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Onde Estamos no Cronograma de Deus?

Por: Harold Walker

Se quisermos contribuir o máximo possível para o desenvolvimento do plano de Deus na história, tanto individual quanto coletivamente, temos que saber em que estágio este plano se encontra em nossos dias. Não podemos repetir o passado ou antecipar o futuro. Certas etapas já foram concluídas e seria perda de tempo ficar trabalhando novamente com elas. Outras etapas já podem ser vistas à distância, mas ainda não chegou o momento de preocupar-se com elas. Nossa necessidade mais premente é de conhecer os sinais dos tempos e discernir acuradamente as prioridades de Deus para o momento que estamos vivendo.

Através das festas do Velho Testamento Deus revelou em figura as três principais fases do seu plano: Páscoa, Pentecoste e Tabernáculos. Todo ano o ciclo completo destas três festas tinha de ser cumprido (Êx 23.14-17; Dt 16.16). Se desejamos a consumação do plano de Deus, não podemos nos contentar com apenas uma ou duas destas festas — temos de entender as três.

Do ponto de vista histórico a festa da Páscoa foi cumprida literalmente na primeira ceia e na morte de Jesus (Lc 22.7-20). Jesus, o verdadeiro Cordeiro, morreu na mesma época em que os cordeiros figurativos estavam sendo sacrificados. Da mesma forma, o Pentecoste encontrou seu cumprimento na data de sua celebração figurativa (At 2.1). Na mesma data em que a lei fora dada no Sinai em tábuas de pedra, o Espírito Santo desceu para escrever a lei em tábuas de carne, no coração. A última festa, porém, a de Tabernáculos, ainda não foi cumprida porque fala da segunda vinda de Cristo, da glorificação do nosso corpo e da plena habitação de Deus no nosso meio (Ap 21.3).

Devido à apostasia que ocorreu durante a história da igreja, a primeira experiência que ela perdeu foi a do Pentecoste. A perda da experiência do batismo no Espírito trouxe várias conseqüências. Mais tarde a Páscoa também foi perdida e os homens ficaram em trevas pensando que a salvação era alcançada pelas suas próprias obras. Mas os tempos de restauração vieram, trazendo em primeiro lugar a restauração da Páscoa na época de Lutero, que recebeu a revelação de que o justo é salvo somente pela fé. E recentemente, no século XX, o Pentecoste foi restaurado com poder, e milhões têm recebido a tremenda experiência do batismo no Espírito Santo. Portanto, vivemos numa época crítica em que precisamos entender o verdadeiro significado da Páscoa e do Pentecoste para prosseguirmos em direção à última festa, Tabernáculos, que é a consumação de todas as coisas.

Páscoa

Qual o significado da Páscoa? Era uma festa que celebrava a saída dos filhos de Israel do Egito pela mão poderosa e braço estendido de Deus.

Seus aspectos principais eram a oferta do cordeiro pascal (cujo sangue aspergido nos umbrais protegia os israelitas do juízo de Deus), a celebração dos pães asmos por sete dias e o oferecimento do molho das primícias ao Senhor. Estas figuras falam claramente da obra perfeita e completa de Jesus na cruz. Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e pelo seu sangue somos purificados e protegidos do juízo de Deus. O fato de não ser permitido o uso de fermento por sete dias (Êx 12.15- 20) significa que não há espaço para um mínimo de esforço ou exaltação humana na obra da nossa salvação. Ele fez tudo por nós — não fizemos e não podemos fazer nada para acrescentar à sua obra perfeita.

Se não nos humilharmos e nos arrependermos da nossa justiça própria, não podemos receber sua graça perfeita. Por isso a presença do fermento durante aqueles dias era uma ofensa séria (Êx 12.15,19; 13.3-7; 1 Co 5.6-8). A ênfase sobre a perfeição da sua obra e a ausência de nossas obras é muito forte. A base da vida cristã, a primeira festa, é uma compreensão da graça pura de Deus nos trazendo salvação totalmente imerecida. E, finalmente, quando o sacerdote movia o molho das primícias diante de Deus no terceiro dia da festa (o cordeiro pascal era sacrificado no dia 14 do primeiro mês, a festa dos pães asmos começava no dia 15 e durava sete dias, e o molho das primícias era movido no dia 16 — “no dia seguinte ao sábado”, Lv 23.11), era figura da ressurreição de Jesus no terceiro dia como “primícias dos que dormem” (1 Co 15.20,23).

