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Sábado… Descanso de Deus

Por: Thomas Walker

O assunto do sábado sempre foi de grande importância para Deus e de grande polêmica entre os homens. Como vemos em Êxodo 20.8-11, Deus deu tanta importância para o sábado que instituiu a sua observação como parte dos dez mandamentos. E não só foi um dos dez mandamentos mas foi considerado o sinal da aliança de Moisés (Êxodo 31.13-17). Em 2 Crônicas 36.21, Deus diz que um dos principais motivos que fez os filhos de Israel perderem a terra prometida foi porque não guardaram os sábados, e que teriam de ficar no cativeiro até que a terra gozasse todos os sábados perdidos.

Na época de Jesus, os religiosos haviam aprendido tão bem esta lição que um dos seus principais temas de polêmica com Jesus era justamente a acusação de que Jesus não guardava o sábado. Hoje nas igrejas continua a polêmica se deve ou não guardar o sábado e como deve ser guardado. O que é guardar o sábado e por que é tão importante para Deus? Com certeza Deus tem algo de suma importância neste assunto e algo tão ignorado que nós também podemos correr o risco de perder a “terra prometida” por falta até de saber o que significa. (Ver Mt 22.29 e Is 5.13 sobre a falta de conhecimento e as conseqüências). As igrejas estão cheias de pessoas com boas intenções que estão morrendo de depressão, ansiedade, e frustração por falta de entendi mento sobre o que é guardar o sábado de Deus. Na tentativa de transmitir um pouco de luz sobre este assunto vamos voltar à Palavra e estudar o significado deste mandamento do Senhor.

Origem do Sábado

O sábado tem sua origem na própria criação do mundo, quando em Gênesis 2.1-3 diz que Deus criou o mundo em seis dias e descansou de suas obras no sétimo dia. Por que a Bíblia conta este fato? Será que Deus precisava descansar? Será que criar o mundo foi tão cansativo para “aquele que não se cansa nem se fatiga”? Não, foi para nós que estas coisas foram escritas. Deus descansou porque depois de seis dias de criação não havia absolutamente mais nada para Deus fazer. Este fato foi registrado para mostrar que Deus realizou toda a sua obra de uma forma completa e que nada mais precisava ser acrescentado ou melhorado. Tudo estava feito e assim nada mais havia para fazer, senão descansar. Agora ele podia andar no jardim com o homem e ter comunhão, desfrutando da criação perfeita e harmoniosa.

Em Êxodo 20.8-11, na promulgação dos dez mandamentos, lemos que a razão de guardar o sábado era para celebrar o descanso de Deus. Foi o dia abençoado por Deus para celebrar que tudo foi criado em seis dias sem necessidade alguma da ajuda do homem, e para ser um dia de descanso e comunhão.

 Jesus e o Sábado

O sábado aparece no Novo Testamento já como polêmica entre Jesus e os fariseus. Em Mateus 12.1-8, Jesus e seus discípulos quebraram uma regra do sábado. No confronto com os fariseus a seguir, Jesus usou exemplos do próprio Velho Testamento para mostrar que todos os rituais exteriores da lei eram violáveis por pessoas que entendessem o que aqueles rituais representavam no mundo espiritual. Ele concluiu dizendo que ele mesmo viera como Filho do homem para cumprir e desvendar a lei, e por isso era Senhor do sábado. Ele veio para tirar o véu das leis, cerimônias e rituais da Velha Aliança, e revelar o que Deus realmente espera de nós. Ele é maior que o Templo, maior que a “lei”, e maior que todas as cerimônias, inclusive o sábado.

Em Mateus 5.17-48, Jesus mostrou em mandamento após mandamento o que Deus na verdade queria do homem através da lei. Mostrou que a Nova Aliança que ele veio trazer não anula a Velha Aliança, nem a contradiz, mas pelo contrário a substitui com a realidade que estava oculta nos seus ritos e cerimônias. Cumprir apenas estes aspectos exteriores na verdade não é cumprir o propósito da lei, que é ser santo como Deus é santo. Ele termina dizendo: “Sede pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus”. Ser perfeito é guardar o sábado. Ser perfeito é cumprir não apenas rituais e cerimônias, mas o verdadeiro significado da lei. Ser perfeito é mais que o homem natural consegue ser. Tem que nascer de novo.

 Paulo e o Sábado

O apóstolo Paulo, homem designado por Deus para revelar o evangelho da graça, e que afirmou em Efésios 3.2-5 ter recebido a dispensação da graça e a revelação do mistério que esteve oculto (em leis, cerimônias e rituais exteriores) durante séculos, mostra em vários lugares o verdadeiro significado do sábado.

