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Como Perder o Reino: Questão de Coração

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Vimos, no post anterior, como é demorado o processo de buscar, achar e implantar o verdadeiro Reino de Deus. Na História do povo de Israel no Antigo Testamento, Deus trabalhou durante sucessivas gerações, atravessando vários séculos, para chegar ao seu objetivo de produzir um protótipo visível do Reino que esteve, desde a eternidade, em sua mente e coração.

Para perder o que foi conquistado a duras penas, entretanto, não precisou de muito tempo. Com rapidez inacreditável, o homem consegue cair, lá das alturas, a uma distância enorme do verdadeiro desejo de Deus. Ao mesmo tempo, ele consegue manter as aparências de forma que todas as estruturas exteriores continuem de pé, ainda que a realidade do Reino não exista mais.

Esse fenômeno tem acontecido centenas de vezes durante a história da Igreja. Para reencontrar a presença de Deus e voltar a fazer parte do seu projeto na Terra depois de períodos de apostasia, frieza e forte influência da cultura mundana, é preciso passar por um processo intenso e, muitas vezes, angustiante de busca, entrega, oração e sacrifício que pode levar anos ou até gerações. Foi esse tipo de processo que gerou cada um dos avivamentos e movimentos de restauração que marcaram tanto a Igreja ao longo dos séculos.

Já a perda do propósito e da presença viva de Deus, apesar de também ser um processo e não um fenômeno instantâneo, é bem mais rápida. Para entender a razão para isso, pense numa situação bem conhecida: enquanto você leva horas a passos lentos e sofridos para subir a ladeira íngreme de um morro, não precisa mais do que alguns minutos para cair e escorregar de volta para o ponto de partida. A tendência de voltar para o “natural”, para a inclinação inata de buscar os próprios interesses, para tentar transformar o que Deus gerou em algo que possa ser governado e guiado por nós mesmos é muito forte.

Mesmo no Antigo Testamento, quando Deus estava trabalhando mais com o Reino em sua manifestação visível e exterior, formando uma nação com uma terra, uma cidade, uma casa e um trono, fica muito claro que essa dificuldade de “segurar” ou “manter” o Reino está vinculada ao interior, ao coração do homem.

Salomão é um exemplo perfeito. Foi ele que subiu ao patamar mais elevado nesse protótipo que Deus vinha construindo desde o tempo de Abraão. Foi ele que edificou e dedicou a casa para Deus que seu pai Davi sonhara em construir. Foi no seu reinado que Israel alcançou a maior extensão territorial e superou todos os demais reinos em riquezas, poder e sabedoria. Foi dele a honra de servir como figura do glorioso reinado de Jesus na Terra durante o milênio.

Esse mesmo homem, porém, caiu para um dos níveis mais baixos imagináveis. Não foi questão de um pequeno deslize. O que aconteceu com ele não foi mera consequência de falha ou imperfeição humana. Foi algo bem mais profundo do que isso.

O mesmo homem que fora uma fonte de sabedoria, um modelo de justiça e fidelidade e que recebera de Deus um coração compreensivo (literalmente, um coração que ouve) passou a ser um ícone de tirania, de governo opressivo que persegue e sufoca. Mais do que isso, ele chegou a praticar alguns dos atos mais terríveis de apostasia de que se tem notícia, pois construiu altares para deuses estranhos dentro da própria cidade escolhida por Deus para sua habitação. Durante o reinado de maior glória do povo de Israel, nasceu a divisão mais profunda e duradoura de sua história, dando início a um período de declínio que só foi acabar no cativeiro.

Qual foi o problema de Salomão? Onde começou sua queda? Como aconteceu tão rápido?

O problema de Salomão foram as mulheres. É assim que geralmente explicamos sua queda, com base naquilo que lemos nas próprias Escrituras.

Entretanto, se você ler com atenção o texto de 1 Reis 11.1-13, poderá ver ali uma chave importante da origem dessa queda que foi, de certa forma, a mais dramática e vertiginosa de toda a história de Israel. Vejamos:

“AMOU Salomão muitas mulheres estrangeiras…” (v.1).

