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Impedimentos à Oração

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Impedimentos à Oração

Por Charles H. Spurgeon

Existe uma condição de sentir-se impedido de orar – e isso pode acontecer quando se cai numa condição geral de relaxamento e mornidão com relação às coisas de Deus. Quando uma pessoa fica fria, indiferente e negligente, uma das primeiras coisas a serem afetadas é a sua devoção. Quando um doente está piorando, seus pulmões sofrem, e sua voz também; igualmente, quando um cristão está em declínio espiritual, a respiração da oração é afetada e o clamor da súplica torna-se fraco.

A oração é o verdadeiro indicador de poder espiritual. Sufocar a oração é perigoso e tem consequências letais. Você pode confiar nesta verdade universal: quando você está de joelhos, realmente está diante do seu Deus.

O que o fariseu e o publicano eram em sua vida de oração determinava o verdadeiro critério de seu estado espiritual. Você pode manter uma reputação digna entre os homens; no entanto, é de pouca consequência ser avaliado pelo juízo humano, pois, enquanto os homens veem apenas a superfície, os olhos do Senhor penetram as profundezas mais insondáveis da alma.

Se ele vê que você não ora, com certeza não dará grande valor à sua participação em reuniões religiosas ou às ruidosas confissões de conversão. Por outro lado, se você é uma pessoa de intensa oração e, especialmente, se o espírito de oração está presente de tal forma que, além dos momentos de súplica, seu coração fala com Deus habitualmente, então o Senhor o verá como alguém que deseja andar em comunhão íntima com ele.

Quando não temos uma base sólida de relacionamento vivo com Deus e percebemos que nossas orações estão “impedidas”, existe algo no nosso sistema espiritual que precisa ser removido ou resolvido imediatamente. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23). As orações vivas fazem parte dessas fontes.

Orações podem ser impedidas, também, por termos excesso de coisas por fazer. Neste mundo atual, isso é muito comum. Muitos homens que poderiam ter sido extremamente úteis para a Igreja de Deus tornaram-se infrutíferos porque tiveram de desdobrar-se em alguma nova direção nos negócios que passou a ocupar todo o seu tempo livre. Em vez de sentir que sua prioridade era: “Como posso melhor glorificar a Deus?”, o objetivo que os consumia era “abrir ainda mais os braços para tentar abraçar o mundo”.

O rico na parábola não tinha tempo para orar, pois estava ocupado em planejar novos celeiros para armazenar seus bens. No entanto, foi obrigado a encontrar tempo para morrer quando o Senhor lhe disse: “esta noite te pedirão a tua alma” (Lc 12.20). Tenha cuidado, eu lhe suplico, com o “desejo por outras coisas” (Mc 4.19), com a sedução das riquezas, com a insaciável ganância que leva os homens a cair na cilada do diabo, pois se não provocarem outra doença pior, já lhe farão um grande mal impedindo suas orações.

Podemos até ter tantas coisas a fazer na casa de Deus que impedimos nossas orações por sermos como Marta, ocupada com muito serviço. Eu nunca ouvi falar de alguém que tenha sido impedido por excesso de oração. Quanto mais fazemos, mais devemos orar, e a oração deve ser o contraponto do nosso serviço, ou melhor, deve ser a fonte viva de cada ação; deve saturar toda a nossa vida, como o orvalho do céu encharcou a lã de Gideão. É impossível trabalhar demais para Deus se tudo estiver imerso em oração, mas desconfio que poderíamos fazer muito mais se tentássemos abraçar menos e orássemos mais antes de iniciar qualquer novo projeto.

Eu disse que muitos estão tentando realizar além do que podem, mas eu não estaria oferecendo um quadro completo se não acrescentasse que outros tantos estão fazendo muito menos do que deveriam. Deus lhes deu recursos suficientes para se aposentarem. Eles têm tempo de sobra e precisam até inventar formas de usar esse tempo; enquanto isso, os ignorantes continuam precisando de instrução, os doentes de visita e os pobres de ajuda.

Não deveriam entregar o seu tempo ocioso para o serviço de Deus? Não seriam, então, vivificados na oração? Desejaria que todos pudessem dizer como um dos santos do Senhor: “A oração é a minha ocupação e o louvor é o meu prazer” – mas estou certo de que nunca o farão até que o zelo da casa do Senhor os consuma plenamente.

Em último lugar, algumas pessoas têm suas orações impedidas por falta de disciplina e organização. Acordam tarde demais e ficam o dia todo um ou dois passos atrasados em relação às suas tarefas; nunca conseguem ficar em dia. Estão sempre agitados, uma tarefa atropelando a outra. Não se organizaram para se aposentar, reservam muito pouco espaço para comunhão com Deus e, consequentemente, algo sempre surge inesperadamente que faz a oração ser esquecida; talvez não seja totalmente esquecida, mas fica tão espremida e apressada que tem pouco efeito e não os abençoa.

Seria muito interessante que cada pessoa mantivesse um diário para registrar seu tempo de oração por semana e ver quanto tempo consegue reservar das 24 horas para passar com Deus. Muito tempo é gasto na mesa, mas quanto é gasto diante do Trono de Misericórdia? Muitas horas são gastas com homens, mas quantas com o Criador? Você separa tempo para estar com seus amigos terrenos, mas quantos minutos você passa com seu Amigo celestial? Você se permite ter espaço para recreação, mas o que você separa para aquelas disciplinas que de fato regeneram a alma?

Retirado do sermão “Impedimentos à Oração” por Charles H. Spurgeon

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