Compreenda e abrace o
caminho que Jesus trilhou

Confiando Em Tempos Angustiosos

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Por: E. Gladys Dieterle, missionária à China

Uma amiga minha, abrindo o coração, confidenciou-me os seguintes temores:

“Quando leio os jornais e revistas cada dia, fico atormentada pelo temor do que o futuro pode reservar para o mundo, para mim, e para meus familiares e amados. Quando leio a Bíblia e vejo passagens como estas: ‘… angústia entre as nações em perplexidade… homens que desmaiarão de terror e pela expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo…’ (Lc 21.25,26); e ‘a hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro’ (Ap 3.10), concluo que meus temores não são meras imaginações, mas se fundamentam em fatos previstos pela própria Bíblia.

“O temor de que um dia meu marido possa perder seu negócio e que, conseqüentemente, possamos perder nossa casa, os meios de educar nossos filhos e até de adquirir a alimentação necessária, deixa-me completamente abalada. Leio a Bíblia para tentar achar consolo e, de fato, encontro muitas promessas do cuidado de Deus em favor dos seus. Tento acreditar que foram escritas para mim e recebo descanso temporário por meio delas, mas depois, cada vez, esta pergunta vem à minha mente: ‘Quando os juízos de Deus estiverem na terra, será que ele diferenciará entre os que são dele e os que não são, ou as tribulações e angústias afetarão a todos?’

“De alguma forma, não consigo achar uma resposta alentadora a esta pergunta e assim minha mente e coração não encontram paz. Depois que o medo entrou, a preciosa paz e alegria que antes tinha desapareceram e, a despeito de todas minhas tentativas, não acho meios de expulsar este medo de dentro de mim.”

Essa amiga esperava que eu, por ter conhecido a Deus há mais tempo, pudesse lhe dar alguma espécie de antídoto ao medo. Porém, como no meu coração havia alguns dos mesmos temores e preocupações, e tendo sido incapaz de expeli-los, naquele dia não me foi possível mostrar-lhe um caminho de libertação.

À medida que o tempo foi passando e a situação no mundo foi ficando mais e mais séria, descobri que o mesmo temor estava angustiando muitos cristãos, sem falar das pessoas de fora. Pessoalmente, cada vez que lia os jornais, o temor no meu coração com relação a mim mesma, à minha família, e às crianças e garotas na nossa Missão, aumentava.

Isso me levou a entrar no “quarto” sozinha com o “Pai que vê em secreto e recompensa” publicamente (Mt 6.6). Ali, perguntei ao Senhor se ele tinha algum antídoto para o medo. Enquanto esperava por sua resposta, ele falou ao meu coração.

Primeiro, ele me perguntou quais eram meus temores. Senti que, assim como um médico iria querer que eu declarasse honestamente todas as dores e males pelos quais estava buscando uma solução, da mesma forma Deus queria que eu confessasse com sinceridade e clareza todos os meus temores, um por um, exatamente como os sentia quando estava sozinha.

Todas as vezes que orava antes sobre os temores que me perturbavam, eu realmente só buscava conforto – e era isso que recebia, não uma paz duradoura. Nunca havia me ocorrido que Deus pudesse ter uma cura permanente para meu coração e mente atribulados. Agora vejo sua grande fidelidade para comigo, sua filha, em me dar a idéia de perguntar se ele tinha um antídoto para o medo, já que eu e tantos outros filhos sinceros de Deus estávamos tão perturbados e angustiados com toda espécie de temor, sem saber como encontrar alívio permanente.

Lembro-me muito bem da vergonha e humilhação com que fui trazendo à luz todas as tenebrosas dúvidas e medos há tanto tempo escondidos. Quando todos, até os piores, haviam sido expostos e confessados, esperei em silêncio por sua voz – e a ouvi claramente. Ele me fez uma oferta.

Ele disse: “Coloque o controle do seu próprio futuro, e o futuro de todos que lhe são queridos, nos meus ombros. Faça uma entrega específica de cada um; coloque tudo que você é e tudo que tem em minhas mãos, através de uma entrega específica, e eu tomarei a responsabilidade de tudo isso sobre meus ombros e lhe farei o bem.”

