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John Lake – O Evangelho dos Valentes

Um dos fatores que Deus usou para gerar a ousadia – uma das marcas do ministério de John Lake ao enfrentar a morte, a doença e o pecado –, foi a inconformidade com a atitude de passividade e complacência que encontrou na igreja em geral e nos seus líderes em especial. Diante da doença, por exemplo, a opinião prevalecente na igreja era de que se devia aceitar sofrimento e dor com paciência e resignação, como se essas coisas viessem pela vontade de Deus. Em seu primeiro contato com o evangelista John Alexander Dowie, Lake não só foi curado do reumatismo que deformava seu corpo, como também recebeu a primeira revelação do “evangelho dos valentes”. Para mostrar melhor o que queria dizer com isso, extraímos alguns trechos de um sermão de John Lake intitulado “O Caminho do Valente para Deus”.

Uma Nota Perfeita

Os músicos falam de uma nota musical que seria a nota de perfeição máxima. É uma nota que não pode ser encontrada no teclado de instrumento algum, só na alma [ou seria no espírito?] do músico. Quanto mais próximo o músico conseguir harmonizar seu instrumento com essa nota interior, mais perto da perfeição ele terá chegado.

Existe uma nota de perfeição máxima também no coração do cristão. É a nota de vitória consciente através de Jesus Cristo. Quanto mais próxima nossa vida for afinada dessa nota, maior será a vitória evidenciada em nossa vida.

Durante o tempo em que trabalhei na África do Sul, havia uma jovem senhora que recebera o batismo no Espírito Santo quando tinha 16 ou 17 anos. Quando sentia o mover do Espírito, ela ia para o piano e expressava a música que ouvia no seu interior. Outras vezes, cantava a música dos céus em uma língua angelical. Quando Deus lhe dava a interpretação, cantava novamente a mesma música na nossa língua.

A famosa contralto inglesa, Clara Butt, quando esteve na África do Sul, ouviu falar dessa senhora e pediu-me para levá-la até ela. “Tenho ouvido falar de uma música diferente que você toca; gostaria que me mostrasse como é”, pediu-lhe. Ela não sabia que tal música só poderia ser tocada sob ação do Espírito. Curvamos então nossas cabeças em oração e esperamos em Deus; quando a presença do Espírito veio, jorrou pelas mãos da moça uma demonstração daquela maravilhosa, inebriante música celestial.

Fiquei ali esperando para ver o efeito que a música teria sobre a cantora e seus acompanhantes. Clara Butt estava em lágrimas silenciosas. “Minha jovem”, ela disse no final, “essa música pertence a um mundo que conheço muito pouco. Oro todos os dias da minha vida para que Deus me permita entrar nele. É na esfera desse mundo que está a nota máxima que minha alma, vez por outra, ouve, mas que ainda não pude tocar pessoalmente.”

Amado, na vida cristã, no coração de Deus, há também essa nota de perfeição máxima. É uma nota tão apurada, doce, verdadeira, pura e boa que enche a nossa alma com alegria indescritível e faz com que todo o nosso ser responda.

Durante todos os séculos da história, algumas pessoas tocaram Deus e ouviram essa nota. Creio que Davi foi ensinado por Deus enquanto ficava nas encostas dos montes, cuidando das ovelhas de seu pai. Ele aprendeu o poder e a bênção dessa nota máxima; e, enquanto sua alma subia à presença de Deus, foram gerados os salmos que estão registrados nas Escrituras.

Cristianismo com a Nota Perfeita

Existe ainda hoje um Cristianismo com essa nota elevada. De fato, o Cristianismo que é verdadeiro e autêntico está contido justamente nessa nota sublime, pois é algo do céu e não da Terra nem da vida natural. É a nota que vem do céu e enche a alma do homem. A alma do homem sobe ao céu para tocar em Deus; ao tocá-lo, recebe a expressão divina para ser reproduzida em sua própria vida e natureza.

Amado, há uma vitória em Deus, uma vitória que caracteriza o andar diário do cristão que nasceu do alto. É a salvação do valente, que vem de Deus em conseqüência do espírito do homem ter tocado no Espírito de Deus. Quando a pessoa recebe esse toque de Deus em seu espírito, ela não precisa que alguém lhe diga o que aconteceu, pois tem consciência clara da união com o Espírito de Deus que iluminou seu coração, encheu sua alma de gozo santo e fez seu ser irradiar a glória e presença de Deus.

