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Descanso e Refrigério

Por: Eduardo Ávila da Silva

Entre mim e os filhos de Israel será ele (o shabat) um sinal para sempre; porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra. E ao sétimo dia descansou, e achou refrigério” – Ex. 31:17

Podemos notar por este versículo que Deus trabalhou seis dias na obra da criação e, quando a completou, guardou o sábado para descansar e refrigerar-se. De acordo com a própria Bíblia, Deus não se cansa. Deus não é como o homem, que precisa deitar-se numa cama, encostar-se num sofá ou sentar-se numa cadeira para tratar seu cansaço físico. Deus é espírito e não se cansa. Mas a Bíblia diz que o Senhor descansou e achou refrigério. O sábado é o sétimo dia de Deus. É o dia de seu descanso. Precisamos entender melhor, portanto, o significado do descanso e refrigério.

A palavra refrigério em hebraico significa respirar, animar, celebrar, alegrar-se, festejar. O que Deus fez no sétimo dia não foi passar a sua mão na testa, tirar o suor e dizer: “Ufa! Terminei!”. Entretanto, Deus, no sétimo dia, colocou todas as coisas diante de si e se alegrou nelas.

Por Que no Sexto Dia?

Existe um fato interessante aqui: no sexto dia de criação, quem foi criado por Deus? O homem. Este foi o item final da criação de Deus. Após ter criado o homem, o Senhor entrou no sábado. O homem foi criado no sexto dia e não no primeiro, porque o Senhor não queria que o homem fizesse o trabalho de Deus. O sétimo dia de Deus foi, portanto, o primeiro dia da existência do homem. Em seu primeiro dia de existência, o homem apenas se alegrou com Deus nas coisas que o Senhor criara. O Senhor fez todas as coisas não somente para si, mas também para o homem. Por isto, criou o homem no sexto dia para que, no primeiro dia deste e no sétimo dia de Deus, ambos se alegrassem nas coisas que foram criadas, pois ambos podiam saborear e sentir o gosto delas.

Todo trabalho divino foi feito por Deus e nada pelo homem. O sábado é o resultado do trabalho divino e do descanso de Deus com o homem. É a alegria do Senhor com o homem, saboreando junto com ele tudo que acabara de criar para desfrutar juntos. Isto é maravilhoso porque revela que Deus criou o homem para ser seu íntimo amigo.

A primeira obrigação do homem não era trabalhar, mas se alegrar, festejar e celebrar no Senhor pelas coisas que estavam diante dele. Todavia, depois deste sétimo dia, que era seu primeiro, ele passou a trabalhar.

“Tomou, pois, o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden, para o lavrar e guardar” – Gn.2:15

Perceba que este verso está localizado no segundo dia da existência humana, quando então, o homem passou a trabalhar. Portanto, vemos aqui uma diferença: Deus primeiro trabalha e depois se refrigera, enquanto que o homem primeiro se refrigera e depois trderia fazer por si mesmo e depois descansou. O homem percebeu o que Deus fez e viu que não poderia fazer todas aquelas obras, por isso alegrou-se em Deus, saboreando as suas maravilhas e, depois, passou a se envolver e trabalhar com Deus e a favor de Deus.

É assim que devemos fazer, então: alegrar-nos no que Deus fez e depois trabalhar. Receber o Evangelho é entrar no trabalho já realizado por Deus, alegrar-nos nele e, só depois, nos oferecermos para fazer o seu trabalho.

Atualmente há uma crise existencial na humanidade. As pessoas não compreendem de onde vieram, nem qual a razão de suas existências. Isso acontece porque não compreendem esse princípio. Não admitem o que Deus fez por elas. Ainda que os céus manifestem a Glória de Deus, dizem que o mundo está melhor por obra de suas próprias mãos. No entanto, o resultado da atuação humana é o contrário, o caos e a degeneração. Para o homem entender sua missão, seu trabalho e a razão de sua existência na terra, ele não deve glorificar a si mesmo em seu trabalho, mas glorificar a Deus pelo que ele fez a favor do homem; pois através deste louvor e regozijo, há de encontrar forças e direção para trabalhar segundo a vontade de Deus.

O Que Jesus Fez com o Sábado?

Lendo Marcos 2:23-27, percebemos que os fariseus ficaram um tanto zangados com Jesus, porque seus discípulos estavam colhendo espigas no dia abalha. Este é o princípio da Graça de Deus, pois o Senhor fez tudo que o homem não pode sábado. Jesus lhes respondeu que Davi, quando se viu em necessidade e com fome, entrou junto com seus companheiros na casa de Deus e comeram dos pães da proposição. Jesus explica que as únicas pessoas que podiam, pela lei, comer daqueles pães eram os sacerdotes. Porém, Davi não só comeu, como também repartiu com seus companheiros.

