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“Impacto Mirim: Criação em Perigo de Extinção” – Baleia-franca

Por Renata Balarini Coelho

Foi um pesadelo horrível! Sonhei que eu estava numa piscina muito grande e não conseguia respirar. Na verdade, eu estava me afogando. Uma tampa de vidro gigante cobria toda a piscina, e, por mais que eu batesse no vidro e tentasse gritar e pedir socorro, ninguém me ajudava… Acordei assustada, mas não pensei mais naquilo porque eu não queria estragar o dia.

Minha prima Estela, que mora em São Paulo, estava vindo me visitar aqui em Imbituba, e eu queria mostrar um monte de coisas legais pra ela. Afinal de contas, Imbituba não é uma cidade tão grande quanto São Paulo (nem tão agitada ou barulhenta!), mas tem praias e lagoas lindas, ondas que os surfistas adoram e um porto bem movimentado. E eu não via a hora de levar Estela para dar uma volta de bicicleta, ir à praia e conhecer o Museu da Baleia! Isso mesmo. Esqueci de dizer que minha cidade recebe uns visitantes muito especiais: as baleias-francas!

Elas vêm todo ano aqui para o litoral de Santa Catarina para ter e amamentar seus filhotes. Minha cidade é um tipo de berçário. Como as baleias gostam de águas rasas e quentinhas para ficar com os filhotes recém-nascidos, as pessoas aproveitam para ver esses animais tão lindos. Uns dois anos atrás, eu estava passeando com meus pais quando subimos um morro perto da praia e conseguimos ver uma fêmea. Ela estava meio longe, mas deu para vê-la com o binóculo.

Naquele dia, minha mãe ficou muito feliz. Ela me contou que, quando era criança, as pessoas achavam que não existiam mais baleias-francas no Brasil. Achavam que todas já haviam sido caçadas e mortas. Disse que os pescadores sempre gostaram de caçar baleias-francas por causa da camada de gordura bem grossa que elas têm. O nome baleia franca (ou baleia “verdadeira”, baleia “certa”) vem disso mesmo: os pescadores antigos achavam que a baleia-franca era a baleia mais certa para ser morta. Afinal, ela é lenta e nada perto da praia.

Eles usavam o óleo das baleias para iluminar cidades e construir casas. Perseguiam as baleias em lanchas e, depois, atiravam nelas com um arpão. Quando a baleia já estava muito cansada para nadar, eles se aproximavam e davam vários golpes com lanças de ferro enormes para matá-la. Era um jeito de caçar meio cruel, e eu prefiro contar histórias mais felizes para a minha prima!

Aliás, a Estela chegou em casa logo depois do almoço, e nós saímos para andar de bicicleta. Era mês de setembro, mas fazia um tempo bem gostoso. O céu estava azul, e o dia não estava muito frio: ótimo para passear. E a tarde foi deliciosa! Paramos na praia de Ibiraquera para tomar uma água de coco. A Estela estava animada para ver a competição de windsurfe e aquelas manobras incríveis. Por isso, é claro que não tirávamos os olhos do mar! Era um show atrás do outro.

Depois de uma hora mais ou menos, quando a competição já tinha acabado e a praia estava bem mais vazia, vimos o maior show do dia. Primeiro, escutamos um som alto e estranho vindo do mar. Logo que olhamos, vimos aquele esguicho que a baleia solta quando respira – sim, ela é um mamífero como nós e precisa de ar para respirar! Era um esguicho bem alto e em forma de V. Levantamos da areia e subimos numas rochas para ver melhor. Então, ouvimos outro esguicho. E, depois, vimos duas caudas saindo da água! Eram duas baleias-francas: uma mãe e um filhote! Eles nadavam bem perto da praia e mostravam as nadadeiras. Chegaram até a saltar! O filhote saltava no corpo da mãe e parecia bem brincalhão.

A Estela não acreditou naquilo. A única vez que ela tinha visto uma baleia tão de perto foi quando viajou para a Disney com seus pais. Lá, ela viu duas orcas saltando e fazendo truques em um tanque fechado e achou tudo o máximo! Agora, ela estava vendo duas baleias-francas enormes e soltas na natureza, saltando sem a ajuda de nenhum treinador. As pessoas que estavam na praia disseram que a baleia-mãe tinha mais de 17 metros de comprimento!

