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Devocional: O Milagre da Vida

Por: Francis Frangipane

Inevitavelmente, enquanto vivermos neste mundo, pressões e dores profundas rondarão a alma humana, surgindo para nos atacar, geralmente, quando menos esperamos. Jesus também enfrentou conflitos, mas o fez da perspectiva de quem vivia na plenitude da presença de Deus.
Apesar de tudo o que suportava entre ataques espirituais, frustração com seus discípulos, e oposição dos fariseus, seu espírito estava sempre cheio de vida com abundância.

Como Jesus obtinha tal força interior? Lemos que freqüentemente ele dava uma escapada “para os desertos, e ali orava” (Lc 5.16); e outra vez, que escalava um monte favorito para passar “a noite toda em oração a Deus” (Lc 6.12). Sabemos que ele orava, mas este tempo sozinho com Deus era investido na maioria das vezes na beleza da criação de Deus, no deserto ou nos montes. Durante suas noites em oração, não consigo imaginar Jesus o tempo todo de joelhos; pelo contrário, penso que, pelo menos durante uma parte do tempo, ele estava sentado ou andando, contemplando as estrelas, e conversando com seu Pai.

Considere também que Jesus “muitas vezes se reunira com seus discípulos” no Jardim do Getsêmani (Jo 18.1,2). O fato de Jesus ter se reunido muitas vezes num jardim nos revela algo sobre o Filho de Deus. Creio que Jesus prezava o milagre da própria vida. Jesus enfrentava as pressões da vida com a plenitude da vida. “Não é a vida mais do que o alimento?” ele perguntou. Jesus não nos pediria para considerar os lírios e as aves do céu se ele mesmo não os tivesse considerado primeiro: há milagres e mensagens de Deus por toda parte.

Jesus se distanciava das pressões e conflitos da vida através de passar tempo com o Pai. Desta forma, obtinha a perspectiva de Deus sobre tudo. Por outro lado, nós ficamos tão absorvidos no enxame de tesouros e terrores da vida, que não temos qualquer visão do milagre da própria vida.

O Que é a Vida?

Jesus sabia da sua existência pré-encarnação junto com o Pai. Ele disse: “Antes que Abraão existisse, eu sou” (Jo 8.58), e ainda: “Eu saí e vim de Deus” (Jo 8.42). Como o Verbo em carne, ele sabia que a vida não fora criada aleatoriamente, ou através da evolução, mas que era um milagre da maior proporção imaginável. Assim, mesmo no estado caído desta criação, os céus ainda declaram a glória de Deus, e a terra as obras de suas mãos.

É neste sentido que senti que o Espírito Santo estava abrindo dentro de mim um senso de admiração a respeito do milagre da própria vida em si. Sei que há terrores e traumas no nosso mundo, mas Deus não nos orienta a nos desligarmos dele a fim de poder concentrar-nos nos problemas.
Quero, portanto, fazer-lhe uma pergunta: Você já parou para pensar na primeira de todas as maravilhas de Deus, o milagre da vida? Estou falando sobre a própria matéria prima, a substância, disto que chamamos de vida. O que é esta força invisível que flui através de nós e anima nossa própria existência?

Amado, como é difícil enxergar dentro das propriedades da vida, e ponderar suas características! Estamos tão inteiramente envolvidos nos seus incontáveis tesouros e terrores, que perdemos a visão objetiva do tecido da própria vida em si. Não conseguimos apreciar a singular beleza desta pérola viva, desta lágrima do olho de Deus, que vive e respira no universo escuro e vazio à nossa volta.

A Perspectiva das Estrelas

Deixe-me falar da vida a partir de um ângulo diferente. Em 1968, a humanidade recebeu uma oportunidade muito singular. Pela primeira vez, pudemos sair do ventre do nosso auto-envolvimento, e olhar para a vida na terra com os olhos do universo. A data era a véspera do Natal. Foi a primeira viagem lunar da tripulação da Apollo 8. Da sua órbita, pouco acima da superfície da lua, os astronautas contemplaram a terra.