Por falta de compreensão desta festa temos hoje tanta justiça própria (fermento) em nossa vida cristã. Precisamos da restauração de uma pregação poderosa e clara sobre a graça pura de Deus (como havia nos dias de Atos e nos primei ros dias da Reforma) e de uma purificação da mistura da nossa justiça com a justiça de Deus. Precisamos ser perfeitamente condenados pela lei para sermos perfeitamente salvos pela graça. A salvação não vem de nós, vem de Deus. É um fato objetivo fora e além de nós. Partiu da iniciativa do amor de Deus e diante disto só podemos nos prostrar e aceitar.

Pentecoste

Qual o significado de Pentecoste? Esta festa ocorria 50 dias após a Páscoa. Era uma festa de primícias da colheita. Não era a última experiência nem a consumação do plano de Deus — ao contrário, era o princípio da colheita. Hoje as pessoas pensam que por terem recebido o Espírito, estão prontas para a vinda de Cristo e não há mais nada para se esperar. Mas isto não é verdade. Há várias afirmações no Novo Testamento dizendo que o Espírito Santo é o penhor ou primícias da nossa herança. Não é o fim mas o início do processo (Êx 23.16; Lv 23.17,20; Ef 1.13,14; 2 Co 5.5; Rm 8.23).

Na história de Israel, como já mencionamos acima, assim como a Páscoa celebrava a saída de Israel do Egito, Pentecoste celebrava o dia em que a lei foi dada a Moisés no Monte Sinai (Êx 19.1,2,10,11). Portanto, quando o Espírito foi derramado sobre os discípulos pela primeira vez, “ao cumprir-se o dia de Pentecoste”, Deus estava mostrando que a lei estava sendo dada novamente, só que desta vez em tábuas de carne e não em tábuas de pedra, como ele havia prometido por intermédio dos profetas Jeremias e Ezequiel (Jr 31.31 -33; Ez 11.19,20; 36.26,27).

Outro fato que esclarece muito o significado de Pentecoste é a presença de pão levedado (Lv 23.17). É a única ocasião em que encontramos pão levedado. Na festa dos pães asmos, nas ofertas de cereais, e nos pães de proposição, a presença de fermento era expressamente proibida e considerada anátema. Observe também que em todas as Escrituras o fermento é 1 sempre tratado como algo negativo (Lv 2.11; 1 Co 5.6-8). Por que, então, o fermento está presente na festa de Pentecoste? Por que na primeira festa (Páscoa) há sete dias sem fermento e na segunda festa (Pentecoste), que deveria ser um passo para frente, há este aparente retrocesso? Estas são perguntas chaves e por não entender suas respostas, os movimentos pentecostal e carismático têm caído em sérios enganos.

Como vimos, a não existência de fermento na Páscoa se deve ao fato desta festa celebrar a obra de Cristo, perfeita e sem mistura. Assim como Deus unilateralmente tirou o povo do Egito por seu próprio poder, Jesus unilateralmente morreu na cruz por nós, sem contar com nenhuma cooperação humana. Porque nossa experiência com Deus começa com sua graça pura, resta-nos apenas jogar fora o fermento da justiça própria e aceitar o valor do sangue do Cordeiro.

Porém, na festa de Pentecoste recebemos o Espírito como primícias ou penhor da colheita final. O Espírito Santo é perfeito e puro e vem para escrever a lei de Deus em nossos corações para que sejamos perfeitos e puros como ele. O problema é que ao recebê-lo não somos automaticamente santificados (o que é amplamente demonstrado pelos movimentos pentecostal e carismático do século XX).

