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Saúde Espiritual: Quando Não se Deve Orar!

Por: Harold Walker

Existem muitas passagens bíblicas que nos exortam a orar e o nosso propósito nesse artigo não é de forma alguma desmerecer esta ênfase. Queremos, isto sim, compreender todo o conselho de Deus nas Escrituras e assim trazer equilíbrio para orarmos com mais eficácia.

Há uma tendência no meio dos evangélicos de exaltar a oração como se fosse a solução para todos os problemas. Pensamos que se um determinado problema persiste é só porque não oramos suficientemente, ou não oramos com fervor ou fé adequados.

De fato, recentemente, até a comunidade científica e médica está reconhecendo a oração como um elemento decisivo na recuperação de doentes, conforme artigos publicados na,imprensa secular (Time, Isto É, Seleções e vários jornais).

Ao ler e comentar estas reportagens muitos cristãos têm precipitadamente aplaudido, pensando erroneamente que tratam de confirmações científicas da eficácia da fé e da oração conforme ensinadas na Bíblia. Entretanto, após uma análise um pouco mais profunda, é possível verificar que uma coisa não tem nada a ver com a outra.

Existe uma grande diferença entre crer na oração e crer em Deus. Segundo a fé cristã, não é a oração que cura ou que resolve a situação mas sim Deus que ouve a oração e atende. Usando um exemplo bem simples: quando ligamos para um médico para vir cuidar de um parente, não é o telefone que cura o nosso querido e sim o médico que foi chamado por meio dele.

No caso das reportagens mencionadas acima, os pesquisadores descobriram que a oração é um elemento, muitas vezes determinante, na cura, indiferente da religião ou do ser espiritual a quem ela é dirigida. Isto não exalta a fé em Deus e sim a fé na fé.

Apesar de ser verdade que o pensamento positivo e a fé (seja fé em si mesmo, seja fé em santos ou em qualquer outra coisa) exercem um efeito terapêutico e às vezes resolvem situações difíceis (vendas, sucesso em negócios, solução de relacionamentos etc.) isto não significa que são a mesma coisa que a fé cristã.

Os ensinamentos bíblicos não focalizam tanto os mecanismos práticos da oração (como, quando e quanto orar) quanto a importância do nosso relacionamento com Deus. Mais importante do que a quantidade de tempo gasto na oração, do que a intensidade, fervor ou eloqüência da oração, é quem está orando e a QUEM ele está orando (Pv 15.8; Dn 9.23;10.12; Êx 33.17).

Somente quando aprendemos em que situações não devemos orar, é que aprenderemos a orar de verdade, pois assim entenderemos o verdadeiro propósito da oração. É um paradoxo: quando endeusamos a oração como uma espécie de auto-ajuda que resolve todos os problemas, acabamos não entendendo sua natureza real, o que nos faz orar muito pouco e isso por sua vez nos traz um constante peso de culpa.

Mostraremos a seguir alguns exemplos bíblicos sobre a oração que não funciona.

1. A oração como sacrifício, como obra para ganhar mérito diante de Deus.

Bem no início da Bíblia encontramos a história de Abel e de Caim onde Deus rejeita o sacrifício de Caim mas aceita o sacrifício de Abel, sinalizando desta maneira que jamais aceitaria a oração como fruto do suor do homem (Gn 4.1-7).

Jesus também mostrou a mesma coisa quando ensinou aos discípulos a não usarem vãs repetições como os gentios “que pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos” (Mt 6.7). Deus só aceita a oração baseada na graça da Nova Aliança, nos méritos do Cordeiro. Oração como obra humana é abominação para ele (Lc 18.9-14).

2. Oração como substituto para a obediência.

Assim como existem passagens bíblicas que nos exortam a orar, existem outras onde Deus fala para não orar!

Um exemplo disto foi quando Moisés estava clamando ao Senhor diante do Mar Vermelho com Faraó e todo o seu exército no seu encalço. Deus disse: “Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem” (Êx 14.15). Em outras palavras Deus estava dizendo: “Moisés, agora não é hora de orar! É hora de agir! Você tem a vara de autoridade na sua mão. Estende-a sobre o mar e fen-de-o para o povo passar.” Há tempo para orar e tempo para agir. Precisamos discernir entre os dois e agir adequadamente.

Uma ocasião semelhante foi quando Josué estava chorando e orando diante do Senhor depois da derrota de Israel diante dos homens de Ai por causa do pecado de Acã. O Senhor disse: “Levanta-te! Por que estás assim prostrado com o rosto em terra?” Nesta situação, perseverar na oração não resolveria. Deus disse: “Pare de orar e resolva o problema de pecado no meio do povo. Por mais que você ore Israel continuará a ser derrotado diante do inimigo enquanto não destruíres o anátema do meio dele.”

Um exemplo primo de oração como . substituto de obediência é o caso de Balaão. Quando os emissários de Balaque, rei de Moabe, vieram lhe oferecendo grandes recompensas se amaldiçoasse a Israel, ele consultou ao Senhor que respondeu dizendo que Israel era bendito e não poderia ser amaldiçoado. Até este ponto \ ele agiu corretamente, pois rejeitou a oferta de Balaque e transmitiu a resposta de Deus aos emissários (Nm 22.4-13). Os seus problemas começaram quando os servos de Balaque voltaram oferecendo maiores recompensas e em vez de recusá-las, ele orou de novo (Nm 22.19). Todos conhecem a triste história de Balaão, como se tornou motivo de chacota até o dia de hoje, por ser repreendido por um jumento (Nm 22.28-30). No fim, foi morto junto com os midianitas (Nm 31.8,16). Mas poucos prestam atenção ao fato que seu desvio começou quando orou na hora errada e com a motivação errada. Se Deus já lhe havia falado, por que orar de novo? Na segunda vez, Deus aparentemente cedeu à sua pressão e lhe deu permissão para ir (Nm 22.20) mas ficou furioso porque ele foi (Nm 22.22) e pôs um anjo no caminho para resistir-lhe.

