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O Profeta ao longo da história – um auxílio ao estudo sobre ministério profético

CARACTERÍSTICAS DOS PROFETAS NO VT

1) Proclamavam as próprias palavras de Deus

A função principal do profeta do AT era ser mensageiro de Deus; enviados para falar as palavras do próprio Deus (Ag 1:13; Ob 1:1; 2Sm 12:25;
2Rs 20:4-6).

O verdadeiro profeta é considerado “o verdadeiro enviado do Senhor” (Jr 28:9); os falsos profetas são aqueles de quem o Senhor diz: “eu não os enviei” (Jr 29:9; Ez 13:6).

Os profetas, com frequência, também eram mensageiros da aliança, enviados para lembrar Israel dos termos da sua aliança com o Senhor, chamando à obediência e ao arrependimento e advertindo-o de que as penalidades pela desobediência logo serão aplicadas (2Cr 24:19; Ne 9:26,30; Jr 7:25).

Um mensageiro oficial não tem autoridade própria. Ele fala com a autoridade de quem o enviou. O verdadeiro profeta não falava palavras de seu próprio coração, mas palavras que Deus lhe havia ordenado que falasse (Ex 4:12/24:3; Dt 18:18; Jr 1:9; Ez 2:7).

Repetidamente, os profetas falavam as palavras de Deus na primeira pessoa, falando em lugar de Deus (2Sm 7:14-16; 1Rs 20:13,42; 2Cr 12:5). Havia completa identificação das palavras dos profetas com as palavras do Senhor (Is 45:5). Em 1Rs 13.26, “a palavra que o Senhor lhe tinha dito” é o que o profeta falou no vs. 21. Do mesmo modo, as palavras de Elias em 1Rs 21.19 são citadas em 2Rs 9.25s como um peso que o Senhor colocou sobre Acabe – Elias nem mesmo é citado (Ag 1.12; 1Sm 15.3,18).

2) Autoridade Absoluta

O povo compreendia que o profeta tinha autoridade divina absoluta, e não acreditar ou desobedecer às palavras do profeta é não acreditar ou desobedecer a Deus (Dt 18:19; 1Sm 8:7; 1Rs 20:36; Is 30:12-14; Jr 6:10-11).

Sendo as palavras dos profetas vindas do próprio Deus, eram, por definição, verdadeiras, boas e puras. Não existe nenhuma citação no AT onde a palavra de um profeta tenha sido avaliada ou peneirada, de modo que o bem fosse separado do mal, ou o verdadeiro do falso. O Senhor fazia com que todas as palavras de Samuel se cumprissem (1 Sm 3:19), e o servo de Saul pode dizer: “tudo o que ele diz acontece” (1 Sm 9:6).

Quando o profeta falava em nome do Senhor, se uma única profecia não se realizasse, ele era considerado falso profeta (Dt 18:22), e a penalidade para a falsa profecia era a morte (Dt 18:20/13:5). No VT todo profeta era avaliado ou julgado, mas não as várias partes de sua profecia. O povo questionava se o profeta vinha da parte de Deus ou não, mas nunca perguntava que parte de sua profecia era boa ou não.

Os APÓSTOLOS NO NT

No NT não encontramos evidências de um grupo de profetas capaz de proclamar as palavras de Deus com autoridade absoluta, que não pudesse ser questionada.

Da mesma forma que os profetas do VT foram enviados por Deus, para uma missão específica, o ministério do NT que presenta características semelhantes é o de apóstolo, que também foram enviados com autoridade absoluta, da parte de Deus (Jo 21:21; At 22:21).

Encontramos várias ocasiões onde os apóstolos estão ligados aos profetas do VT, mas os profetas do NT em momento algum estão ligados da mesma maneira aos profetas do AT (Hb 1:1-2 e 3:1; 2Pe 3:2; Lc 11:49).

O mais significativo paralelo entre os profetas do AT e os apóstolos do NT refere-se à capacidade de escrever as Escrituras, palavras com autoridade divina absoluta. Os apóstolos tinham autoridade para escrever palavras de Deus, equivalentes em verdade e em autoridade às palavras do AT.

Paulo reivindicava autoridade divina para seu evangelho (Gl 1:11,12). Tal insistência é vista claramente na tradição profética do VT (Dt 18:20; 1Rs 22:14,28; Jr 23:16s; Ez 13:1).

Mentir para os apóstolos (At 5:21) é equivalente a mentir para o Espírito Santo (At 5:3) e para Deus (At 5:4).

2 Co 13:3; Rm 2:16; Gl 1:8,9; 1 Ts 2:13/4:8; 2 Ts 3:14;

Pedro classifica os escritos de Paulo como Escritura, colocando no mesmo nível de autoridade que o VT – 2Pe 3:15-16

1Co 14:37,38 – quem se recusa a ouvir os apóstolos de Cristo, se recusa a ouvir o próprio Cristo e atrai sobre si o seu descontentamento. Qualquer um que desobedecesse às instruções de Paulo estaria desobedecendo a um mandamento do Senhor. Nenhuma afirmação como esta é feita em relação aos profetas do NT.

Quando uma profecia é falada ou escrita por um apóstolo, então as palavras tem autoridade singular: a autoridade divina absoluta. Não acreditar ou desobedecer à profecia falada por um apóstolo é não acreditar em Deus e desobedecer ao próprio Deus. É por isso que as palavras dos apóstolos podem ser incluídas nas Escrituras pois elas têm a autoridade das próprias Escrituras. Mas esta autoridade não se aplicava às palavras dos profetas.