O espetáculo durou muitos minutos, e não deixamos de prestar atenção a nenhum detalhe! Por elas serem pretas ou cinzentas, o que mais chama a atenção são as manchas brancas na barriga (que deu para ver quando elas saltaram) e umas espécies de verrugas estranhas que elas têm por toda a cabeça. A Estela achava que eram calos gigantes! Dizem que essas verrugas de vários formatos existem para diferenciar uma da outra. Como eu já tinha visitado o Museu da Baleia muitas vezes, sabia vários detalhes.

Aliás, aproveitei para contar à Estela um detalhe que sempre me fez pensar na criatividade de Deus! Imagine que um animal enorme e com uma boca gigantesca come um animalzinho de 3 a 5 cm parecido com o camarão e chamado krill! Quer dizer, não só um, mas toneladas de krills e outros crustáceos minúsculos! Minha prima achava que as baleias-francas tivessem dentes como os das orcas e mastigassem a comida. Porém, no lugar dos dentes, elas têm umas fileiras de cerdas que funcionam como redes de pesca: filtram a água e prendem e comida. E haja comida para a baleia-mãe amamentar um filhote tão guloso que já nasce com 5 metros!

Encantada com tudo aquilo, a Estela fez um comentário que me lembrou aquele pesadelo terrível: e se as baleias-francas voltarem a desaparecer? Na mesma hora, pensei naquele desespero de não conseguir respirar e não ter a ajuda de ninguém. Parece que nós estamos fazendo o mesmo com as baleias e outros animais: colocamos uma tampa de vidro no oceano e impedimos que eles vivam quando sujamos as praias e poluímos os mares. Sufocamos as baleias sem perceber que estamos fazendo um mal para nós mesmos…

As baleias não são apenas animais enormes que saltam, fazem gracinhas e divertem as pessoas. Elas são importantes para a saúde dos oceanos e de todo o planeta! Isso mesmo! Dizem que as baleias são como “florestas dos oceanos”, porque ajudam a manter o gás carbônico nos mares, aquele gás que faz mal a todo o planeta quando se acumula em grandes quantidades. Isso significa que, como todos os animais, as baleias não foram criadas à-toa por Deus: não servem apenas de alimento, mas nos ajudam a viver! As baleias não servem apenas quando são caçadas ou estão presas em tanques, mas elas nos ajudam pelo simples fato de existir. Enquanto vivem, ajudam o homem a manter o planeta no ritmo certo. E isso é o mais emocionante de tudo: Deus é tão inteligente que encontrou um jeito de fazer os animais ajudarem as pessoas simplesmente com sua existência! Naquela tarde, Estela e eu vimos que existem shows que só a criação de Deus pode dar – e ninguém precisa comprar ingresso pra assistir!

Você sabia que...

Desde a captura do último exemplar de baleia-franca em Santa Catarina (1973), a espécie foi considerada, por muitos, extinta em águas brasileiras? Hoje, estima-se que existam 500 exemplares no Brasil, quantidade pequena se comparada à que existia antes de ser dizimada (100 mil indivíduos). No total, a população total de baleias-francas em todo o hemisfério sul é de 7 mil a 8 mil baleias.

Você sabia que...

De acordo com cientistas norte-americanos, proteger as baleias pode ter impacto semelhante ao de programas de reflorestamento? Segundo eles, quando matamos ou retiramos uma baleia do oceano, estamos removendo gás carbônico desse sistema de estocagem e liberando-o na atmosfera. Estima-se que cem anos de caça tenha liberado uma quantidade de gás carbônico equivalente à queima de 130 mil quilômetros quadrados de florestas temperadas!

Quer saber mais? Consulte este site:

http://moglobo.globo.com/integra.asp?txtUrl=/ciencia/mat/2010/02/26/proteger-baleias-combate-efeito-estufa-dizem-cientistas-915947624.asp

Agradeço ao Projeto Baleia Franca (www.baleiafranca.org.br) e à bióloga Giselle Paes Horácio por terem me cedido grande parte das informações e material de pesquisa.

Renata Balarini Coelho é bacharel em Letras formada pela Unicamp e trabalha como escritora, tradutora e revisora. Atua na pregação e no ensino da Palavra de Deus na igreja Casa de Oração Vivendo em Cristo – Casa dos Milagres, na cidade de São Paulo. E-mail: [email protected]

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