“… havia o Senhor dito aos filhos de Israel: Não caseis com elas… pois vos perverteriam [ou desviariam] o CORAÇÃO” (v.2).

“A estas se apegou Salomão pelo AMOR” (v.2).

“… e suas mulheres lhe perverteram o CORAÇÃO” (v.3).

“… suas mulheres lhe perverteram o CORAÇÃO para seguir outros deuses; e o seu CORAÇÃO não era de todo fiel para com o Senhor, seu Deus, como fora o de Davi, seu pai” (v.4).

“Assim, fez Salomão o que era mau perante o Senhor e não perseverou [ou não se dedicou} em seguir ao Senhor, como Davi, seu pai” (v.6).

“Pelo que o Senhor se indignou contra Salomão, pois desviara o seu CORAÇÃO do SENHOR, Deus de Israel, que duas vezes lhe aparecera” (v.9).

A palavra chave é “coração”. As outras palavras destacadas são atitudes ou ações do coração: amar, se apegar, perverter ou desviar, perseverar ou dedicar-se, seguir, ser fiel. Bem que o próprio Salomão escrevera: Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o CORAÇÃO, porque dele procedem as fontes da vida (Pv 4.23).

O Reino de Deus envolve muitos aspectos exteriores: uma terra, um povo, um governo, um sistema e estilo de vida, a criação transformada. Porém, seu fundamento está no coração, e a apostasia sempre começa ali. No caso de Salomão, foram as mulheres que o desviaram do caminho de Deus e o fizeram perder o Reino. Mas a raiz do problema não estava nelas e, sim, no coração dele. Davi também pecou e pecou feio! Contudo, ele não permitiu que o pecado afastasse seu coração de Deus. Sua oração de profundo arrependimento, no Salmo 51, enfatiza “verdade no íntimo”, “um coração puro”, “um espírito inabalável e voluntário”.

Quando mostramos a facilidade de perder o Reino, pode parecer que estamos dizendo que o Reino é fraco, incapaz de resistir às investidas e tentações do maligno. Sabemos, pela Palavra, que isso não é verdade. O Reino já é vitorioso por causa daquilo que Jesus conquistou na cruz, e continuará avançando com poder até esmagar todos os principados e potestades na Terra, no Céu e debaixo da Terra. O que precisamos compreender é que não há força, não há triunfo, não há verdadeiro poder sem a conquista completa do coração humano. Não adianta ter sucesso, crescimento, multiplicação, influência ou sinais e maravilhas se o coração não for verdadeiramente transformado e purificado pelo Espírito.

O Reino visível nunca será mais forte do que o Reino estabelecido no coração. Por isso, se dermos ênfase ao exterior, aos aspectos mais aparentes em primeiro lugar, podemos nos esquecer da importância do coração e perder rapidamente tudo o que foi conquistado anteriormente.

Ninguém está isento do potencial de ter um coração traiçoeiro, de perder o amor genuíno e inflamado por Jesus. Mas, sabendo do perigo e de suas consequências, podemos vigiar e prestar muita atenção aos sintomas de um coração dividido e frio, e buscar a cura do arrependimento e do quebrantamento.

Quando Salomão foi repreendido pelo profeta Aías e avisado que o Reino seria praticamente desmantelado na geração seguinte, não houve um sinal sequer de arrependimento ou mudança de coração. Pelo contrário, como se fosse possível mudar os desígnios de Deus por força humana, ele procurou matar Jeroboão, apontado como líder das tribos separatistas.  É atitude típica de um coração endurecido, que perdeu sua sensibilidade para Deus e só quer tentar manter sua própria honra e posição. Nessa hora, o Reino como manifestação da vida e natureza de Deus já não existe mais…

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11 respostas

  1. É verdade irmão!como o Senhor mesmo diz: o reino de Deus não vem com visível aparência mas esta dentro de nos (Lucas17:20;21), se não ha o reinado de Cristo em mim não poderei encontrar em nenhum outro lugar.
    Que o Senhor nos ajude nestes últimos dias pois vejo que como o irmão citou é muito fácil perder o coração e continuar mantendo a aparência fazendo todas as coisas mas sem o Espirito Santo.