Em Colossenses 2, depois de mostrar como Cristo rasgou todas as páginas de leis e ordenanças através de sua vida, morte e ressurreição, substituindo-as pela nova vida que se pode ter nele, Paulo explica nos versículos 16 e 17 que o sábado junto com as demais cerimônias eram sombras das realidades que Jesus veio cumprir. Ele afirma: “Mas o corpo é de Cristo”. Em outras palavras: Jesus é o corpo da realidade que projetava a sombra do Velho Testamento. Agora o véu foi tirado. Não podemos mais ficar contemplando e venerando as sombras quando a realidade chegou. Todas as leis e cerimônias do Velho Testamento (inclusive os dez mandamentos como Jesus mostra em Mateus 5.7-48) são sombras do verdadeiro corpo que é Jesus.

Em Gaiatas 2.16, Paulo fala claramente que pelas obras da lei ninguém será justificado. Não podemos substituir leis e mandamentos do Velho Testamento por leis e mandamentos do Novo Testamento e nem mesmo por outras da nossa igreja. Não podemos ser justificados por obediência a leis e mandamentos e ponto final. A justificação só se dá pela fé no homem perfeito de quem todas as leis e cerimônias eram figuras. Tudo apontava para ele – pois ele é o único capaz de nos salvar, e salvar por completo – Jesus o Homem/Deus.

Em Gaiatas 3.1-5, Paulo ataca o problema que mais assola a igreja de Jesus até hoje. Muitos aceitam a justificação pela fé em Jesus mas depois querem voltar para leis, ordenaças e esforço humano para conseguir algum crédito diante de Deus. O que começa pela fé tem de ser mantido pela fé. Fé não pode ser misturada com obras em hipótese alguma. O Espírito Santo só pode agir quando existe fé. Recebemos o Espírito Santo pela fé e continuaremos agradando a Deus pela ação do Espírito Santo em nossas vidas se nos mantivermos na mesma base de fé. Fé é total dependência de Deus e confiança nele, e não nas nossas obras. Portanto a partir do momento que agimos pelo nosso esforço, confiados em nossas obras, perdemos a ação do Espírito Santo, já que ele se recusa a agir em qualquer outra base que não seja da fé.

Em Gálatas 4.9-11, Paulo chega a afirmar que voltar para obras seria andar para trás, regredir. Submeter-se a leis e cerimônias é tornar vã a obra de Cristo. Qualquer tentativa de agradar a Deus através das nossas obras é desligar-nos de Cristo. Lei e graça não se misturam. É como fermento na massa. Só um pouquinho é capaz de levedar a massa inteira (Gl 5.1-10).

A Essência de Tudo

Paulo resume tudo quando afirma em Gaiatas 5.14 que o amor é o cumprimento da lei, e em Romanos 13.8-10 onde diz que aquele que ama cumpriu a lei. Toda a lei e todos os mandamentos se resumem no amor. Este amor não é identificação ou empatia humana. Não é um amor egoísta que sempre espera algo em troca. O amor descrito por Paulo em 1 Coríntios 13 e por Jesus em João 15, tem como fundamento dar a vida, ou seja, dar de si mesmo sem reservas. Este amor é impossível ao homem natural. Na melhor das hipóteses, conseguimos fazer algo por pessoas que já fizeram algo por nós. Como Paulo diz em Romanos 5.7, por uma pessoa boa alguém pode até ousar morrer. Hoje nem isto aconteceria na igreja. Mas no verso 8 ele diz que Deus prova seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Isto é o verdadeiro amor que existe em Deus e em Jesus. E no verso 5 do mesmo capítulo Paulo diz que o Espírito derrama este amor em nossos corações. O Espírito Santo é o veículo do amor de Deus. Ele pode implantar em nós o mesmo sentimento que existe no Pai e no Filho. E isto nos capacita a cumprir o verdadeiro sentido da lei. Mas o Espírito só opera numa base de fé total. Jesus confirma a mesma coisa em Mateus 22.34-40 e Marcos 12.28-33, dizendo que o amor está acima de holocaustos e sacrifícios, e que toda a lei e os profetas dependem deste amor.

Como Guardar o Sábado

Agora voltando ao assunto básico do sábado, queremos observar alguns versículos de Hebreus que vão nos conduzir à conclusão final de como tudo isto se completa em guardar o sábado dentro da vontade de Deus.

Em Hebreus 3.14-19, lemos que só podemos continuar participando de Cristo, se reti-vermos firmemente até o fim a nossa confiança, ou seja a fé que nos fez participantes no início. Depois vemos que nosso objetivo é o mesmo que Israel natural tinha – entrar no repouso de Deus através de ouvir a voz de Deus. É interessante notar a expressão – “seu repouso”. Isto se refere à terra prometida que era o objetivo imediato para o povo de Israel. Representava descanso da escravidão do Egito, descanso dos inimigos, descanso da peregrinação no deserto.

