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Ciência e Fé: Uma Visão Coerente do Mundo

Por: Francis Schaeffer

Dando seqüência ao assunto que começamos na última edição (nº 10) da Revista Impacto, começaremos com os pensamentos chaves daquela matéria:

• A maneira como agimos em nosso dia a dia é resultado de uma “visão de mundo”, e esta visão se baseia no que para nós é a verdade.

• O que tem produzido o dilúvio de maldade na história da humanidade é a visão de mundo que diz que toda a realidade se compõe somente de matéria.

• Sem um conjunto firme de valores que fluem de uma visão de mundo que oferece uma razão adequada para o valor singular de cada vida humana, não pode haver nem haverá qualquer resistência substancial à maldade atual, produzida pela visão barata da vida humana que acabamos de considerar. Foi a visão de mundo materialista que produziu a desumanidade; tem de haver uma visão de mundo diferente para desarmá-la.

• Um inconformismo emocional sobre aborto, eutanásia e o abuso do código genético não é suficiente. Protestos não bastam. Ter ideais corretos não basta. Uma alternativa verdadeiramente radical tem de ser encontrada. Mas onde? E como?

Antes de considerarmos as possíveis opções de visão de mundo, precisamos definir melhor quais são as indagações básicas que nossa visão de mundo precisa responder. Poderíamos considerar muitas coisas, mas no momento basta concentrar-nos em apenas duas:

1.  O Universo e Sua Forma. Primeiramente, chama-nos a atenção o fato de o universo ao nosso redor ser como um intrigante quebra-cabeça. Vemos muitos detalhes, e queremos saber como eles se encaixam. Esse é o papel da ciência. Os cientistas examinam os detalhes e tentam descobrir como são coerentes. Então a primeira pergunta a ser respondida é como o universo tomou esta forma, este padrão.

2.   A Pessoalidade” do Homem. Em segundo lugar, a “pessoalidade” do homem chama nossa atenção para o fato de os seres humanos diferirem de todas as outras coisas no mundo.Pense, por exemplo, no fator criatividade. Pessoas de todas as culturas e de todas as épocas criaram muitos tipos de coisas, desde a arte mais alta até simples arranjos de flores, desde enfeites de prata até naves espaciais supersônicas envolvendo a mais alta tecnologia. Também, há outras diferenças. O ser humano teme a morte, almeja fazer a escolha correta entre o que pensa ser certo e errado, verbaliza seus pensamentos e, finalmente, possui uma vida interior da mente; ele relembra o passado e faz projeções para o futuro. Portanto, a segunda pergunta a ser respondida é de onde vieram todas estas características marcantes do ser humano.

Dois Tipos de Respostas para as Indagações Básicas

Não há muitas respostas possíveis a estas perguntas. Embora haja muitos detalhes que possam ser discutidos, as respostas possíveis – em seus conceitos básicos – são extremamente poucas. Há duas classes de respostas para as questões citadas:

1. Não há nenhuma resposta lógica e racionai No final, tudo é caótico, irracional, absurdo e sem significado. Essa é a visão de mundo de muitas pessoas hoje. O problema é que ela só pode ser sustentada teoricamente. Na prática o mundo exterior existe e tem forma e ordem. Não é um mundo caótico e o homem se conforma a esta ordem a fim de viver dentro dele. Portanto, este tipo de resposta não é uma resposta.

2. Há uma resposta que pode ser racional e logicamente considerada, e comunicada a outros. Trataremos, agora, portanto, das respostas que podem ser discutidas. Curiosamente, há somente três respostas básicas possíveis para esta questão que podem ser discutidas racionalmente.

Três Respostas Básicas que Podem ser Racionalmente Consideradas

1.  Tudo que existe veio de absolutamente nada. Em outras palavras, para sustentar esta visão você começa com nada deve ser o que eu chamo de nada de nada. Não pode haver nenhuma energia, nenhuma massa, nenhum movimento e nenhuma personalida de. Suponha que tenhamos um quadro negro que nunca tenha sido usado. Neste quadro desenhamos um círculo, e dentro do círculo está tudo o que existia – e não há nada dentro do círculo. Depois apagamos o círculo. Isto é nada de nada.

