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Um Judeu Fala Sobre o Milênio

Por: Reuven Doron

“Eis que cedo venho! A minha recompensa está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra. Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim. Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestes no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas. Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os adúlteros, os homicidas, os idolatras, e todo aquele que ama e pratica a mentira. O Espírito e a noiva dizem: Vem. Quem ouve, diga: Vem. Quem tem sede, venha; … Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém. Vem Senhor Jesus.” (Apocalipse 22.12-15,17,20)

Estas palavras magníficas dão uma conclusão clara e profunda a todo o texto bíblico, garantindo-nos que o Senhor não há de abandonar seu mundo doente e moribundo, mas voltará a ele com seu amor redentor.

Mas com que objetivo Ele voltará? Só para fazer uma visita relâmpago? Para destruir seus inimigos? Ressuscitar os mortos? Arrebatar seus santos? Estabelecer um novo céu e uma nova terra? Ou para reinar sobre a terra?

Sua resposta a estas perguntas sem dúvida depende da linha específica de doutrina do milênio que você segue. E conseqüentemente sua interpretação destes eventos finais terá também um impacto direto sobre a qualidade do seu caminhar cristão.

A PERSPECTIVA DO MUNDO

A perspectiva que o mundo tem do milênio vindouro tornou-se uma desculpa para que as massas sem Cristo planejem a maior festa na história do planeta terra. Uma celebração carnal e global está sendo preparada para amenizar as cargas da humanidade, oferecer esperança de um futuro mais feliz, e tirar nossas mentes perturbadas das nuvens de furacão que se aglomeram no horizonte.

Enquanto as nações enfrentam o declínio irreversível dos sistemas ecológicos, sustentáculos de todas as formas de vida, e a torrente irresistível de distúrbio, conflito e terrorismo internacional, também buscam desesperadamente um motivo de esperança. Mesmo que seja falsa esperança. Esta será uma festa para multidões, semelhante àquela que o Rei Belsazar promoveu na própria noite em que sua sede de império (Babilônia) foi invadida e saqueada pelos seus inimigos. Sua derrota fatal ocorreu enquanto os guardas e líderes estavam num estupor embriagado, incapazes de reagir à advertência profética dada a eles por Daniel.

Em toda esta divulgação e preparação febril para o novo milênio, o mundo está focalizando uma data específica do calendário: 1º de janeiro de 2000. Cronologicamente, esta não é a data certa, pois o novo milênio só começa de fato no dia 1º de janeiro de 2001. Nossas datas demonstram uma disparidade ainda maior quando consideramos a verdadeira data de aniversário de 2000 anos do nascimento de Jesus, e que serve de referência para todo o nosso calendário. A história confirma que o Rei Herodes o Grande que matou as crianças em Belém morreu em 4 a. C. Como o Rei Herodes era vivo quando Jesus nasceu, presume-se que a verdadeira data do seu nascimento tenha ficado entre 4 a 5 a. C. O aniversário de 2000 anos do nascimento do Senhor provavelmente ocorreu no outono (hemisfério norte) de 1995 (Festa dos Taberná-culos – setembro/outubro), e todos nós o perdemos!

A Bíblia, porém, nos dá uma perspectiva notavelmente diferente do milênio. A palavra no grego simplesmente significa “mil anos”, e a única referência clara da Bíblia a este período é a profecia de um reinado de mil anos do Messias na terra. Isto coloca a Igreja numa posição crítica e estratégica. À medida que a agitação do novo milênio continua a crescer ao nosso redor, a Igreja possui uma oportunidade única e passageira para aproveitar esta onda gigante de emotividade no mundo e proclamar o verdadeiro Milênio que já aponta no horizonte.

