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Série “Preparando a Família” – Parte 9 – A família como protagonista do grande avivamento final

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Pedro Arruda

Final terrível e glorioso

A História caminha para um desfecho apoteótico. Duas palavras de uma mesma profecia mostram isso de forma emblemática. O profeta Joel disse: O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor” (Jl 2.31). Pedro, citando a mesma profecia no dia de Pentecostes, diz: “O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor” (At 2.20). A citação de Pedro é bem literal, exceto quanto à substituição da palavra “terrível” por “glorioso”. Como regra de fé, não podemos imputar erro às Escrituras, pois o Espírito Santo inspirou ambos os textos.

Então, podemos entender que a contradição entre terrível e glorioso fornece a qualidade do desfecho da História. Ou seja, que a contradição fará parte do cenário em que os extremos opostos estarão presentes – algo semelhante às reações decorrentes da queda de Babilônia, quando dois sentimentos são intensamente expressados. Enquanto uns gritam “ai!”, outros rejubilam, dizendo “aleluia!” (Ap 17 e 18).

Moisés presenciou uma situação semelhante quando viu a sarça ardendo em meio às chamas, mas ao mesmo tempo não sendo consumida por elas (Êx 3.2,3). Como a sarça, nós também seremos preservados quando o fogo desfizer os elementos nesta Terra, conforme relata Pedro (2 Pe 3.10-13). O próprio Jesus, depois de descrever os terríveis acontecimentos, disse que eles serviriam de motivo para nossa exultação, pois anunciariam a proximidade de nossa redenção.

O fenômeno da volta de Cristo é como dois lados de uma mesma moeda: um terrível, e outro glorioso. Tribulação e avivamento sem precedentes conviverão, lado a lado, nestes dias. O mundo jamais experimentou catástrofes de tais magnitudes, ao mesmo tempo em que a Igreja nunca foi tão gloriosa.

Conflito de gerações

O grande campo de batalha acontecerá dentro das casas, onde filhos se colocarão contra os pais e pais contra os filhos, noras e sogras se digladiando ferozmente. O conflito de gerações conhecerá o seu auge no mundo (Lc 12.53; 21.16). Na Igreja, entretanto, será o momento da convergência das gerações. Pais voltarão o coração para os filhos, e estes se reconciliarão com os pais. Essas famílias entrarão num avivamento inédito, experimentando dias gloriosos, enquanto outras viverão dias terríveis de juízo. Deus será glorificado ante o desespero de Satanás, que verá seu reino caindo rapidamente em ruína final.

O período que estamos vivendo teve seu início proclamado pelo profeta Joel, cuja profecia foi citada por Pedro no Pentecostes, no dia inaugural da Igreja. O derramamento do Espírito Santo naquela ocasião não se restringiu apenas à inauguração da Igreja, mas serviu de demonstração de como seriam todos os dias de sua existência. Olhando por esta perspectiva, a profecia de Malaquias (Ml 4.5-6) a respeito da convergência de gerações, apontando para o final deste período, reveste-se de uma importância culminante, como o grande e arrebatador final da apresentação de uma orquestra.

O papel da família no início e no fim da igreja

A Igreja em seu surgimento era desprovida de uma instituição própria, mas servia-se unicamente da instituição familiar. Era composta por famílias, como explicou Pedro naquele dia: “[pais], vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos [avós]; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas [domésticos] derramarei do meu Espírito…” (At 2.16-21).

A expansão da família dos cristãos para além de seu núcleo significava a expansão da igreja, numa espécie de família estendida, fazendo com que as funções familiares fossem potencializadas. Dessa forma, o pai de família cuidava de outros que se achegavam à sua casa como se fossem seus filhos, prestando o papel equivalente ao ministério de pastor.

Os filhos encontrariam outros irmãos nos novos agregados. Paulo recomendava que as mulheres mais velhas ensinassem as mais novas a serem boas donas de casa. Isso era nada mais do que o papel de mãe sendo exercido junto a filhas não naturais. Ou seja, a expansão dos vínculos de relacionamento familiar era o que constituía a dinâmica da igreja e, portanto, esta não necessitava de uma instituição com uma estrutura própria, pois se servia da família.

Esse estilo de igreja era à prova de divisão, pois nela prevalecia a multiplicação sadia. O casamento não significava apenas o aumento da família patriarcal com a constituição de uma nova família, mas também igual incremento à igreja.