Por que isto acontece? Por que recebemos o Espírito Santo de Deus e continuamos tão carnais e pecadores? Porque ao entrar em nós, ele encontra problemas de mistura na área de nossa alma. (Veja artigo de Derek Prince intitulado “Proteção Contra o Engano” publicado na última edição da Revista Impacto). Na conversão, nosso espírito é salvo, mas a salvação da alma (a separação da mistura) é um processo que ocorre até a vinda de Cristo (1 Pe 1.9). Deus não precisou da nossa cooperação para perdoar nossos pecados, mas precisa da nossa correspondência a ele para nos transformar à imagem de Jesus. Não é plano de Deus que permaneçam duas correntes simultâneas dentro de nós — o seu Espírito Santo e a nossa velha natureza egoísta, cheia de ambição e orgulho. Seu plano é nos santificar pelo seu Espírito, mas isto exige um processo onde há guerra da carne contra o Espírito e do Espírito contra a carne (Gl 5.16,17). Hebreus 10.10,14 resume esses dois aspectos da nossa salvação. Pela sua obra feita uma vez por todas (Páscoa), ele santificou para sempre os que estão sendo santificados (Pentecoste).

A geração atual de crentes vive no meio de um dilema. Por um lado exulta com o tremendo potencial dos movimentos pentecostal e carismático, e por outro fica confuso diante das grandes limitações, imperfeições e carnalidades existentes entre aqueles que possuem a experiência pentecostal. O problema de muitos hoje é a falta de entendimento da natureza intrínseca da festa de Pentecoste. Consideram-na o fim e não o início do processo. Não entendem que há uma mistura entre a alma e o Espírito, que só a palavra viva de Deus pode separar (Hb 4.12).Em relação aos dons espirituais, não podemos pensar que tudo é branco ou preto, do Espírito ou do diabo. Há uma mistura nas revelações, profecias e demais dons.

Nem tudo é de Deus e nem tudo é da carne e nada pode ser aceito sem discernimento. Tudo na festa de Pentecoste é parcial, pois é o início de um processo de separação.

João Batista veio pregando arrependimento e anunciando o reino de Deus. Num sentido, ele anunciou a Páscoa, a nossa humilhação total (pães asmos) e a esperança na graça de Deus, através do Cordeiro que viria para tirar o pecado do mundo. Ele batizava nas águas mas disse que viria um após ele para batizar no fogo. Dentre todas as descrições ou títulos que poderia ter dado a Jesus, João foi inspirado para ressaltar o aspecto principal do seu ministério — ser aquele que batiza no Espírito Santo e no fogo (Lc 3.15-17). João não disse que o batismo no Espírito seria a consumação do plano de Deus, mas que seria o início de um processo de separação. Jesus viria batizando no Espírito para separar a palha do trigo, ou seja,-a alma do espírito.

A separação do mundo pelo batismo nas águas é relativamente fácil—é uma experiência única e conclusiva. Mas a separação da alma do espírito é um processo árduo e contínuo. Só pode ocorrer pelo batismo no Espírito que Jesus veio trazer, entretanto o mero fato de receber este batismo não garante a consumação deste processo. Como aconteceu com o rei Saul, podemos receber o Espírito e não corresponder a ele e no fim ser rejeitados por Deus(1 Sm 16.14). Jesus disse que no último dia muitos lhe diriam que haviam profetizado e expulsado demônios em seu nome, e ele lhes falaria para se apartarem dele porque nunca os conhecera (Mt 7.22,23)

É difícil separar a alma do espírito (Hb 4.12). O mundo nem entende que há diferença entre os dois. Os dicionários chegam a definir a alma como a parte interior e espiritual do homem. Mas tudo que é da alma desagrada a Deus, porque provém da força humana. Deus só aceita o que é feito pelo Espírito. Se discernirmos o que é da alma e o que é do Espírito, Deus se manifestará através de nós de uma forma mais pura e poderosa.

Infelizmente muitas pessoas batizadas no Espírito manifestam mais a alma do que o Espírito. Usam os dons do Espírito para proveito próprio, contrariando uma característica do Espírito que é de não atrair atenção para si mesmo. O Espírito procura sempre glorificar a Jesus enquanto a alma nos leva para orgulho e exaltação.

