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Morre o Ego ou Morre a Oração

Por: Paul Billheimer

“Suba a minha oração perante a tua face como o incenso” (Salmos 141.2)

Em toda a Escritura o incenso é usado como símbolo de oração. No templo o incenso se acendia através de brasas de carvão tiradas do altar do sacrifício que ficava no átrio exterior. Cada manhã e cada tarde o sacerdote oficiante, depois de oferecer os sacrifícios, trazia brasas vivas do altar para o Lugar Santo e as colocava sobre o altar do incenso.

Sobre estas brasas ele lançava incenso e aquela nuvem de cheiro agradável que subia ao céu era uma figura da alma que sobe a Deus em oração, e nos ensina que a oração, na sua essência, é a elevação da alma, a aproximação de uma vida a Deus.

O maior componente da oração não é a petição, mas a aspiração. É impossível a qualquer alma aproximar-se de Deus e ao mesmo tempo tolerar o pecado consciente ou a impiedade na sua vida. Alma nenhuma pode se sentir à vontade na presença de Deus enquanto há disparidade consciente entre ela e Deus. No próprio processo de se achegar a Deus, a alma instintivamente procura a purificação de todas as faltas e falhas cometidas.

Quanto mais perto uma alma chega de Deus, mais consciente ela se torna da escória do seu próprio caráter, e maior será o seu desejo de purificação. Qualquer pecado conhecido ou falha ou defeito não confessado automaticamente impede uma melhor aproximação de Deus, e bloqueia o acesso ao trono de graça e de misericórdia.

A oração é mais do que petição. É o esforço honesto do solicitante para expurgar da sua vida todas as coisas que o separariam de Deus. Este é o lugar de poder na oração. É a vida que ora, e não somente os lábios.

Muitos dos filhos de Deus estão com suas orações impedidas por causa de comunhão quebrada com alguém que precisa ser restaurada, ou por alguma obrigação não cumprida com a qual não foram muito responsáveis, ou ainda por algum outro tipo de ajustamento que foi negligenciado. Estas pessoas poderiam orar mais efetivamente se fizessem consertos em todas as coisas da sua vida que são contrárias ao Espírito Santo, muito mais do que se gastassem horas e horas nos seus joelhos sem corrigir as suas vidas.

É a Vida Por Trás da Oração Que Gera Poder Com Deus

Muito pode a oração fervente e efetiva de um homem justo (Tiago 5.16). Você está vivendo naquela área onde Deus responde às orações? O caráter é o poder na oração. Se quisermos o poder de Cristo, precisamos nos conformar com o Seu caráter. Oração em Nome de Cristo é difícil de oferecer. Requer muita disciplina e vigilância. Exclui toda a vontade própria e o egoísmo.

Raramente desistimos da nossa vida natural, do “eu”, a não ser sob pressão. Por isso, às vezes Deus segura as respostas às nossas orações para concedê-las somente depois que entregamos alguma fortaleza da vida natural ainda indomada.

Amado, não sofra com a ilusão de que não há mais ego ou qualidades carnais na sua vida para entregar. Você pode ser salvo e santificado e cheio do Espírito, mas lembre-se de que aquelas experiências, por mais abençoadas e doces que sejam, são somente experiências iniciais. Lembre-se de que depois delas aparecem muitos defeitos espirituais, resultantes da queda, que só poderão ser removidos pela disciplina da vida.

Este processo segue por toda a vida. Quanto mais cooperamos com o Espírito que habita em nós neste Seu trabalho de aperfeiçoamento do caráter cristão, maior será a nossa conformidade com Cristo, e maior o nosso poder na oração.

Se você analisar cuidadosamente a sua experiência anterior de oração, deverá se lembrar de que antes das mais memoráveis respostas à oração, você chegou a um ponto de desespero, uma agonia de anseio, que o levou a fazer uma nova ou mais profunda entrega a Deus. Alguma cidadela do ego até então escondida e bem guardada, foi descoberta e abandonada, e uma nova esfera da sua natureza foi entregue ao Conquistador Divino e o Seu controle sobre sua vida ficou mais completo.

Fazendo esta nova entrega, a sua fé em Deus e na Sua Palavra também aumentou, e você pediu a resposta. Você prevaleceu na oração. Você orou a oração da fé, porque atingiu novas profundidades de submissão e novas profundezas de conformidade com a imagem do Crucificado.

Mas não é o tamanho da sua oração, sua agonia, suas lágrimas ou sofrimento que produzem poder — mas a entrega total que ocorre ao fim de todas estas coisas que nos coloca no lugar de poder e nos habilita a clamar por uma resposta.

A posição do altar do incenso confirma a afirmação que a oração na sua essência mais profunda é um processo de despir-nos do nosso “eu”. O altar do sacrifício vem, pela ordem, em primeiro lugar e o altar do incenso em segundo. Primeiro é oferecido o sacrifício e o incenso é queimado depois com as brasas de fogo do altar do sacrifício. Primeiro é preciso tratar com o pecado e afastá-lo antes que a nuvem do incenso possa subir a Deus. Todo o pecado conhecido, bem como as faltas, que são o pecado da ignorância, devem ser afastados tão logo sejam descobertos, ou se tornarão num obstáculo ao espírito de oração.

Um novo sacrifício era sempre oferecido antes de cada queima de incenso e isto significava que precedendo cada renovação do incenso, alguma coisa tinha morrido. E isto nos ensina esta verdade profunda que o espírito de oração é aceso pela morte progressiva da nossa vida natural. O caminho para cultivar o espírito de oração é progressivamente mortificar o “eu”. O espírito de oração prospera quando o “eu” morre.

