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Holocausto-O Sacrifício Que Agrada a Deus

Por: Harold Walker

“Ora, atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta, mas para Caim e para a sua oferta não atentou” (Gn 4.4,5).

Desde o início da Bíblia, Deus mostrou claramente que existem sacrifícios que o agradam e sacrifícios que não o agradam. Depois do pecado, o homem só pôde voltar a ter comunhão com Deus na base do altar, lugar de sacrifício, de sangue derramado. Mas só o fato de edificar um altar e oferecer sacrifício não garante a reconciliação com Deus. Assim como vemos muitos altares na Bíblia onde Deus expressou sua satisfação, enviando fogo do céu sobre o sacrifício, ou revelando-se à pessoa que fez o sacrifício, também podemos ver muitos altares e sacrifícios como o de Caim – sem fogo, sem aprovação e sem comunicação.

Hoje sabemos que o único sacrifício que agrada a Deus é seu filho, Jesus Cristo, “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Ele é o cumprimento pleno e final de todos os sacrifícios descritos tão minuciosamente no Velho Testamento. De fato, ele é tão rico e precioso que faríamos bem em estudar todos os detalhes dos sacrifícios para entender melhor tudo que ele significa para Deus e para nós.

Entretanto, sabemos pela Palavra e pela experiência que não basta confessá-lo como nosso Cordeiro, da boca para fora, “aceitá-lo como Senhor e Salvador”, ou citar o seu nome e clamar pelo seu sangue, para alcançarmos a aprovação de Deus. Os evangélicos costumam simplificar e automatizar demais as coisas a tal ponto que o Deus do Novo Testamento não se parece em nada com o do Velho. Antes era necessário chegar à sua presença por um caminho delineado detalhadamente por ele, purificado pela água e pelo sangue, através de sacerdotes escolhidos por ele e rituais cuidadosamente descritos e cumpridos. Agora, em Jesus que cumpriu todas estas figuras, de repente não só as figuras desapareceram mas seus significados também, e basta crer num simples credo e falar umas palavras mágicas. O único problema é que ninguém se preocupa em verificar se realmente estamos chegando na presença de Deus desta forma, se o fogo está descendo sobre o nosso sacrifício, se Deus está “atentando” para a nossa oferta ou se ele está realmente se comunicando conosco. É tão fácil nos esquecermos de que é possível dizer: “Senhor, Senhor!!” e ouvi-lo responder: “Não vos conheço!”

Sim, mesmo tendo Cristo como nosso Cordeiro e estando na dispensação da Nova Aliança, é possível ainda oferecer sacrifícios que não agradam a Deus e que não nos introduzem na sua presença. De fato, se olharmos de perto as nossas próprias vidas e a experiência de modo geral da igreja dos nossos dias, seremos forçados a admitir que a maioria dos altares atuais se parecem com o de Caim, estão cobertos do fruto do suor humano e não contam com a aprovação de Deus.

Você não sente uma profunda insatisfação com sua própria experiência de Cristo e com o nível da sua comunhão com Deus? Você não sente necessidade de uma ampla purificação, profunda experiência de arrependimento e um poderoso batismo no fogo divino? Onde está o Deus de Elias? Onde está o Deus vivo que sente raiva todos os dias e é grande em misericórdia e perdão? Onde estão os sinais que seguem os que crêem? (Hoje “os que crêem” seguem os sinais! – correm atrás do “grande homem de Deus”, da última novidade, experiência, campanha ou livro!). Onde está o poder do evangelho, o poder do nome de Jesus, a autoridade da igreja sobre o inferno? Se Jesus é o sacrifício perfeito, por que quando nós o oferecemos a Deus, o fogo não cai sobre o nosso sacrifício?