A reação de muitos diante da situação de mistura nos meios pentecostais e carismáticos é jogar fora os dons e enfatizar somente a santificação e a “vida da cruz”. Ficam só com a Páscoa porque não querem a mistura do Pentecoste. Mas esta é uma atitude errada, pois sem passar por Pentecoste nunca chegaremos à festa dos Tabernáculos, à presença atual e real de Deus em nosso meio. O fato de ver pessoas cheias do Espírito, mas ao mesmo tempo cheias de si mesmas, com os mais variados tipos de problemas, não deve nos levar à rejeição do Pentecoste, e sim à conscientização de que o batismo no Espírito não é a solução final. Temos de receber o Pentecoste com todo o seu fermento e prosseguir na caminhada, permitindo que o Espírito vença nossa carne para que cheguemos à plenitude da perfeição na festa dos Tabernáculos.

Por outro lado, a maioria dos pentecostais e carismáticos hoje está tão embriagada com sucesso, com números e com crescimento, que não atenta para seu testemunho lamentável diante do mundo. Só pensa em construir templos maiores e crescer mais. Acha que o século XXI será uma repetição do século XX só que em escala maior. Pensa que Jesus voltará a qualquer momento para uma igreja cheia de pessoas que experimentaram Páscoa (superficialmente) e Pentecoste, mas cujas vidas estão cheias das obras da carne — inveja, porfias, fofoca, ambição, sensualidade, avareza e contenda. Consideram a santificação desejável, mas opcional.

Qual deve ser a nossa atitude diante destes dois extremos? Devemos jogar fora o Pentecoste, decepcionados com seus resultados, ou devemos entrar na festança generalizada nas igrejas hoje, esperando vagamente que, de alguma forma, Deus dará um jeito para a igreja ficar pronta para a vinda de Jesus? Se as coisas continuarem como estão, a igreja nunca será uma noiva “santa e irrepreensível” (Ef 5.27) para o seu Noivo! Assim como o século XX trouxe algo novo e revolucionário que mudou o jeito de ser da igreja sobre a face da terra (o batismo no Espírito Santo), o século XXI precisa introduzir um outro elemento, algo diferente do que temos visto até agora, se é para a igreja realmente se tornar santa antes da volta de Jesus.

Graças a Deus que não precisamos optar por nenhum dos dois extremos: não devemos jogar fora o Pentecoste por causa da sua mistura mas também não podemos nos satisfazer com ele. Está muito claro na Palavra de Deus que não são uma ou duas festas apenas, mas três! Deus não vai deixar seu plano para a humanidade incompleto. Se ele foi fiel para restaurar a Páscoa e o Pentecoste na história da igreja, certamente vai nos levar para a próxima etapa — Tabernáculos!

Em relação ao cumprimento desta terceira festa, porém, há um aspecto singular: enquanto as outras duas tiveram seus cumprimentos espirituais nas datas da sua observação figurativa e depois foram perdidas e restauradas na história da igreja, a Festa dos Tabernáculos nunca foi cumprida, perdida ou restaurada! Neste caso as palavras de Josué: “Por este caminho nunca dantes passastes” se tornam apropriadas para os nossos dias! (Js 3.4).Também as palavras de Isaías: “Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas. Eis que faço uma coisa nova; agora está saindo à luz; porventura não a percebeis?” (Is 43.18,19).

Assim como no ano religioso judaico a Páscoa e o Pentecoste vinham no início do ano e Tabernáculos no fim, no cumprimento cósmico do plano de Deus na terra, Páscoa e Pentecostes vieram há quase 2000 anos atrás, mas Tabernáculos ainda está por vir, no fim, nos tempos da consumação de todas as coisas. Assim como o maior argumento contra a validade do movimento pentecostal era de que os dons e manifestações do Espírito eram apenas para os dias dos apóstolos e não para os nossos dias, hoje haverá um argumento maior ainda contra a nova coisa que Deus fará, pois será algo que ainda não aconteceu — nem nos dias dos apóstolos! Se você estudar cuidadosamente a história das sucessivas ondas de derramamento do Espírito Santo no século XX, verá que sempre havia uma forte tendência de chamar aquilo que Deus estava fazendo de algo pleno e consumado. Mesmo no início do século já se falava que era a “Chuva Serôdia” (últimas chuvas) e que tinham o “Evangelho Pleno” (com o batismo no Espírito Santo en- tendia-se que o evangelho já estava completo). No Movimento Chuva Serôdia, em meados do século, voltaram a falar nestes termos. Em ambos os casos, porém, líderes sérios e sedentos logo reconheceram que isto não era verdade e que tinham experimentado apenas “gotas” da grande chuva final que Deus enviaria.

