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Como Manter Acesa a Chama da Paixão por Deus

Por: Susana Walker

Nosso cenário inicial é um coração duro, um espírito morto, uma alma totalmente entregue ao mundo e a seus prazeres. Nessa paisagem sombria, em meio à morte e à podridão, imagine um soprar suave do Santo Espírito de Deus. O sopro de Deus amolece o coração, ressuscita o espírito e faz a alma extraviada retornar ao seu verdadeiro propósito, de louvar e conhecer a Deus.

Todos os cristãos já passaram por essa experiência. Todos nós, um dia, estávamos mortos e fomos ressuscitados pelo Deus Altíssimo. Quando isso aconteceu, nosso coração foi incendiado por uma paixão ardente por Deus. Buscávamos conhecê-lo com todas as nossas forças. Queríamos servi-lo de todo nosso coração. Tínhamos um amor pelas almas perdidas que nos impulsionava a falar a todos sobre nossa nova descoberta. Essa mesma chama ardeu ainda mais forte quando fomos batizados no Espírito Santo e, posteriormente, todas as vezes que tivemos experiências reais com ele. Foi como se estivéssemos em uma montanha-russa e nossas emoções estivessem “a mil”! Assim que o trajeto do carrinho terminava, queríamos voltar ao final da fila e começar tudo de novo! Tínhamos paixão suficiente para conquistar o mundo todo para Deus!

Mas como não podemos viver todos os dias, semanas e meses das nossas vidas em cultos, tendo experiências 24 horas por dia, era nossa obrigação voltar à “vida normal”. Logo fomos confrontados pelos compromissos sociais, por nossas contas bancárias, pelas exigências da moda e do mundo, por nossas famílias, amigos e todas as outras “coisas boas e normais” do nosso dia-a-dia. Com o passar do tempo, nossa chama foi perdendo seu ardor e, sem percebermos, já não tínhamos mais aquele fogo queimando dentro de nós.

Apesar de ainda termos em mente o desejo de seguir a Deus, de ser como ele e de torná-lo conhecido, faltava força para fazer qualquer coisa nessa direção. “Não estou com vontade de orar! Que preguiça de ler a Bíblia! Ai! Que vergonha de falar com meu amigo sobre Jesus!” Aquilo que antes era normal passou a ser difícil e inconveniente!

Tantas vezes esse processo descrito acima acontece conosco.  Apesar das nossas boas intenções, parece que é tão mais fácil deixar a chama apagar-se do que cultivá-la para que permaneça acesa. E, por incrível que pareça, não são somente as ocupações seculares ou as coisas “do mundo” que podem apagar nossa chama. Muitas vezes, o próprio ministério pode nos afastar da verdadeira visão e da nossa paixão inicial. Eu nunca pensei que tão cedo pudesse estar falando sobre este assunto, mas depois de um ano trabalhando como missionária, posso dizer com certeza que é tão fácil se perder nos “afazeres” do ministério, esquecendo-nos assim do porquê, para quê e para quem estamos fazendo o que fazemos! Durante este ano, lutei para manter minha chama acesa e posso compartilhar agora alguns princípios que podem nos ajudar a manter acesa a nossa chama da paixão, dentro e fora do ministério.

O Amor É Uma Decisão, Não Só Uma Emoção

A noção errada sobre o que é o amor levou o mundo à situação caótica em que hoje se encontra, principalmente tratando-se da área de casamento e família. Para exemplificar isso, vou citar o que li numa revista secular há algumas semanas e que considero ser uma das maiores asneiras já escritas. Uma famosa artista do cinema internacional, quando interrogada se já havia traído seu marido, respondeu: “Sim, eu já traí”. E justificou-se dizendo: “Não posso frustrar meus sentimentos!”

A maioria das pessoas no mundo hoje (além de boa parte dos cristãos) é guiada somente por sentimentos e emoções, buscando felicidade através de fazer tudo que seus desejos carnais requerem. Mas o verdadeiro amor divino, descrito em 1 Co 13.4-7, nos diz o contrário. No versículo 5, Paulo afirma que o amor divino não busca seus próprios interesses! Um amor como esse não pode surgir em alguém que segue somente suas emoções humanas. E é por isso que vemos tantos divórcios, dentro e fora da igreja. Como um compromisso baseado nas emoções é frágil, assim que a paixão inicial finda, o casal diz que o amor acabou!

Da mesma forma quando, depois de uma experiência com Deus, a chama da paixão no seu coração começa a se apagar e você já não sente aquelas emoções como no início, você precisa tomar uma DECISÃO de amar, mesmo que os sentimentos não estejam presentes naquele momento. Quando você persevera na sua decisão de amar, em breve os sentimentos voltarão.