Na última edição da Revista Impacto, no artigo “O Que Aconteceu com o Evangelho?”, falamos sobre o “curto circuito” da mistura da lei com a graça que tira o poder do evangelho. De fato, no caso do sacrifício de Caim citado acima, foi a oferta das suas próprias obras que impediu a aprovação de Deus. Se não dependermos 100% do sacrifício de Cristo, Deus não pode nos aceitar. No Velho Testamento, se houvesse um pouquinho de fermento (orgulho, obras humanas) ou mel (bondade e amor naturais) na oferta de manjares, esta se tornava uma abominação (Lv 2.11). Este é o motivo por que grande parte dos sacrifícios de hoje não recebem a aprovação de Deus – não oferecemos somente Cristo; misturamos junto nossas próprias obras e esforço humano.

Queremos, porém, tratar agora de outro problema. O evangelho de hoje foi contaminado não apenas na sua fonte ou origem (a graça pura de Deus) mas também no seu alvo e objetivo (a glória e satisfação de Deus). Uma rápida visão dos sacrifícios no Velho Testamento nos ajudará a entender melhor esta distorção do evangelho original.

Quando Deus deu a Moisés a planta do tabernáculo e todas suas leis e ordenanças, ele estava transmitindo as figuras das realidades celestiais (Hb 8.5). Na verdade, ele estava mostrando tudo o que era necessário para aproximar o homem pecador de si, sem contaminar sua santidade nem destruir o homem. Não podemos agora estudar todo este processo mas queremos focalizar seu início e elemento central – o altar de holocausto. Quando se entrava pela porta do átrio, este era o primeiro objeto que a pessoa encontrava. Em outras palavras, antes de experimentar Cristo na água de purificação da pia, ou nos pães da proposição, ou na luz do candelabro, ou no incenso do altar de ouro, ou diante do propiciatório – é necessário encontrá-lo no altar de holocausto. Sem isto não é possível seguir adiante. Antes das experiências mais profundas, doces, agradáveis ou espirituais, é necessário enfrentar o terror da morte, do sangue derramado, do cheiro de carne queimando e de fogo consumidor. É devido à falta de passarmos plenamente por esta experiência que a vida da igreja hoje é tão rasa.

Por que o altar tinha este nome? Havia vários outros sacrifícios: pelo pecado, pela culpa, de manjares, pacífico e de ações de graças. Por que justamente o holocausto foi escolhido para dar nome ao altar onde eram oferecidos tantos outros tipos de sacrifícios? Por que o holocausto era mais importante que o sacrifício pelo pecado? Por que era a porta para a presença de Deus? Era o único sacrifício oferecido totalmente para Deus. Nos outros sacrifícios, o homem comia uma parte e a outra era queimada no altar. Era como se o homem estivesse comendo com Deus, compartilhando com ele uma refeição. No caso do holocausto, não. Tudo era queimado em cheiro suave ao Senhor.

O maior problema do homem não são os seus pecados – estes são apenas consequências de um problema muito mais sério. Depois da queda só existem dois tipos de vida: vida para si mesmo ou vida para Deus. Deus não quer restabelecer contato com o homem caído apenas para perdoá-lo e purificá-lo dos seus pecados enquanto ele continua vivendo para si. Ele não quer apenas uma parte de sua vida. Ele não aceita meio termo. Ofereça-lhe tudo ou nada. Ele quer saber se você vai oferecer o holocausto e viver totalmente para ele ou se quer apenas  apaziguá-lo e continuar vivendo a sua própria vida. Qualquer coisa, boa ou má, que provém da vida para si é uma abominação e Deus não pode aceitá-la.

O que é “redenção”? A palavra “redenção” significa “comprar de volta”. Um objeto é penhorado, e depois quando o dono tem melhores condições financeiras, ele volta e compra aquele objeto de novo. O objeto redimido volta ao seu dono original. É isto que aconteceu com o homem. Quando dizemos que o homem caiu estamos inferindo que caiu de onde para onde? Ele deixou a vida para Deus e começou a viver para si. Deus não o aceita nesta condição. Ele diz: “Não falo nada com quem vive para si. Não posso abençoar tal pessoa. Não tenho interesse em tirar o pecado de alguém cuja mola-mestra é viver para si. Para haver comunicação entre mim e você a base tem que ser a vida para mim. Eu não aceito outra base.”

