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Desce, Senhor! Pertencemos a Ti!

Por: Roger Ellsworth

Este é o sexto artigo numa série de mensagens sobre Isaías 63 e 64.

“Mas agora, ó Senhor, tu és nosso Pai, nós somos o barro, e tu, o nosso oleiro; e todos nós, obra das tuas mãos. 
Não te enfureças tanto, ó Senhor, nem perpetuamente te lembres da nossa iniqüidade;
olha, pois, nós te pedimos: todos nós somos o teu povo.
As tuas santas cidades tornaram-se em deserto, Sião, em ermo; Jerusalém está assolada.
O nosso templo santo e glorioso, em que nossos pais te louvavam, foi queimado; 
todas as nossas coisas preciosas se tornaram em ruínas. (Isaías 64.8-12).

Temos acompanhado o profeta Isaías nas suas súplicas para que Deus descesse em poder para renovar e revitalizar seu povo. Os diversos argumentos que usou até aqui já foram fortes, mas agora está para deixar de lado toda prudência e timidez e fazer seu apelo final. Coloca diante de Deus o fato de ter uma aliança firmada com seu povo. Em síntese, está dizendo que Deus terá de descer e renovar este povo porque lhe pertence.

“Todos nós, obra das tuas mãos”, clama Isaías no versículo 8. Um pouco depois acrescenta: “Todos nós somos o teu povo” (v. 9). Ele até mesmo afirma que as cidades de Judá são cidades de Deus (v. 10).

Ao seguir esta linha de argumentação, Isaías estava andando nos passos de um outro grande homem de Deus, Moisés. Mais de uma vez, Moisés suplicou a Deus para não destruir o povo de Israel por causa da aliança que havia entre eles e Deus. Moisés argumentava que se Deus destruísse o povo, seus inimigos o poderiam ridicularizar, dizendo que não era capaz de introduzir a Israel na terra prometida. Mas Deus prometera levar o povo para lá, e era esta promessa que Moisés colocava diante dele.

Com efeito, Moisés estava dizendo a Deus: “Se o Senhor destruir este povo, sairá perdendo mais do que eles, pois tua honra está em jogo aqui. O Senhor precisa cumprir o que prometeu” (ver Êx 32.9-14; Nm 14.11-20).

Há então uma ousadia nesta oração de Isaías, em que ele lembra a Deus que tem compromisso com seu povo, e que sua honra está em jogo. Isto é orar de verdade, e o fato de não ouvirmos orações semelhantes hoje é apenas um sintoma da nossa miserável condição espiritual. Se quisermos começar a orar desta maneira ousada e arriscada, precisamos compreender as implicações de pertencer a Deus.

Se verdadeiramente pertencemos a Deus, primeiro devemos confessar que…

1. Deus Tem Sido Bom Para Nós

Quanto tempo faz que não saboreia esta verdade – o privilégio de ser um filho de Deus? Considere a Deus por um instante. Isaías constantemente se refere a ele como “Senhor” nesta oração (Is 63.16-17; 64.8-9, 12). E o que significa ser “Senhor”? É ser absolutamente soberano. Este é o Deus que Isaías conhecia. Ele era o soberano absoluto acima de tudo, e que governa tudo.

A maneira como Isaías começou esta oração nos revela muito sobre Deus. Isaías diz: “Atenta do céu…” (Is 63.15). Deus é tão exaltado, que precisa olhar lá do alto. Ele está tão infinita e incomparavelmente além de nós. Depois Isaías acrescenta: “… e olha da tua santa e gloriosa habitação…” Aí está a grandeza de Deus! Sua habitação é santa e gloriosa. Santidade e glória o cercam em todo tempo.

Um pouco mais adiante na oração, Isaías diz que Deus é tão grande que está além da nossa capacidade de compreender ou descrever: “Porque desde a antigüidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera” (Is 64.4).

Nunca compreenderemos plenamente o que significa pertencer a Deus se não começarmos neste ponto. Comece com a majestade e glória de Deus, e saberá avaliar a admiração de Isaías quando disse: “Mas tu és nosso Pai…” (Is 63.16; 64.8). Como isto é impressionante! Este é o Deus incomparável, incompreensível, que governa soberanamente sobre todas as coisas, e no entanto nós o chamamos de Pai! Como isso pode ser? Só tem uma resposta: este Deus se abaixou em graça para nós, e abriu o caminho para o conhecermos. Se pertencemos a Deus, não existe nenhum crédito para nós. Não havia nada em nós para nos recomendar a Deus. Deus teve de se abaixar para nos alcançar.

Você percebe a profundidade que é pertencer a este Deus? Como supremo soberano deste universo, ele pode simplesmente nos exterminar com um sopro ou uma palavra. Mas preferiu fazer daqueles que confiam nele seus próprios filhos. Que privilégio é pertencer a Deus! Como tem sido bom àqueles que o conhecem!

Mas pertencer a Deus também implica que…

2. Devemos Honrar a Deus

Depois de tudo que ele fez por nós, esta seria nossa reação natural. Mas receio que não tenhamos tratado a Deus melhor do que o povo no tempo de Isaías. Ao contemplar seu povo, Isaías é obrigado a confessar que não estão vivendo de acordo com seus privilégios. Na realidade, a oração toda representa uma denúncia ardorosa e veemente contra este povo.

