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Como Sei Que Deus Responde à Oração – Parte III

Por: Rosalind Goforth

Jonathan e Rosalind Goforth foram missionários canadenses na China de 1888 a 1934. Durante esse período, tiveram onze filhos (cinco dos quais morreram como bebês ou muito novinhos), passaram por perseguições e dificuldades, e testemunharam grandes moveres do Espírito de Deus, trazendo convicção, arrependimento e conversões. Esta é a terceira de uma série de relatos extraídos de um livro escrito por Rosalind.

Pagando o Preço

Durante os primeiros dois ou três anos em Chang Te Fu, moramos em casas chinesas insalubres, muito baixas e úmidas. Achamos melhor, diante disso, mandar construir uma casa num estilo semi-estrangeiro.

A obra de Deus estava indo muito bem, na época, com novos convertidos chegando toda semana, às vezes quase diariamente. Nosso temor era que uma casa diferente das casas chinesas normais pudesse ser um empecilho à obra, criando uma barreira de separação entre nós e o povo. Por isso, oramos para que Deus a usasse como meio de alcançar mais pessoas – que fosse uma bênção e não um empecilho.

A resposta a essa oração, como muitas vezes ocorre, dependia em grande medida de nós mesmos. Precisávamos estar dispostos a pagar o preço que a resposta exigia.

Na prática, isso significava que, para nossa oração ser respondida, precisaríamos manter a casa aberta “ao público” todos os dias, o dia todo, o que não era fácil de jeito nenhum. Alguns nos aconselharam a não fazer isso, pois nos tornaria mais comuns, com menos respeito, aos olhos dos chineses; outros diziam que seria perigoso, por causa do perigo de infecções para as crianças.

Com o tempo, todas as objeções se provaram infundadas. Recebemos todas as pessoas, desde as mais distintas até as mais humildes, e ganhamos assim a sua amizade. E, até onde sei, nossos filhos nunca foram contagiados por recebermos tanta gente em nossa casa.

O auge em números foi atingido na primavera de 1899, quando 1.835 homens e várias centenas de mulheres foram recebidos por nós num único dia. Todos ouviam o evangelho em grupos grandes e depois eram conduzidos pela casa. Vimos evidências do benefício dessa estratégia muitas e muitas vezes, em todas as partes do campo onde trabalhamos na China. Abria o coração do povo para conosco e contribuía para apagar desconfianças e suspeitas como nenhum outro plano poderia ter feito.

Grave Enfermidade

Em maio de 1898, saímos de viagem com nossos filhos para Tientsin de barco, para um descanso muito necessário. Logo enfrentamos tempo frio e úmido. Doze dias depois, quando estávamos nos aproximando de Tientsin, nosso filho mais velho subiu no convés e se expôs a um vento gelado, sem casaco, e contra minhas ordens. Pouco tempo depois, ele estava sentindo calafrios violentos. Ao chegarmos em Tientsin, um médico deu o veredicto: pneumonia.

No dia seguinte, logo depois do meio-dia, um segundo médico, que havia sido consultado também, contou para uma amiga nossa que o garoto não passaria daquela noite. Medi a sua temperatura, e estava acima de 41º C. Ele estava extremamente inquieto, virando de um lado para outro, queimando de febre.

Sentei-me ao lado dele, com um clamor interior para que o Senhor me ajudasse, e falei-lhe com muita clareza: “Paul, você me desobedeceu e por isso contraiu essa doença. Eu lhe perdôo; agora peça a Jesus que lhe perdoe também e se entregue a ele”.

O garoto olhou fixamente para mim por um instante, depois fechou os olhos. Vi os seus lábios se mexendo por um momento e, em seguida, ele adormeceu profundamente. Quando acordou, ao anoitecer, medi sua temperatura novamente. Havia abaixado para 38,3º C. Quando o médico voltou, a temperatura estava normal e não subiu mais. Embora estivesse com uma hemorragia nos pulmões, isso também logo cessou.

Jesus Cristo não é o mesmo, ontem, hoje e eternamente? Por que duvidaríamos, então, da sua disposição de curar ainda hoje? “Seja-vos feito segundo a vossa fé.”

Fé de Criança

Durante aqueles primeiros anos pioneiros, enquanto estávamos lançando os fundamentos da igreja de Changte, minha fé débil foi envergonhada muitas vezes ao ver os resultados da fé simples, de criança, dos novos cristãos chineses. Algumas das respostas à oração eram tão extraordinárias que até outros pastores e ministros na nossa terra natal (Canadá) expressavam dúvidas quando as contávamos lá. Mas, graças a Deus, eu sei da sua veracidade. Eis um exemplo:

Li-ming, um evangelista amoroso e intenso, possuía terras um pouco ao norte de Chang Te Fu. Numa ocasião, quando estava passando por lá, encontrou todos os seus vizinhos colocando pequenas varas ao redor de suas plantações, com bandeirinhas. Acreditavam que isso impediria os gafanhotos de consumirem os grãos da lavoura.