AS PERSPECTIVAS DA IGREJA

Os hebreus antigos já tinham uma visão clássica do reino milenar muito antes do nascimento de Jesus. Criam que Deus soberanamente entraria na nossa angustiada arena de tempo e espaço a fim de subjugar seus inimigos e estabelecer seu Reino na terra. Na verdade, muitos rabinos esperavam o reinado de mil anos muito antes do livro do Apocalipse ser escrito. A esperança bíblica deste glorioso reino era fundamental à visão que a nação judia tinha de si mesma, do seu Deus, da Palavra de Deus e do futuro do nosso mundo. Esta esperança sempre girava em torno do anseio pela restauração do reino magnificente do Rei Davi.

Foi justamente esta esperança que cegou muitos israelitas no primeiro século, fazendo com que não reconhecessem Jesus na sua primeira vinda. Sua manifestação como um meigo Cordeiro de sacrifício, que entregou sua vida perfeita a Deus, não combinava bem com a imagem do vitorioso Rei Todo-Poderoso por quem ansiavam. Conseqüentemente, o perderam, e continuavam esperando por um outro.

Durante os primeiros quatro séculos, a igreja também abraçou esta esperança de um reino terrestre de paz e justiça mundiais. De fato, a única perspectiva apocalíptica ensinada pelos apóstolos e pelos primeiros Pais da igreja era o que chamamos hoje de pré-milenismo:

era a fé de que o Senhor voltaria para a terra no final desta era para inaugurar e reinar sobre seu Reino Milenar. Os discípulos de Jesus o Nazareno eram plenamente convictos de que ele voltaria para punir seus inimigos, estabelecer seu trono glorioso, e reinar na terra por mil anos com seus santos. Os acordes dos gloriosos hinos sobre o reino ressoam ainda hoje nas nossas catedrais, embora estes sejam interpretados de forma totalmente diferente da perspectiva original dos discípulos.

Os ensinamentos agostinianos do quarto e quinto séculos iniciaram um desvio da perspectiva bíblica original, e colocaram a igreja numa direção muito diferente. Santo Agostinho (Bispo de Hipo, 354 – 430) foi um teólogo da África do Norte, e sua forte voz em favor do evangelho influenciou profundamente o desenvolvimento tanto da Igreja Católica como da Protestante. Entretanto, uma doutrina estranha surgiu no meio dos seus ensinamentos, como um espinho no meio dos lírios, que ensinava que qualquer coisa física era má por natureza, e que somente o nível espiritual podia conter algo de bom. Este engano provavelmente resultou da sua vida sexualmente promíscua antes da conversão, que pode ter produzido feridas profundas e abertas na sua alma, levando-o a condenar tudo que é físico ou natural como eterna e irremediavelmente maldito.

O erro de Agostinho chegou a ponto de considerar todo sexo, mesmo no matrimônio, como pecaminoso. Este ensinamento (prevenido pelo apóstolo Paulo em 1 Timóteo 4.1-5) resultou na prática anti-bíblica e contrária à natureza, do celibato sacerdotal entre os católicos há séculos. E tão intensa era sua repulsão contra a criação natural e caída, que Agostinho não podia tolerar qualquer esperança futura para a terra. Com isso, todas as promessas e bênçãos futuras ficaram restritas somente ao céu.

Estas doutrinas receberam tal aceitação numa igreja já bem longe do padrão original, que o célebre concilio de Éfeso (431) abertamente condenou qualquer fé num reinado de Jesus sobre a terra como heresia. Desta época em diante, a igreja se calou sobre o plano divino de redenção para este mundo. Mesmo a nova terra, prometida em Apocalipse 21, quase não é mencionada nos nossos púlpitos hoje, embora seja a própria sede da habitação eterna de Deus com os homens. O céu é onde colocamos todas as nossas esperanças, e é para o céu que transferimos (por nossa conta) o reinado de Jesus Cristo também.

Esta linha de pensamento afetou tanto os pensadores e teólogos da igreja (tanto católicos quanto protestantes), que o livro do Apocalipse, que contém as palavras do próprio Senhor sobre seu Reino vindouro sobre a terra, começou a ser desprezado por alguns dos grandes reformadores como um livro não autenticamente apostólico ou profético, e chegou a ser questionado se fazia parte de fato do cânon das Escrituras ou não.

