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Maria e Marta Sobem o Morro

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Por: Jesus Ourives

“Um coral de crianças do morro, é isso que nós queremos organizar.” Corria o ano de 1990, e duas mulheres cristãs – Edméia Williams e Helena Souza – manifestaram o desejo de formar um coral de crianças da favela do morro Santa Marta. Elas tinham conhecimento musical, participavam do coral da igreja e queriam ensinar as crianças da favela a cantar, como uma oportunidade de alegrar os pequeninos e, ao mesmo tempo, mostrar-lhes as maravilhas do evangelho. Com esse sonho no coração, subiram o morro.

O Morro de Santa Marta, cuja subida é quase a prumo, de tão íngreme, localizado numa área central nobre da zona sul do Rio de Janeiro, ali no Humaitá, era um dos mais violentos do Rio de Janeiro. Como em todos os morros do Rio, o tráfico de drogas é a atividade de grande parte dos jovens. No caso deste morro, não é a atividade principal, porque a maior parte da população do morro é constituída de trabalhadores que exercem as suas atividades lá em baixo, na cidade. A minoria que se dedica ao tráfico, entretanto, é a facção mais forte, por ser mais violenta e armada.

Os “rapazes”, como são conhecidos, ficam dia e noite fazendo a ronda do morro, armados com fuzis e pistolas. Há uma convivência pacífica entre os moradores do morro e os “rapazes”, desde que respeitadas certas normas tácitas que são do conhecimento de todos.

Depois de se apresentarem aos “rapazes”, as duas senhoras, já na casa dos quarenta, obtiveram permissão de contatar as crianças.

Porém, lá no alto do morro, no meio da favela de Santa Marta, elas tiveram um enorme choque. Criança no morro, a partir dos cinco anos de idade, ficava totalmente abandonada. O quadro era o seguinte: as crianças, na sua maioria filhos de mães solteiras, separadas, ou com marido preso, ou até daquelas que têm seu casamento em ordem, podiam ficar na creche somente até os cinco anos, para que as mães pudessem ir trabalhar. Depois dessa idade, não havia ninguém para tomar conta delas, e as mães precisavam continuar trabalhando

Resultado: criança a partir dos cinco anos ficava abandonada.

Perceberam imediatamente que teriam de mudar de estratégia. Não daria para começar com um coral; teriam de pensar em um projeto que pudesse ocupar aquelas crianças durante o dia, enquanto as mães saíam para trabalhar. Assim, como eram duas e estavam se inspirando na casa de Betânia, nasceu a idéia da CASA DE MARIA E MARTA, um empreendimento gerado no coração delas, sem qualquer apoio externo.

Com o passar do tempo, Helena, por motivos pessoais, foi obrigada a deixar a obra; Edméia continuou sozinha, porém sempre faz questão de mencionar que foi iniciada com a ajuda da Helena.

Foi na acolhedora sala da casa de Clóvis e Ivania Sajoratto, em Campinas, SP, que IMPACTO teve oportunidade de conversar com Edméia, que nos concedeu a seguinte entrevista:

Como foi no princípio?

Edméia – Desde o início da obra, nós insistimos num ponto – era necessário “que nos tornássemos um com elas –: as crianças”. Para isso resolvi “viver” na favela durante o período diário de assistência às crianças, que vai desde a hora em que as mães saem para trabalhar até o fim do dia, quando elas voltam para levar as crianças para casa. Não basta ajudar, é preciso conviver, tornar-se amigo – e não somente tornar-se, mas ser amigo de verdade. Muitas das crianças não sabiam o que era um abraço. Mas, agora, elas são tratadas “no abraço”.

Foi difícil?

Edméia – Ponha difícil nisso. Não só no começo da obra, mas em todo o tempo a dificuldade sempre existiu. O morro estava cheio de terreiros de macumba, a própria população trabalhadora não tinha expectativas. As crianças cresciam sozinhas, sujeitas a todos os riscos e perigos. Só o Senhor para nos sustentar, mas ele é fiel e nunca nos deixou na mão.