Ele não me repreendeu pelos meus medos, mas levou-me a ver que o medo, quando analisado, é realmente medo do nosso adversário, o diabo. Tememos que um dia ele possa tomar de nossas mãos tudo que agora prezamos: nossa própria vida, a vida dos nossos queridos, nosso lar com seus confortos, nosso negócio, nossa igreja, nossa missão ou ministério, nossos amigos, etc.

Como sabemos que tudo que cai nas mãos do adversário termina em ruínas, agarramo-nos com toda nossa força a tudo que possuímos, ao mesmo tempo sentindo temor que as coisas venham a piorar tanto que não seremos capazes de segurá-las até o fim, mas que ainda poderão cair nas mãos do inimigo.

Deus ainda me mostrou na sua Palavra que tal temor não era mera fantasia ou imaginação, mas que se fundamentava na verdade. Sempre foi e sempre será intenção do inimigo destruir, devorar, matar e roubar de nós aquilo que Cristo em seu amor nos deu.

O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar (1 Pe 5.8).

Ele foi homicida desde o princípio… é mentiroso e pai da mentira (Jo 8.44).

O ladrão vem somente para roubar, matar, e destruir (Jo 10.10).

É por causa deste fato, ele disse, que seu conselho para mim era que eu colocasse em suas mãos tudo aquilo que ainda estava nas minhas, fazendo uma entrega definida, detalhada de cada ente amado e de cada possessão, confiando tudo ao seu cuidado, seu poder e seu amor. “Tudo que você colocar em minhas mãos através de uma entrega definida e específica, jamais deixarei cair nas mãos do inimigo. Por isto, solte suas mãos daqueles que lhe são queridos, e faça uma entrega completa e absoluta de si mesma e deles.”

Enquanto estava ali na intimidade de sua presença, surgiu uma pergunta na minha mente, e imediatamente a coloquei diante dele: “Se tudo estiver definitivamente consagrado e entregue à tua responsabilidade e guarda, ó Deus, isto significa que nunca estaremos, nem nós, nem aqueles que te entregamos, em qualquer situação difícil, em perigo, ou em necessidade desesperada, sob perseguição, passando fome ou falta de abrigo ou vestuário; nunca estaremos em tribulação ou aflição de espécie alguma?”

Era uma pergunta vital e eu estava muito ansiosa para saber como me responderia. Esperei com paciência para ouvi-lo falar. Sua resposta para mim foi:

“Se tudo que você tem me for entregue, e o controle de todo seu ser estiver nos meus ombros, então, caso esteja em alguma circunstância difícil, sempre estarei junto com você.”

“O Senhor estará comigo com que propósito?”, perguntei.

E a resposta veio: “Estarei com você para libertá-la – ou para tirar da dificuldade ou para ser-lhe ‘um socorro bem presente na angústia’, para dar-lhe a paz”.

Enquanto fazia estas perguntas, eu estava pensando nas duas missionárias, a Srta. Harrison e a Srta. Nettleton, que recentemente haviam sido assassinadas por bandidos, após um cativeiro de três meses. Através desta palavra do Senhor, fui assegurada pelo Espírito Santo que as duas certamente tiveram a presença de Deus consigo, dando-lhes continuamente paz, libertação do medo e um espírito preparado para tudo que teriam de enfrentar.

Ainda a sós com o Pai, eu agora entreguei meu próprio futuro e o futuro de todos que me eram queridos, àquele que se oferecera para tomar o controle e o cuidado de tudo sobre si mesmo. Tendo feito isso, recebi suas palavras de promessa:

O governo está sobre meus ombros e o meu nome será Maravilhoso… (Is 9.6).

Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará (Sl 37.5).

Eu, o Senhor, a vigio e a cada momento a regarei; para que ninguém lhe faça dano, de noite e de dia eu cuidarei dela (Is 27.3).

Ao ouvir estas promessas, senti como se ele tivesse me dado um “recibo” escrito e selado daquilo que havia entregado à sua guarda – e fiz uma nota de suas palavras de promessa na margem da minha Bíblia, anotando a data.

Foi-se o Medo!