Este tipo de pensamento e tendência gerou uma perspectiva escatológica moderna conhecida como pós-milenismo, que defende a idéia que o Senhor voltará à terra depois do milênio e não antes dele. Por estranho que pareça, ensina-se que já estamos no milênio agora. Esta perspectiva pós-milenista, portanto, anula qualquer reinado do Messias na terra, e nega a ordem clara de eventos registrados em Apocalipse 19 e 20.

Estamos de fato no milênio agora? Se estivermos, as forças do inferno ficaram impotentes para enganar e afligir a humanidade, conforme prediz a Bíblia? Estamos já reinando com o Messias, administrando seu governo justo e glorioso num mundo de paz? Obviamente, há alguns problemas sérios com esta perspectiva. Os defensores deste ensinamento geralmente tentam espiritualizar o significado dos textos. Sugerem que estamos reinando atualmente com o Messias num sentido espiritual, e que Satanás também está amarrado num sentido espiritual. Em suma, não há sentido!

Depois alguns que perceberam as falhas desta perspectiva, mas não quiseram aceitar os ensinamentos clássicos de Jesus e dos primeiros Pais da Igreja sobre o reinado dele sobre a terra, mudaram um pouco a tática. Passaram a ensinar que a própria Igreja há de cumprir as promessas do reino no milênio, por conta própria, sem Cristol Esta perspectiva pós-milenista política quer convencer-nos que conseguiremos converter o mundo inteiro (ou pelo menos a maioria necessária) e eleger governos cristãos para reinar politicamente sobre o mundo inteiro por mil anos, sem Cristo, em preparação para sua volta.

O grupo dos liberais, por outro lado, descarta todo este reino no milênio como um mito. Nunca acontecerá literalmente, segundo eles, mas apenas de uma forma simbólica e invisível que não dá para prever, e que não afetará este mundo à beira da destruição de forma alguma. Esta perspectiva chama-se amilenismo, porque não reconhece a existência de um milênio literal.

A maioria do cristianismo hoje se encontra perdido em algum lugar entre pós-milenismo espiritual, pós-milenismo político e amilenismo, na maior parte devido à ignorância e falta de ensinamento bíblico fundamentado. Se compararmos estas perspectivas e algumas outras que existem hoje com os ensinamentos bíblicos originais sobre a volta pré-milenar do Senhor e a esperança do seu glorioso Reino na terra, é difícil dizer qual delas é mais errônea e contraditória.

A PERSPECTIVA MILENAR DO VELHO TESTAMENTO

Os profetas do Velho Testamento viram o milênio nas suas visões ardentes, ao profetizarem sobre uma dispensação futura caracterizada por paz mundial, justiça e prosperidade sob o governo do Messias. Enxergaram e descreveram um mundo restaurado a Deus e aos seus princípios vivificantes. É um lugar idealista onde a ecologia é restaurada, as guerras cessaram, a saúde é universal, a longevidade de vida é estendida, e toda a criação está em repouso.

A respeito deste mundo utópico, Isaías escreveu:
“Morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará… a vaca e a ursa pastarão juntas… Brincará a criança de peito sobre a toca da áspide… Não se fará mal nem dano algum em todo o monte da minha santidade, pois a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar”
(Isaías 11.6-9).

Durante esta maravilhosa dispensação, as armas de guerra serão transformadas em implementos agrícolas, enquanto discórdia social, animosidade racial e tensões internacionais são desarmadas e resolvidas. Paz mundial e harmonia global, o grande prêmio supremo que até o homem caído almeja, finalmente serão alcançados! Mas como isto acontecerá? E quem o realizará?

No prédio das Nações Unidas em Nova York, um versículo bíblico está escrito em letras grandes para ser visto pelo mundo inteiro. Diz assim: “Estes converterão as suas espadas em arados e as suas lanças em podadeiras. Não levantará espada nação contra nação, nem aprenderão mais a guerra” (Isaías 2.4b).

