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Garimpando: Uma Tão Grande Salvação

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Por Gerson Lima

As Três Etapas da Salvação e as Implicações no Reino Vindouro

A palavra salvação aparece ao longo da Bíblia cerca de 140 vezes. No grego, é sotería e significa simplesmente liberação, segurança, preservação. Em síntese, refere-se à atividade de Deus em favor da criação e da humanidade, com o fim de levar seus propósitos adiante. É o ato pelo qual Deus livra alguém do perigo, da opressão ou da culpa e do poder do pecado e o introduz numa vida nova.

No Antigo Testamento,  a palavra salvação foi usada cerca de 100 vezes, normalmente relacionada ao fato de Deus libertar seu povo ou alguém do perigo ou da opressão, num contexto momentâneo. Já no Novo Testamento, ela aparece cerca de 40 vezes, geralmente no contexto da intervenção de Deus num tempo presente, porém com repercussão no mundo espiritual e na eternidade. Assim, a salvação no Novo Testamento está ligada com o resgate do homem da condenação eterna (que é a conseqüência do pecado), através da fé em Jesus, o Salvador, para, especialmente, restaurá-lo ao plano de Deus e à comunhão com ele.

O mais interessante é que na Bíblia aparece somente uma vez o termo “tão grande salvação”, em Hebreus 2.3, como uma síntese do Espírito Santo de todas as riquezas e verdades espirituais relacionadas com a salvação à luz do Novo Testamento. Embora salvação seja uma verdade considerada simples, nela estão escondidas riquezas dignas de serem garimpadas pelos sedentos por maturidade.

Uma só Salvação, porém Tripartida

Garimpando na Palavra, vemos que a salvação de Deus é tripartida, processada em nosso espírito, alma e corpo e em três tempos, no passado, presente e futuro. Vejamos: por um lado, Paulo declara que “somos salvos” (1 Co 1.18), como fato consumado. No entanto, em outro lugar, ele nos diz que devemos “desenvolver a salvação” (Fp 2.12) e, em outro ainda, que “seremos salvos” (Rm 5.9; veja também 1 Pe 1.5). Logo, a salvação já aconteceu, no passado, está acontecendo, no presente, e acontecerá, no futuro. Encontramos na Bíblia uma única salvação, porém tão grande que é tripartida em tempos e etapas diferentes.

Vamos tentar ver agora, resumidamente, como isso acontece. A Bíblia nos mostra que o homem é constituído de espírito, alma e corpo (1 Ts 5.23). Ao entrar o pecado no mundo pelo primeiro homem, “e pelo pecado, a morte” (Rm 5.12), todo o ser do homem ficou subjugado ao poder do pecado e da morte, separado da vida de Deus (Rm 3). O homem morreu espiritualmente (Ef 2.1), passou a morrer fisicamente, que é a primeira morte, e ainda foi condenado à segunda morte, que é o lago de fogo, destinado ao diabo e seus anjos (Ap 20.10).

Porém, estando nós mortos em delitos e pecados, Jesus veio como fato histórico e tornou-se nosso Salvador, há cerca de dois mil anos. Na cruz, expiou os nossos pecados e nos livrou (o sentido da salvação) da condenação eterna. Dessa forma, assim como o homem morreu espiritualmente ao pecar no Jardim do Éden, Jesus deu vida em primeiro lugar ao nosso espírito. Este é o início da nossa salvação, chamado regeneração  na Bíblia ( Tt 3.5; Tg 1.18; 1 Pe 1.18). Ele nos salvou pela regeneração e renovação do Espírito Santo, em nosso espírito (Tt 3.5). Essa é uma obra consumada, e a Bíblia não deixa nenhuma dúvida de que os que creram no nome de Jesus e nasceram de novo foram salvos (1 Co 1.18).

No entanto, assim como o pecado e a morte afetaram todo o ser do homem, a salvação de Deus não está confinada somente ao nosso espírito, mas é processada e expandida também à nossa alma (Tg 1.21) e ao nosso corpo (Rm 8.11,23). Por este motivo, Paulo exorta os filipenses a desenvolverem a salvação (Fp 2.12 – na esfera da alma) e a esperarem a salvação do corpo, que é a glorificação dos santos (Fp 3.20,21).

Salvos por sua Morte e Salvos por sua Vida

Uma grande parte dos cristãos nunca passa do primeiro ponto. É um fundamento maravilhoso, mas não é o fim da história. Eles sabem confessar que têm a vida eterna (Jo 3.16,17) e que foram salvos pela morte de Jesus da ira vindoura (Rm 5.9). Devemos, mesmo, ser ousados em confessar o que a Bíblia nos assegura: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé” (Ef 2.8; ver também 2 Tm 1.9). Graças a Deus, somos salvos!

No entanto, embora salvos do castigo eterno, Paulo mostra que há algo mais: “(…) seremos salvos por sua vida” (Rm 5.10). Logo, já não se trata da salvação do castigo eterno que já foi resolvida, mas da salvação da alma no tocante à herança da vida adâmica de pecado. Uma coisa é ser salvo do inferno, pela morte de Cristo, outra coisa é sermos salvos de nós mesmos, pela vida de Cristo. Por isso devemos “desenvolver nossa salvação” (Fp 3.12).

Deus veio salvar o homem integralmente – espírito, alma e corpo. Ele proveu em Cristo uma tão grande salvação que nos restaura plenamente, levando-nos de volta ao seu plano original. Podemos ser salvos do inferno e ainda vivermos uma vida carnal, de pecado e egoísmo. Por este motivo, a tão grande salvação nos apresenta Cristo não apenas como Salvador, mas também como “nossa vida” (Cl 3.3), pois a vida cristã não é uma tentativa, mas sim Cristo vivendo em nós. Assim, por sua morte somos salvos da ira vindoura, mas por sua vida somos salvos de nós mesmos, de nossa vida natural e pecaminosa.

