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Localizando a Igreja Atual no Plano de Deus

A minha grande preocupação nesta virada do novo milênio é localizar a igreja de Jesus Cristo historicamente e no plano de Deus, para entender para onde deveríamos estar caminhando. E uma das conclusões mais claras que se tem ao comparar os propósitos de Deus com os acontecimentos passados, é que a história da igreja assim como a história do homem não foi uma linha progressiva de desenvolvimento ou aperfeiçoamento. O homem caiu, e por isso veio a intervenção de Deus na redenção; a igreja também passou por declínio, o que tornou necessária a restauração. A restauração da igreja aos propósitos originais de Deus é um processo que já está em andamento há muitos séculos, mas ainda não se completou. Por isto precisamos saber aonde estamos neste processo para poder acompanhar o mover de Deus e aceitar seu desafio para nossa geração.

Façamos então um breve sumário do processo histórico de declínio e restauração da igreja. A primeira vinda de Cristo foi o começo da igreja. O Messias, Homem-Deus, cem por cento homem e cem por cento Deus, o maior milagre da história humana, veio para a terra para fechar o abismo intransponível entre Deus e o homem. Viveu uma vida santa, em corpo humano, e morreu, sem pecado, para criar uma ponte entre Deus, santo e irrepreensível, e o homem, falho e pecador.

Em três anos de ministério, mostrou o reino de Deus na terra às multidões que o seguiam e principalmente aos discípulos que escolheu para estarem mais próximos a ele. Treinou-os em tudo o que lhes seria necessário para que continuassem seu ministério após sua partida. Instituiu-os apóstolos!

Depois de sua morte e ressurreição passou mais quarenta dias com eles explicando-lhes muitas coisas, e dez dias depois de partir derramou seu Espírito Santo, para os capacitar a fazer toda a obra necessária.

Esse foi o começo da igreja. Comunhão entre os que haviam estado com Jesus, que se lembravam de suas palavras e com alegria compartilhavam seus bens. Muitos se convertiam e se juntavam aos primeiros. Mesmo sem nunca ter visto o Mestre em carne e osso, sua presença era tão real através do Espírito Santo na vida dos irmãos, que era como se o conhecessem a cada dia. Grandes dias, em que a Palavra era Viva no meio deles e o resultado era uma vida de santidade!

Aos poucos, com a morte dos apóstolos e o desaparecimento dos que haviam estado com Jesus, a presença do Espírito Santo rareou até sumir completamente. A Palavra Viva sumiu! Doutrinas, liturgias, e divisão entre clero e leigos começaram a surgir. Instituição tomou o lugar da vida!

Organização substituiu a presença de Deus! E o povo ficou sem palavra apostólica, sem o Espírito Santo, sem a presença viva de Jesus.

A igreja decaiu, a ponto de até a Palavra Escrita desaparecer do meio do povo. Em mosteiros escondidos, a Palavra continuava sendo preservada através de cópias, feitas a mão pelos monges, no latim. Mas o povo, em geral, vivia uma época de escuridão!

Um dos marcos principais deste declínio ocorreu no ano de 312 d.C. quando o Imperador Constantino, apesar de estar em desvantagem, ganhou uma batalha decisiva, logo após ter visto uma visão de uma cruz no céu. A partir de então, ele legalizou e até recomendou o Cristianismo para todos os que pertenciam ao seu grande Império Romano. Foi o casamento da igreja com o Estado, ou mais precisamente, o mundo entrando na igreja. Seu sucessor, Teodoro, foi mais adiante, ao obrigar que todos do Império Romano se tornassem cristãos. Foi o começo de uma longa escuridão espiritual que durou mil anos! Uma apostasia que introduziu o Cristianismo nominal a grande parte da Europa, mas que resultou em pouca vida a qualquer de seus seguidores.

