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Última Palavra – Por Que Não Temos Milagres?

Por: Ezequiel Netto

Estou convencido de que Deus quer proporcionar ao seu povo um novo batismo de curas e milagres. Por essa causa venho assistindo a alguns DVDs do T. L. Osborn e do Benny Hinn (Cruzada de Milagres em Manaus), mostrando as curas e milagres que acontecem durante a ministração desses obreiros, e lendo o livro “O Preço para o Poder Miraculoso de Deus”, sobre as experiências de A. A. Allen (1911-1970), muito usado por Deus em sua época. Aproveitei também para reler “Surpreendido pelo Poder do Espírito”, de Jack Deere. Diante de tudo o que li e a que assisti até agora, fiquei bastante impactado e “com raiva” – pois eles têm um discurso muito simples, mas o poder de Deus que os acompanha é enorme.

Junto com o ministério da Revista Impacto, tenho participado há anos de seminários, encontros, reuniões, conversas e leituras sobre um único assunto – a restauração da igreja de acordo com a planta original de Deus. Temos visto coisas profundas na Palavra, enfrentado lutas e oposição e entendido, a duras penas, o alto preço a ser pago para nos despojarmos de nós mesmos e sentirmos dores de parto pelo que ainda deve vir à luz. Quando se compara tudo isso com a pregação dos ministros que enfatizam o sobrenatural, gostaríamos que a profundidade na Palavra fosse acompanhada pelo poder. Contudo não é isso que acontece…

Essas contradições vêm me angustiando a cada dia, pois milagres aparecem na Bíblia desde seu início até o último capítulo, mas para a igreja atual são uma raridade. O que mais me aflige é o fato de existirem tantas riquezas espirituais a serem manifestas e disponíveis ao povo de Deus – e tanta pobreza espiritual em nossa prática.

O pior é que encontramos uma série de explicações para justificar nossa falta de experiência com o poder de Deus. Lembro-me de um pastor, grande amigo meu, que justificava as poucas curas milagrosas em nosso meio assim: “com o avanço da medicina, Deus não precisa mais curar os enfermos”. Dessa forma, tranqüilizava-se.

Cessacionismo

Existe até uma corrente teológica, bem antiga, chamada cessacionismo, que defende que os milagres cessaram com a morte dos primeiros apóstolos. Essa doutrina não nasceu de um estudo rigoroso das Escrituras, mas da experiência. Como os cristãos poderiam explicar a ausência de milagres em sua experiência pessoal se o Novo Testamento está recheado deles? Ou havia alguma coisa errada com eles, ou o próprio Deus planejou os milagres como algo temporário, somente para aquela época. A segunda opção oferecia uma explicação mais confortável.

Um fator agravante é que os católicos romanos apelavam aos milagres como uma prova de apoio divino para suas doutrinas, levando os reformadores protestantes a negar-lhes a validade, tanto os do passado como os de sua época, além de formular argumentos teológicos contra eles. E a esses protestantes coube, então, a árdua tarefa de explicar por que Deus tinha sido tão liberal em operar milagres no primeiro século da Era Cristã e tão avesso a eles nos séculos seguintes.

Durante muito tempo, por mais absurda que essa idéia nos pareça hoje, era a linha do cessacionismo que predominava nas igrejas protestantes. Jack Deere, o autor mencionado acima, confessa que antes fazia parte desse grupo. Ex-professor de Velho Testamento no afamado Seminário Teológico de Dallas, ele respondia imediatamente com um sonoro NÃO quando alguém lhe perguntava se as profecias e os milagres mencionados na Bíblia ainda ocorriam nos nossos dias.

Ele mudou de posição, porém, depois que viu milagres de cura acontecerem diante dos seus próprios olhos. A mudança lhe custou a cátedra que ocupava no Seminário de Dallas e também provocou críticas de todos os clérigos e autores que continuavam adotando a posição contrária.

Hoje, quando alguém lhe diz que Deus não está mais curando ou que cura apenas mui raramente em nossos dias, ele pergunta: “E para onde foi a compaixão do Senhor? Jesus não visita mais nossas igrejas? Não cuida mais de nossos entes queridos que se acham nos hospitais e hospícios? Não se importa mais com nossos bebês que nascem deformados? Não, não penso que a compaixão divina tenha diminuído. Pelo contrário: ele continua tão disposto hoje como no primeiro século a tocar-nos os espíritos e os corpos. A igreja é que mudou; Deus não”.

O Cessacionismo Já Acabou?

Com relação ao cessacionismo, a doutrina de grande parte dos “evangélicos” mudou – porém a prática nem tanto. Poucos podem dizer que realmente viram uma cura milagrosa da parte de Deus. Por outro lado, se perguntarmos a eles quantas vezes já oraram pedindo um milagre ou se deram ao trabalho de impor as mãos sobre os enfermos, constataremos que também não têm esse hábito.

