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Igreja no Mundo – Um Pentecostes Unificador

Por: Pastor José Carlos Marion, Centro Comunitário Cristão de Jundiaí ; Padre Carlo Colonna, Conselheiro Espiritual da Comunità di Gesù

No dia de Pentecostes, de acordo com Atos 2, o Espírito Santo foi derramado sobre um grupo de 120 pessoas reunidas num cenáculo. Um dos efeitos imediatos foi que judeus devotos, “de todas as nações debaixo do céu” (v. 5), presentes em Jerusalém por ocasião da festa, começaram a ouvir, cada um em sua própria língua materna, as grandezas de Deus (vv. 8-11). Assim, a confusão de línguas e a divisão entre os povos, iniciadas na torre de Babel, começaram a ser desfeitas.

Hoje, depois de um século de sucessivos derramamentos do Espírito Santo, ainda aguardamos a consumação dessa obra de união no meio do povo de Deus, quebrando as barreiras criadas por “línguas” diferentes de doutrinas, tradições e costumes. Embora o mover pentecostal já tenha superado muitas paredes divisórias no século passado, alcançando, indistintamente, gente de todas as denominações cristãs e mostrando que Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34), as divisões e preconceitos entre os seguidores de Jesus continuam muito fortes. Aliás, infelizmente, devemos reconhecer que a experiência pentecostal gerou um numero maior ainda de divisões denominacionais no meio do cristianismo.

A despeito disso, o objetivo do Espírito Santo continua sendo a união da igreja. Deus quer curar não apenas dissensões recentes causadas por razões pessoais ou secundárias, mas também cisões profundas e milenares que separam cristãos verdadeiros. Grande parte da estratégia das igrejas, ao longo dos séculos, tem sido combater grupos cristãos considerados adversários.

Nesse contexto, trazemos a seguir uma notícia significativa sobre algo que Deus está fazendo para unir seu povo. Compreendemos que nem todos conseguirão discernir nesse acontecimento a mão de Deus. Como em todos os assuntos discutidos na revista Impacto, nossa intenção é fomentar a discussão, o diálogo, a abertura para novas direções do Espírito, a disposição para pensar. Não nos consideramos donos da verdade, e estamos sempre abertos a correção e crítica. Antes, porém, de tirar uma conclusão final, pedimos apenas que você leia a matéria com coração aberto, que a analise e que ore a respeito.

Algumas observações são importantes antes da leitura.

1. Quando se usa a palavra ecumênico para descrever o esforço para unir correntes separadas de cristãos, muitos enxergam um plano humano e até diabólico para se fazer concessões em prejuízo da verdade, simplesmente para construir acordos políticos. Na reportagem a seguir, a palavra não é usada nesse sentido. Ecumênico aqui significa a união em comunhão entre pessoas que possuem a mesma fé centrada em Jesus, desconsiderando posições doutrinárias secundárias que as dividem. Não há nenhuma ideia de união política ou institucional. Apenas de adorar o mesmo Cristo e de andar juntos como seguidores dele.

2. Nos dias dos apóstolos, o grande obstáculo à união vinha dos judeus, que não aceitavam os gentios na família da fé sem que antes passassem pelos ritos exigidos para se tornarem parte da nação de Israel. Deus precisou mostrar uma visão várias vezes a Pedro para ele conseguir entender o recado e levar o evangelho à casa de Cornélio. Hoje, nossas dificuldades são outras, mas nem por isso menos arraigadas. Se quisermos acompanhar o que Deus está fazendo, teremos de nos abrir para mudanças radicais em nossa forma de pensar e agir.

 

Da Redação

Já existe, há décadas, um intenso mover de unidade em todas as igrejas e denominações cristãs abertas ao sopro do Espírito. Entretanto, o que aconteceu em Bari, na Itália, entre a tarde de 30 de abril, sexta-feira, até a noite de domingo, 2 de maio, não pode ser considerado uma manifestação ecumênica normal. Houve um verdadeiro Pentecostes inclusivo, com todas as características que estavam presentes no primeiro Pentecostes em Jerusalém. Falamos desse evento como testemunhas diretas, compartilhando a opinião com os numerosos participantes do Encontro Internacional Pela Paz Entre as Nações, Kairós, 2010. Tal evento foi organizado pela comunidade carismática de Aliança, denominada La Comunità di Gesù, radicada em Bari, que tem como visão e carisma trabalhar pela reconciliação dos cristãos.