Nessa perseverança, uma coisa essencial é a disciplina! Muita gente descarta a disciplina com Deus como algo legalista e “do diabo”! Mas é ela que nos sustenta quando todas as emoções se foram e não temos vontade natural para fazer nada. Quando todas as coisas do mundo nos chamam a atenção e abafam a chama da paixão, precisamos de perseverança e disciplina para continuar seguindo adiante. Durante a espera em um aeroporto, com pessoas passando apressadas de um lado para o outro e lojas cheias de propagandas para atrair clientes, escrevi em meu diário o seguinte:

Tantas luzes piscando, tantos sons, tantos cheiros… tantas coisas procurando chamar nossa atenção! Mas tão pouco é digno do nosso tempo, tão pouco realmente importa, tão pouco…

É tão difícil para nossas mentes jovens, tolas e carnais ficarem focalizadas em algo que valha a pena. Somos tão facilmente distraídos, tão facilmente desviados. Mas precisamos perseverar, precisamos ser fortes, persistir, continuar. Existe um propósito para o qual vale a pena viver, vale a pena morrer, vale a pena se disciplinar. Existe algo, sim, existe somente uma coisa!

Realmente só a disciplina nos manterá firmes, quando as emoções se forem. Somente a disciplina pode fazer surgir o verdadeiro amor.

Um exemplo muito comum disso é quando estou assistindo televisão e sei que ainda não li a Bíblia. Eu quero ler a Bíblia! Lá no fundo, quero mesmo! Mas estou tão confortável no sofá, estou gostando do filme que está passando, não quero perder o final! Então não quero ler a Bíblia!

Está vendo a guerra que existe dentro de mim? No coração eu quero, mas nas minhas emoções estou feliz com o que estou fazendo! O que falta? A disciplina e a determinação de levantar-me do sofá, desligar a televisão e abrir a Bíblia. Assim que essa luta é ganha, já não sinto mais vontade de saber o final do filme. O desejo do meu coração conquistou minhas emoções e agora eu “por completo” quero ler a Bíblia.

Muita gente julga isso como legalismo ou esforço humano. Na verdade, entretanto, é o verdadeiro amor operando em mim para vencer as emoções carnais!

A Chama de Paixão por Deus Precisa de Oxigênio

Assim como uma chama de fogo natural precisa de oxigênio para continuar queimando, assim também é a chama da paixão por Deus. Em Mateus 5.15, a Bíblia nos exorta a não escondermos a candeia em um lugar onde não possa ser vista e onde não receba o oxigênio necessário para sua sobrevivência. Devemos colocar nossa chama bem à vista, onde todos possam vê-la, para que assim seja bem alimentada de oxigênio. A Bíblia diz, em Gn 12.1-3, que Abraão foi abençoado por Deus para que pudesse abençoar todas as famílias da Terra. O que isso quer dizer? Que não recebemos bênçãos para guardá-las para nós mesmos; mas somos abençoados para abençoar outros. Um fator essencial para nossa chama continuar queimando é que a compartilhemos com outros.

Quando compartilhamos com outros sobre quem Deus é, o que ele fez e todas suas maravilhas, nós permitimos que mais oxigênio chegue até nossa chama, fazendo-a crescer mais ainda. Cada vez que contamos para alguém sobre como Jesus nos salvou, nossa salvação se torna ainda mais real para nós mesmos. Cada vez que oramos para que alguém receba o batismo no Espírito Santo, mais real ele se torna na nossa vida. Cada vez que oramos para que alguém receba a cura, mais podemos crer para nossa própria cura. Quando falamos com os outros sobre Jesus, voltamos ao nosso primeiro amor. Quando voltamos ao nosso primeiro amor, falamos com outros sobre Jesus! É um ciclo que nunca se acaba! Muitas vezes, numa tendência protetora, queremos esconder nossa chama de tudo e de todos. Nós a guardamos lá no fundo, onde ninguém pode atingi-la e onde o vento não pode apagá-la. Mas numa atitude super protetora, acabamos por apagá-la nós mesmos, ao não permitirmos que o oxigênio chegue até ela. Quando queremos garantir, por nós mesmos, que manteremos a chama acesa, encontramos, ao contrário, uma segurança perigosa, que nos leva a uma vida medíocre, sem paixão e sem o ardor de Deus.

Para manter uma chama ardente, precisamos nos tornar vulneráveis. Precisamos tirar as paredes de proteção natural que construímos ao redor da nossa chama. Paredes que levantamos por termos sofrido feridas anteriormente; paredes de autodefesa que nos fazem sentir fortes, mas que, na verdade, nos mantêm separados de Deus e incapazes de compartilhar nossa chama com outros.

Devemos correr riscos; riscos de sermos desprezados, rejeitados e considerados tolos pelo mundo. Como? Colocando-nos em posições onde precisemos depender totalmente da ação de Deus. Por exemplo, quando compartilhamos com os outros sobre Jesus, corremos o risco de não sermos aceitos; entretanto, se o fizermos assim mesmo, estamos dando uma oportunidade para que Deus aja em favor da salvação deles. Quando deixamos tudo que o mundo tem para oferecer e seguimos a Deus, corremos o risco de sermos considerados tolos pelo mundo; entretanto, estamos dando a Deus uma oportunidade de usar-nos de maneira sobrenatural. Quando confiamos em Deus para nossa cura, somos chamados de loucos radicais e não somos entendidos até pela maioria das pessoas dentro das igrejas; entretanto, estamos dando lugar para um milagre acontecer para a glória de Deus! E cada vez que vemos Deus operando em nós e através de nós, SENTIMOS sua presença tão perto que nossa chama aumenta! Ver o Deus sobrenatural invadir nossas vidas naturais é combustível para nossa chama de paixão – mas para que isso aconteça, precisamos correr o risco de deixar nossas chamas expostas à visão crítica do mundo!