Até mesmo entre os líderes, existem muitas orações ritualistas que não passam de uma cortesia pastoral, sem a real expectativa quanto a uma manifestação do poder de Deus. Muitas vezes, oramos mecanicamente, já esperando que Deus não vai curar o enfermo. Em uma reunião de teólogos, conta-se, o grupo estava enumerando as doenças pelas quais não teria coragem de orar. A lista foi aumentando, cada vez mais, até que restaram apenas a gripe e a dor de cabeça como doenças passíveis da oração. Isso é incredulidade e uma das principais causas da ausência de milagres em nosso meio. A igreja atual só verá curas e milagres quando tiver fome do poder de Deus.

Escondendo as Riquezas de Deus

Quero concluir minha pequena reflexão sobre nossa situação atual contando um pequeno episódio que me ocorreu recentemente. Estive na igreja Bola de Neve, em São Paulo, para assistir à gravação do DVD “To the Foundation”, da banda Christafari. Ainda a caminho, percebi que Deus estava querendo me mostrar algo. A Marginal Tietê estava muito congestionada. Estávamos próximos ao Play Center, e podia-se ver com detalhes os minúsculos barracos feitos de madeira e papelão empilhados, com roupas penduradas no varal e muita gente nos arredores.

O contraste com o parque de diversões era grande. Em um momento, víamos os barracos para onde catadores de papelão e latinhas voltavam com seus quase R$ 10,00 por dia de trabalho; no instante seguinte, passamos por pessoas que pagaram quase R$ 50,00 para andar na montanha-russa e em outros brinquedos. Então comentei com a Val, minha esposa: “Não existe nada que possamos fazer? Vale a pena gastar rios de dinheiro para manter nossos prédios e estrutura pesada diante desse caos social? Como o Cristianismo se afastou de Cristo!”

Chegamos à Bola de Neve Church. Estava tudo maravilhoso. Nengo Vieira fez a abertura do evento, orando e cantando com muita sensibilidade espiritual. A banda Christafari não demorou a entrar e envolveu a todos no balanço do reggae music. A “galera” estava animada. De repente, o vocalista Mark Mohr parou tudo e começou a contar uma experiência que teve ao conhecer uma menina aidética. Segundo ele, Deus havia lhe perguntado: “Se tivesse a cura para a Aids, o que faria? Você a esconderia no porão de sua casa?” Isso porque, segundo o que ouviu de Deus, os cristãos têm escondido muitas riquezas espirituais nos porões. Ele ficou muito abalado com isso e fez uma música/oração sobre sua experiência.

Com essa pergunta, toda a minha inquietação ressurgiu. Passei a orar e conversar com Deus sobre cura divina, no meio de uma multidão que dançava o reggae. “Pai, a tua Palavra diz que autoridade e poder sobre enfermidades e espíritos imundos nos foram dados. Mas onde guardamos esses dons? No porão de nossas casas? Nas páginas fechadas de nossas Bíblias empoeiradas, que não são lidas há muito tempo?”

Estou me negando a crer em um Deus que faça apenas coisas que o homem também consegue fazer. Se o profeta Elias era um homem cheio de limitações e sujeito às mesmas paixões que nós, mas orou e não choveu por três anos, e novamente orou e voltou a chover (Tg 5.16-18), eu posso orar também. Tiago usou esse argumento justamente para recomendar aos irmãos que orassem, uns pelos outros, para serem curados. Orar confiando que o poder não está em nós, mas em Deus, que realiza o milagre. Crendo dessa forma, venho procurando sair da zona de conforto e estar atento ao que Deus pode e quer fazer através da minha vida.

Temos uma missão, algo a ser feito. E precisamos todos acordar para isso. O filme sobre a vida da Madre Teresa mostra a atuação da “Fundação Madre Teresa”, uma entidade criada para levantar fundos internacionais para ajudar os pobres na Índia. A fundação gastava mais dinheiro do que arrecadava, pois vivia fazendo reuniões, congressos, viagens e projetos gráficos, e as contas andavam sempre no vermelho. Em uma dessas reuniões, Madre Teresa perguntou o preço de uma garrafinha de água mineral ao garçom e ficou abismada com os três dólares pagos pelo que bebiam. Naquele momento, ela interrompeu o palestrante e declarou a volta à simplicidade e o fechamento de todos os escritórios com encerramento das contas bancárias. Deus precisa de pessoas ousadas como ela, sem medo de retornar ao caminho do qual se desviaram.

O preço que temos a pagar hoje não é só deixar de lado o caminho da ambição e do sucesso para buscar a pureza e a autenticidade da Palavra; está também em não se conformar com a falta de poder para ministrar aos doentes e necessitados. Que as contradições e contrastes da presente situação nos encham de “santa” angústia para buscar a compaixão e o poder de Cristo para responder às tragédias e ao sofrimento humano que nos cercam! Afinal, Marcos 16.20 é uma promessa para todos.

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Uma resposta

  1. Dou graças a Deus, porque nesta manhã de 11 de agosto de 2016, Ele me fala através desta mensagem!
    Nesta data, encontro-me numa encruzilhada da vida; mas, confiante em Deus, hei de tomar o melhor caminho! Eu mesmo sou o resultado de um grande milagre de cura que o Senhor operou em minha vida, por meio da fé.
    Seja feito em mim, Senhor, segundo a tua vontade!

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