Se cremos que a Igreja viverá seus melhores dias às vésperas da volta de Jesus, superando o marco alcançado por si mesma quando de sua origem, não podemos deixar de lado a importância da família. Se ela foi fundamental no início da Igreja, muito mais o será agora em seu final. Enquanto o mundo aprofundará o conflito de gerações, as famílias que abrigam a igreja experimentarão exatamente o inverso: a convergência geracional.

Como já vem acontecendo, o mundo seguirá o curso da banalização do casamento, a ponto de se constituir numa ameaça de engano até mesmo para os escolhidos. Jesus alertou sobre isso, comparando o final desta era com os dias de Noé. Só não serão engodados aqueles que tomarem uma posição determinantemente adversa, sem concessões ao que for considerado normal e comum, mas contrário à vontade de Deus.

Lições da História para o desafio final

Na história dos hebreus, houve muitas ocasiões marcadas de grande tensão, nas quais se destacou a importância da família. Vamos destacar duas delas. A primeira se deu por ocasião da libertação do Egito. Desde que Moisés reaparecera em cena, a situação havia ficado cada vez pior para ambos os povos. Os egípcios sofriam as consequências das pragas e fustigavam ainda mais os escravos hebreus.

A noite pascal foi o ponto culminante de tudo. Para os egípcios, foi um tempo de terrível matança, luto e pranto em todas as casas; ao mesmo tempo, os hebreus comiam o banquete da libertação de maneira solidária em seus lares, protegidos pelo sangue do cordeiro (Êx 12).

Essa páscoa proveu a organização necessária, ao estilo militar, para a grande marcha de toda a nação no deserto em direção à Terra Prometida. Não podemos deixar passar despercebido que a família foi a grande base para essa organização. Além disso, caminhar em companhia dos mais íntimos estimulava a solidariedade, imprescindível para vencer as condições adversas do deserto, especialmente para os mais fracos.

A segunda ocorreu quando os pioneiros estavam empenhados em reconstruir a cidade de Jerusalém, tendo em vista o encerramento do exílio babilônico. Tiveram de executar essa tarefa em meio a muitas dificuldades e ameaças dos inimigos. Neemias, o líder da empreitada para restaurar os muros, organizou o povo por famílias, colocando-as uma após outra na extensão do muro. A obra civil teve de ser feita sob vigilância constante.

A descrição do trabalho foi pintada da seguinte forma: os trabalhadores edificavam os muros, tendo numa mão a ferramenta de construção e empunhando uma arma para se defender de ataques com a outra. É importante destacar que esse trabalho não esteve a cargo apenas de especialistas em construção civil ou segurança militar, mas todos se envolveram, independentemente da formação que possuíssem. Assim, perfumistas, joalheiros, comerciantes e sacerdotes, juntamente com suas respectivas famílias, tiveram o mesmo empenho que os demais (Ne 3 e 4).

Esses dois fatos nos ensinam que a Igreja não ficará a cargo apenas dos clérigos, ou ministros especializados, mas dependerá cada vez mais das pessoas em geral, organizadas em famílias, a fim de cumprir sua missão do tempo final. Assim sendo, a preparação adequada da família será de suma importância para o momento de consumação que se aproxima. A solidariedade faz toda a diferença nos desafios mais dramáticos.

Quem imagina que a segurança familiar está baseada na formação e preparação somente dos membros da própria família certamente se frustrará, pois “quem quiser preservar a sua vida perdê-la-á” também se aplica à família como um todo. Não levar em consideração o bem-estar de outras pessoas que não estejam ligadas a nós por laços de parentesco nada mais é que outra forma de ensinar e praticar o egoísmo, revestido de muita sutileza. Sem senso de solidariedade, pessoas com esse espírito são covardes que simplesmente elaboram uma escala de valores visando à própria proteção. Como não aprenderam a sacrificar-se em favor do outro, quando estiverem numa situação de aperto, primeiramente abrirão mão do estranho, mas em seguida não pouparão sequer o parente íntimo para se autopreservar. São esses que, por traição, entregarão os familiares, como profetizou Jesus.

Portanto, para enfrentar o caos de dores e aflição que nos sobrevirá, a família deve caminhar em direção à convergência das gerações, cultivando a solidariedade para ser um sinal da Igreja de Cristo na Terra como um lugar seguro para si mesma e para todos que a ela se achegarem. Os dias terríveis são inevitáveis, mas podem ser de glória também. É uma questão da escolha que terá de ser feita desde agora.

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