Uma razão porque falta a tantos nós o espírito de oração é que não queremos entregar novas fortalezas da nossa vida natural. Recusamos aceitar a crucificação. Uma pequena reserva, feita conscientemente, um querido Isaque que retemos em nosso poder, e nossa vida de oração sofre. A vida de oração é uma vida de morte cada vez mais completa do “eu”.

Todos os melhores escritores concordam que há uma morte progressiva do “eu”, mesmo depois de passar por uma experiência de santificação ou de batismo com o Espírito Santo. A verdadeira morte para si mesmo vem depois da obra de santificação e depois do batismo do Espírito.

George Watson diz: “Percebemos muitas manifestações da vida natural, que não são claramente pecaminosas por um lado, nem contudo realmente da natureza de Cristo por outro, mas estão numa zona intermediária de origem e qualidade da vida natural. O Espírito mostra que precisamos passar além desta zona, para a vida crucificada, a fim de atingir uma união permanente e profunda com Deus, onde não há nada de mim mesmo e tudo de Jesus Cristo.”

Sem dúvida muitos poderão se lembrar de ocasiões quando o espírito de oração se afastou da sua vida, entristecido por atos de egoísmo e voluntariedade, e não voltou até que houvesse o arrependimento e os consertos necessários.

Causas da Falta de Vontade de Orar

Eis o segredo de corações frios e orações frias. Lembre-se de que antes da nuvem de incenso subir, o incenso precisava ser aceso. As brasas que acendem o incenso e mandam a nuvem em direção ao céu vinham do altar do sacrifício. A razão por que os nossos corações e as nossas orações são tão frios e sem vida, e não sobem acima das nossas cabeças, é porque deixamos de visitar o altar do sacrifício, temos nos recusado a morrer.

Muitos apelos nos são constantemente feitos, para uma submissão mais profunda das nossas vontades, um abandono mais profundo dos nossos desejos, gostos, ambições e aspirações. Recusar-se a permanecer na cruz, retirar-se do altar do sacrifício, afirmar e reafirmar o “eu”, tudo isto traz desgosto ao espírito de oração e deixa os nossos corações frios e os nossos espíritos imóveis. A nuvem de incenso não sobe porque o incenso não foi queimado.

É a oração fervorosa do homem justo que muito pode, mas a vontade própria assassina o verdadeiro fervor. Se as nossas orações devem ser realmente fervorosas e portanto eficientes, precisamos deixar o “eu” morrer no altar do sacrifício.

“Se eu no coração contemplara a vaidade (iniqüidade) o Senhor não me teria ouvido ” (Salmos 66.18). A vaidade é qualquer coisa que vem do homem caído e portanto não vem de Deus. Deixar de guerrear diligentemente contra todo o tipo de pecado, e não somente pecado mas também todas as faltas e deficiências, é contemplar a vaidade nos nossos corações. O evangelho nos é dado não somente para nos livrar do pecado visível e exterior, mas também para mudar as nossas disposições internas.

As grandes coisas que roubam da maioria de nós o poder na oração não são nossas transgressões cometidas, mas as nossas disposições impuras, sem tratamento e sem purificação. Muitos de nós pensamos que nossas disposições inerentes nunca poderão ser transformadas pela graça disciplinadora e purificadora de Deus. É verdade que elas nasceram em nós. Mas o pecado também nasceu em nós. Será que devemos tolerar o pecado da mesma forma que toleramos a disposição chata e desagradável que herdamos?

A graça luta em nós contra tudo que não é semelhante a Cristo. Toda complacência, toda tolerância de imperfeições conhecidas matam o espírito de oração e impedem o incenso de subir. Se queremos acender o espírito de oração, devemos visitar com freqüência o altar das ofertas queimadas para renovar a entrega da nossa vida natural.

Sacrifício do “eu” é o caminho para o fervor e o poder na oração. Lembre-se, de manhã e à tardinha o sacerdote no Templo pegava as brasas do altar de Holocausto e acendia novamente o fogo no altar do incenso. Todo o tempo que o incenso ficava nas brasas havia uma grinalda de fragrância flutuando para cima em direção ao Trono.

O significado deste simbolismo sagrado é que precisa haver ocasiões definidas e freqüentes de oração, que o incenso deve ser aceso periodicamente para poder subir continuamente — significando que a oração deve estar presente em todas as partes da vida e toda a vida deve ser oração.

Ninguém pode viver uma vida de oração sem períodos separados para a oração. Cristo levantava-se cedo e ia para as montanhas para orar.
Freqüentemente passava noites inteiras em oração. Se o nosso Senhor e Salvador sentia a necessidade de uma comunhão solitária com o Pai, podemos nós, com segurança, nos privar desta tao necessária comunhão?

O incenso era aceso novamente a cada manhã e a cada tarde. E sem períodos freqüentes de comunhão com Deus, o espírito de oração desaparecerá das nossas vidas. Sem o constante espírito de oração, a oração é uma fórmula inútil.

“Senhor, ensina-nos a orar” (Lucas 11.1).

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2 respostas

  1. Tenha buscado a Deus em oração e fui muito edificada com esta mensagem.
    “Pois todo que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á.” Mateus 7:8
    Deus abençoe a todos.

  2. Não sei nem o que disser!!
    Estou a semanas, sem orar. Não consigo, me faltava algo.
    Procurei a resposta, meditando várias horas por dia.
    E do nada, recebo esse post. “Deus, tu és fiel além do que eu mereço, não tenho palavras pra expressar o que estou sentindo. Só quero Te disser, Obrigado ABA.”

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