O PROFETA DO NT EM CORINTO

Usar palavras puramente humanas para relatar algo que Deus traz à mente

1Co 14:29  as palavras dos profetas poderiam ser desafiadas e questionadas, e que o profeta poderia estar errado em algum tempo. Contudo, não há indicação de que um erro ocasional o transformasse em um falso profeta.

Como em 1Ts 5:19-21, as profecias que são julgadas, e não os profetas,para saberem se são falsos ou verdadeiros, como no VT

1Co 14:29-30  profecias intencionalmente negligenciadas

Enquanto um profeta está falando, alguma coisa é repentinamente revelada outro. O segundo profeta sinaliza de alguma maneira, talvez ficando em pé, avisando que tem algo a dizer. Então, o primeiro não termina sua profecia, mas imediatamente se senta e fica em silêncio, permitindo que o segundo fale.

Profecias incompletas: Paulo parece estar completamente despreocupado com o fato de que a 1ª profecia pudesse se perder totalmente ou que nunca fosse ouvida pela igreja. Caso o profeta estivesse falando palavras do próprio Deus, seria de esperar que Paulo mostrasse mais cuidado com essas palavras. Se os profetas do NT tivesses autoridade divina absoluta, seria muito difícil entender estes versículos. Como Paulo poderia permitir que as palavras de Deus fossem perdidas?

Jr 36:23-25  em contraste com a teologia de Paulo, o rei Jeoaquim demonstrou insensível desprezo pela palavra profética escrita, sendo severamente punido por isso (vs. 30).

1Co 14.37,38  indica que nenhum profeta de Corinto tinha o tipo de autoridade que Paulo possuía;

1 Co 11.5 e 14.34,35 mostra que era permitido que as mulheres tivessem permissão para profetizar, mesmo sendo negado a elas o direito de exigir obediência ou aceitação por parte da congregação.

Muitos cristãos tinham contribuições ao culto (1Co 14:26), e havia um período de tempo limitado. Portanto, era preciso dar oportunidade a tantos quantos o tempo permitisse para que pudesse colaborar com o objetivo de, por meio da diversidade de contribuições, edificar todos os presentes, de alguma maneira (14.31).

No evangelho do apóstolo Paulo, a manifestação da presença de Deus não se relacionava com alguém trazendo uma longa e demorada profecia, com autoridade absoluta, mas na diversidade dos dons. Apenas quando todos profetizarem, o indouto ou incrédulo que entrar no meio deles se prostrará com o rosto em terra, e testemunhará que Deus está, de fato, no meio deles (1Co 14.24,25). Será que esta idéia também não pode ser aplicada a outros dons e ministérios, como nos dias atuais, onde apenas o pregador e os cantores têm espaço nas reuniões?

Uma revelação implica autoridade divina?

O termo traduzido por revelação (apokalypto) em 1Co 14.30-33 indica que a atividade de revelação do Espírito Santo é a origem de qualquer profecia do NT. Paulo relata um processo pelo qual o profeta é espontaneamente conscientizado de algo que ele sente que Deus o está fazendo pensar. Mas este fato não quer dizer que a palavra do profeta teria autoridade absoluta.

Outra orientação de Paulo que só pode ser compreendida caso o profeta não exerça autoridade absoluto está relacionada com as profetisas. Em 1Co 11.5 vemos claramente que as mulheres podiam profetizar na igreja. Contudo, em 14.34 ele diz o seguinte sobre as mulheres: “não lhes é permitido falar; antes, permaneçam em submissão”. Isto quer dizer que o tipo de profecia exercido pelas mulheres não envolvia autoridade no discurso, e nem podia exigir submissão, como uma palavra genuinamente divina.

OUTROS PROFETAS DO NT

At 21.4-5  se este é um relato de profecia, como parece ser, então é muito importante para a compreensão da natureza da autoridade profética no NT. É significativo porque Paulo simplesmente tenha desobedecido às suas palavras, algo que ele não teria feito caso achasse que eram palavras do próprio Deus. Muito provavelmente os discípulos em Tiro uma indicação de Deus (revelação) sobre os sofrimentos que Paulo enfrentaria em Jerusalém. Então foi bem natural pra eles ligar o relato da revelação com sua interpretação (errada), advertindo a Paulo a não ir. A profecia é uma resposta humana não confiável diante de alguma coisa revelada pelo Espírito Santo.

Em At 21.10,11  vemos 2 fatores conflitantes na profecia de Ágabo. Por um lado, sua frase introdutória – “Assim diz o Espírito Santo” – sugere uma tentativa de falar como os profetas do AT que diziam: “Assim diz o Senhor…” Por outro lado, os acontecimentos da narrativa não coincidem com o tipo de precisão que o AT exige daqueles que falam as próprias palavras de Deus. De fato, pelo padrão do AT, Ágabo seria
condenado como falso profeta porque em At 21.27-35 nenhuma de suas previsões é cumprida. Mas o objetivo de Lucas não é mostrar que Ágabo falou uma profecia imprecisa.

No AT a precisão nos detalhes era a marca essencial de autenticidade nas profecias:

Js 6.26 com 1Rs 16.34

1Rs 13.2 com 2Rs 23.15-16,20

1Rs 17.14 com 17.16

1Rs 21.23 com 2Rs 9.35,36

2Rs 7.1 com 7.16

No NT, como também em nossos dias, a palavra profética deve ser aceita como autêntica, sendo que precisamos compreender que pode sofrer influência das doutrinas preferidas do profeta, de suas opiniões pessoais ou convicções religiosas. Por isso deve ser julgada, como nos orienta as Escrituras Sagradas.

Esta seleção trata-se de um resumo de trechos do livro “O Dom de Profecia”, de Wayne Grudem

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