Deus é um construtor muito sábio. Ele não coloca um tijolo sequer sobre um alicerce falho ou inseguro. A primeira preocupação dele é saber se a vida da pessoa é para si ou para Deus. Depois de resolver esta questão fundamental ele passa a tratar do perdão e da purificação dos pecados. Ele precisa lançar uma base segura em nossas vidas para então começar a se comunicar conosco e edificar um relacionamento íntimo. Ele não quer que preguemos apenas: “Venha a Jesus para seus pecados serem perdoados, para escapar do inferno e obter a vida eterna”. Este evangelho parcial não está na simbologia do Velho Testamento nem nas pregações do Novo. A verdadeira pregação deve ser: “Venha a Jesus e deixe de viver para si e viva só para ele”. Este é o ponto de partida, a porta para a presença de Deus. Se estivermos dispostos a nos aproximar dele nestas condições, mesmo que estejamos cheios de problemas e pecados, ele nos limpará e nos transformará em vasos úteis.

Antes de Cristo se oferecer na cruz como o sacrifício pelos nossos pecados ele viveu uma vida totalmente para Deus e alcançou testemunho audível da satisfação do seu Pai quando este disse: “Este é o meu filho amado em quem me comprazo”. Mais importante do que sua morte foi a sua vida. De fato, se ele não tivesse esta vida totalmente para Deus, sua morte não teria valor para Deus. Sem o holocausto, o sacrifício pelo pecado perde sua importância.

“Se um morreu por todos, logo todos morreram; e ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”  (2 Co 5.14,15).

Portanto, a falha no evangelho pregado hoje não está apenas na adulteração da graça com o esforço humano, mas também na ausência de uma convocação para uma vida 100% para Deus. Sem isto o evangelho perde todo seu poder e nossos sacrifícios não podem receber a aprovação de Deus.

“Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu discípulo…todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo”(Lc 14.26,33). Jesus foi muito claro. O mínimo que ele exige é tudo. Não pode ter dedicação de 99% – tem que ser 100%.

Bem cedo na história da igreja, o homem procurou uma forma de diminuir o impacto destas palavras. A igreja institucional estabeleceu como alvo uma forma intensa de vida cristã somente para as ordens religiosas e sociedades especiais e aceitou um nível de vida cristã menos intensa como norma para a maioria dos membros da igreja. Esta “corrupção minimalista” do evangelho vem desde então afetando não somente a Igreja Católica mas também as protestantes. Traduzida nas pregações de hoje, esta ênfase se manifesta em buscar o mínimo para ter a certeza da salvação e o máximo de felicidade e conforto nesta vida. Sim, é muito bom ser um missionário e dedicar a vida para ajudar os necessitados, mas não é necessário para a salvação. Você é quem escolhe! Quer ser um cristão normal? Basta ser membro de uma igreja, dar o dízimo e cumprir um “mínimo” de regras básicas (uma lista que diminui a cada dia que passa). Quer se dedicar mais a Deus? Ótimo, mas isto é opcional – não está implícito no evangelho ou no chamado de Deus para sua vida.

Mas, será que a dedicação ideal que Jesus exige é aquela demonstrada pelos monges antigos que renunciavam todos os prazeres terrenos e se sujeitavam a uma vida de disciplina dura e austera? Por que quando Lutero experimentou tudo que era aconselhado pelos mais dedicados de sua época – inclusive jejuns e auto-flagelação – ele não encontrou a aprovação de Deus que tanto buscava? Ele chegou a um ponto de desespero. Tinha feito todo o possível e não alcançou a paz de ter agradado a Deus. Só o fato de oferecermos tudo no altar a Deus não significa que teremos uma base para contato com ele. Se for fruto da nossa vontade humana, Deus não vai nos aceitar mesmo se lhe oferecermos tudo em holocausto. “E ainda que distribuísse todos os meus bens para o sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria”(1 Co 13.3).