Primeiro, mostraram a visão de metade da Terra, vista acima da desolada paisagem lunar. Depois, olhando através da outra janela cristalina, seguiam a superfície deserta da Lua. “A vasta solidão é espantosa, e nos faz reconhecer o que realmente temos aí na Terra”, disse um dos astronautas, Lovell. As imagens despertaram grande admiração, com estimativas de que meio bilhão de pessoas estava explorando de forma virtual aquilo que homem algum jamais havia visto até então.

“Para todos os povos da terra”, disse outro astronauta, Anders, “a tripulação da Apollo 8 tem uma mensagem que gostaríamos de enviar-lhes.”  Ele fez uma pausa e depois começou a ler: “No princípio criou Deus os céus e a terra.”

Depois de quatro versículos de Gênesis, Lovell continuou a leitura:  “E Deus chamou à luz dia, e às trevas noite”.

No fim do oitavo versículo, o terceiro tripulante começou com as palavras conhecidas: “E disse Deus: Ajuntem-se num só lugar as águas que estão debaixo do céu, e apareça o elemento seco. E assim foi. Chamou Deus ao elemento seco terra, e ao ajuntamento das águas mares. E viu Deus que isso era bom.”

Então o comandante acrescentou: “E da tripulação da Apollo 8, despedimo-nos com uma boa noite, boa sorte, um Feliz Natal, e Deus abençoe a todos vocês, todos aí na boa Terra.”

Foi um momento de rara emoção. A mistura da época do ano, as palavras imortais, a Lua antiga, e a nova tecnologia criaram juntas um contexto extraordinariamente impactante.

“Em algum outro momento na história do mundo”, escreveu um editor no The Washington Post, “é possível que se tem lido os primeiros dez versículos do livro de Gênesis em circunstâncias que lhes emprestassem maior significado do que se viu neles nesta véspera do Natal. Mas é muito improvável. Este Natal sempre será lembrado como o Natal lunar.”

O The New York Times, que chamou a missão da Apollo 8 “a mais fantástica viagem de todos os tempos”, escreveu no dia 26 de dezembro daquele ano: “Havia muito mais do que um limitado significado religioso neste pico emotivo da sua fantástica odisséia.”

A Jóia Viva

A visão da terra experimentada pelos astronautas certamente era muito mais do que uma perspectiva “limitada e religiosa”. Mas enquanto contemplavam os oceanos azuis, as tonalidades de marrom e verde escuro do nosso belo planeta, e o arranjo de nuvens gloriosas, seus pensamentos ascenderam além das teorias e conjecturas astronômicas para um senso amplo e maravilhoso de admiração assombrosa. É esta perspectiva que devemos apropriar para nós mesmos. Admiração por estarmos vivos, de termos escolhas, de conhecer e sentir e amar a este Deus que nos colocou aqui, não só para existir, mas para experimentar a vida nas suas mais elevadas formas e na sua maior abundância.

Os astronautas ganharam sua perspectiva da posição que tinham no espaço exterior; nós devemos ganhar a nossa como Jesus fez, subindo em Deus. Não de dentro de uma nave espacial, mas do colo do Todo-poderoso, vamos contemplar nosso mundo com seus olhos, e descobrir de maneira nova o milagre da sua criação.

Lembre-se: os astronautas observaram o Planeta Terra girando no universo, sem qualquer suporte ou sustentáculo. Viram um planeta posicionado a uma distância tão precisa do Sol que qualquer desvio seria desastroso para a vida. Se a trajetória da órbita da Terra tivesse uma curva apenas 3,2 milímetros mais próxima ao Sol em cada 43 km, os oceanos ferveriam. Se a trajetória fosse 3 mm mais longe do Sol na mesma curva, as águas congelariam.

