Compreenda e abrace o
caminho que Jesus trilhou

Valores do Mundo ou do Reino?

Siga-nos nas redes sociais

Por Tony Felicio

A adolescência, tal qual a conhecemos hoje, não é criação de Deus; seus traços característicos denunciam claramente uma origem e influência que provêm do mundo. Quando se trata de famílias sem conversão ou chamado de Deus, nada seria mais natural – não se esperaria outra coisa. Para lares cristãos, entretanto, precisamos encarar tais características como totalmente contrárias à vontade do Senhor.

O fato de a própria igreja aceitar frieza espiritual, independência, sensualidade, materialismo e conformidade com valores e estilos de vida antagônicos aos do Reino de Deus como aspectos intrínsecos a essa fase da vida mostra o grau de influência que o mundo exerce sobre o cristianismo hoje. A Palavra trata o mundo como inimigo a ser vencido (Jo 5.4), não como um amigo a ser copiado. O mundo precisa ser mudado pela vida e a prática dos discípulos de Jesus e não o contrário (At 17.6).

Para entender a essência da influência do mundo sobre a geração jovem, queremos examinar três aspectos fundamentais: beleza, riqueza e fama.

ATRAÍDOS PELA APARÊNCIA

A beleza chama a atenção pela aparência. No mundo, as pessoas não se movem pelo que as coisas significam, mas pelo que parecem significar. Assim, um produto qualquer, por exemplo, é mais ou menos valioso a depender da aparência de sua embalagem. Uma pessoa, por mais especial que seja, é avaliada por sua maneira de se apresentar esteticamente.

É nesse contexto que a adolescência encontra seu significado mais avassalador. Justamente quando os jovens estão passando por mudanças físicas e hormonais, atribui-se ao físico esse grande significado social. Moças e rapazes passam a ter intensa preocupação com o corpo porque é assim que a sociedade diz que tem de ser. A mídia está em todo o tempo apresentando um padrão estereotipado de beleza, forçando os jovens a compreender-se apenas como um corpo físico sob julgamento. Doenças como anorexia e bulimia, tão recorrentes hoje, confirmam até onde esse ressignificado da aparência física pode levar nossos jovens. Em contrapartida, não sobra esforço para se dedicarem ao desenvolvimento intelectual e, muito menos, ao crescimento espiritual.

ATRAÍDOS PELA VERDADE

 

O Reino de Deus é sobremodo atraente, mas não se vale da aparência. Tudo o que se vê é passível de mudança e desgaste. Tudo o que se vê é temporal, mas o que não se vê é eterno (2 Co 4.18). O Reino é o lugar da fonte inesgotável de vida eterna. Para beber da eternidade, é preciso beber da vida de Jesus. Ele disse que, quando fosse levantado da terra, atrairia as pessoas para si mesmo (Jo 12.32).

Essa capacidade espiritual de ser atraído por Jesus crucificado não está sendo experimentada pelos jovens. Não cabe, hoje em dia, chamar de atraente alguém que não tenha beleza nem formosura. Quando olhavam para ele, não achavam beleza alguma que agradasse aos sentidos naturais. Contudo, há poder em Jesus crucificado (Is 53.2).

Por que esse poder não está sendo experimentado? Porque a igreja não tem apresentado Jesus crucificado aos jovens. Porque a igreja insiste em buscar alternativas atraentes, copiando estratégias do mundo. Será que o ambiente de nossos cultos, por exemplo, precisaria de tanto aparato tecnológico se houvesse mais verdade e poder em nossos ajuntamentos? Temos de livrar nossos jovens dessa estratégia maligna de afastá-los de Cristo atribuindo valor eterno ao que é aparente. Precisamos crer no poder que Jesus tem de atrair e transformar.

RICOS AQUI

 

A riqueza é o grande desejo de quem vive nesse mundo. As pessoas vivem sonhando em ter. Desejam muito mais do que necessitam. Para isso, foi criado o marketing. Poderíamos ser muito felizes tendo alimento e vestuário. Depois da modernidade, entretanto, vive-se aspirando ter sempre além do que é necessário.