Há muito tempo, todo o meu ser deseja com profundo anseio apresentar essa elevada e autêntica nota divina de tal forma que o espírito das pessoas possa subir a Deus ao lugar de poder, pureza e força em que a presença, o caráter e as obras de Cristo sejam implantados nelas. Não deveria haver distinção entre o exercício do verdadeiro poder de Deus como foi visto em Jesus e a reprodução dele na vida de um cristão.

Veja a nota que estava na alma de Paulo, que caracterizou sua mensagem e que foi expressa por ele em Romanos 1.16: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê…”

Essa é a nota que tem ressoado durante os séculos passados, que tocou os corações dos homens e que ainda os toca hoje. O Cristianismo NUNCA FOI PLANEJADO POR DEUS PARA PRODUZIR UMA MULTIDÃO DE FRACOTES. Seu propósito foi produzir uma raça de pessoas ousadas, fortes, puras e boas. Aqueles que são maiores, mais fortes e mais nobres sempre são os mais humildes.

A coisa mais linda sobre o evangelho é que ele elimina da vida do homem aquilo que é por si mesmo, natural, carnal e terreno. Traz à tona qualidades belas e admiráveis: abnegação, vida de pureza, paz, força e o poder do Filho de Deus. Como é agradável poder contemplar alguém que teve a natureza refinada assim pela habitação do Espírito do Deus vivo!

O Poder do Evangelho

Cristianismo é o evangelho dos valentes. Foi projetado para tomar os fracos, os caídos, os falhos, os que estão sofrendo e morrendo e, pela aplicação da graça e o poder de Deus, elevá-los ao Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo (Jo 1.29). Glória a Deus!

Bem fundo, no coração do homem,
Esmagado pelo tentador,
Encontram-se sentimentos enterrados que a graça é capaz de restaurar;
Tocado por um coração de amor,
Despertado por bondade,
Cordas que estavam rebentadas
Hão de vibrar outra vez.

Não importa o quanto a alma esteja esmagada, a natureza bestializada, a imagem divina apagada; quando tocada pelo Espírito do Deus vivo, a pessoa lançará fora o que é terreno e sensual e reproduzirá outra vez a pura nota do som celestial, a mensagem mais alta dos céus, o cântico de triunfo em louvor vivo ao Deus vivo. Aleluia!

A presença de Cristo na alma do homem produz, em primeiro lugar, a pureza que é sua própria natureza (Tg 3.17). E sobre a alma purificada vem, da parte de Deus, uma medida maravilhosa do Espírito Santo para capacitar a pessoa com a atividade divina, com o dom da mente de Deus e com o poder sobrenatural, elevando-a pela graça de Deus para viver naquele lugar de santo e celestial domínio no qual Jesus conscientemente se movia e sempre cumpria a vontade de Deus.

Jesus não era intimidado ou dominado pelas circunstâncias e condições ao seu redor, pois reconhecia o poder criativo que havia nele em virtude da união com o Pai. Amado, sua alma nunca demonstrará o poder de Deus em qualquer medida substancial enquanto não compreender que o mesmo princípio que operou em Cristo pode tornar-se um poder criativo real em sua vida a ser aplicado às suas próprias necessidades e às daqueles que estão à sua volta.

Nosso problema é que estamos tentando viver uma vida celestial no estado natural, sobrecarregados pelas cargas e cuidados da carne e da vida à nossa volta. Mas há um lugar de vitória e libertação, onde a carne não mais nos escraviza. O coração que se unir a Cristo e que exercitar o poder de Deus sobe a uma elevada consciência de domínio celestial que já existe em Jesus, porque ele é o vencedor, o único que venceu. Quando meu coração é unido ao coração dele, quando seu Espírito flui como corrente celestial dentro de mim, quando todo o meu ser é inundado e inspirado pela vida de Deus, eu também me torno vencedor, de fato e de verdade.

O alvo final do evangelho e da redenção comprada pelo Filho de Deus é fazer de todo homem – escravizado pelo pecado e pela sensualidade da carne – uma pessoa igual ao próprio Jesus. Não filhos de Deus numa ordem inferior, mas filhos de Deus assim como Jesus. Cristo por dentro e Cristo por fora. Cristo no seu espírito, na sua alma e no seu corpo. Não só vivendo a vida dele, mas realizando as obras dele pela graça de Deus. Era este o evangelho do qual Paulo não se envergonhava.

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