Uma profunda paz agora enchia meu coração, e todo vestígio de medo desapareceu! Estava segura de que minha vida e meus interesses estavam agora em suas mãos, não nas minhas, nem nas do inimigo. Eu sabia que, se necessário, ele faria maravilhas a fim de guardar aquilo que lhe fora entregue.

Agora, eu podia afirmar em plena confiança de fé: “Porque sei em quem tenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito (o que lhe entreguei) até aquele dia” (2 Tm 1.12).

Senti que o antídoto de Deus para o medo me fora revelado e concedido. Meu coração estava cheio de alegria e libertação.

Na minha experiência, recebi muitos livramentos desde aquele dia; livramentos do mal em tempos de perigo, livramentos em momentos de necessidade financeira, livramentos em tempos de doença e, mais real do que tudo o mais, livramento do medo.

De grande valia foi o “recibo” que me foi dado naquele dia da entrega. Em momentos quando o inimigo queria entrar como enchente para me roubar a paz de Deus, eu só precisava olhar novamente para este “recibo” – sua palavra de promessa, escrita ali na minha Bíblia, com a data na margem, fazer uma nova entrega de tudo nas suas mãos e, imediatamente, a paz de Deus que excede a todo entendimento passava a guardar o meu coração e a minha mente.

“Pedi e dar-se-vos-á” era uma promessa cumprida e, também, a palavra: “Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti” (Is 26.3).

Foi uma linda surpresa quando uma revista chegou confirmando o que eu havia sentido a respeito da presença de Deus, da paz e da preparação de espírito que certamente foram concedidas àquelas missionárias. A reportagem dizia que antes de serem mortas pelos bandidos, receberam permissão de enviar seus nomes ao Consulado do seu país. Quando os nomes foram recebidos, descobriu-se que não mandaram seus verdadeiros nomes, mas usaram os nomes Eirene e Elfreda, que significam paz em grego e inglês arcaico, respectivamente.

Foi desta forma que puderam enviar uma mensagem aos seus entes queridos e ao mundo a respeito da paz que tinham através da presença de Cristo, libertando-as de todo medo da morte e do mal…

Quer sejamos libertados de circunstâncias angustiosas, quer permaneçamos nelas, a grande libertação que Deus dá, e que somente ele pode dar, é o livramento do espírito de medo.

Recebemos esta libertação enquanto estamos a sós no “quarto” de oração, falando ao nosso Pai em secreto, entregando definitivamente à sua guarda e em suas mãos, tudo que perturba nosso coração e mente. É lá que ele comunica palavras de paz e segurança ao nosso interior. É lá que as ondas violentas de medo e ansiedade em nossos corações são dominadas por aquele que é o “Soberano dos mares”, e é lá que o coração se torna em “grande calmaria” pela fé na sua palavra de promessa.

Medo, a Obra de Satanás

“Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia”, diz a Palavra em 2 Timóteo 1.7. Foi dado por quem, então? A resposta é: “Um inimigo fez isso” (Mt 13.28). É ele que nos dá os diferentes e variados medos que atormentam o coração humano. “O medo produz tormento” (1 Jo 4.18). A alguns ele dá o temor de que certa dor que sentem repetidamente se transformará em um câncer, o que significará meses, senão anos, de sofrimento insuportável, enormes gastos (muito além dos recursos disponíveis), e grande solidão, terminando em morte.

Não há um raio de esperança, nenhuma palavra a respeito da presença de Deus, do seu auxílio ou sua intervenção, neste tenebroso quadro que o inimigo nos apresenta. Tampouco nos informa que é ele que está nos dando estes horríveis pensamentos; pelo contrário, leva-nos a acreditar que são fruto da razão bem informada (!), do nosso próprio bom entendimento (!), ou do nosso tão estimado “senso comum” (!).

Tendo conseguido sucesso até este ponto, ele vai além e acrescenta ao seu trabalho de destruir a paz no nosso coração a superstição de que a mera menção ou admissão a alguém desses temores, que carregamos escondidos na profundeza da nossa alma, fará com que aquilo que grandemente tememos certamente acabará acontecendo conosco, e que os nossos receios se cumprirão (Jó 3.25).

