grandes avivamentos e as centenas de homens e mulheres que foram levados a Deus pelo ministério do grande evangelista metodista John Wesley Redfield (pregador do século 19, não o John Wesley famoso do século 18), você descobrirá que naquele tempo os servos de Deus ainda não tinham perdido “a angústia”; isto é, alguns deles ainda a possuíam. Aqui estão dois exemplos:

“Ele (Redfield) começou novamente a ter algumas das experiências peculiares que frequentemente haviam acompanhado suas campanhas mais frutíferas. Ele começou a sentir um encargo muito forte pela obra. Ele já havia sentido muitas vezes tais lutas, em alguns casos com tamanha severidade que ficava prostrado em sua cama como se estivesse acometido de uma enfermidade muito séria. Ali ficava preso até que a vitória viesse. Uma noite, na reunião, ele foi tomado por uma agonia indescritível em favor dos perdidos. Se ele conseguisse uivar como os profetas antigos, teria se sentido aliviado; entretanto, não lhe era possível. Chegou a pensar que não resistiria. Tentou sair da reunião, mas foi impedido pelo Espírito Santo. Então ele disse: ‘Senhor, eu tentarei suportar’. Começou a gritar: ‘Oh meu Deus, essas pessoas precisam ser salvas’. Nisto ele foi imediatamente aliviado. Naquele momento, toda a igreja estava em comoção. Gritos por misericórdia misturados com vozes de regozijo eram ouvidos por todos os lados.”

O resultado disso é que centenas de pessoas foram conduzidas a Deus naquela reunião, e a obra foi tão profunda e completa que anos mais tarde se declarou: “Alguns dos frutos desse avivamento ainda permanecem”.

O segredo dos avivamentos de Charles Finney estava no fato de que ele (e outros) sabiam como entrar em dores de parto – “Mas logo que Sião esteve de parto, deu à luz seus filhos” (Is 66.8). Veja o testemunho do próprio Finney:

“Isto me abateu com grande aflição. Enquanto eu retornava ao meu quarto, estava quase cambaleando sob a carga na minha mente; lutei, e gemi, e agonizei, mas não consegui colocar a situação em palavras para apresentá-la diante de Deus. Só pude me expressar em gemidos e lágrimas. O Espírito lutava dentro de mim com gemidos inexprimíveis.” Como é semelhante essa descrição àquilo que lemos em Romanos 8.26!

Noites inteiras de oração

Nas Ilhas Hébridas, alguns recuperaram a angústia pelos perdidos que estava quase desaparecendo. Pessoas se reuniam para noites inteiras de oração, mas essas não eram reuniões de oração comuns. O líder dizia que naquelas reuniões eles saíam da esfera do comum e do natural para entrar no sobrenatural.

Em um dos cultos, o pregador parou no meio de sua mensagem e pediu a um garotinho chamado Donald que os dirigisse em oração. “Ele se levantou”, diz o relato, “e não tinha orado por mais do que cinco minutos quando Deus invadiu poderosamente o local com sua presença…”

“O mais extraordinário daquela tremenda reunião é que, enquanto a presença de Deus estava se manifestando na igreja, pescadores em seus barcos, homens atrás de seus teares, homens nas minas, um comerciante dirigindo a sua van, professores escolares corrigindo seus trabalhos – todos foram tomados pelo poder de Deus. Às 10 horas da noite, as estradas das redondezas ficaram lotadas de pessoas procurando Deus apesar de eu nunca ter me aproximado delas. Percorri uma estrada rural e encontrei três homens prostrados com o rosto no chão, tão angustiados sobre sua condição de pecador que não conseguiam falar comigo; apesar disso, nunca haviam chegado perto de uma reunião que eu tivesse liderado. Isto é avivamento!”

Um ano de batalha na oração

Para entender o quadro completo, você teria que ler sobre essa luta agonizante que continuou por noites inteiras, quatro noites por semana, durante um ano antes que a resposta viesse. Lutar em agonia é mais do que meramente suspirar uma oração de dois minutos antes de ir dormir, ou de entrar em seu carro pela manhã.

Luta agonizante significa prostrar-se perante Deus e permanecer ali até conseguir se agarrar às pontas do altar e prevalecer. Esse tipo de luta envolve suplicar, implorar, discutir, suportar angústia e suor, perseverar, buscar persistentemente, pedir e bater até que algo caia dos céus carregados de nuvens. Os pais e as mães estão fazendo isso hoje por seus filhos que estão perdidos?

Quanto antes confessarmos que perdemos nossa angústia pelos perdidos, melhor será para a causa de Cristo. Encaremos o fato amargo e assustador de que estamos nos acostumando com os passos pesados da multidão de pessoas perdidas caminhando em direção a uma eternidade sem Cristo. Parece que perdemos o poder de chorar, de lutar, de suplicar e de agonizar em favor dos perdidos. As multidões longe de Cristo não têm consciência de sua condição perdida, simplesmente porque nós não temos consciência de sua condição de pecado e condenação eterna.