Esta é mais uma das características do adolescente. As empresas passaram a investir massivamente no promissor mercado dos consumidores de 12 a 18 anos. Começaram apresentando produtos com adaptações específicas para despertar o desejo da jovem população. As empresas de celulares, por exemplo, lançaram produtos com diversas cores e funções que agregam atividades já muito realizadas pelos jovens na Internet. A indústria da moda também descobriu a linguagem adolescente e criou produtos adequados às aspirações de beleza. As grifes se encarregaram de colocar preços elevados para que as roupas também passassem a demonstrar a diferença entre pobres e ricos. O resultado é uma população de jovens que vive em busca de coisas. São felizes quando têm, e infelizes e ansiosos quando não conseguem ter.

RICOS NA ETERNIDADE

 

O Reino de Deus também apresenta a necessidade de ter riqueza. Trata-se de um tesouro que deve ser acumulado nos céus. São investimentos que fazemos nesta Terra para ajuntar valores na eternidade. Para isso, é preciso mudar o que se busca (Mt 6.19-21). Ninguém que vive dedicando-se a coisas terrenas consegue acumular bens eternos.

Jesus disse que deveríamos olhar os lírios dos campos e as aves dos céus. Ele não estava sendo irônico ou incoerente (Lc 12.22-31); pelo contrário, queria ensinar que não precisamos gastar nossa curta vida à procura de coisas que ele está pronto a nos dar porque sabe do que precisamos.

A questão não é o que os lírios e pássaros têm, mas quem os supre. Jesus quer suprir cada pessoa pessoalmente, e isso é maravilhoso. Por que não ensinamos os nossos jovens a investir na eternidade antes de investirem na bolsa? Precisamos ensinar às nossas crianças o que realmente é valioso. Valioso é dedicar tempo para conhecer o Senhor e prosseguir em conhecê-lo. Valioso é investir em pessoas e não em coisas.

Cada aspecto do caráter de Cristo que passamos a experimentar por revelação cumpre uma parte do propósito eterno de Deus na vida de nossos filhos. Até que ponto os ensinamos a gastarem tempo na presença do Senhor a fim de conhecê-lo? Cada vez que eles preferirem contribuir com a necessidade de alguém ou da obra missionária, por exemplo, estarão investindo numa recompensa eterna.

Nossas casas e congregações valorizam mais as coisas ou as pessoas? Essa é uma importantíssima diferença entre o Reino e o mundo. A igreja não foi chamada para o capitalismo, mas para o sacrifício. Quantos de nossos jovens são capazes de preferir o sacrifício ou a doação em detrimento de ganhar um presente ou aumentar a poupança?

CONHECIDOS POR MUITOS

 

A fama é o sonho de muitas crianças. A mídia torna algumas crianças muito conhecidas e enche a vida delas de glamour. Quantos meninos sonham em ser famosos jogadores de futebol? Quantas meninas sonham em ser modelos internacionalmente conhecidas?

O mundo estimula a busca da fama. Ser conhecido é sinônimo de ser melhor, mais importante. Quem não consegue se tornar conhecido, ao menos escolhe um famoso para ter como modelo. Isso tem produzido dois resultados. O primeiro é uma quantidade enorme de jovens ensimesmados, apegados a si próprios e buscando apenas a autopromoção. O outro é uma grande quantidade de jovens idólatras, apegados a alguém que conseguiu chegar ao topo de Babel.

A raiz é a mesma: homens desejando fazer célebre o próprio nome. O resultado, como em Babel, é distância de Deus e uns dos outros. Quando não estão juntos por causa de ídolos em comum, estão sozinhos em seus mundos lamentando ser apenas desconhecidos e anônimos.