A vida adâmica é uma vida para si e é incurável. Não adianta colocá-la no altar porque fede – não produz um cheiro suave para Deus. Tudo foi criado por Deus e para Deus (Cl 1.16). É esse ciclo dinâmico de receber de Deus e devolver a Deus o que foi recebido que constitui a verdadeira vida. Quando Adão pegou a vida que recebeu de Deus e resolveu viver para si, ser “como Deus”, ele quebrou o ciclo vital da vida e entrou na morte: “No dia em que comeres, morrerás” (Gn 2.17). Por isto a redenção consiste em nos tirar da vida para si (que é morte) para nos levar novamente à vida para Deus (que é vida eterna). Está vendo por que Deus não pode abençoar ou edificar nada na vida que é para si? Ele estaria edificando a morte! Viver 100% para Deus não é opcional – é o principal item no pacote da salvação, no presente da graça que Jesus veio nos dar. O inferno não começa com o fogo externo mas com a infinita frustração das paixões e desejos insaciáveis do egocentrismo. Quanto mais temos, mais queremos, e nunca ficamos satisfeitos. Na corrida desenfreada para satisfazer a nós mesmos, nunca ficamos alegres ou satisfeitos, magoamos a Deus e ao próximo, sabemos que estamos errados e somos atormentados com culpa, mas não paramos de correr atrás de alegria e realização pessoal. Jesus veio nos libertar deste círculo vicioso, não apenas morrendo como propiciação pelos nossos pecados, mas dando-nos a sua vida, uma vida que procede de Deus e volta para Deus.

Cada cordeiro oferecido em holocausto antes da vinda de Jesus era aceito por Deus porque apontava para seu filho, o homem perfeito, que agrada seu coração. O ofertante era aceito por Deus porque estava chegando-se a ele na base de sua própria incapacidade de agradar a Deus e oferecendo o cordeiro, figura de Cristo, o único homem que agradou a Deus, como holocausto no seu lugar.

“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”(Gl 2.20). “Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12.1).

Vemos, portanto, que o evangelho apostólico inclui como ponto de partida a pregação da graça pura de Deus, sem um pingo de esforço ou merecimento humano, e como alvo ou objetivo, uma vida diariamente oferecida totalmente para Deus. Recebemos Jesus de graça e o oferecemos de volta a Deus constantemente. O fruto ou prova de que este processo está realmente acontecendo é descrito em Gálatas 5.22: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.

Se só queremos receber as bênçãos de Deus sem compreender a necessidade de dedicação total a ele, ficaremos presos ainda ao ciclo vicioso do egocentrismo e não experimentaremos este fruto. Se achamos que renunciando à carne e a nós mesmos através de disciplinas humanas vamos agradar a Deus, também ficaremos sem este fruto. O grande testemunho dos cristãos primitivos é que entregavam tudo, suas possessões e até suas próprias vidas, com alegria. Este é o sinal do verdadeiro cristianismo e não podemos nos contentar com menos!

Se quiser estudar mais sobre este assunto, adquira a apostila “O Altar na Bíblia” : (19) 3462-9893

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10 respostas

  1. muito edificante esse estudo , eu fiquei tocado com essa frase :
    O MINIMO QUE ELE QUER É O NOSSO TUDO .
    PRECISAMOS DE FATO APRENDER O QUE É SER UMA PESSOA DO SENHOR .

  2. Estou agraciado com este artigo , de um alta reflexão . A parte que mais me chamou a atenção “vida para si mesmo ou vida para Deus. Deus não quer restabelecer contato com o homem caído apenas para perdoá-lo e purificá-lo dos seus pecados enquanto ele continua vivendo para si. Ele não quer apenas uma parte de sua vida. Ele não aceita meio termo. Ofereça-lhe tudo ou nada. Ele quer saber se você vai oferecer o holocausto e viver totalmente para ele ou se quer apenas apaziguá-lo e continuar vivendo a sua própria vida. Qualquer coisa, boa ou má, que provém da vida para si é uma abominação e Deus não pode aceitá-la.”
    Minha reflexão que Deus nos quer por inteiro, o homem deve se entregar 100% a Deus. E aqueles sacrifícios que são feitos com egocêntrico não são aceitos por Deus.

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