Porém, mesmo entrando na terra prometida fisicamente, Israel experimentou este descanso por períodos muito curtos sob o governo de juizes e reis segundo o coração de Deus. Outra vez fica claro que o exterior depende na verdade de uma realidade interior de experiência com Deus. O descanso para nós representa nosso alvo final como cristãos de alcançar a Nova Jerusalém, novos céus e nova terra onde habita justiça (2 Pe 3.13), e onde teremos descanso de nossa peregrinação neste mundo de corpos físicos limitados e de tantos ataques do inimigo. Mas também representa o descanso que é nosso pela obra de Cristo na cruz, que nos libertou da escravidão do pecado, da lei, e da força da carne, e que é nosso direito quando cremos em Jesus e recebemos o Espírito de vida (ver Romanos 7 e 8). Em outras palavras, alcançar o que Deus tem para nós depende de crer e continuar crendo em Cristo, ouvir sua voz e permanecer em comunhão com ele.

Este capítulo termina dizendo que não entraram no “repouso” por causa de incredulidade. Não era a desobediência em primeiro lugar, era incredulidade que tem como resultado a desobediência. Desobediência na verdade é não crer. A única obra que temos de fazer é crer.

No capítulo 4 de Hebreus, o autor entra no assunto do sábado. Ele começa mostrando que para entrar no “seu repouso” precisamos continuar crendo na pregação que ouvimos – o evangelho que é o poder de Deus para libertação tanto de judeus como de gentios. Esta pregação tem de ser continuamente misturada com fé no coração de quem ouve. Mas de repente no verso 3 vemos que este “repouso” citado desde o capítulo 3 é o mesmo descanso mencionado em Gênesis 2 quando descreve o primeiro sábado. Na verdade o descanso instituído pelo sábado para celebrar como Deus cessou de todas suas obras tem como objetivo final introduzir a nós também no descanso de Deus. Só há um descanso. Terra prometida, sábado, Nova Jerusalém, novos céus e nova terra, o milênio em Apocalipse 20, tudo aponta para apenas um descanso – o descanso de Deus por ter feito tudo que tinha de ser feito.

O versículo 10 resume tudo isto dizendo que aquele que entrou no repouso de Deus descansa de suas próprias obras como Deus das suas. É a graça de Deus em Jesus que cumpre o sábado. Quando o Espírito Santo, liberado pela nossa fé, opera em nós o amor de Deus que excede todo entendimento, substituindo assim as nossas obras, aí é que estamos verdadeiramente guardando o sábado. O sábado não é um dia da semana e sim sete dias por semana experimentando o descanso de Deus. Não é um descanso passivo (não fazer nada), mas um descanso de nossos inimigos, da escravidão da nossa carne, do esforço do homem natural, e das limitações da nossa natureza. Quando isto acontece há uma liberação do potencial ilimitado de criatividade divina através de nós. Quando guardamos o sábado desta maneira, experimentamos o verdadeiro potencial de um Deus que tudo faz em nós para sua exclusiva glória.

É a revelação plena da obra de Jesus que na cruz exclamou “está consumado” que nos leva a experimentar o descanso de Deus. Assim como Deus descansou no sábado porque não havia mais nada para fazer, assim também nós descansamos em Jesus, pois ele é a nossa justiça e consumou tudo na cruz satisfazendo plenamente a vontade do Pai. Isto é guardar o sábado, isto é cumprir plenamente o plano de Deus, e é por isso que o sábado era, é, e sempre será um dos assuntos mais pertos do coração de Deus. Afinal é este entendimento que vai fazer a diferença entre o céu e o inferno, entre a nova e velha criação nas nossas vidas.

Como já foi mencionado, o sábado será cumprido plenamente no Milênio descrito em Apocalipse 20.1-6, quando tudo será entregue ao Pai (1 Co 15.24-28). Pelo que podemos entender do plano de Deus, este “sábado” já está prestes a ser introduzido. Pela cronologia bíblica, Adão e Eva viveram 4000 anos antes de Cristo e já se passaram 2000 anos depois dele. Se para Deus um dia é como mil anos e mil anos como um dia (2 Pedro 3.8), então podemos dizer que já se passaram seis dias da semana de Deus, e que estamos às vésperas do sábado de Deus – O Milênio.

Mas como isto pode vir se primeiro não vivermos esta realidade na igreja? Como esperar a segunda vinda de Cristo se ainda não estamos vivendo plenamente tudo que ele conquistou para nós na sua primeira vinda? Deixe Deus trazer à sua vida a revelação da graça em Jesus, viva nesta graça, e você estará guardando o sábado e aguardando com expectativa a volta de Jesus e a inauguração do Milênio – o Sábado de Deus.

Thomas Walker, filho de John Walker, é pastor e conferencista e mora com a esposa e três filhos em Atlanta – GA – EUA

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