Ao fim de mil anos, foram observados raios que anunciavam um novo dia! Na Inglaterra, Wycliffe, um professor de universidade, traduziu a Bíblia do latim para o inglês. Após ler Mateus 10, seus discípulos saíram de dois em dois para pregar! Sem cópias da Bíblia para levar em mãos, mas apenas tendo-a lido, saíram a pregar o que aprenderam. Pregavam que a Palavra de Deus escrita era a autoridade máxima, e não o papa nem a Igreja Romana! Na Europa Central, John Huss, e na Itália, Savanarola, tendo ouvido falar de Wycliffe, também passaram a fazer parte da restauração da Palavra Escrita. Houve um impacto tão forte em Florença, na Itália, que milhares de livros de ocultismo foram queimados na praça. Algum tempo depois John Huss foi perseguido e queimado em praça pública pela Igreja instituída.

Muitos morreram no processo de restauração da Palavra Escrita, mas não podiam matar a palavra de Deus, nem sufocar o Espírito que estava nesses homens! Ficava mais e mais forte. A palavra de Deus é que criou o mundo! E que vai trazer outro mundo a existência! Como poderia continuar escondida? O Espírito Santo já começava a atiçar corações para o começo de uma restauração que culminará na volta do Senhor Jesus Cristo.

Por volta de 1500 d.C. surgiu Lutero, na Alemanha. Um padre, professor de teologia que, ao buscar o verdadeiro sentido de fé, salvação, presença de Deus real, encontrou a resposta no livro de Romanos. Em uma mensagem revolucionária que dividiria a Europa em Católica e Protestante, e posteriormente as Américas também, ele pregou a justificação pela fé. Depois de tentar, durante muitos anos, negar a si próprio e castigar a sua carne buscando redenção de seus pecados, ele descobriu que pelas obras era impossível encontrar justificação. Mas que a fé ao ouvir a palavra de Deus poderia trazer justificação completa.

Lutero trouxe uma reforma para a igreja, que é conhecida como a Reforma Protestante. Na verdade foi um passo tremendo para toda a igreja de Jesus na terra, em que a Palavra Escrita voltou definitivamente às mãos do povo, e a verdadeira base da justificação foi restaurada. Mas eu a chamo de Segunda Reforma porque a Primeira foi quando Jesus veio para inaugurar a época da graça. Não para abolir a lei, mas para dar condições de cumprir a lei sem força humana. Isto seria possível pelo seu Espírito de Homem-Deus que ele liberou quando morreu, ressuscitou e subiu ao Pai e que só agora podia realmente vir habitar no homem.

No século 18, 200 anos depois de Lutero, surgiu outro homem na Inglaterra, chamado John Wesley, um padre da igreja Anglicana, muito diligente e que buscava santidade. Formou na faculdade um clube santo. Queria ser santo. Praticava discipulado, com seriedade. Depois da sua formação teológica, foi para a América do Norte evangelizar os índios, mas descobriu que ele mesmo não era convertido. No navio encontrou os morávios, seguidores de John Huss. Durante uma tempestade, ficou impressionado com a tranqüilidade que demonstravam diante de grande perigo. Enquanto todos se desesperavam, estes continuavam servindo aos outros, suportando insultos sem perder a calma. Depois de voltar da América do Norte, durante uma reunião em que alguém lia o prefácio de Lutero ao livro de Romanos, ele se converteu. Mas Wesley foi além de Lutero, pois buscou, praticou e pregou não só a justificação, mas a santificação também.

Isto revolucionou a Inglaterra. Milhares de pessoas se converteram; centenas de milhares ouviram suas pregações. Na mesma época em que acontecia a revolução sangrenta na França, a Inglaterra estava sendo profundamente impactada pelas pregações de John Wesley, e pelos grupos de metodistas que se levantavam por todo o país.

Desta forma, a doutrina da santificação foi restaurada à igreja. Era definida por Wesley, ou por seus seguidores, de cinco maneiras diferentes: Amor perfeito, não amor humano ou carnal, mas o amor de Deus que cumpre a lei; santificação total, de corpo, alma e espírito; perfeição cristã; batismo no Espírito; a segunda obra da graça (a primeira era conversão ou justificação).

