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Impacto Profundo – Entrevista

‘De padre a pastor pentecostal, se havia vida, publicávamos’

Veja a seguir a entrevista de Harold e Christopher Walker a respeito do ministério de literatura que culminou na revista Impacto. Como a entrevista foi feita com ambos, optamos por publicar seus nomes apenas na primeira resposta.

Revista Impacto: Como foi o início do trabalho?

Harold Walker e Christopher Walker: Começamos reproduzindo os estudos que nosso pai estava fazendo em Rubiataba, em mimeógrafo a álcool que gerava no máximo 50 cópias, as quais eram enviadas para pessoas conhecidas, principalmente em Belo Horizonte, porque havíamos morado durante quatro anos na região, em Lagoa Santa. Depois passamos a usar mimeógrafo a tinta e, finalmente, uma impressora offset de mesa.

Havia planejamento e periodicidade na publicação dos livretos?

Não tínhamos planejamento nem periodicidade. À medida que sentíamos vida e unção em algum artigo ou matéria, começávamos a trabalhar na tradução e preparação da mensagem. Assim que ficava pronta, mandávamos pelo correio. Nosso cadastro, que era uma gaveta de fichas datilografadas, chegou a aproximadamente 5 mil nomes e endereços em 12 anos.

Como era o serviço postal da cidade?

Era precário e, nos primeiros anos, não fazia entregas aos endereços na cidade. Por isso, alugamos uma caixa postal, que visitávamos todos os dias para buscar as correspondências. O endereço, em nome de John Walker, Caixa Postal 65, ficou famoso e ainda pode ser encontrado em muitos livretos antigos no nosso estoque.

Houve um momento em que o ministério de Rubiataba passou a publicar mensagens de irmãos de outros países. Como foi isso?

Isso começou com Alfred Adan e sua esposa Donna. Ele era gerente da gráfica da Missão Wycliffe em Brasília. Christopher foi a um encontro para ouvir Christian Chen, um irmão chinês e profundo expositor da Palavra, e ficou hospedado na casa de Alfred e Donna. Eles tinham uma caixa de fitas cassete de pregações, distribuídas pelo ministério New Wine (Vinho Novo) de Fort Lauderdale, nos EUA, um grupo de mestres que procuravam levar os cristãos do movimento carismático à maturidade em Cristo. Eram nomes como Bob Mumford, Derek Prince, Ern Baxter e outros. Emprestaram a caixa inteira de fitas e causaram uma revolução entre nós, tanto na igreja quanto no ministério.

Como transmitiam essas mensagens em inglês para uma igreja formada de pessoas simples, como a de Rubiataba?

Em alguns casos, colocávamos a fita para rodar e íamos parando e traduzindo a mensagem, frase por frase, para os irmãos. Era um processo trabalhoso e demorado, mas a igreja ficava impactada.

Depois, resolveram também imprimir algumas dessas mensagens?

Isso mesmo. Traduzimos primeiro A Patrola de Deus (de uma série de sete mensagens, cujo título original era Reinando em Vida, de Bob Mumford), em 1974.

Os contatos com a igreja brasileira foram então aumentando?

Sim, passamos a procurar, a sermos procurados, ter contatos, receber e visitar homens de Deus como Adiel de Oliveira, que tinha um centro ministerial, em Ribeirão Preto, que influenciava gente de várias outras partes do país, Miguel Piper e Thomas Wilkins de Curitiba, Harry Scates de Uberlândia, Carlos Alberto Bezerra de São Paulo, Robson Rodovalho, Cirino Ferro, César Augusto, Bené Gomes e outros de Goiânia, Telmo Weber – que nos ajudou muito no início do ministério, revisando os artigos –, João Antônio de Souza Filho, Moysés Moraes e outros de Porto Alegre, Nilo G. Rédua Júnior, Marco Antonio e Ary Caetano do Rio de Janeiro, Jonathan Ferreira do Santos, Jamê Nobre e Ulysses Bueno em São Paulo e região, entre outros.

Até quando vocês trabalharam de forma artesanal?

Sempre fomos um tanto artesanais, mas, em 1977, conseguimos comprar uma impressora offset de mesa, e a qualidade do material melhorou, porque também trocamos a velha Remington por uma máquina de escrever elétrica, uma IBM esférica. Até hoje, temos alguns dos materiais que foram impressos naquela época, como também inúmeros irmãos que os mantêm em suas estantes e gabinetes pastorais. São literaturas preciosas, com capas artesanais e impressão imperfeita, mas que mudaram muitas vidas. Tudo isso fez parte da história da igreja do Brasil, é um legado – pelo menos é o que temos ouvido de muitos irmãos até hoje…

Houve um momento em que vocês foram convidados a sair de Rubiataba para ministrar em outros locais?