O homem tem uma forte tendência de sacramentar os movimentos do passado e rejeitar o que Deus quer fazer no presente. Na época de Moisés, idolatravam Abraão, na de Jesus, Moisés e assim por diante. Jesus disse que matavam os profetas e depois adornavam seus sepulcros (Mt 23.29-31). No início do século perseguiam os pentecostais e os chamavam de “fanáticos” e “incultos”. No fim do século, porém, os pentecostais e carismáticos se encontram “na crista da onda” com igrejas luxuosas, seminários bem estruturados, altos índices de crescimento e gozando de grande popularidade. Será que atitude terão diante das grandes mudanças de paradigmas que virão neste novo século para corrigir suas grandes deficiências?

Tabernáculos

Chegamos agora à nossa época e à fase onde o plano de Deus se encontra em nossos dias. Para entender isto com mais precisão devemos notar que as três festas do Senhor podem ser subdivididas em sete: a Páscoa inclui três (Páscoa, Pães Asmos e Primícias); o Pentecoste vem sozinho e Ta- bernáculos também inclui três (Trombetas, Expiação e Tabernáculos).

A Festa das Trombetas acontecia no primeiro dia do sétimo mês (Lv 23.24,25); o Dia da Expiação no dia dez deste mês (Lv 23.26- 32) e a Festa dos Tabernáculos, propriamente dito, começava no dia quinze e durava sete dias (Lv 23.33-44). Para entender o significado espiritual da Festa de Tabernáculos temos de entender as três festas que a compõem.

Na Festa das Trombetas havia uma assembléia solene e sonido de trombetas. No Dia da Expiação havia duas ordens expressas para o povo: nenhum trabalho ou esforço físico era permitido e todos deviam afligir suas almas. Tudo isso porque era o único dia no ano quando o sumo sacerdote entrava no santíssimo lugar para fazer expiação pelos pecados do povo (Lv 16). Na Festa dos Tabernáculos o povo buscava ramos e galhos de árvores e construía tendas e habitava nelas por sete dias para lembrar de como viviam no deserto antes de entrar na Terra Prometida (Lv 23.40-43;Ne 8.13-18).

O significado, tanto da Festa das Trombetas quanto do Dia da Expiação, só pode ser entendido plenamente quando se percebe sua relação com a Festa dos Tabernáculos. Seu valor e sentido decorrem da sua função como preparação para esta grande festa final de consumação de todo o plano de Deus na história.

Qual era, então, o significado deste costume de habitar em tendas de ramos por uma semana? Como mencionamos na página 12 do número 8 da Revista Impacto de nov/dez de 1999, a passagem de João 1.14 que diz: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” seria mais corretamente traduzida do grego como: “E o Verbo se fez carne e tabernaculou entre nós”. Quando Deus se fez carne e tomou sobre si o nosso corpo humano limitado e fraco, ele passou a morar numa estrutura temporária como uma tenda ou tabernáculo. Em 2 Coríntios 5.1-5, Paulo compara novamente nossos corpos físicos a tabernáculos e diz que agora gememos angustiados, desejando receber nossa habitação permanente, que seria o corpo glorificado (tal como o corpo que Jesus teve depois de ressurre- to). E finalmente, João diz em Apocalipse que a santa cidade, a nova Jerusalém, não terá templo nem tabernáculo, “porque o seu santuário é o Senhor Deus Todo-Poderoso e o Cordeiro” (Ap 21.22) e “o tabernáculo de  Deus está com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles” (Ap 21.3).