Na verdade, a razão da própria existência da ONU se deve a este nobre objetivo, e ela procura estabelecer boa vontade e paz na terra com instrumentos humanos através da sua posição internacional cada vez mais ampla, seus enormes orçamentos, e múltiplos programas.

Mas os fundadores da ONU não foram avisados do perigo de tirar um versículo do seu contexto, perdendo assim seu verdadeiro conteúdo e abrindo a porta a engano espiritual e doutrinas de demônios. O versículo citado começa de forma bem diferente: “Ele exercerá o seu juízo entre as nações, e repreenderá a muitos povos…” Só depois disto é que o texto passa a descrever as conseqüências deste reinado justo, citado no prédio da ONU, da paz e harmonia mundiais.

Obviamente, quando este versículo foi retirado do seu contexto, Deus foi simplesmente eliminado da equação. O único que pode satisfazer o clamor mais profundo do coração humano por paz e segurança duradouras na terra foi eliminado do texto. Entretanto, somente quando o próprio Senhor julgar as nações com justiça, e mediar com eqüidade entre as clãs hostis da raça humana, é que nosso mundo perturbado verá seu curso e natureza alterados, e as nações “não aprenderão mais a guerra”. Será uma época incrível de paz e prosperidade, em que armas e exércitos serão desmantelados e todos os recursos serão direcionados para propósitos sensatos de sustento da vida.

Como Isaías profetizou: “Julgará com justiça os pobres, e repreenderá com eqüidade os mansos da terra. Ferirá a terra com a vara da sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará o ímpio. A justiça será o cinto dos seus lombos, e a verdade o cinto dos seus rins”
(Isaías 11.4,5).

Não importa o quanto nos esforçarmos com sinceridade, nunca veremos nosso mundo curado até que Jesus seja coroado como Rei dos reis na terra e em Jerusalém. Este governo sobrenatural que revolucionará a terra tem uma sede específica num ponto geográfico, conforme lemos no texto da profecia de Isaías:
“Nos últimos dias se firmará o monte da casa do Senhor no cume dos montes… concorrerão a ele todas as nações…. De Sião sairá a lei e de Jerusalém a palavra do Senhor”
(Isaías 2.2-4).

A palavra profética fala não só das bênçãos finais, mas também descreve os juízos que as precederão para purificar nosso mundo degenerado e prepará-lo para o Reino messiânico. O que Isaías viu indistintamente em visão foi o mesmo que João veria com maior clareza depois no Apocalipse. Leia com atenção Isaías 24.20 a 25.8.

A volta do Senhor Jesus à terra, como descrito no Apocalipse, já fora vista nestas profecias. Os juízos, as purificações globais, e o profundo consolo que a terra experimentará estão todos aí nestes poucos parágrafos hebraicos. De fato, se perseverarmos, temos muito motivo de esperança do outro lado destes juízos purificadores de Deus que em breve hão de passar sobre toda a terra.

A PERSPECTIVA APOCALÍPTICA

Esta promessa indiscutível e esperança segura para a cura do nosso mundo ferido aparecem novamente com maior clareza e detalhes nos escritos apocalípticos de João. Já não mais coberto pelo véu do tempo ou das percepções do Velho Testamento, o apóstolo agora é transportado através dos céus em pessoa. Lá ele recebe uma sucessão de visões abertas e chocantes cheia de drama, violência e glória ao mesmo tempo que ganha uma perspectiva clara do final desta presente dispensação e do arraiar da vindoura.

João contemplou a terrível e furiosa volta do Senhor Jesus ao planeta terra. Ele fende os céus e desce sobre este mundo com os exércitos dos céus o seguindo. Ele vem para aniquilar os incontáveis exércitos que o anticristo reunirá para o confrontar (Apocalipse 19.11-21), para destronar seu antigo inimigo (Apocalipse 20.1-3), e para recompensar os mártires e vencedores que sairão da grande tribulação (Apocalipse 20.4). Com a espada afiada da Palavra de Deus na sua boca, o Rei invasor matará milhões num momento. Tão grande será a matança, que as aves do céu serão convocadas para limpar a carne dos cadáveres no vale de Jezreel perto do morro de Armagedom.