Vamos nos recordar da situação da igreja em Corinto. Apesar de em tudo serem enriquecidos, e em nada terem falta (1 Co 1.5-7), eles, todavia, eram carnais. Se foram enriquecidos em tudo, por que eram carnais e estavam divididos? Porque, apesar de serem salvos do inferno, eles não haviam sido salvos de si mesmos. Procuravam aplicar as riquezas e dons espirituais que receberam para satisfazerem a si mesmos e se projetarem uns sobre os outros. Sem Cristo como nossa vida, quanto mais dons e sabedoria tivermos, mais inchados nos tornamos.

Uma coisa é sermos livres de Satanás, por sermos salvos pelo Senhor, mas precisamos ser salvos do maior inimigo: o ego não destronado por Deus. Satanás está do lado de fora, mas a vida egoísta está dentro de nós. Satanás foi vencido na cruz e, em Cristo, desfrutamos de sua vitória sobre ele no Calvário. Ainda assim, se não conhecermos a etapa da salvação da alma, Satanás terá vantagens sobre nós (2 Co 2.11), visto que a vida velha é o pó da terra que alimenta a serpente (Gn 3.14).

A Salvação Preparada para se Revelar no Último Tempo

“(…) sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo” (1 Pe 1.5). Você pode entender isso? Porque recebemos a salvação inicial, quando cremos em Cristo, somos guardados pelo poder de Deus para a salvação final. Ele preparou uma salvação que há de ser revelada no último tempo! Esta é a salvação que Paulo também esperava: “(…) a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos” (Rm 13.11). Por isso ele diz que “em esperança fomos salvos” (Rm 8.24). Pelo contexto bíblico, essa salvação que está por vir é a glorificação de nossos corpos mortais pela segunda vinda de Jesus (Fp 3.20, 21; veja também 1 Ts 5.8, 9).

Graças a Deus, quando Jesus vier, os salvos que morreram ressurgirão dentre os mortos, e nós que estivermos vivos seremos juntamente com eles  transformados, e teremos, todos, a salvação dos nossos corpos mortais e corruptíveis (1 Co 15.51-54). Na verdade, todos, crentes e não-crentes, ressuscitarão um dia, uns para a vida eterna e outros para condenação eterna (Jo 5.28, 29).

Esta é a última etapa da salvação, que teve início em nosso espírito, quando cremos, que se desenvolve em nossa alma, no presente, e se completará em sua vinda, pela glorificação de nossos corpos.

As Três Etapas da Salvação e as Implicações no Reino Vindouro

O propósito de Deus não é a salvação em si, mas sim resgatar-nos ao seu plano inicial. A salvação é somente um meio para nos resgatar novamente ao seu plano eterno. Ele criou o homem para governar com ele e encher o universo com sua glória. Quando o homem pecou, este se desviou do plano de Deus e ficou sujeito à lei do pecado e da morte. Toda a criação de Deus geme, aguardando a manifestação dos filhos de Deus, a glorificação. Assim, em sua vinda, os que forem fiéis a ele hoje, desenvolvendo a salvação, poderão reinar com ele em glória. A criação será redimida do cativeiro da corrupção para a liberdade da glória dos filhos de Deus (Rm 8.12-25).

Com a salvação inicial, recebemos a vida eterna por graça. No final do processo, nossos corpos serão transformados para serem semelhantes ao dele. Além disso, a Bíblia também fala das recompensas que o Senhor, em sua vinda, repartirá a cada um segundo suas obras. Seremos julgados diante do seu trono (2 Co 5.9, 10) não para avaliar se seremos salvos ou não, mas se receberemos galardão ou disciplina, conforme nossa conduta e serviços a ele (1 Co 3.10-15).

“Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma” (Tg 1.21). “(…) obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma” (1 Pe 1.9; veja também o v. 22). Assim, a vida vitoriosa, a edificação da igreja e o reinar com Cristo em seu reino no porvir dependem plenamente da salvação de nossa alma. E, por sua vez, a salvação da alma depende de nossa cooperação com o Espírito Santo, e de aceitar seus tratamentos e a aplicação da palavra em nós, e isso está relacionado com as recompensas no reino de Cristo (Ap 22.12).

A tão grande salvação é uma só, mas tripartida. Fomos salvos do inferno, estamos sendo salvos da vida natural e pecaminosa da alma e seremos salvos da morte física e do corpo corruptível. Fomos salvos da ira por sua morte, somos salvos da vida da alma pela vida de Cristo e seremos salvos do poder da morte física quando nossos corpos forem transformados e revestidos pela incorruptibilidade de Cristo. Nosso espírito já ressuscitou (Ef 2.1-6), nossa alma está sendo transformada (Rm 12.1-2) e nossos corpos serão transformados. Já fomos salvos, estamos sendo e seremos salvos.
Que o Senhor seja glorificado através de seu viver em nós, pois “Cristo em nós é a esperança da glória” (Cl 1.27).

Nota: Este artigo foi condensado por Christopher Walker de um original do autor que será publicado em breve pela Editora dos Clássicos.

Gerson Lima é o editor responsável pela Editora dos Clássicos (www.editoradosclassicos.com) e reside em São Paulo, SP, com sua esposa, Mírian, e suas três filhas, Pérsida, Gérsica e Síntique.

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