Portanto, se as tendas representam nossos corpos corruptíveis, fracos e temporais, a plenitude da Festa dos Tabernáculos só poderá ser experimentada quando tivermos corpos glorificados e formos lembrar da grande misericórdia de Deus e dos seus cuidados para conosco quando tínhamos corpos corruptíveis. Além disto, se você pegar toda a Bíblia e depurar todas as frases, afirmações e profecias sobre o alvo final de Deus na história, sem dúvida alguma verá que Deus anseia morar eternamente com seu povo na mesma unidade e amor que ele experimenta com seu Filho desde antes do mundo existir (Jo 17.5,21-26). (Se quiser um exercício interessante que mostra isto, procure na Bíblia todas as passagens onde diz: “Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus”.)

Portanto, a Festa dos Tabernáculos não fala apenas da glorificação do corpo físico, mas da formação, unificação e glorificação do Corpo de Cristo, a Igreja, o lugar da habitação eterna de Deus. Significa que Deus poderá finalmente dizer não apenas do seu Filho: “Este é o meu Filho amado em quem me comprazo” mas também: “Esta é minha igreja amada em quem me comprazo”. Significa que Deus se torna o nosso descanso e nós nos tornamos o seu. Ele será a nossa morada e nós a dele. Seremos um não somente com ele mas também uns com os outros. Será a união do espiritual com o material, do invisível com o visível, a verdadeira manifestação dos filhos de Deus (Rm 8.19-21), a perfeita . varonilidade, a medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef 4.13).

Este é o alvo glorioso de Deus, planejado desde antes da fundação do mundo para cumprir-se nos últimos dias, previsto pelos profetas e explicado com maior revelação e em mais detalhes pelos apóstolos (principalmente Paulo e João). Assim como a Festa dos Tabernáculos vinha na época da plenitude da colheita (Êx 23.16; Lv 23.39), o plano cósmico de Deus se cumprirá na plentitude dos tempos.

Trombetas

Portanto, a Festa das Trombetas e o Dia da Expiação vêm logo antes desta grande festa final de consumação. Se a vinda de Jesus está próxima, com certeza a realização destas festas preparatórias está mais próxima ainda. Que horas são no relógio de Deus? Em que fase do seu programa nos encontramos agora?

Páscoa e Pentecostes já foram cumpridas, perdidas e restauradas. Estamos terminando o século XX, o século da mais abrangente ação do Espírito Santo na terra em toda a história. Os primeiros raios de luz do novo século começam a aparecer no horizonte. Que novidades o século XXI nos reserva? O que passa no coração de Deus e que planos ele tem para seu povo na terra? O que falta ainda para o Espírito e a Noiva dizerem: “Vem!”?

Se atentarmos para o calendário profético das festas do Senhor, veremos que estamos prestes a entrar na Festa das Trombe- tas. E o que significa isto? Significa que é hora de parar de nos congratularmos com os números e a popularidade do movimento pentecostal e carismático e convocar uma assembléia solene para ouvir o sonido das trombetas. É hora de parar, refletir sobre o que Deus já fez e preparar-nos para o que ele está prestes a fazer.

As trombetas representam a proclamação da palavra profética. Chega de bons conselhos, técnicas de marketing e orientações psicológicas. Chega de palavras humanas, aprendidas em seminários, fundamentadas na lógica da mente natural, impregnadas de humanismo e condimentadas com eloqüência terrena. Deus quer falar! Será que vão lhe dar oportunidade?

E o que as trombetas vão anunciar? Chega de mistura, chega de fermento— Pentecoste já passou e o Dia da Expiação está chegando! Deus tem permitido muita mistura e muitos abusos mas está chegando o dia quando ele dirá: “Basta!” (Ez 44.6,7; 45.9). Você já se admirou por que hoje se cometem coisas muito mais abomináveis do que a ação de Ananias e Safira e ninguém morre? Deus tem tido misericórdia, mas as trombetas logo vão anunciar que este tempo de tolerância está terminando. As palavras de João Batista sobre Jesus batizar no Espírito Santo e no fogo e usar a pá para limpar a sua eira de toda a palha estão para serem cumpridas. Na euforia inicial do derramamento do Espírito, é lícito haver extravagâncias, mistura e festan- ça, mas logo as trombetas soarão avisando que é hora de parar de brincar e levar o Espírito Santo a sério. Ele veio para nos transformar na imagem de Jesus para que o Noivo possa voltar para uma Noiva gloriosa e santa. Sem santidade ninguém verá o Senhor. Quem não atentar para o aviso profético das trombetas sofrerá sérias conseqüências.