Aprendemos com isso que uma das coisas mais perigosas que você pode fazer é insistir com Deus para fazê-lo mudar de idéia. De repente, como ocorreu com Balaão, Deus pode até ceder, mas as conseqüências serão terríveis.

Quando a oração não é uma busca sincera pela resposta de Deus, mas uma tentativa de conseguir a sua aprovação para os nossos desígnios ou uma fachada religiosa para esconder a nossa desobediência, ela passa a ser extremamente perigosa e enganosa.

3. Oração sem reconciliação, sem perdão.

Quando Jesus ensinou seus discípulos sobre a oração ele enfatizou a importância de acertar os relacionamentos horizontais com os irmãos antes de nos dirigirmos a Deus (Mt 5.23,24,6.14,15). Desta forma, não adianta orar se não nos reconciliarmos com nossos irmãos.

4. Oração para aparecer diante dos homens.

Saul era uma pessoa super preocupada em estar em dia com suas obrigações religiosas. Nas duas ocasiões em que pecou e Samuel lhe disse que o reino seria tirado dele, a questão era sobre sacrifícios. Na primeira ocasião, Samuel não chegou na hora marcada e Saul precipitou-se e ofereceu sacrifícios a Deus sozinho, quando isto era proibido na lei (1 Sm 13.8-14). Na segunda ocasião, ele não obedeceu à ordem do Senhor de destruir totalmente os amalequitas mas reservou o melhor das ovelhas e das vacas para “sacrifícios”. Quando Samuel o repreendeu, ele insistiu para que Samuel o honrasse diante do povo, “adorando” a Deus com ele em público (1 Sm 15.22,30). Em vez de arrepender-se diante de Deus, ele queria a aprovação do povo. Queria “aparecer” bem religiosamente diante dos homens. Isto nos mostra o quanto o espírito religioso pode ser prejudicial. Enganamos os outros e a nós mesmos quando em vez de obedecer às ordens claras de Deus, fazemos atos religiosos externos.

Mais uma vez Jesus confirma isto em suas instruções aos discípulos sobre oração, dizendo que os hipócritas oram nas esquinas para serem vistos pelos homens, e que não devemos agir semelhantemente (Mt6.5).

5. Oração que não é alicerçada na Palavra.

Em Jeremias 6.19,20 Deus diz que não quer o melhor incenso e os sacrifícios de Israel porque “eles não estão atentos às minhas palavras; e quanto à minha lei, rejeitaram-na”. Se ignorarmos ou desprezarmos a palavra escrita de Deus jamais poderemos orar acertadamente. Eis o motivo porque tantas orações do povo de Deus hoje são inválidas 3A não há interesse ou responsabilidade em estudar a sua Palavra e assim as orações tornam-se insípidas, humanistas e egocêntricas.

Portanto, não ore se:

• Você já sabe o que Deus quer que faça mas não está disposto a obedecer;
•  Se é hora de usar a autoridade espiritual e agir dentro da situação;
•  Se você quer sensibilizar a Deus com a sua “espiritualidade”;
•  Se há pecado que você não quer tratar;
•  Se há mágoas que você não quer perdoar;
•  Se você quer apenas aparecer diante dos homens;
•  Ou se você só interessa em obter algo dele e não se interessa em seus propósitos expressos na Palavra.

Se compreendermos que a oração em si não adianta nada mas sim a comunicação com Deus que temos através dela, então verdadeiramente aprenderemos a orar com eficácia e poderemos dizer como o salmista: “Suba a minha oração como incenso diante de ti, e seja o levantar das minhas mãos como o sacrifício da tarde! (SI 141.2). Além disto, podemos confiar na promessa do Senhor de que nestes últimos dias ele “assentar-se-á como fundidor e purificador de prata; e purificará os filhos de Levi, e os refinará como ouro e como prata, até que tragam ao Senhor ofertas em justiça. Então a oferta de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos dias antigos, e como nos primeiros anos” (Ml 3.3,4).

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10 respostas

  1. Gostei muito, mostra que acima de tudo temos que nos examinar, para ver com clareza nossas motivações, e o mais importante é o relacionamento íntimo que envolve uma boa comunicação.

  2. Nossa! que palavra rica de conhecimento. Com certeza vai entrar para meus favoritos, eu deveria estudar mais sobre este tema e me aprofundar para não cair no mesmos erros desses homens da bíblia. Acredito hoje, devo aprender que as vezes é a hora de trabalhar e não orar. Há pouco tempo eu estava pensando sobre a hora de usar de autoridade e não orar, Deus já tinha colocado o poder nas mãos de Moisés, certo? Não precisava ele clamar a Deus, ele tinha que saber que onde ele colocasse a mão dele Deus colocaria a mão também. Assim como Moisés, acredito que nós precisamos também.

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