Nascida no alvorecer da Renovação Carismática Católica, em 1983, essa comunidade se desenvolveu de modo surpreendente no país e também no exterior. O presidente da comunidade, o Professor Matteo Calisi, leigo, casado, com dois filhos, e outros membros missionários levavam o evangelho da reconciliação dos cristãos sobretudo à Argentina, ao Brasil e aos Estados Unidos. Verificaram-se mudanças radicais nas atitudes entre católicos, evangélicos e pentecostais que antes eram impensáveis – tudo isso de forma inesperada, para a surpresa geral de todos.

Falar de uma experiência de Pentecostes significa experimentar uma presença fortíssima do Espírito Santo, com manifestações novas e extraordinárias sobre todos. Não se trata de algo que pode ser organizado por homens, ainda que fossem apóstolos, bispos ou papas, mas de um dom soberano do Espírito Santo disponível a todo o povo reunido no cenáculo.

No Pentecostes unificador de Bari, o povo reunido era bem diversificado, reunindo num só lugar católicos, evangélicos, pentecostais, anglicanos, ortodoxos, greco-católicos, judeus messiânicos. Eram todos cristãos reunidos no nome do Senhor Jesus Cristo, desconsiderando denominações, bandeiras e doutrinas como prioritárias. Só o nome de Cristo interessava como fator de convergência. Vieram de várias partes do mundo: do Brasil e da Argentina, de Angola e dos Estados Unidos, da Inglaterra, da Bielorrússia, de Israel, da Romênia, da Albânia. As línguas mais faladas foram o italiano, o português e o inglês.

Unidade e paz para as nações

 

Esse encontro não foi o primeiro a ser organizado pela Comunità di Gesù em Bari. É o VIII Encontro. O primeiro foi no ano 2000. Desde então, vários temas foram tratados, sempre, porém, com uma visão bem precisa que foi amadurecendo com o tempo. Essa visão pode ser explicada em três palavras: unidade, paz e nações.

Aqueles que conhecem Jesus Cristo bem sabem que um de seus títulos principais é o de Príncipe da Paz. Ainda que a paz que ele traz aos homens não seja como a paz que vem pelo mundo, existe verdadeiramente “uma paz de Cristo” para todas as nações da Terra. Jesus não é um rei qualquer, mas é o Rei das nações, a começar de Israel até chegar a cobrir todos os povos da Terra com sua ação renovadora.

Em que lugar da Terra deve resplandecer o dom de sua paz para as nações? A resposta é claríssima e certa: no lugar da unidade daqueles que creem nele. Os crentes em Cristo, unidos na fé nele, são os portadores da paz de Cristo às nações, também nas esferas da vida mais comuns e cotidianas.

Foi assim que aconteceu na comunidade cristã primitiva: “Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum” (At 4.32). Essa unidade e paz não eram frutos de organização humana, mas do Pentecostes de Jerusalém.

Com o decorrer dos séculos, o maligno, para tirar a paz das nações, teve de atacar e tirar primeiro a unidade dos cristãos. Grupos de cristãos começaram a reivindicar, como propriedade exclusiva, aquilo que pertencia a Cristo e à Igreja, identificando-se como os verdadeiros discípulos e como a verdadeira igreja. Os outros cristãos foram considerados pecadores a serem redimidos e, se não se convertessem, estavam condenados ao inferno. O local onde deveria reinar unidade e paz deu lugar à guerra entre irmãos e à profunda desunião.

No tempo da invasão de Constantinopla (1453), os turcos venceram por causa da divisão entre cristãos latinos e orientais. Se os cristãos tivessem permanecido em união, Constantinopla hoje ainda seria cristã. Não são juízos históricos sumários, mas muito verdadeiros. Cristãos desunidos e em contradição permitem que forças inimigas de Cristo avancem e vençam. Não é um problema político, mas espiritual! Não é um problema antigo, mas, mais do que nunca, moderno!

As gerações atuais trazem o sinal das divisões cristãs do passado. Quem poderá sarar tais feridas? Quem poderá reunir de novo, em unidade, o cristianismo ainda dividido? Quem poderá levar ao mundo, que tanto precisa da paz legítima, a verdadeira paz que está somente em Cristo? Temos absoluta necessidade de um Pentecostes sem barreiras, que reúna novamente os cristãos na unidade para uma nova unção do Espírito dada a todos. Somente assim, os cristãos, reunidos na unidade e unidos entre si por vínculos de amizade, humildade e amor, serão novamente para as nações como luz e sal da Terra.