Quando a desobediência do rei Saul extrapolou os limites, Deus mandou Samuel parar de orar por Saul e ungir a Davi. Quando Deus manda parar de orar por alguém, a situação é irreversível. Hoje não podemos descartar muitos movimentos e igrejas apesar de constatarmos sérios abusos no meio deles, porque ainda não chegou a hora. Mas a hora está chegando e está bem próxima. Quando Samuel ungiu a Davi, o Espírito Santo foi retirado de Saul e um espírito mau da parte de Deus passou a atormentá-lo (1 Sm 16.1,13,14) e se o povo de Deus hoje não atentar à voz profética o mesmo pode lhe suceder também. Se ao invés de ouvir a voz do Espírito Santo, procuramos usá-lo para nossos fins egoístas e carnais, ele pode ser retirado de nós e no seu lugar um outro espírito pode passar a atuar sem que sequer percebamos a diferença.

Expiação

Depois da Festa das Trombetas vem o Dia da Expiação anunciado pelas trombetas. Este é um dia, não para arrependimento individual (algo que deve ser constante na vida do cristão), mas como igreja, como povo. Neste dia Deus pretende purificar seu povo completamente em preparação para a sua vinda para morar no meio dele na Festa dos Tabernáculos. Em nenhum lugar nas Escrituras você consegue chegar na consumação final do plano de Deus sem passar por este processo de limpeza e purificação. Nas grandes profecias de Isaías, Jeremias e Ezequiel e mesmo em alguns dos profetas menores, você sempre encontra a promessa de uma restauração do povo e do plano de Deus pela sua graça, mas somente após uma purificação (Ez 20.33-38; Jl 2.12-32; Am 4.12;5.6;MI 3.1-4).

“Eis que eu envio o meu mensageiro, e ele há de preparar o caminho diante de mim (Festa das Trombetas); e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, e o anjo do pacto, a quem vós desejais (todo mundo quer que Jesus volte e quer escapar dos problemas desta vida); eis que ele vem, diz o Senhor dos exércitos. Mas quem suportará o dia da sua vinda? e quem subsistirá quando ele aparecer? Pois ele será como o fogo de fundidor e como o sabão de lavandeiros; assentar-se-á como fundidor e purificador de prata (Dia da Expiação); e purificará os filhos de Levi, e os refinará como ouro e como prata, até que tragam ao Senhor ofertas em justiça” (Ml 3.1-3).

A palavra profética das trombetas virá para convocar o povo de Deus a esta assembléia solene do Dia da Expiação. Pararemos de criticar uns aos outros e começaremos a arrepender-nos pelos nossos pecados como igreja, como um todo, não somente na atualidade, mas também durante toda a história. Seremos como Daniel que confessou os pecados do seu povo em Daniel 9 e se arrependeu diante de Deus como intercessor no lugar de Israel como um todo. Nesta assembléia solene, todos, sem distinção alguma, serão convidados a participar: velhos, jovens, crianças, noivos e noivas, servos e servas (Jl 2.15-17). Antes de julgar o mundo, Deus precisa julgar sua igreja (1 Pe 4.17). Antes de batizar o mundo com fogo (2 Pe 3.7), ele precisa purificar sua igreja com o fogo (Mc 9.48,49).

Através desta forte experiência de arrependimento e purificação coletiva, a igreja será preparada para entrar no santíssimo lugar, para uma comunhão íntima com Deus, e a partir daí, os últimos acontecimentos de juízo sobre o mundo serão liberados. Desta hora em diante, o Espírito e a Noiva dirão: “Vem!” com cada vez mais urgência e instância, e o Noivo se apressará a pedir permissão ao Pai para atendê-los!

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