Todos insistiram com Li-ming para fazer o mesmo e para adorar o deus dos gafanhotos, pois, do contrário, toda sua lavoura seria consumida. Li-ming respondeu: “Eu adoro o único verdadeiro Deus, e vou orar para que ele guarde os meus grãos. Assim vocês saberão que somente ele é Deus”.

Os gafanhotos vieram e comeram em volta da lavoura de Li-ming, por todos os lados, mas não tocaram nas plantações dele. Quando meu marido, Jonathan, ouviu essa história, ele quis ter certeza e foi ao local para obter provas. Chegando lá, perguntou aos vizinhos o que sabiam a respeito disso. Todos confirmaram que, quando os gafanhotos vieram, as lavouras deles foram consumidas enquanto a plantação de Li-ming foi intocada.

O Senhor Jesus disse certa vez, depois de um conflito com incredulidade e hipocrisia: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11.25).

Duas Crianças Doentes – Duas Respostas Diferentes

Nossa filhinha, Gracie, adoeceu com uma doença terrivelmente fatal, tão comum em regiões onde há malária: baço aumentado. Os médicos diagnosticaram sua condição como impossível de ser tratada e sem esperança.

Um dia, uma mulher chinesa, cristã, veio para nossa casa com seu filho que tinha a mesma idade de Gracie e a mesma enfermidade. A pobre mãe estava em grande angústia, pois o médico também lhe dissera que não havia esperança. Ela achava que se implorássemos ao médico, ele poderia salvar seu filho. No fim, meu marido mostrou-lhe nossa filha, Gracie, e disse: “Certamente, se o médico não pode salvar a nossa criança, tampouco pode salvar a sua; a única esperança sua e nossa está no Senhor somente”.

A mãe era uma mulher sem instrução, pobre, trabalhadora, mas ela tinha a fé simples de uma criancinha. Algumas semanas depois, ela veio novamente e contou-me a seguinte história:

“Quando o pastor me disse que minha única esperança era no Senhor, acreditei nele. Ao chegar em casa, chamei meu marido e juntos entregamos nosso filho nas mãos de Deus. Senti certeza absoluta que a criança ficaria bem, por isso passei a não lhe dar mais atenção do que daria a uma criança sadia. Em mais ou menos duas semanas, ele parecia estar tão bem que o levei novamente ao médico, que não achou mais nada nele.”

Aquela criança chinesa cresceu e tornou-se um homem saudável, enquanto que a nossa filhinha morreu. No entanto, oramos por ela como poucas pessoas, talvez, já oraram por uma criança. Por que, então, sua vida não foi poupada? Não sei responder. O que sei é que havia na minha vida, naquela época, o pecado de amargura para com uma outra pessoa e a indisposição de perdoar uma ofensa. Essa era causa suficiente para impedir qualquer oração e, de fato, impediu por algum tempo, até que foi acertado.

Esse caso de oração não respondida abalou minha fé na disposição e no poder de Deus para ouvir nossos pedidos? De forma alguma! Um filho meu poderia, com o mesmo argumento, decidir que nunca mais iria me pedir coisa alguma porque eu, com sabedoria superior, havia negado uma petição sua. Não é verdade que nós, nos relacionamentos com nossos filhos, achamos por bem conceder certas coisas num momento e negá-las em outro? “O que eu faço não o sabes agora, compreendê-lo-ás depois” (Jo 13.7).

Misericórdia do Pai

Uma das experiências mais preciosas da misericórdia amorosa de Deus veio em conexão com a morte da nossa pequenina Gracie.

Havíamos sido avisados que seu fim poderia acontecer no meio de convulsões; isso, nós entendíamos muito bem, pois dois dos nossos preciosos filhinhos haviam morrido dessa forma. Somente uma mãe que já passou por tal experiência pode compreender plenamente o horror de enfrentar essa possibilidade outra vez, a qualquer momento.

Certa noite, eu estava vigiando ao lado de Gracie, junto com uma amiga, quando, de repente, a criança disse com muita determinação: “Chame o papai; quero ver o papai!”.

Hesitei em chamar seu pai, pois era a sua vez de descansar; tentei distraí-la com uma desculpa, porém ela repetiu seu pedido outra vez. Finalmente, chamei meu marido e pedi que ele ficasse um pouco com ela, até que eu voltasse.

Fui para um outro quarto e clamei em agonia ao Senhor para que não permitisse que Gracie sofresse. Se era realmente a vontade de Deus levá-la embora, então que fosse sem sofrimento. Enquanto eu orava, uma maravilhosa paz veio sobre mim, e a promessa veio à minha mente tão claramente como se alguém a tivesse lido em voz alta: “Antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei” (Is 65.24).

Ao me levantar da oração, minha amiga me encontrou na porta e disse: “Gracie está com Jesus”. Enquanto eu estava de joelhos, nossa amada filha, depois de repousar alguns instantes nos braços de seu pai, olhou direto no rosto dele com um de seus mais lindos sorrisos e, em seguida, fechou seus olhos e parou de respirar. Sem agitação, sem dor, simplesmente “adormeceu”.

“Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece…” (Sl 103.13).

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