Finalmente, no século XX, veio uma nova etapa da restauração. Depois da Palavra Escrita, e das experiências de justificação e santificação, veio a restauração do batismo no Espírito Santo. Foi significativo o fato de isso acontecer nas vésperas do primeiro dia do ano de 1901. Um grupo numa escola bíblica no centro geográfico dos Estados Unidos estava procurando entender o que era o batismo no Espírito Santo, e qual seria o sinal deste batismo. Uma moça jovem começou a falar em línguas, e ficou tão cheia que não conseguia parar por vários dias! Daí espalhou-se pelo país e pelo mundo, abrindo assim o século que seria o século de onda após onda do Espírito Santo. Muitas vidas foram transformadas e grandes avivamentos surgiram, como o da Rua Azusa. Paralelamente a todos estes acontecimentos houve etapa após etapa de restauração da nação de Israel.

Portanto, esta foi a linha de declínio e restauração da igreja durante estes dois mil anos. A obra que Jesus veio fazer na sua primeira vinda para enviar seu Espírito para habitar nos homens e capacitá-los a cumprir toda a vontade de Deus foi perdida progressivamente, e depois restaurada também passo a passo. A igreja nasceu no dia de Pentecoste com o derramamento do Espírito, com poder e grandes sinais. O resultado foi a habitação do Espírito no interior dos discípulos, que produzia pessoas transformadas, semelhantes a Cristo, ou cristãos. Estas realidades foram perdidas durante os séculos de escuridão, mas a partir de 1300, Deus foi restaurando o que fora perdido, mas numa ordem inversa.

Primeiro o Espírito voltou a habitar no interior do homem com a restauração da Palavra Escrita e da aceitação do dom de justiça pela fé. O ministério de John Wesley fortaleceu e aprofundou mais ainda esta obra interior do Espírito. E depois, o século XX trouxe o derramar do Espírito, com poder e sinais, de maneira dramática e alcançando países, povos e denominações por todo o mundo.

O que falta? Estamos esperando o maior acontecimento de toda a História, a Segunda Vinda de Cristo. Jesus voltará! Você crê nisto? É claro que dirá que sim. Todos nós que cremos em Jesus e na sua Palavra concordamos com isso, mas é só mentalmente. Se crêssemos de coração, seríamos revolucionados. Algo tremendo aconteceria todo dia! Mas começa assim: primeiro na teoria, depois vem a revelação e a revolução.

Então Jesus vai voltar. Para quê ele vai voltar? Para receber um povo santificado através do Espírito desse Homem-Deus, que foi enviado exatamente para preparar este povo durante o intervalo entre a primeira e a segunda vinda. Em outras palavras, Jesus vem para se casar! Mas só pode se casar com uma noiva santa e pura!

A tarefa da igreja é santificar-se para se unir com Jesus na sua volta. Nosso destino é ser noiva para casar e entrar na família de Deus! É tremendo! Ele é nosso pai e ele quer uma família através do casamento com seu Filho.

Mas onde estamos neste processo? Já temos a Palavra Escrita em grande parte do mundo, traduzida para centenas de línguas. Temos as doutrinas de justificação e santificação. Temos as experiências do Espírito Santo, milagres, manifestações, toda espécie de dom e sinal. Mas temos Jesus vivo em nosso meio? Temos a palavra apostólica e viva, ou comunhão, ou relacionamento?

A restauração das doutrinas foi importante, mas sem algo mais, elas só dividem e criam multidões de facções e opiniões. O Espírito derramado foi tremendo, mas o século passado mostrou que é possível ter poder e dons, e não ter comunhão nem com outros irmãos, nem com Deus. Não adianta só buscar poder. Podemos entrar em manifestações falsas, heresias, espíritos estranhos, confusão. O movimento carismático está caindo, assim como aconteceu com tantos outros movimentos anteriores que se estacionaram. Não estou falando de jogar fora ou rejeitar o que Deus fez, mas de entender que não alcançamos o que Deus planejou quando enviou o Espírito do Homem glorificado.

O que falta então? O que Deus quer fazer na nossa geração? O que nos preparará para a volta de Cristo?

Este artigo e os três a seguir foram escritos por Christopher Walker, baseado nas palestras de John Walker no 3º Seminário “Para Onde Vai a Igreja na Virada do Milênio?” de 22 a 25 de junho de 2000.

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