Por esta razão, alguns carregam estes temores e preocupações em seus corações por anos. É verdade que oram a este respeito em secreto, mas nunca chegam ao lugar onde os enfrentam como “coisas ocultas das trevas” (1 Co 4.5), expondo-as à luz para serem examinadas por amigos tementes a Deus e pela Palavra de Deus e, acima de tudo, para serem destruídas por aquele que veio ao mundo especificamente para “destruir as obras do diabo…” (1 Jo 3.8).

Tome tempo para ficar sozinho e enfrentar sinceramente todos seus problemas e temores. Expresse-os e confesse-os ao seu Pai na intimidade do seu quarto, com a porta fechada. Entregue a si mesmo, todos seus queridos e tudo que prende seu coração, um por um, ao Senhor. Que nada o impeça de assim fazer hoje, ou quanto antes, contando a ele tudo que você teme a respeito de si mesmo, dos seus queridos, dos seus negócios, da sua igreja, da sua saúde ou de qualquer outra questão que pese no seu coração. Conte-lhe até a pior coisa que você teme.

Em seguida, entregue o controle de tudo às mãos de Deus, para que o guarde com segurança. Com alegria, ele o aceitará e tomará sobre si a responsabilidade. Fique em silêncio diante dele, esperando e procurando ouvir sua resposta, pois ele certamente terá uma resposta para você, uma resposta de paz, de amor pessoal e de cuidado por você e pelos seus, uma resposta da sua Palavra escrita, que lhe será tão boa e ainda melhor que um recibo bancário. Será um recibo do próprio Deus, um recibo de tudo que você entregou e deu em suas mãos para que ele mesmo o administrasse e guardasse em segurança.

Posso sugerir que você então faça como eu e sublinhe aquela promessa em sua Bíblia e escreva na margem da página seu nome e a data da transação efetivada com Deus. Creio que será para você como um recibo assinado tanto por ele como por você.

“Se o Coração Não Nos Acusar”

Em conexão com esta verdade, há uma palavra de grande importância em 1 João 3.21, 22, que diz: “Amados, se o coração não nos acusar, temos confiança diante de Deus; e aquilo que pedimos, dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos diante dele o que lhe é agradável.”

Se reconhecemos que, como filhos de Deus, temos pecado em nossas vidas, não perdoado porque não foi confessado a quem ofendemos, ou se continuamos fazendo aquelas coisas que sabemos que não agradam a ele, então nosso coração nos acusa. Perdemos, então, aquela bela confiança para com Deus que ele mesmo nos deu. Perdemos a plena segurança de que o controle do futuro dos nossos queridos e de tudo que lhe entregamos realmente está sobre seus ombros e não sobre os nossos, e que ele fará o bem para nós.

Nosso pecado pode ser falta de amor nos nossos corações para com alguém de quem não gostamos, ou que tenha falado mal a nosso respeito, ou de quem nós tenhamos falado mal.

Ou, então, pode ser que haja no nosso coração ou na nossa vida o “amor ao mundo”, a cobiça dos olhos, a cobiça da carne, e a soberba da vida (1 Jo 3.15,16), que nos fazem conformar-nos ao mundo e que condenarão nosso coração vez após vez.

Antes de podermos ter verdadeira confiança para com Deus, devemos colocar de lado aqueles impedimentos, os pecados e as coisas que não são agradáveis aos seus olhos, através de confissão aberta e de uma mudança definitiva em nossas vidas.

Tendo feito isso, Deus restaurará aquela maravilhosa paz de coração e liberdade de espírito que nos capacitarão a entregar e confiar novamente nossa vida e a vida dos nossos queridos em suas mãos.

Podemos fazer conforme Hebreus 10.22: “Aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo os corações purificados de má consciência… Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar… Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras”.

O Cristo em cujas mãos entregamos novamente as rédeas da nossa vida e a quem confiamos toda preocupação nos dará a certeza da sua habitação em nós, e a certeza que ele está segurando como depósito sagrado tudo que lhe entregamos. Nosso coração não terá mais temor. O Espírito Santo que levantou a Jesus dentre os mortos vivificará nosso corpo mortal, como também nossa alma e espírito. (Leia também 1 Jo 3.21-23; 2.15,16; Mt 5.23,24.)

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