Naquele mesmo dia, o inferno engolirá seus primeiros dois seres humanos. Vazio durante todas as eras do tempo, o lago eterno de fogo agora abrirá suas mandíbulas enormes e consumirá a besta e o falso profeta. A besta é o homem que aceitará a oferta de Satanás (feita originalmente ao Senhor Jesus em Mateus 4.9) e receberá autoridade demoníaca para governar a terra. Seu par religioso, o falso profeta, é aquele que o auxiliará neste engano em massa da humanidade (Apocalipse 13). Como resultado da sua grande maldade, os dois serão punidos com tormenta eterna (Apocalipse 19.20).

Apocalipse 20.1-3 descreve a visão de João da derrocada final do diabo, com um final dramático e apropriado para o pai de todo o mal. Aquele que manteve a raça humana inteira em escravidão através de engano e condenação desde o princípio da humanidade, finalmente encontrará sua ruína. Cinco expressões descrevem sua prisão cataclísmica: um anjo com uma chave e uma grande cadeia (1) prendeu o dragão, depois (2) o amarrou … (3) lançou-o no abismo… (4) o encerrou….   e (5) pôs selo sobre ele!

Aprisionado no abismo por mil anos, o diabo ficará completamente isolado e impotente para enganar, influenciar, ou atormentar a raça humana. Ele será solto por um breve período no final dos mil anos, pois Deus determinou um outro pequeno propósito para ele antes dele também ser lançado no lago de fogo para se ajuntar aos outros culpados na condenação eterna (Apocalipse 20.7-10).

Através dos seus justos juízos, a terrível ira de Deus contra toda a rebeldia será satisfeita. Assim que o anticristo, o falso profeta, toda a sua impressionante máquina militar internacional, e o próprio diabo estiverem fora de cena, um tremendo vácuo de liderança surgirá na terra. A quem as multidões confusas que sobreviveram recorrerão? Quem será digno de governar e administrar o planeta inteiro sob o reinado do Messias?

João viu isso também nas suas visões.
“Vi também tronos… e vi as almas daqueles que foram degolados por causa do testemunho de Jesus … Reviveram e reinaram com Cristo durante mil anos…”
(Apocalipse 20.4-6).

UMA NOVA ADMINISTRAÇÃO MUNDIAL

O termo “mil anos” aparece cinco vezes nos primeiros seis versículos de Apocalipse 20. Não há como refutar. Existe alguma dúvida de que Deus confirmou aos seus servos que as visões antigas dos profetas hebreus eram válidas e verdadeiras? Nosso planeta finalmente será liberto da maldição, purificado da sua poluição, e transformado num refúgio de paz para os seus habitantes. Estas coisas certamente acontecerão mas somente quando o Messias, o Rei ungido e escolhido por Deus, voltar a esta terra. Ele esmagará seus inimigos, tomará as rédeas do mundo, estabelecerá seu Reino em Sião e reinará sobre toda a terra a partir de lá, junto com seus santos.

A que outra época ou acontecimento Paulo poderia estar se referindo quando escreveu:
“A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação ficou sujeita à vaidade… na esperança de que também a própria criação será libertada do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Romanos 8.19-21).

Sim, a Noiva será preparada, sem mancha nem ruga, para tomar sua posição e assumir seus deveres reais ao lado do seu Noivo. E esta glória celeste será manifestada aqui nesta própria terra por pelo menos mil anos. Se não pudermos esperar um reino na terra, por que o Senhor prometeu: “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra?” (Mateus 5.5). E a que o apóstolo se referia quando advertiu os coríntios, dizendo: “Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo?” (1 Coríntios 6.2).