Apesar de toda a diversão e fantasia que os escritores de ficção científica nos proporcionaram, na verdade nos fizeram um grande mal. Convenceram-nos de que há universos povoados, cheios de civilizações, e que a própria vida é uma condição normal nos astros. E esta idéia de que somos meramente um no meio de muitos nos levou a  desmerecer a absoluta raridade da vida no meio do universo.

A ficção científica nos inspirou a acreditar que houvesse vida em Vênus. Mas descobrimos que a temperatura de Vênus é de 426º C, calor suficiente para derreter chumbo;  os ventos equatoriais de Vênus têm uma velocidade constante de 354 km/h. Esperávamos encontrar vida em Marte. Mas Marte quase não tem atmosfera. Sua temperatura cai para um nível quase inacreditável de 90º C abaixo de zero. É um planeta desolado, totalmente sem vida. Na verdade, não há vida alguma em qualquer dos planetas do nosso sistema solar. Apesar de todas as interessantes possibilidades que os autores de ficção científica colocaram diante de nós, suas idéias não possuem base científica alguma; suas histórias permanecem como mera ficção.

Meu objetivo não é debater se existe vida em algum outro lugar, mas prezar o milagre da vida, esta extrema raridade, que existe aqui. Considere: Nosso Sol está distante 150 milhões de quilômetros da Terra. A outra estrela mais próxima da Terra — Próxima Centauri — está quase 268.000 vezes mais longe do que o Sol. Os cientistas já pesquisaram nossas estrelas mais próximas, e a estrela com planeta mais perto de nós, fora do nosso sistema solar, é Vega, a 236,5 trilhões de quilômetros de nós (25 anos-luz).

Estou tentando mostrar como é rara a vida. Imagine uma esfera com aproximadamente 482,8 trilhões de quilômetros de diâmetro. Num raio de 236,5 trilhões de quilômetros do seu centro, em todas as direções, somente um lugar contém vida: uma pontinha de alfinete, de cor azulada, a Terra.

Apesar de toda nossa imaginação e pensamentos criativos, das histórias de Guerras nas Estrelas, e Jornada nas Estrelas, toda nossa sondagem do universo ainda não conseguiu achar vida em nenhum outro lugar. Com base científica, até onde sabemos, Deus só colocou vida no nosso planeta.
Não estou tentando produzir uma mentalidade Nova Era, mas seguir verdadeiramente o padrão de vida de Jesus Cristo. Jesus ensinava multidões ao lado de lagos e à margem de rios; adorava levar seus discípulos ao pico dos montes, e a jardins. Certamente, passava tempo nas cidades também, mas valorizava e sentia prazer no milagre da vida, e isto nós devemos fazer também. Apesar de todo o terror no nosso mundo, a despeito das pressões e conflitos que procuram desviar nossa atenção, devemos descobrir, e depois aprender a experimentar, o milagre da vida que Deus nos deu.

Francis Frangipane é ministro do River of Life Ministries. Seus livros e artigos têm edificado milhões de pessoas mundialmente. Para outras mensagens do mesmo autor em inglês acesse o site www.inchristsimage.org.

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A morte torna-se, segundo Jesus, o caminho para a fecundidade (Jo 12.24). Este é o aspecto da morte que mais esperança nos proporciona. Nossa morte pode significar o fim do sucesso, da produtividade, da fama e de nossa importância perante os outros, mas não é o fim de nossa fecundidade. Com efeito, o contrário é que é verdadeiro: a fecundidade de nossas vidas revela-se em sua plenitude apenas quando morremos. Nós mesmos raramente vemos ou vivenciamos nossa própria fecundidade. Em geral, estamos preocupados com conquistas e não temos olhos para a fecundidade do que vivemos. Mas a beleza da vida reside no fato de ela gerar frutos muito tempo após ter se extinguido.

(Extraído do livro Nossa Maior Dádiva, de Henri Nouwen).

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