A palavra do Senhor mostra que o plano original de Deus para a nação de Israel é que todos fossem sacerdotes do Altíssimo. Sacerdote é aquele que pode estar na presença de Deus e expressá-lo. Não havia pecado na atitude de Davi em comer os pães, uma vez que os pães tipificavam Jesus Cristo e Davi percebeu isto. Ele comeu daqueles pães porque eram alimento dos sacerdotes e Davi era um sacerdote, pois era um homem que expressava o coração de Deus. Jesus explica que Davi comeu os pães e não teve nenhum problema com Deus. Poderia existir problemas entre Davi e os homens, mas Deus não o condenou de forma alguma. Então Jesus termina seu comentário, dizendo no verso 27: “O SÁBADO FOI FEITO POR CAUSA DO HOMEM, E NÃO O HOMEM POR CAUSA DO SÁBADO”.

Jesus mostra neste versículo que o sábado existe para servir ao homem, e não o homem para servir ao sábado. O sétimo dia de Deus existe para colocar o homem junto do Senhor, para ambos se assentarem à mesma mesa e saborearem a comida de Deus. Mas, muitos colocam o fato de guardar o sábado acima da amizade de Deus, do alegrar-se com ele em tudo que criou e no prazer de saborear juntos todas suas obras consumadas.

O sábado no Velho Testamento tipificava Jesus Cristo. Por isso que Jesus diz no verso 28: “PELO QUE O FILHO DO HOMEM ATÉ DO SÁBADO É SENHOR”.

Jesus aboliu a forma legalista de guardar o sábado, declarando-se Senhor até deste ritual central da velha aliança. O que estava mostrando, na verdade, era que o verdadeiro descanso só pode ser experimentado nele mesmo. A verdadeira alegria, o verdadeiro amor, a verdadeira fé, só podem ser experimentados em Jesus Cristo, porque todas essas coisas nada mais são do que a própria vida dele. Ele é a nossa fé. Ele é a nossa alegria. Ele é o amor, assim como é o próprio sábado.

Jesus é o nosso descanso, o nosso refrigério, o nosso caminho, isto é, o nosso modo de viver, o princípio que nos leva a entender as razões pelas quais Deus estabeleceu certas leis. Sem Jesus não há alegria, assim como Deus sem o homem também não poderia se alegrar. Deus criou todas as coisas para o homem e fez uma mesa para que ambos pudessem assentar-se ali juntos. “LEVOU-ME À SALA DO BANQUETE”, diz a Palavra (Ct 2.4). Aleluia! Sem nós, Deus também não poderia refrigerar-se.

O sábado é Jesus Cristo como resultado do trabalho divino. Saborear as riquezas que estão em Jesus Cristo é parar para festejar o Senhor pelas obras da sua criação e pelas coisas maravilhosas que fez por nós e para nós.

Este é o princípio e o significado do sábado. Deus primeiro trabalha e depois se refrigera, se alegrando sobre o que fez. O homem primeiro se refrigera e se alegra pelo que Deus é e fez, para depois ser capacitado a trabalhar com o Senhor. Certos cristãos guardam o sábado como dia, deixando todas as atividades conforme ordena a lei. Na verdade, não vemos esta prática no Novo Testamento, pois Jesus trouxe um novo significado para o descanso. Agora podemos fazer mais do que viver uma sombra ou uma figura. Podemos realmente descansar como era propósito original de Deus. Encontramos o verdadeiro sábado, o verdadeiro descanso e refrigério na revelação da obra consumada de Jesus.

Precisamos aprender este princípio todos os dias. Os cristãos primitivos se reuniam diariamente e havia espiritualidade. Porém, eles se reuniam para partir o pão, para comer de Jesus, para saborear as coisas de Deus, para festejar com Deus as coisas que foram criadas a favor da igreja em Jesus Cristo. É este o princípio e o significado do sábado. Jesus ressuscitou, aleluia! Ele vive em nós! Ele é a nossa comida e a nossa bebida verdadeira. Ele é o nosso descanso e o nosso refrigério. Não guardamos mais dias, mas guardamos sua vida e ressurreição dentro de nós. É isto que não podemos perder. É isto que devemos guardar.

Eduardo Ávila da Silva é um dos pastores da Igreja Bíblica Evangélica em Botucatu, SP e é responsável pelo Ruach Ministries International. Para mais informações, acesse www.ruach.com.br.

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“Esta geração é uma geração cansada do prazer. As pessoas foram super estimuladas, a tal ponto que seus nervos se estafaram e os seus gostos se corromperam. As coisas naturais foram rejeitadas para dar lugar às artificiais. O sagrado foi secularizado, o santo foi vulgarizado e o culto converteu-se numa forma de entretenimento. Uma geração narcotizada e de olhar obscurecido está constantemente à procura de um novo excitamento, poderoso suficiente para dar emoção às suas sensibilidades desgastadas e entorpecidas. Tantas maravilhas foram descobertas ou inventadas que nada na terra causa admiração, nem por pouco tempo. Tudo é comum, e quase tudo é enfadonho.”

A. W. Tozer

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