Cruzadas, conferências e mecanismos humanos não trarão avivamento

De fato, é verdade que temos uma quantidade grande de campanhas evangelísticas, cruzadas e “reuniões de avivamento”. Essas campanhas vêm e vão, mas as cidades, municípios e vilarejos aparentemente estão tão perdidos como antes. Nós nos tornamos muito profissionais, mecânicos e frios nos nossos esforços para alcançar os perdidos. Aqueles que tentamos ganhar não sentem em nós qualquer calor, paixão, aflição, apreensão real ou tristeza sobre sua condição perdida. Não veem evidências de conflito interior da nossa parte para avisá-los dos erros de seus caminhos. Tudo o que veem é nosso testemunho pessoal vacilante, debilitado e indiferente; por isso, continuam em seus caminhos perversos.

Que Deus tenha misericórdia de nós se nos contentarmos em planejar cruzadas, organizar conferências e participar de campanhas de avivamento, alistando pessoas e arrecadando recursos para atividades evangelísticas e organizações missionárias!

Tentamos persuadir sem paixão, vencer sem conquistar. É impossível ganhar almas com corações frios e olhos secos.

No lugar de jejuar, lamentar e interceder, estamos comendo e bebendo, nos divertindo, saltitando e estimulando celebrações; depois nos perguntamos por que pessoas não se convertem. Profunda humildade de alma e oração no cenáculo é que preparam o caminho para a presença de Deus.

A razão por que não há intercessão, angústia e choro “entre o pórtico e o altar” é que o povo de Deus não está atento para a condição dos dias atuais. A maioria sente que em todas as direções há provas abundantes de crescimento da igreja e verdadeiro avanço espiritual. Mas a verdade é que, apesar do aumento dos membros das igrejas, os padrões morais caíram a um patamar nunca antes visto.

Quem soará o alarme? Onde estão os intercessores que choram?

Onde estão os sinais de humildade e arrependimento entre as multidões que estão “entrando na igreja”? Oh, onde estão os intercessores que choram e se angustiam? Quem está preocupado?

Como Harold Freligh perguntou: “Os retiros dos nossos pregadores se transformaram em eventos intelectuais, agradavelmente temperados com um pouco de oração? Pode algum ministro sentir a dor de Deus em favor de outros quando é pressionado pela urgência de chegar em casa depois do culto para assistir aos seus estimados programas de TV? Há alguma preparação para o Dia do Senhor entre os filhos de Deus quando o assunto principal em suas conversas no domingo de manhã é o entretenimento da noite anterior?”

“Comunhão no momento do cafézinho está ficando mais na moda do que comunhão na oração. O arrependimento e o retorno às primeiras obras que acompanham o primeiro amor estão sendo completamente apagados por banquetes e celebrações.”

Amado, este não é um tempo para diversão, brincadeiras ou superficialidades, mas para lágrimas, angústia, intercessão e choro “entre o pórtico e o altar”. É tempo de convocar uma assembleia solene e nos ajoelhar perante Deus com jejum e oração. A emergência da hora presente é suficiente para nos levar aos joelhos clamando: “Poupa o teu povo, oh Senhor!”.

Recuperar a angústia pelos perdidos nos custará muito. O que significou para Paulo se engajar no trabalho para ganhar almas? Perda de fama, amigos, riquezas, descanso, reputação e parentes. Quanta separação, quantas lágrimas, quantas cicatrizes e quanta escassez ele experimentou – tudo porque queria que outros encontrassem a Cristo! Ele possuía essa paixão pelos perdidos que ardia em chamas e queimava constantemente a despeito de todo o desencorajamento. Estamos dispostos a participar da angústia apostólica por aqueles que estão perdidos? Podemos encontrar essa angústia onde Paulo e outros aflitos de alma a encontraram – ao pé da Cruz. É impossível trabalhar por Cristo e testemunhar dele com corações frios e olhos secos se realmente entendemos o que significou para ele derramar seu sangue para que pecadores pudessem ser salvos de seus pecados e do inferno.

O que duas semanas no inferno poderiam fazer?

Quando William Booth fundou o Exército da Salvação no Setor Leste de Londres, ele não demorou para reunir um grupinho de jovens consagrados que tinham captado sua visão em favor dos desamparados. Em pouco tempo, ele conseguiu uma escola de treinamento com o único propósito de ensinar a esses recrutas como ganhar almas. Um dia, enquanto lhes ensinava sobre evangelismo, ele fez uma pausa e, em seu jeito dramático, disse: “Meu desejo é que eu pudesse mandar todos vocês para o inferno por duas semanas”.

Você entendeu o que ele quis dizer. Se aqueles jovens pudessem ter convivido com os gemidos e lamentos dos condenados por alguns dias, teriam voltado à terra dos vivos com uma paixão inextinguível para advertir as pessoas a fugir da ira vindoura.

“Oh Deus, quantas vidas incontáveis estão passando para a eternidade, em cada breve momento da nossa existência, destinadas a morar contigo ou a gemer no inferno em sofrimento. Oh desperta-me, renova minhas forças e não deixes que uma pessoa sequer passe para a morte em vergonha e pecado sem que eu, por meio de ti, a busque e ganhe.”

Extraído do Wesleyan Methodist

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6 respostas

  1. Precisamos reaprender oque é ser igreja!!! Voltar a essência do cristianismo!!! O mundo tem fome e nós sabemos onde fica a mesa que pode saciar essa fome!!! Precisamos dar valor a essa mesa e mostrar o caminho aos perdidos!!! Há um lugar nessa mesa para cada um deles!!!

  2. Estou impactada com o conteúdo desta matéria. Amo missões e evangelizar, mas preciso aprender a gemer pelas almas, até que elas sejam alcançadas!
    Muito obrigada!

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