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Testemunho de Impacto: Água, Laranja e Carinho

Por André Ruas

O relato que se segue foi algo que aconteceu, recentemente, num culto que foi dirigido pelos jovens na nossa igreja. Queríamos estar sensíveis à voz do Espírito e decidimos, então, fazer algo para despertar a igreja (a nós mesmos) para o que diz respeito aos perdidos, àqueles que não têm esperanças.

A Cristiane, minha noiva, escolheu a música “Nos Braços do Pai” (Diante do Trono) e colocamos véus no corredor que dá entrada ao templo. Alguns jovens ficaram pelo “caminho”, fazendo o papel de prostituta, viciado, bêbado ou mendigo, de maneira que quem chegasse teria que passar por eles.

A minha parte era na ministração. Eu teria de fazer um “monólogo”, como se fosse um daqueles que foram à casa de Deus para o adorar e, no caminho, se deparam com as várias “faces” de Jesus. Porém, como o “levita”, eu seguia adiante, pois queria ir à igreja ver Jesus.

Só que não foi um monólogo e, sim, uma confissão. As pessoas começavam a chegar diante do altar quebrantadas; o choro se fazia ouvir num volume muito alto. O rapaz que fazia o “papel” do “Pai” não entendia o que estava acontecendo, e dizia: “Venha, filho amado, venha como está”.

A pastora orou, e o pastor convidado, também. Deus se fez presente!

Se eu vi Jesus? Pode apostar! Mas o melhor ainda estava por vir…

Saímos daquela reunião abençoados, alegres! A Cris comentou que as irmãs gostaram muito daquele monólogo: “Muito emocionante”, disseram.

Levei minha noiva para sua casa e comecei a voltar para a minha ainda sussurrando aquele “monólogo muito emocionante” que “eu” fizera.

A estrada estava deserta – só havia eu e meu violão. De repente, olhei para o lado, e vi um homem deitado num canto meio escuro.

Interrompi o “monólogo”. Agora estava numa situação real, não era nenhum jovem da minha igreja encenando. Porém, segui direitinho o que havia “ensaiado”: o levita passou direto.

Então, depois de caminhar uns 30 metros adiante, minha “consciência” me olhava decepcionada. Dei meia volta e, com passos vacilantes, voltei – e passei novamente por “ele” na direção contrária.

”O que vou dizer?”

“Ah, ele está dormindo, é melhor não incomodar!”

”Tá legal, vou passar de novo, se ele olhar para mim, eu falo… Não, não acredito, ele olhou!”

Parei, agachei-me e perguntei o seu nome. Davi!

E aí começou. Sem exageros, fiquei uns 50 minutos com aquele homem e fui muito abençoado!

Perguntei se ele tinha onde morar. Ele me disse que era um andarilho e era desviado do evangelho. Tinha hálito de bebida alcoólica, mas estava lúcido em suas palavras. Contou-me sua história, como havia sido sua conversão (um lindo testemunho!), como chegara a ser bacharel em teologia.

Apesar da sua situação, em nenhum momento maldisse a vida ou Deus. Pelo contrário, dizia: “Irmão, Deus é muito bom comigo! Às vezes, eu estou por aí deitado e, quando me viro, tem uma quentinha do meu lado ou uma laranja. Aí eu digo:”Ué, de onde veio isso? Deus é fiel, irmão!”

Perguntei se queria algo e se estava com fome.

“Ah não, irmão, não quero incomodar.”

Como ainda insisti, ele me pediu: “Água e uma laranja!”

Fui na casa da Cris, pois era mais próximo. Com sorriso nos lábios, berrei por ela no portão.

Expliquei a “missão” e lá fui eu voltando, quase que correndo para realizar o desejo de Davi.

Ele me perguntou: “Rapaz, quem é você? Olhe, eu estava aqui pensando: ‘Acho que ele não volta não’. Mas você veio! O que você está fazendo por mim é muito importante, irmão! Olhe que eu já vi passando um monte de gente aqui, irmãos da igreja, e nem sequer um deles parou pra falar comigo, para perguntar se eu estava com sede ou doente. Aqui mesmo, entrou um carro bonitão, eles me olharam, ficaram assustados e eu também me assustei. Mas o que você está fazendo é o que a maioria não faz.”

Perguntou-me depois o que eu fazia na igreja. Eu disse que tocava e cantava.

“Ah, mas você tinha que ser evangelista, irmão!”

Aí ele começou a cantarolar alguns hinos que ele gostava (como sou “ótimo” no violão, não consegui tocar nenhum!). Louvei o Senhor sem acompanhamento mesmo. Cantei, por exemplo, “Não há Deus maior” (essa eu sabia, mas o violão estava desafinado!).

Bom, deixei algum dinheiro  (e ele nem pediu!) para comprar mais algumas laranjinhas. Orei por ele, convidei-o para ir à igreja se estivesse por ali ainda. Ele me estendeu papel e caneta: “Anote o endereço aí, irmão!” Deixei meu telefone e fui feliz da vida para casa. Eu tinha visto Jesus! Acredite: “água e laranja” podem fazer muito mais que uma simples laranjada. Agora sei disso!

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Uma resposta

  1. Muitos anos se passaram e lembro-me desse dia como se fosse hoje. Eu era uma daqueles jovens que foram impactados pela presença forte de Jesus. Ainda me emociono em lembrar daquele dia em que estávamos ansiosos por uma experiencia com Deus. Fomos de fato tocados por Ele, pelo Pai, Aba Pai. Paizinho eu te amo!!!

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