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Juros: Uma Arma Poderosa!

Autor: Profº Ms. Engº Daniel José Machado

Formação Acadêmica: Graduação: Engenharia Civil (USF): 1986. Especialização (lato sensu): Engenharia de Produtos (USJT): 1988. Mestrado (stricto sensu): Ciências Contábeis, Financeiras e Atuariais (PUC/SP): 2002. Experiência Acadêmica: Coordenador de cursos de Pós-graduação lato sensu. Palestrante. Orientador de Monografias. Professor em cursos de Pós-graduação, MBA e Graduação nas Disciplinas de Contabilidade, Finanças, Metodologia e Produção. Experiência e Formação Profissional: Consultor Financeiro, Administrativo e de Processos. Sócio Diretor da PGPA. Engenheiro Civil e de Desenvolvimento de Produtos.

Segundo o dicionário AURÉLIO (1999), Independência vem apontada como estado ou condição de quem ou do que é independente, de quem ou do que tem liberdade ou autonomia e ainda bem-estar; fortuna ou caráter de quem rejeita qualquer sujeição. Quem não gostaria de atingir esse bem-estar, de possuir autonomia e acima de tudo, conquistar a liberdade financeira? Acredito que todos, e isso só depende de nós. Ser independente financeiramente é questão de cultura, ou seja, depende exclusivamente da maneira como pensamos, da nossa atitude. Acontece que, na maioria das vezes, não fomos criados com esse pensamento; atribuímos ao acaso a nossa sorte futura, como se fôssemos eternos e como se nunca fôssemos perder o nosso ânimo nem nossa capacidade de gerar fluxo financeiro positivo. Pior que isso, a maioria acredita que só se consegue dinheiro trabalhando arduamente como empregado numa boa empresa.

Possuir um bom emprego é só uma maneira de conseguir fluxo de caixa positivo; porém, não adianta nada, mesmo que se possua um polpudo salário, caso se gaste todo dinheiro ganho. Existem pessoas que parecem tomar “laxante econômico”, ou seja, gastam tudo que ganham. A equação fundamental do poupador é: Poupança = Rendimentos líquidos – total dos gastos; mas só existe caso seja positiva, caso contrário, gastando mais do que se recebe – o que é mais comum do que se imagina – não haverá poupança e sim, dívidas.

KIYOSAKI e LECHTER (2000) colocam de uma maneira genial que os pobres trabalham pelo dinheiro, enquanto os ricos fazem o dinheiro trabalhar para eles, ou seja, todo dinheiro aplicado, que rende juros, está trabalhando para nós. Quanto dinheiro possuímos que está trabalhando para nós? Deveríamos cuidar e respeitar muito esse dinheiro, dar tratamento especial, já que é o único a nosso favor e muitas vezes é o primeiro a ser sacrificado. O segredo é que sempre que um real vier a ser nosso “empregado”, nunca o “despeça”, nem por justa causa; como regra, mantenha-o intocado, considere que este real não existe mais, para as despesas banais. É como a galinha dos ovos de ouro, deixe-a lá botando ovos, se ficar tentado a comer a carne da galinha, não haverá mais ovos. É como o patrício que tinha uma máquina de fazer dinheiro, ficou “duro” e vendeu a máquina.

Freqüentemente se ouve “… mas com o que ganho não sobra nada para poupar”. Muitas vezes as pessoas que dizem isso gastam sem perceber, por exemplo, fumando, entrando no cheque especial ou girando o cartão de crédito. Vamos supor alguém que fume um maço de cigarros por dia durante 40 anos (será que consegue durar tanto?). Considerando-se que um maço de cigarros de qualidade custe R$ 2,00, teríamos um gasto de R$ 60,00 mensais. Com R$ 60,00 por mês, aplicados numa poupança que paga 0,5% por mês acima da inflação, teríamos no final de 480 meses (40 anos), R$ 119.490,00, quase R$120.000,00, já descontada a inflação. R$ 120.000,00 aplicados numa poupança, renderiam hoje cerca de R$ 840,00 mensais, pelo resto da nossa vida, da nossa esposa, dos nossos filhos – ou seja, se ninguém retirar o principal, criamos uma perpetuidade, considerando um rendimento médio da poupança em 0,7% ao mês. Cabe lembrar aqui que os planos de previdência não são perpétuos, ou seja, quando você morre, o dinheiro fica para a seguradora.

Os juros embutidos, taxas e multas muitas vezes passam desapercebidos nos orçamentos domésticos, pois muitas vezes não são fáceis de se apurar. Por exemplo, você saberia dizer quanto pagou de juros e/ou multas o mês passado? Imagine que você deve R$ 1.250,00 no cartão de crédito e resolve pagar o mínimo de 20% este mês. Pagando R$ 250,00, rolaria R$ 1.000,00 a uma taxa de 10,5% ao mês, e o mês que vem receberia uma fatura de R$ 1.105,00, sem ter gasto nenhum centavo. Guardando R$ 1.000,00 numa poupança que rendesse 0,7% ao mês, você levaria 14,3 meses para juntar R$ 105,00, sem mexer no principal nem nos juros. Em outras palavras, leva-se 14,3 meses para juntar com R$ 1.000,00 o que se pagaria por ele em apenas 1 mês.

A previdência social oficial está falida e já passou da hora de sofrer uma reforma drástica – os governantes vêm protelando pois certamente quem o fizer, não se elegerá nunca mais – e já não possui mais recursos para continuar pagando a aposentadoria conquistada pelos servidores públicos e pelos empregados das empresas privadas. Nos anos 50, a proporção dos contribuintes ativos que contribuíam para o sossego dos inativos, era de 8 para 1, hoje esta proporção é de apenas 1,7 para 1. Quanto será quando chegar a nossa vez? Por isso, contar só com a previdência oficial é certamente esperar um futuro de dificuldades e privações.

Por isso, o primeiro passo a ser dado no sentido de nos prepararmos para a hora que não dispusermos mais do nosso vigor físico para manter um padrão de vida razoável, até os últimos momentos da nossa vida, é começar a ficar atento aos gastos imperceptíveis, embutidos, que vêm disfarçados e maquiados com todos os requintes de status e ilusórios bem-estar, para nos atrair a um labirinto que parece não ter saída. Fique atento e caso se encontre nessa arapuca, procure a saída. Sempre existe uma saída, mas tem que começar a mudar. A mudança começa com a maneira em que encaramos o assunto; precisamos mudar a forma como pensamos, e isto pode implicar numa mudança radical, mas vale a pena.

Bibliografia:

AURÉLIO, Dicionário Eletrônico. Século XXI. Versão 3.0: Nov/1999.
HALFELD, Mauro. Investimentos: como administrar melhor seu dinheiro. São Paulo: Fundamento Educacional, 2001.
KIYOSAKI, Robert T.; LECHTER, Sharon L. Pai Rico, Pai Pobre. 28ª ed. Tradução: Maria J. C. Monteiro. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

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