De tudo isso, vimos um pequeno começo, como uma semente destinada a germinar e crescer, no Pentecostes unificador de Bari.

 

Uma breve descrição do evento

 

O tema do Encontro foi: A Volta de Cristo e a Unidade dos Cristãos, tema totalmente novo e inusitado naquele ambiente. Isso porque, no âmbito da Igreja Católica, fala-se pouco, ou de maneira alguma, sobre a volta de Cristo de forma factual/histórica. Somente em modo litúrgico como verdade a ser crida, mas pouco influente na história atual. Fala-se ainda menos da unidade dos cristãos com relação à volta de Cristo. O subtítulo do tema era: Eis o esposo, ide ao seu encontro (Mt 25.6b). A cura da desunião dos cristãos e a unidade no Espírito reencontrada (que aumentarão cada vez mais nos anos vindouros) foram vistas como um sinal do iminente retorno de Cristo, como o último preparativo da Esposa-Igreja ao encontro do Esposo Cristo, que está para voltar.

A experiência de oração intensa e comunitária, de grande louvor e adoração a Deus, as intervenções com bons enfoques e cheias de unção por parte dos oradores, o espírito de comunhão que preenchia a todos fazia com que os dias se passassem em uma profunda imersão no Espírito Santo. Ele se manifestava de formas sempre novas e imprevisíveis, proféticas e carismáticas, e crescia sempre mais a presença do Espírito na assembleia.

De fato, é o Espírito que prepara a Esposa-Igreja para o encontro com o Esposo-Cristo. Nos anos futuros, será cada vez mais evidente a importância do retorno de Cristo na glória para interpretar aquilo que está acontecendo no mundo.

Uma característica do primeiro Pentecostes de Jerusalém é que não se limitou ao cenáculo fechado, mas transbordou para a cidade. Após a descida do Espírito Santo, os apóstolos invadiram Jerusalém com seu testemunho. A mesma característica, em dose pequena, ocorreu em Bari.

Na tarde conclusiva de domingo, os integrantes participaram de uma Marcha pela Paz no percurso central de Bari. A Marcha teve uma pura conotação pentecostal. Enquanto os cânticos e a música eram um contínuo louvor a Deus ao longo do caminho, os participantes, inclusive pastores, bispos e padres, andavam dançando com alegria, balançando as bandeiras das nações e com palmas nas mãos.

As pessoas se perguntavam: “Mas estes são loucos?” Não, estavam somente cheios do Espírito Santo que se manifestava neles na alegria e no júbilo, na liberdade dos cantos e dos movimentos. Coube ao Padre Carlo fazer uma oração pública, em pleno caminho, pelos governantes da cidade diante do Palácio da Prefeitura. Também este é um sinal de como o Espírito de unidade dos cristãos se derrama sobre as autoridades políticas para que administrem o povo com justiça e para o bem comum.

Além disso, como coisa totalmente nova, a Comunidade recebeu a agregação de um membro excepcional, o bispo da United Anglican Church (Igreja Anglicana Unida), Shean Larkin, que, juntamente com a esposa, decidiu tornar-se membro da Comunità di Gesù e começar a estabelecer essa comunidade, na tradição anglicana, em obediência às autoridades cabíveis.

Um importante pastor judeu messiânico de Jerusalém, Benjamin Berger, participou do Kairós 2010. Ele trouxe um testemunho de unidade entre os judeus crentes em Jesus Messias, com todo o corpo de Cristo proveniente das nações.

Isso indica claramente que o carisma da unidade que o Espírito Santo deu à Comunità di Gesù não pertence somente à mesma, mas a todo o cristianismo. É um carisma pentecostal, que, a partir do único Chefe da Igreja e dos cristãos, Jesus Cristo, desce do mesmo modo e com a mesma unção em anglicanos e evangélicos, ortodoxos e judeus messiânicos, católicos e greco-católicos, fazendo, sim, com que não se sintam mais separados, mas profundamente unidos no mesmo Espírito – para serem sal e fermento para o mundo a fim de que o mundo creia que Jesus é o Príncipe da Paz. Sob o seu governo, os homens realmente poderão saciar-se de uma paz infinita, indizível e maravilhosa!

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