Se nossa única esperança depois desta vida fosse ir para o céu, e simplesmente ficar lá para sempre, então por que todos no céu cantam: “Digno és tu de tomar o livro… porque foste morto… e compraste… homens de toda tribo, e língua… Para o nosso Deus os fizeste reino e sacerdotes, e eles reinarão sobre a terra” (Apocalipse 5.9,10)?

Se a vida na terra termina para sempre na hora da morte, então por que precisaríamos de corpos físicos? Não teríamos necessidade de um corpo no céu, já que nosso espírito passa a estar no mesmo instante completamente junto com o Senhor Jesus depois da morte. Paulo confirma isto em 2 Coríntios 5.8. Mas um corpo ressuscitado fisicamente será necessário para servir na terra no Reino do Milênio. A comissão original entregue a Adão e Eva para exercer domínio e governo sobre a terra finalmente será realizada no milênio através de filhos e filhas de Deus, aperfeiçoados, santos e totalmente humanos.

Por que o Senhor deveria voltar para a terra, se nosso trabalho aqui estiver terminado? Se ele vai voltar simplesmente para nos levar embora para Si mesmo (o Arrebatamento, segundo alguns ensinam), não seria mais fácil se o fizesse através de uma ordem do céu, ou através de enviar um anjo? Certamente Deus deve ter um plano divino e um propósito profundo para a volta do seu Filho para a terra.

ISRAEL NO REINO DO MILÊNIO

O fato permanece que a planta de Deus para o Reino do Milênio inclui Israel. De que outra forma podemos compreender o assunto discutido intensamente entre o Filho de Deus ressurreto e seus discípulos logo antes da sua ascensão, enquanto foi “visto por eles por espaço de quarenta dias, e falando do que respeita ao reino de Deus” (Atos 1.3)? Depois de quarenta dias com o que deve ter sido o ensinamento mais profundo sobre o reino, os discípulos ainda tiveram a audácia de perguntar-lhe diretamente: “Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?” (Atos 1.6).

Imaginaríamos que neste ponto até estes hebreus incultos poderiam ter concluído que o reino mencionado pelo Mestre só tinha realidade espiritual. Certamente, depois de quarenta dias de instrução explícita e ungida, até o maior dos tolos teria abandonado suas aspirações nacionalistas e patrióticas de um reino restaurado na terra e aderido ao programa de um reino espiritual e celeste.

Na verdade, de acordo com esta linha de pensamento, uma repreensão dura da parte do Senhor teria cabido aqui. Jesus certamente nunca perdia uma oportunidade de corrigir um erro entre seus discípulos, especialmente um erro desta grandeza doutrinária e significado espiritual. Tal erro sem dúvida, se não fosse tratado, contaminaria futuras gerações de discípulos, e assim precisava ser corrigido com rigor.

Mas não houve nenhuma repreensão. O Senhor nem sequer discutiu o caso. Simplesmente disse-lhes que não era da sua alçada saber os tempos ou épocas que só o Pai pode saber. Ou seja, não contestou a restauração do reino a Israel, se ocorreria ou não, mas somente o tempo em que isto se cumpriria. Na verdade, o destino de Israel, seus sofrimentos, e conflitos atuais, estão todos diretamente ligados a este reino porvir. Mais de trezentas vezes a Bíblia promete que o Messias voltará a terra. Em virtude da própria glória e velocidade em que virá, os inimigos serão expulsos e destruídos, para que ele possa estabelecer seu reino justo e majestoso sobre a terra.

SUA PISTA DE POUSO: UM CAMPO DE BATALHA

Como em todas as encruzilhadas na história da redenção, Israel precisa estar na terra, ou pelo menos andando em direção a ela, antes que Deus possa dar um passo estratégico no seu plano na terra. Somente quando a nação ferida foi liberta da escravidão egípcia e estava a caminho da Terra Prometida, foi que a Lei foi dada a Moisés. Desta forma, toda uma nova dispensação, a da lei, foi inaugurada na terra.