E como é a Casa de Maria e Marta hoje?

Edméia – São atendidas atualmente 170 crianças. Durante cada dia que passam na Casa de Maria e Marta, elas são alimentadas – três refeições –, vão para a escola e voltam, recebem cursos diversos, de música, dança, informática e reforço escolar, além de educação religiosa. Além disso, são alimentadas com o Evangelho de Jesus Cristo, exatamente na idade da fixação desses valores. O coral, que era o nosso sonho no começo, há 17 anos, agora já é uma realidade, mas só aconteceu há pouco tempo. O coral fazia parte do plano de Deus, mas ele tinha uma hora certa.

Quantas pessoas trabalham na obra?

Edméia – Oito pessoas trabalham: quatro, de tempo integral, e quatro, dois dias por semana – todas assalariadas. Não há trabalho voluntário, a não ser de uma senhora, D. Leni, que tem um ministério de oração e que sobe o morro para orar com as pessoas. A partir de 1994, passei a contar com a presença e o auxílio de Elizabeth Kay, uma jovem missionária inglesa da Igreja Batista. Kay, como é conhecida, além de ajudar na obra, também me acompanha nas viagens, levando um louvor maravilhoso (ela canta também em hebraico, devido à sua origem judia). Kay é como uma filha para mim.

Você pode mencionar os frutos do trabalho?

Edméia – Começamos há dezessete anos. Já se podem sentir os efeitos da obra: nos últimos três anos, o morro Santa Marta deixou de fazer parte da lista dos “morros violentos” do Rio; já não existem mais terreiros de macumba no morro; os antigos alunos, hoje adultos e cuidando das suas vidas, vêm com freqüência receber o meu abraço – nenhum deles foi perdido, graças a Deus.

Como é sustentada a obra?

Edméia – Deus é o Supridor, é o Jeová-Jirê. O Senhor toca no coração das pessoas para contribuírem. Eu mesma não peço nada, a não ser a Deus em oração. No ano passado, recebi de presente um carro novo, zero km, para nos ajudar no transporte das necessidades da Casa. São ofertas do povo de Deus e de algumas igrejas. Nestes 17 anos de vida, Deus tem suprido todo o necessário, e nada tem faltado. Louvado seja o Senhor!

Edméia Williams, 61 anos, viúva, é uma pregadora reconhecida nacional e internacionalmente, e muito querida e requisitada pelas igrejas que a conhecem e que conhecem a sua obra. E nestas viagens de pregação, toda oferta que ela recebe é carreada para a Casa de Maria e Marta. Também a venda das suas mensagens (preciosas) em CD tem contribuído. Tem, ainda, a receita da venda do seu livro, “Tesouros Escondidos”, editado pela MK, que faz parte da renda da Casa. A organização também recebe doações em espécie – alimentos, conservas, brinquedos, material escolar etc.

Casa de Maria e Marta
Tel. (0xx21) 2537-8681
e-mail [email protected] ou [email protected]

Pessoas e igrejas podem ajudar, fazendo doações diretas no UNIBANCO – Ag.0475-1 – C/C 123262-2; enviar gêneros para a Av.N.S.de Copacabana, n° 218 aptº 501, ou convidar a Edméia Williams para pregar na sua igreja

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2 respostas

  1. Estou encantada com este trabalho, trabalho este que só pode ser realizado com o grande amor de Deus fluindo em um coração.
    Gostaria de visitar a casa de Maria e Marta, o ministério ao qual faço parte está iniciando um trabalho de evangelismo em uma comunidade muito carente na periferia do RJ. Conhecendo seu trabalho fiquei a pensar se não poderíamos iniciar algo parecido para levar o amor de Deus nesta comunidade.
    Se for possível uma visita gostaria de saber qual seria o melhor dia.
    Um grande abraço, obrigada por tudo que aprendi!

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