A Chama é Reavivada Através de Verdadeira Comunhão Entre Irmãos

Alguma vez você já sentiu a chama queimar no seu interior enquanto compartilhava algo com um irmão? Parecia que quanto mais falavam sobre o assunto, mais este se tornava verdade para vocês e mais o fogo ardia nos seus corações! Isso acontece porque a comunhão é um tremendo combustível para nossa chama interior. Durante o tempo que tenho morado na África, tenho descoberto muitas coisas sobre o fogo que eu não sabia antes. Muitas vezes quando saímos para fazer evangelismo em diversas vilas, somos hospedados nas igrejas. Como as igrejas de pau-a-pique são muito abafadas e empoeiradas, geralmente dormimos do lado de fora, à luz das estrelas, ao lado de uma fogueira, para espantar os animais e insetos.

Antes de ir dormir, podemos observar que o fogo está alto, queimando forte, com as quatro toras de madeira bem próximas umas das outras. Ao acordarmos no dia seguinte, daquilo que antes era um fogo, agora restam somente cinzas. Podemos pensar que o fogo apagou-se por completo, mas, na verdade, ele apenas diminuiu e armazenou-se em forma de brasas. Por que isso aconteceu? Porque durante a noite, as toras de madeira, que antes estavam unidas, foram queimando, queimando, virando cinzas e “afastando-se” umas das outras. Por fim, a chama do fogo já não podia se manter, com as toras totalmente afastadas umas das outras, e restou somente a brasa separada em cada tora. O que temos de fazer para que a chama volte? É simples: reunir as toras novamente e assoprar um pouco. Tão logo as brasas se toquem e recebam oxigênio, a chama reaparece.

O mesmo ocorre em nossas vidas espirituais. Quando não temos verdadeira comunhão com nossos irmãos, nossas “toras” estão se afastando. A chama, que antes era forte, vai enfraquecendo até transformar-se numa simples brasa. Para fazer a chama voltar, basta buscar a verdadeira comunhão, que incendiará novamente nossos corações.

Essa comunhão geralmente é espontânea, num momento de conversa privada ou no compartilhar de sonhos, idéias e anseios, e muitas vezes pode acontecer com alguém que você acaba de conhecer. O mais importante é sermos genuínos e, mais uma vez, estarmos vulneráveis (“baixar a guarda”).

Conclusão

Se genuinamente queremos manter nossas chamas acesas, devemos:

– Tomar a decisão de amar e buscar a Deus, independente das nossas emoções inconstantes. Podemos crer que, se perseverarmos, Deus sabe exatamente do que precisamos e nos trará as emoções, como galardão da nossa dedicação a ele.

– Ser vulneráveis e correr riscos com o objetivo de compartilhar nossa chama com outros, sem receio do que possam fazer contra nós. Quando fazemos isso, damos chance para Deus operar e reacender a nossa chama (e até “contagiar” a outros).

– Buscar comunhão real com outros cristãos, em conversas relevantes sobre o reino de Deus, que façam-nos voltar ao nosso primeiro amor e às revelações, que perdemos por não termos “cultivado” nossa chama.

Com um povo apaixonado por Deus, não haverá mais quem possa dizer que o Evangelho é para fracos e maricas! Somos um exército preparado para batalha, em humildade e submissão ao nosso comandante: Cristo!

E quando nossos inimigos se levantarem para apagar nossa chama, quanto mais assoprarem, mais oxigênio nos darão, para que nossas chamas queimem mais e mais forte. Seremos como os primeiros cristãos – quanto mais perseguidos eram, mais determinados a morrer por Cristo se tornavam!

“Acenda o fogo em você, vá até a sociedade, e deixe que eles vejam você se queimar.”
(John Wesley)

Susana Walker, 20 anos, é filha de Harold Walker e está no segundo ano de uma missão com “Christ For The Nations” em Moçambique, onde é professora de um Instituto Bíblico para treinamento de obreiros, perto de Inhaminga.

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3 respostas

  1. Glória a Deus, pelo artigo publicado pela missionária Susana Walker. Como é inspirador e como falou ao meu coração! Louvo a Deus por sua vida e que o Senhor continue derramando desse amor sobre você, minha irmã em Cristo, continue firme nas promessas do Senhor, pois Ele é fiel pra completar a obra que Ele começou em sua vida, familia e ministério.

  2. Palavra sensacional e pura verdade e realidade que acontece. Vou usa-la no nosso culto de jovens, creio que será benção. Deus abençoe sua vida e familia onde estiverem. Abraço

  3. Que palavra maravilhosa,falou grandemente ao meu coração.Oro para que o nosso Deus continue te usando como um instrumento nas suas mãos.Paz minha irmã querida e amada.

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