Recentemente, um periódico nacional discutia o perigo de morte por causa de pipas impregnadas de vidro. Quando perguntaram a um adolescente por que fazia isso, ele respondeu: “Porque quem consegue derrubar muitas outras pipas fica famoso”. O repórter insistiu que aquela prática poderia matar pessoas. Com desdém, ele respondeu: “Fazer o quê?” Quantas pessoas produzem destruição por causa da fama? Quantos famosos têm influenciado a atual geração, matando-a moral e espiritualmente?

FAZENDO JESUS CONHECIDO POR MUITOS

 

De alguma forma, os jovens que lotam os shows estão querendo satisfazer uma necessidade espiritual. O homem foi criado para glorificar (Ef 1.6). Quem é famoso tende a ser depressivo. Em algum momento, ser conhecido não preenche mais o interior.

Quem procura aclamar alguém, também luta contra uma questão em sua alma. O Reino de Deus tem alguém cujo nome está acima de todo nome. Fomos criados para fazer célebre o seu nome e exaltá-lo. Isso deveria ser a prática de cada ser humano e, portanto, o ensino dado a cada criança. Nossos jovens deveriam ser apresentados ao Rei dos reis e Senhor dos senhores. Deveriam ser corrigidos em toda tentativa de autopromoção e estimulados em toda iniciativa de adoração. Ao invés disso, criamos nossos famosos, produzimos nossos shows e exaltamos homens e mulheres que deveriam ser apenas servos do glorioso Deus.

Talvez, você me considere radical, mas vou afirmar algo. A igreja que não honrar seu dono, não subsistirá. Os jovens que não dedicarem sua força e criatividade à adoração perderão sua fé. Desde pequenos, nossos filhos são estimulados em sua soberba adâmica pelos nossos elogios. Não os ensinamos a honrar a Deus com a mesma intensidade que usamos para ensiná-los a gostar de receber honra.

A fase da adolescência, portanto, está saturadamente exposta ao que a Bíblia chama de mundo: concupiscência (desejo) dos olhos, concupiscência da carne e soberba da vida (1 Jo 2.16). Temos aceitado isso e gerado filhos apegados ao que veem, que desejam e que podem comprar.

É hora de nos arrependermos. Há uma força de atração capaz de reter nossos jovens na eternidade. Há uma riqueza capaz de levá-los aonde a traça e a ferrugem nada podem consumir. Há uma glória capaz de realizá-los profundamente. A atração é Jesus crucificado, a riqueza é o tesouro que está escondido no campo da espiritualidade, e a glória é aquela do Filho de Deus, que recebeu um nome acima de todo nome.

Eu creio que uma mudança de valores na educação de nossos filhos e no ensino de nossas congregações pode começar a acabar com esse tipo de adolescência. Deus nos deu filhos para serem ensinados a amá-lo sobre todas as coisas e não para amarem as coisas que estão abaixo dele. Temos de preparar os jovens para vencerem o mundo e não para vencerem no mundo.

Vamos ensiná-los a reagir como Jesus. O diabo o transportou a um lugar alto e lhe mostrou os reinos do mundo e a glória deles (Mt 4.8). Jesus disse que não se prostraria porque só adorava ao Senhor seu Deus. Vamos ensinar aos nossos jovens o antídoto contra os reinos do mundo e a glória deles: render-se, entregar-se, adorar ao Senhor nosso Deus.

A estratégia maligna para nos afastarmos do eterno é aproximar-nos do que é terreno. A estratégia de Deus é revelar o que é eterno para saber que não precisamos do que é terreno. Temos Jesus, somos de Jesus, mostremos Jesus!

Gostou? Compartilhe...

WhatsApp
Telegram
Twitter
Facebook
Imprimir

Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Continue lendo

Conteúdo Relacionado

As Chaves de Rute e Ester

Purim — Passado e Presente Asher Intrater Muitos dos livros proféticos têm um certo padrão. Na primeira metade do livro, o escritor profetiza sobre eventos