Da mesma forma, mil anos depois, a nação hebraica, humilhada e quebrada, teve que sair do enorme abismo babilônio e ser restaurada novamente para sua terra e cidade capital. No meio de toda esta volta traumática, Deus preparou a plataforma nacional para a primeira vinda do Redentor. Para a dispensação da Graça tomar o lugar da dispensação da Lei, Israel precisava estar de volta na sua própria terra!

A profunda intercessão de Daniel em favor da restauração de Israel poderia parecer a um observador superficial como algo da mente carnal, da alma nacionalista e política (Daniel 9). Por que este piedoso príncipe do Espírito estaria se derramando com tais dores de parto em favor da restauração de meras instituições nacionais, soberania política, e reconquista de território? Entretanto, assim que este intercessor dedicado recebeu iluminação através da profecia de Jeremias (Jr 25.11; 29.10), ele se entregou à oração forte e com profundas dores em favor da restauração natural e nacional de Israel. Por quê? que houve uma batalha tão furiosa nas regiões celestes? Não era para que os propósitos divinos e proféticos de Deus pudessem ser realizados? Ele precisava trazer a nação apóstata de volta, para provar a autoridade, relevância e poder da sua palavra, e estabelecer uma plataforma para a chegada do Messias.

Como mencionamos antes, os passos redentores de Deus na terra estão sempre ligados à nação hebraica estar na sua terra. Cada vez que Deus preparou a nação de Israel para trazê-la de volta à terra, o inimigo tem respondido com tentativas furiosas para destruí-la antes do povo e a terra serem unidos naquele casamento sobrenatural que Deus ordenou.

Enquanto ele orava, o anjo Gabriel lhe apareceu e revelou a razão desta intercessão urgente e agonizante: Israel precisava estar de volta na sua terra para que a nação pudesse ser restabelecida, as cidades reconstruídas, e o templo restaurado. Por quê?
“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, e dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santo dos Santos.”
(Daniel 9.24).

O Filho de Deus precisava nascer como homem, viver entre nós, e morrer por todos nós. Este milagre dos milagres não poderia ter ocorrido sem a nação judia estar presente na sua própria terra para recebê-lo (e rejeitá-lo) de acordo com a palavra profética.

Gabriel prosseguiu para descrever o mundo espiritual que envolve a terra. O príncipe da Pérsia, ele disse, resistiu-o por vinte e um dias nos céus, e atrasou sua mensagem a Daniel. Foi só quando Miguel, um dos anjos principais e o príncipe sobre Israel, interveio, que a resposta pôde ser entregue (Daniel 10.12-14). Por que houve uma batalha tão furiosa nas regiões celestes? Não era para que os propósitos divinos e proféticos de Deus pudessem ser realizados? Ele precisava trazer a nação apóstata de volta, para provar a autoridade, relevância e poder da sua palavra, e estabelecer uma plataforma para a chegada do Messias.

Como mencionamos antes, os passos redentores de Deus na terra estão sempre ligados à nação hebraica estar na sua terra. Cada vez que Deus preparou a nação de Israel para trazê-la de volta à terra, o inimigo tem respondido com tentativas furiosas para destruí-la antes do povo e a terra serem unidos naquele casamento sobrenatural que Deus ordenou.

Quando estavam prestes a ser libertos do Egito, Faraó decretou que todo bebê recém-nascido dos hebreus fosse jogado no rio Nilo infestado de jacarés, num esforço de aniquilar a nação inteira através de genocídio gradativo.

Quando o povo judeu estava para voltar de Babilônia em preparação para Jesus nascer em Belém da Judéia, Hamã tentou matar todos os judeus na terra a fim de obstruir o plano de Deus. Através do ministério intercessório da Rainha Ester, este plano foi revertido. Este é um quadro profundo da Igreja, a Noiva de Cristo, que está sendo levantada hoje para interceder diante do Rei dos reis em favor do povo judeu.