Isso começou a acontecer em 1978, quando o Christopher passou a viajar com maior frequência. Ele ia e levava no bagageiro do ônibus caixas cheias de livretos e apostilas. Aliás, toda a nossa vida tem sido marcada pela lembrança de viagens em que levávamos uma porção de caixas para lá e para cá, descendo e subindo os volumes de carros e de ônibus, no sol e na chuva…

Quando começaram os famosos seminários de Rubiataba?

Em janeiro de 1979, a partir de uma iniciativa do nosso pai. Ele queria que as pessoas deixassem de pensar na Bíblia como um livro misterioso de capa preta, e que passassem a entender o que há nela. Nesses seminários, conhecemos várias pessoas influentes de partes diferentes da igreja brasileira, e houve a formação de vínculos importantes. Alguns dos  estudos resultaram em materiais que distribuímos até hoje, como Visão Panorâmica da Bíblia, O Altar na Bíblia, Visão Profética, A Restauração da Palavra e outros que não foram publicados. Nosso pai gostava de fazer estudos que mostrassem a coerência e o pensamento central da Bíblia.

Como seu pai conseguiu manter toda a família unida nesse propósito?

Ele ensinou uma disciplina de devoção pessoal, fazia cultos domésticos bem intensos, inclusive quando éramos jovens, separava dias para fazer jejum e períodos em que procurávamos praticar o que a Bíblia chama de ministério ao Senhor, que nada mais era que ouvir de Deus juntos, aos sábados de manhã.

Qual era a linha teológica que vocês seguiam?

Uma característica marcante era o fato de não possuirmos uma linha exclusiva. Publicávamos o que sentíamos que era de Deus, algo que tivesse vida. As fontes podiam ser tão distantes quanto um padre católico como Henri Nouwen (Espaço Para Deus) e de um pastor da Assembleia de Deus como James Hamann (Vida em Comunidade – Estruturas Que a Impedem). Publicávamos materiais de John Noble e outros autores ingleses da revista Fulness, artigos da New Wine, da Christianity Today – enfim, de fontes bem variadas. Mas não era porque queríamos demonstrar diversidade; era porque os artigos ou mensagens haviam nos impactado, sentíamos que eram palavras de Deus para aquela hora.

Depois de um tempo, no final dos anos 90, surgiu a revista Impacto. O que ela significa nesta caminhada?

Entendemos que uma das coisas que Deus nos chamou para fazer é guardar, manter e distribuir esse legado que vem sendo formado ao longo destes quase 40 anos. A Impacto faz isso e mais, porque é um veículo atual. Não é uma revista que surgiu por acaso, mas é uma continuação do encargo que Deus nos deu. E queremos continuar sendo fiéis ao Senhor nisso. Seu conteúdo nesses anos todos se mantém vivo, a ponto de vendermos coleções completas das edições a cada ano. Ou seja, não estamos vivendo do passado, mas, de alguma forma, estamos procurando manter firme o que Deus já revelou e, ao mesmo tempo, usar esses fundamentos para dar base e continuidade ao que ele está fazendo hoje.

Como funciona a Impacto Publicações hoje?

Ainda possuímos um bom estoque de alguns dos livretos e apostilas. Aliás, esse material já fez uma longa peregrinação, de uma casa para outra, desde 1986, quando viemos para São Paulo. Ficamos mais ou menos dez anos com o material todo amontoado numa espécie de depósito em Americana; depois, mudamos tudo para outro local e, finalmente, há dois anos, estamos numa sede própria, reformada, onde podemos administrar melhor esse legado, publicar materiais novos e também servir à Igreja por meio de livros de outras editoras, obras que julgamos importantes para a edificação de todo o povo de Deus.

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2 respostas

  1. Lendo esta matéria eu viajei para o tempo precioso em que conheci o material mencionado, que produziu marcas profundas indeléveis em minha vida espiritual. Através das matérias fui conhecendo pessoalmente, homens preciosíssimos de Deus que fazem parte do suprimento espiritual que eu ministro aos discípulos que Deus tem confiado a mim. Louvo a Deus pela vida preciosa do amado John Walker, que o Pai recolheu, por seus filhos muito queridos , entregues no altar de Deus e sempre solícitos para com a Igreja, pelos netos que permanecem na trilha de santidade, por onde John andou. Gloria a Deus por essa família e por todos que compartilham com seus ideais.

  2. Muito boa essa entrevista. Participei de muitos desses estudos em Rubiataba, impactou minha vida, minha maneira de relacionar-me com Deus e meu casamento. Sou grata a Deus por essa família maravilhosa que ama Jesus e transmite a Palavra da Verdade sem reservas.

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