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Restaurando o Elo Perdido

Por Harold Walker

A profecia de Malaquias 4.6, o último versículo do Velho Testamento e que fala a respeito do ressurgimento do ministério de Elias, é citada por Jesus nos evangelhos de uma maneira um pouco diferente.

Isto mostra-nos que o Espírito Santo tem liberdade para mudar uma citação, ampliando e interpretando melhor o que foi dito originalmente. Ao comparar a passagem original com as passagens paralelas no Novo Testamento, podemos entender de forma mais completa o que Deus quer nos revelar. Em Mateus 17.11, Jesus disse que Elias havia de vir para restaurar todas as coisas. Outra passagem onde este termo é usado se encontra em Atos 3.21, quando Pedro diz que os céus retêm Jesus até o tempo da restauração de todas as coisas. Esta expressão “restaurar todas as coisas” não se encontra no Velho Testamento. O que Malaquias disse foi que Elias haveria de converter o coração dos pais aos filhos e dos filhos aos pais. Podemos entender, então, que o Espírito Santo quer nos dizer que a restauração da família é a chave para a restauração de todas as coisas.

Surge aqui, porém, uma grande interrogação: Por que Deus escolheu justamente Elias para realizar isto? Elias não era casado, não tinha filhos, não tinha casa, não morava na cidade, não fez nenhum curso de psicologia, não escreveu nenhum livro nem fez qualquer curso de seminário. Em outras palavras, ele não tinha vivido a experiência de ser pai nem tinha aprendido qualquer teoria sobre isto com alguém que já tivesse esta experiência. Por que então Deus não escolheu uma pessoa mais “preparada” para converter o coração dos pais aos filhos e dos filhos aos pais?

Podemos obter um início de resposta para nossa pergunta através de olhar ao nosso redor e constatar que os muitos cursos e livros sobre criação de filhos, cheios de bons conselhos e idéias, não estão restaurando as famílias cristãs, muito menos convertendo os corações dos pais aos seus filhos. Não estou dizendo que não são importantes, nem negando o bem que certamente têm feito a muitas pessoas e famílias individuais. Entretanto, apesar da multiplicidade de recursos evangélicos disponíveis hoje, o quadro estatístico comparativo entre famílias evangélicas e famílias não evangélicas não revela diferenças significativas. O fato do pai ser evangélico, infelizmente, não aumenta muito as chances de seu filho não consumir drogas ou álcool, deixar de “ficar” com garotas, ou não desenvolver hábitos perniciosos como mentir, desrespeito à autoridade ou desonestidade. Resumindo: Os pais cristãos hoje não cativaram os corações dos seus filhos a ponto de criar neles o desejo de seguir os seus passos.

Podemos concluir, então, que algo além de bons conselhos e teorias interessantes será necessário para restaurar a família. E Deus diz que Elias tem isto! O que será que é?

Se analisarmos a fundo o ministério de Elias, veremos que ele não falou nada a respeito da família nem sobre a restauração de todas as coisas. Na verdade sua declaração mais forte e comum era: “Vive o Senhor, em cuja presença estou….”. Isto significa que a presença de Deus para ele não era uma teoria teológica, mas uma realidade constante. Ele conhecia de verdade este Deus em cujo nome falava. Como as igrejas e as famílias hoje carecem disto! Quantos sermões são dados pelos pastores e pelos pais sem surtir efeito algum nos ouvintes! O que lhes falta? A presença consciente de Deus!

Lutero disse que a pregação deveria ser “Cristo chegando a nós”, um evento apocalíptico. Nossas palavras voltam vazias, mas as de Deus, nunca (Is 55.11). Não precisamos de mais teoria, precisamos de profetas que estiveram no concílio de Deus (Jr 23.18,22) e falam com sua autoridade e unção. É apenas este tipo de palavra que pode cortar os corações dos ouvintes e mudar suas atitudes e motivações.