  2. O fato de Davi ter sido homem “segundo o coração de Deus” deve ter relação com o fato dele ter cuidado do próprio coração, não? Interessante o fato de que parece haver distinção entre nosso pecado e nossa atitude do coração.

    1. Realmente, é algo bem misterioso, às vezes difícil de definir, mas a conclusão que se pode tirar é que são duas coisas diferentes. Porém, é evidente que à medida que nosso coração for transformado, o pecado também será eliminado.

  3. Amado sr. Christopher é com alegria que venho neste expressar o quanto sou edificado por estas colunas…ao lê-las sentir a missao e o Espirito com a tarefa desafiante de identificar a TRISTE sutileza de perder (de se perder) e sermos enganados pelos nossos corações(interior,vontades,intenções).Muito ´precioso!Tenho compartilhado com irmãos em escolas biblicas,seminários e buscado transmitir esta VIDA,O Reino de DEUS em Nós.Muito Obrigado.Bençao de DEUS!
    Oro pra que DEUS em JESUS CRISTO,te guarde,ilumine mais,proteja-o e Unja-o para esta geração com poder e Graça! Do irmão e amigo eugenio cesar

  4. Ao ler esta coluna fico alarmado,porque: O QUE TROUXE AQUELE GRANDE DESVIO,FORA JUSTAMENTE A DESOBEDIÊNCIA À PALAVRA DE DEUS.POIS, O SENHOR HAVIA DITO: NÃO ENTRAREIS A ELAS…DOUTRA MANEIRA PERVERTERÃO O VOSSO CORAÇÃO.E,LEMOS:A ESTAS SE UNIU SALOMÃO COM AMOR.ENTÃO O Q ELE FAZ COMO CONSEQUENCIA DA PERDA: CRIA UM ALTAR PARALELO AO ALTAR DO SENHOR Q ESTAVA EM JERUSALEM ! Q GRANDE LIÇÃO ESPIRITUAL PRA ESTES DIAS.MUITO ME EDIFICOU ESTE ASSUNTO AMADO.Q O SENHOR POSSA AVANÇAR MAIS E MAIS ATRAVÉS DO SEU CORPO.

  5. A Paz! Ir. Walker.Estamos copiando e distribuindo entre nossos irmãos estes assuntos sobre o reino.Deus possa continuar abençoando!
    Aos pés de Cristo e a vosso dispor: as igrejas da Baixada Fluminense.

  6. Agradeço a Deus por ter sido o meu coração atingido por estas palavras.
    Ore por mim, para eu ser vigilante, não quero ver o Reino ser “adiado” mais, quero ser cooperador para que Ele venha, venha o Seu Reino na minha vida e onde eu estiver. Obrigado, Christopher por estas palavras.

  7. Shalom,

    Realmente este é um assunto de muita importância, porém temos notado que já não faz mais parte da maioria dos sermões que ouvimos hoje, lembro-me de uma música que diz “parece que o pecar, não é pecado mais, parece que o errar, não é errado mais…”, infelizmente a maioria das igrejas estão mundanizadas, mas é em palavras como esta que percebemos que a igreja verdadeira existe e age, sem se limitar a um nome ou a um local, ela está espalhada e em movimento e ressurgirá e suplantará estas estruturas ocas, com o poder do Espírito Santo.
    Deus abençoe!

    Valdir Damada

  8. Sabe, gostei desse assunto e acredito que Deus pelo seu Espírito Santo tem guiado os seus a despertarem acordando para realidade do Seu projeto. Eu nem tinha lido esse assunto ainda e ontem orei assim. _Senhor Deus do meu Senhor Jesus Cristo, eu tomei a tua palavra para atuar por ela. Agora, por favor, peço-te, que não me deixe ser induzido por minha pretensão a tocar nas coisas em que estou atuando. O rendimento da graça seja do Senhor Jesus Cristo, Amém.

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