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Última Palavra: De Onde Vêm as Dívidas?

Por: Christopher Walker

O apóstolo Tiago faz uma pergunta importante na sua epístola: “De onde procedem guerras e contendas, que há entre vós?” (Tg 4.1). Por mais útil que seja ter instruções para sair de uma guerra ou contenda já iniciada, é muito mais importante saber como eliminar a causa ou raiz das contendas.

No caso da escravidão econômica que se amplia cada vez mais através dos juros das dívidas, um roteiro com dicas e conselhos para se livrar destas dívidas é muito útil. E obviamente, antes de alguém tentar sair das dívidas, ele precisa se convencer de que estas são perniciosas, devoradoras, e que podem facilmente fugir ao controle.

Porém, um dos conceitos mais comuns hoje, tanto na administração de bens pessoais, como de assuntos empresariais, é que a única maneira de realizar avanços, ou de conquistar vitórias econômicas é através de contrair dívidas. Se você se limitar aos recursos que tem disponíveis, se usar a mentalidade conservadora e tímida, nunca conseguirá progredir. É assim que prega o “espírito deste mundo”.

Mas há algo ainda mais fundamental para descobrirmos nesta questão de livrar-se da escravidão da dívida. Devemos formular a pergunta de Tiago da seguinte forma: “De onde procedem as dívidas e jugos financeiros que há entre vós?” De onde vêm tantas dívidas? Será que é só por causa do excesso de propagandas, da influência do ambiente, da filosofia que predomina no mundo hoje? Será que a única coisa necessária é de um bom roteiro para sair das dívidas, já que a maioria está simplesmente desesperada para encontrar a saída?

Se estamos pensando em alguém que está prestes a perder casa, carro, reputação, ou emprego por causa do descontrole das dívidas, certamente haverá um desespero muito grande por sair do jugo pesado. Mas a verdade é que a maioria de nós convive bem com a situação – não especificamente com a idéia de dívida, mas com a atitude básica por trás das dívidas.

No caso das contendas, Tiago respondeu a pergunta acima da seguinte forma: “De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne” (Tg 4.1). Esta resposta serve para a maioria das perguntas sobre a causa real dos problemas da igreja e da humanidade. E certamente coloca o dedo na origem de grande parte das dívidas.

Desde o orçamento doméstico de uma família modesta, até os orçamentos astronômicos de empresas, municípios, estados e países, o homem nunca se contenta com o valor da sua renda. Os países mais ricos do mundo têm as maiores dívidas. No plano individual e familiar, geralmente gastamos tudo que ganhamos – e mais um pouquinho. Por isto, se você ganha R$ 500,00 por mês, terá dívidas porque não dá para viver somente com este valor. Mas quando suas circunstâncias melhoram, e seu salário dobra, suas expectativas e desejos crescem na mesma proporção, e você continua incapaz de permanecer dentro do seu orçamento.

Onde está a raiz deste problema? Na atitude básica do coração humano que se chama ganância. Ou naquilo que o apóstolo João chamou de concupiscência dos olhos (1 Jo 2.15,16), que não procede do Pai, mas do mundo.

Mesmo entre os cristãos, pouquíssimas pessoas identificam esta atitude como algo totalmente contrário ao espírito de Jesus. Alguns até conseguem estabelecer limites, e entendem que não devem entrar em dívidas para satisfazer seus desejos, mas em certa medida continuam escravos da necessidade de ter, de possuir, de obedecer aos seus impulsos.

Este instinto começa no coração desde criança, e os pais que têm condições financeiras freqüentemente o alimentam nos seus filhos. Sentem-se até frustrados ou condenados se não conseguem satisfazer a vontade do filho de ter mais um brinquedo, mais uma sandália, mais uma superfluidade, mesmo que seja usada uma ou duas vezes, e depois jogada no canto por não representar mais novidade. “Você vai deixá-lo com vontade?” “Vai fechar seu bolso quando ele deseja tanto aquilo?”

E assim eles crescem, dominados pela compulsão de ter o que os outros têm, de fazer o mesmo tipo de festa que os outros fazem, de satisfazer suas vontades. E depois de adultos, continuam escravizados pela “necessidade” de adquirir algo que o coração determinou que precisa ter a qualquer custo.

Dependendo do quanto conseguimos esticar nosso limite além do que ganhamos (com cartão de crédito, limite de cheque especial, empréstimo, ou simplesmente na irresponsabilidade), achamos que pelo nosso nível de vida “temos” que gastar este ou aquele valor, indiferente da disponibilidade ou não no orçamento. E que de algum modo, “no futuro” tudo dará certo, e conseguiremos pagar tudo, ou pelo menos ir fazendo malabarismos, emprestando de um, pagando a outro, e vivendo conforme desejamos.

O pecado, na sua essência e origem, é obedecer aos desejos do nosso próprio coração. É satisfazer os impulsos e apetites da natureza caída, dominada pela carne e pelo egoísmo. É justamente ali que o inimigo consegue ter maior acesso à nossa vida.

Digo, porém: Andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência (aos desejos) da carne. Porque a carne milita (coloca seu desejo) contra o Espírito, e o Espírito contra a carne, porque são opostos entre si… Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei” (Gl 5.16-18).

Concupiscência e milita na passagem acima vêm da mesma palavra no grego, que significa: anseio, desejo (especialmente por algo proibido), ímpeto, impulso, vontade, cobiça, ambição, sede. Portanto, a causa das nossas lutas vem do coração, e dos desejos que vêm da nossa carne se opondo aos desejos que vêm do Espírito Santo em nós.

Como conseguiremos sair das dívidas se não resolvermos esta questão fundamental? Talvez desejemos nos livrar dos juros, da pressão que as dívidas nos causam, mas será que estamos dispostos a buscar a libertação também dos desejos desenfreados que nos levaram a este jugo?

Santificar a vida financeira não significa apenas doar uma porcentagem dos seus recursos ao Senhor, e fazer o que bem entende com o restante. Pertencemos integralmente a ele, e se nosso coração ainda não foi conquistado por completo, se ainda não vibramos mais com o avanço do Reino de Deus do que com aquisições materiais, se o nosso sonho ainda é satisfazer os desejos compulsivos do nosso coração egoísta, dificilmente nos livraremos das dívidas, mesmo que tenhamos o melhor manual do mundo.

Não estou propondo uma vida de ascetismo, de privações, ou de sacrifício por esforço pessoal. Uma pessoa que deixa de gastar a fim de ser “santo” ou dedicado, mas cujo coração ainda se apega àquilo que não possui, não alcançou santificação alguma. A única coisa que tem valor para Deus é a libertação da ganância interior, que só ocorre pelo Espírito Santo, que enche nosso coração de tal paixão por Jesus e pela sua causa, que todos os demais desejos se tornam insignificantes em comparação.

O primeiro passo é identificar a raiz do problema. O segundo é prostrar-se diante de Deus em arrependimento e total insuficiência, e abrir o coração para que ele faça o restante pela sua vida em nós! Colocando o machado à raiz dos nossos desejos, ele pode mudar as forças que governam nossas vidas, e nos libertar dos impulsos que nos colocam sob o jugo do inimigo.

Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23).  

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