Estavam tratando a Deus de forma tão infiel, que Isaías disse várias coisas a seu respeito. Primeiro, que nem seriam reconhecidos pelos pais ou patriarcas (Is 63.16). Disse também que se Jacó pudesse vê-los, nem os reconheceria como seus descendentes. Haviam se desviado tão completamente das suas origens que não seriam identificados como herdeiros legítimos daqueles que os geraram.

Além disso, Isaías disse que seu povo não impressionava nem intimidava seus inimigos (Is 63.18). Tinham sido completamente pisados por eles. Não havia mais nada neles, como povo de Deus, que inspirasse o menor estremecimento no coração dos adversários.

E finalmente, Isaías concluiu que não eram diferentes em nada dos outros povos (Is 63.19). O povo de Deus se assemelhava àqueles sobre quem Deus nunca reinara. Eram exatamente como os outros pagãos ao seu redor. Não havia nada de diferente ou especial sobre estes que eram conhecidos como povo de Deus.

Se quisermos saber se estamos valorizando nossos privilégios e vivendo como povo de Deus, podemos usar as descrições de Isaías como critério para nos avaliar. Estamos vivendo de tal modo que os fiéis do passado nos identificariam imediatamente como seus descendentes espirituais? Ou nos afastamos das nossas origens? Aqueles que se opõem ao cristianismo estão conscientes de algo diferente em nós? Sentem alguma espécie de admiração ou temor quando nos contemplam, ou simplesmente dão risadas de desprezo? Há algo que nos coloca numa classe separada em relação às multidões que não crêem ao nosso redor, ou conseguimos nos misturar bem com o paganismo dos nossos dias?

Parece-me que é só uma questão de levantar estas perguntas, e já teremos uma resposta. Realmente não estamos tratando a Deus nem um pouco melhor do que o povo de Isaías.

E por causa disso, precisamos urgentemente ouvir a terceira conseqüência de pertencermos a Deus. É que…

3. Deus Pode Fazer Conosco Como Bem Entender

Não gostamos muito de ouvir sobre isto, mas é uma dedução natural do fato de pertencer a Deus. Se somos dele, e não o temos tratado como deveríamos, podemos esperar que ele faça conosco como fez com o povo de Isaías: castigar-nos!

Castigo nunca é algo agradável, mas é sempre proveitoso. O povo de Isaías havia pecado contra Deus de formas incalculáveis. Desprezaram sua própria herança e desavergonhadamente foram atrás de outros deuses. Entregaram-se a toda espécie de imoralidade e promiscuidade. Então o que Deus fez? Ficou andando de um lado para outro no céu, angustiado sobre o que devia fazer, torcendo suas mãos em desespero?

Nem pense nisto! Deus nunca se encontra “perdido” sobre como deve tratar o pecado na vida de seu povo. Com paciência tolerou seu pecado por muitos anos, e enviou homens como Isaías para avisá-los e chamá-los ao arrependimento. Mas quando teimosamente persistiram na sua rebeldia, trouxe os babilônios que os levaram ao cativeiro. Lá ficaram por setenta anos refletindo sobre sua tolice, e só naquela época foi que aprenderam a fazer esta oração que Isaías sabia que um dia usariam. Deus finalmente ouviu sua oração e os restaurou à sua terra.

Você faz alguma objeção a Deus tratar seu povo desta maneira? Tenha cuidado, amigo, sobre o que diz. Lembre-se que ele é Deus, e o papel do homem não é falar. Lembre-se que ele é Deus, e “quem és tu, que a Deus replicas?”(Rm 9.20). Lembre-se que como povo de Deus, pertenciam a ele, e que por esta razão ele tinha direito de tratá-los como bem entendesse. Lembre-se também que Deus não mudou em nada, e que ainda trará castigo sobre seu povo hoje se persistirem em desobediência.

Mas devo deixar este assunto agora. Pois há mais uma implicação de se pertencer a Deus, que é…

4. Deus Jamais Nos Repudiará

Castigo nunca é a última palavra de Deus. Ninguém o expressa melhor que o salmista: “Porque não passa de um momento a sua ira; o seu favor dura a vida inteira. Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30.5).

A melhor parte de pertencer a Deus é que, não importa o quanto nos afastamos, sempre podemos, como o filho pródigo na parábola de Jesus, voltar para casa. Isaías sabia disso, e assim terminou sua oração com estas palavras: “Conter-te-ias tu ainda, ó Senhor, sobre estas calamidades? Ficarias calado e nos afligirias sobremaneira?” (Is 64.12). Nestas perguntas está a fé implícita de que Deus não pode deixar seu povo permanecer na miséria e dor do castigo, mas que espera ansiosamente para restaurá-lo.

Deixemos que o próprio Deus nos explique por que não devemos pensar que possa nos repudiar: “Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das minhas mãos te gravei; os teus muros estão continuamente perante mim” (Is 49.15,16).

Fortalecidos com estas palavras, por que teríamos de nos conformar em continuar na nossa esterilidade e morte espiritual? Por que não lembramos a Deus das suas promessas e aguardamos ansiosamente por suas bênçãos? Por que não unimos nossa voz à de Isaías, dizendo: “Desce, Senhor! Pertencemos a ti!”

Esta série continua no próximo número.

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