Elias não era pai nem tinha teorias sobre a família, mas conhecia a Deus e vivia na sua presença. A única maneira do coração dos pais ser convertido para seus filhos é através dos pais terem uma visão da paternidade de Deus. Ele é o pai de quem toma o nome toda família nos céus e na terra (Ef 3.14,15). Somente através de conhecer a Deus como pai é que os pais terrenos poderão transmitir para seus filhos e famílias uma correta imagem de pai. Sem este conhecimento do Pai original, ficamos limitados a imitar ou a repudiar o exemplo de nossos pais terrenos. E isto perdura de geração em geração a despeito de qualquer bom conselho, ensinamento ou ato religioso.

A primeira palavra de Deus que o menino Samuel ouviu foi o aviso do juízo que viria sobre o sacerdote Eli por não ter disciplinado seus filhos (1 Sm 3.13). No entanto, mais tarde, vemos que o próprio Samuel não soube criar seus filhos e caiu no mesmo erro! (1 Sm 8.3). No caso dele, mesmo vendo o erro de Eli e as sérias conseqüências deste erro, ele não conseguiu deixar de cometê-lo também.

Se quisermos a restauração deste elo vital entre pai e filho, que não somente é a chave da restauração da família mas também de todas as coisas, teremos de voltar para a fonte de toda paternidade – o próprio Deus – e permitir que ele nos atinja como pais e através de nós a nossos filhos. Nada mais resolverá nossos dilemas ou trará cura às nossas famílias. E é para isto que serve o ministério profético de Elias.

A coisa principal que Jesus veio trazer ao mundo foi a revelação de Deus como pai. Ele vivia falando de seu pai que está nos céus e nos ensinou a orar: “Pai nosso…”. A igreja através dos séculos perdeu esta revelação, a ponto de nem conhecer mais a Jesus como mediador e sentir necessidade de Maria para interceder junto a ele. Graças a Deus, temos caminhado muito desde aquelas épocas escuras até hoje, mas ainda não chegamos a verdadeiramente conhecer a Deus como pai e isto se reflete em nossas famílias.

Um outro aspecto do ministério de Elias é que sua ação mais destacada foi a restauração do altar do Senhor (1 Rs 18.30).  Por que Malaquias disse que o ministério de Elias é restaurar a família quando sua principal ação foi restaurar o altar? Porque a restauração do altar é chave para a restauração da família. O altar representa comunicação com Deus e o maior obstáculo na família é a falta de comunicação. Quando a comunicação com Deus, através do altar, for restaurada, a comunicação na família também será restaurada.

A ligação entre o altar e a família pode ser vista claramente na vida de Abraão. Ele foi um homem que mantinha contato contínuo com Deus através do altar e, ao mesmo tempo, é chamado o pai de todos os que crêem. A promessa de Deus para ele era que todas as famílias da terra seriam abençoadas através do seu descendente, e seu nome foi mudado para “Abraão” que significa “pai de uma multidão”. Deus disse em Gênesis 18.19 que conhecia Abraão e que ele ordenaria seus filhos após ele para andarem no caminho do Senhor.

Avivamentos são maravilhosos quando Deus alcança filhos desviados de lares cristãos e os traz de volta, mas muito além disto é o seu plano de restaurar sua paternidade na terra. Isto produzirá filhos que conhecem o relacionamento básico de autoridade no universo, de pai e filho, e que nunca precisarão se desviar, pois serão capazes de reproduzir este relacionamento em outras famílias.

Além disto, a restauração da família não significa apenas a restauração da família natural, pois na Nova Aliança os filhos naturais não são tão importantes quanto os filhos espirituais. Há muitos adultos na igreja hoje que precisam conhecer autoridade espiritual através de encontrar segurança e apoio em pais espirituais. Porém, a questão é que isto não acontecerá através de uma nova metodologia ou sistema de discipulado, mas só através da palavra profética restaurando a visão da paternidade de Deus e, assim, levantando espontaneamente os relacionamentos que curarão as feridas e deficiências de milhares.

Em resumo, a restauração do relacionamento pai-filho é chave para a restauração de todas as coisas. Este relacionamento, porém, só pode surgir através de um conhecimento vivo de Deus como pai. Isto acontece através do altar e o altar é diretamente ligado com o ministério profético prometido para os últimos dias.

Esta mensagem foi escrita por Harold Walker, usando trechos de um estudo dado por John Walker a um grupo de ministério ao Senhor em Jundiaí, SP, em 1986, e incluindo contribuições de várias pessoas que participaram.

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