Quando Deus estava pronto para restaurar seu antigo povo de volta para sua própria terra no nosso século, para que Jesus possa voltar para eles, como foi profetizado, novamente Satanás agiu com incrível força através do regime nazista, numa tentativa de destruí-los na “solução final”. Através do ministério intercessório de pessoas como Rees Howells no País de Gales (ele assumiu este desafio em oração pessoalmente, e se envolveu numa batalha que no fim destruiu sua saúde e consumiu sua vida), Hitler foi derrotado e seu plano impedido.

Assim como Jesus não podia nascer simplesmente em qualquer lugar ou através de qualquer pessoa, da mesma forma, ele não pode simplesmente voltar em qualquer lugar ou a qualquer povo quando vier a segunda vez. Segundo Derek Prince, mestre da Bíblia conhecido mundialmente, a razão por trás do anti-semitismo ou ódio aos judeus (que é o ódio racial mais antigo da história, pois existia antes de Cristo) é que Jesus veio a primeira vez através do povo judeu, e virá a segunda vez para o povo judeu.

Hoje, enquanto a nação de Israel enfrenta grandes perigos, o povo judeu começou a voltar-se para Jesus de uma forma sem precedentes, desde o livro de Atos. Não há dúvidas de que o diabo planeja destruí-los antes que possam proclamar de Jerusalém: “Bendito aquele que vem em nome do Senhor” (Mateus 23.37-39). Como este avivamento entre os judeus vai introduzir a volta de Jesus, a derrota de Satanás, e tra zer vida dentre os mortos para o mundo (Romanos 11.15), o inimigo vai fazer tudo o que puder para impedir que isto aconteça. A Noiva de Cristo, como a Rainha Ester de antigamente, é o único grupo na terra que tem a autoridade de parar os planos do diabo. Todos que crêem no Senhor Jesus precisam enfrentar esta responsabilidade intercessória em favor do próximo mover de Deus na terra.

O que o Senhor tinha em mente quando trouxe Israel de volta à sua terra novamente na nossa geração? É para que alguns milhões de judeus sejam salvos? Isto poderia acontecer num mover soberano do Espírito de Deus através de sinagogas em toda a terra. Ou será que é para a cura da terra de Israel em si? Isto também poderia acontecer sem tumultos políticos, guerras e sofrimento, se fosse somente uma questão de ecologia. Ou Israel está na sua terra a fim de quebrar o poder do Islã em alguma espécie de guerra nuclear apocalíptica com o mundo árabe? Deus pode derrubar o Islã sem tiro algum, como fez com o comunismo.

Na verdade, assim como o Egito do tempo de Moisés, o mundo do Islã hoje é apenas um cadinho de rejeição, tribulação e sofrimento para o povo judeu, em que a nação está sendo forjada e temperada para um outro milênio de serviço nas mãos de Deus. É possível que a sobrevivência milagrosa da nação dos hebreus, que contra todas as chances e previsões levantou o terceiro Estado judeu no nosso século, já representa uma luz para as nações, um testemunho ao poder e fidelidade de Deus a quem tem olhos para ver?

A verdadeira razão de Israel estar de volta na sua terra, embora ainda esteja no seu pecado e cegueira, é por causa do Reino Milenar do Messias. Seu último mover na terra neste final de dispensação terá de ser ancorado, como nos capítulos anteriores, na terra de Israel. Nem mesmo o maior crítico ou incrédulo será capaz de negar a manifestação vindoura de Deus quando Ele purificar, perdoar e restaurar seu antigo povo de aliança.

Israel é onde a Lei foi implantada em escala nacional, porém cumprida somente na pessoa do Filho de Deus. Foi aqui que o sangue da Nova Aliança foi derramado; onde o Espírito de graça e verdade primeiro foi derramado; onde a Igreja nasceu, e onde os primeiros mártires entregaram as vidas por amor ao Mestre. E aqui também é onde seus pés tocarão na terra quando da sua vinda prometida; onde seus inimigos serão derrotados, e onde seu trono será estabelecido no seu glorioso reino durante mil anos. Isto é o cerne do milênio vindouro.

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