A verdade é que eu nunca ouvi este argumento sendo sustentado, pois é impensável que tudo o que agora existe veio do nada absoluto. Mas teoricamente, esta é a primeira resposta possível.

2.  Tudo que existe agora teve um começo impessoal. Esta impessoalidade pode ser mas sa, energia ou movimento – para a filosofia não faz nenhuma diferença básica com qual deles você começa. A partir do momento em que aceita o começo impessoal de todas as coisas, você está diante de alguma forma de reducionismo. Reducionismo argumenta que tudo o que existe, desde as estrelas até o próprio homem, para ser realmente compreendido, deve ser reduzido a um fator (ou fatores) original e impessoal.

O grande problema em começar com o impessoal é achar qualquer significado para os particulares. Um particular é qualquer fator ou coisa individual – as partes separadas do todo como uma gota de água ou um homem. Ninguém, seja do ocidente ou do oriente, em toda a história do pensamento filosófico tem nos dado uma resposta adequada para isto.

Começando com o impessoal, tudo, inclusive o homem, deve ser explicado em termos de impessoal mais tempo mais acaso. Não deixe ninguém desviar sua mente deste ponto. Não há outros fatores na fórmula porque não tem como existir. Se começamos com algo impessoal, não podemos depois ter alguma forma de conceito teológico. Ninguém nunca demonstrou como tempo mais acaso, começando com o impessoal, pode produzir a complexidade necessária ao universo, sem mencionar a “pessoalidade” do homem. Ninguém nunca nos deu uma chave para isto. Este é o dilema da segunda resposta, apesar dela ser defendida pela maioria das pessoas hoje. Começando com o impessoal, não há respostas verdadeiras no que se refere à existência com sua complexidade, ou à “pessoalidade” – a humanidade do homem.

3. Tudo que existe agora teve um começo pessoal. Isto esgota as possíveis respostas básicas em relação à existência. Pode parecer simplista mas é verdade. É claro que há muitos detalhes que podem ser discutidos, muitas variações – mas essas são as únicas escolas básicas de pensamento que são possíveis. Alguém disse brilhantemente que quando você chega a qualquer questão básica não restam muitas pessoas na sala. Significa que quanto mais avançamos e nos aprofundamos em qualquer indagação básica, no final as escolhas que restam para ser feitas são bem simples e claras. Não há muitas respostas básicas para quaisquer das grandes questões da vida.

Começar com aquilo que é pessoal é exatamente o oposto de começar com o impessoal. Nesse caso o homem, sendo pessoal, realmente tem significado. O dilema do homem moderno é simples: ele não sabe por que o homem tem qualquer significado. Ele está perdido. O homem permanece um zero. Esta é a maldição de nossa geração, o cerne do problema do homem moderno. Porém, se começamos com algo pessoal como a origem de todas as coisas, então a pessoa tem de fato significado; o homem e suas aspirações têm sentido. Temos a realidade do fato de que “pessoalidade” tem significado porque não está alienada daquilo que sempre era, é e sempre será. Esta é a resposta do Cristianismo, e com isto temos uma solução não somente para o problema da existência do universo e sua complexidade – mas também para o fato da existência singular do homem, com uma “pessoalidade” que o distingue do não-homem.

A seguinte ilustração pode ajudar: imagine-se nos Alpes e de um pico bem alto você pode ver três cadeias de montanhas paralelas com dois vales entre elas. Num dos vales há um lago, e o outro está seco. De repente você testemunha algo que às vezes acontece nos Alpes: um lago se formando no segundo vale onde antes não havia nada. Enquanto observa a água subindo, você imagina de onde ela vem. Se parar no mesmo nível do lago do vale vizinho, você poderá, após medir cuidadosamente, concluir que existe a possibilidade de que a água tenha vindo do primeiro vale. Porém, se a medição mostra que o nível do segundo lago é seis metros mais alto que o primeiro, você não pode dar essa resposta e teria de procurar outra explicação. Com a “pessoalidade” é a mesma coisa: ninguém até agora conseguiu tirar “pessoalidade” de impessoalidade.

Se começamos com menos do que “pessoalidade”, temos de no final reduzir “pessoalidade” à impessoalidade. O mundo científico moderno faz isto com seu reducionismo, pois considera “pessoalidade” como apenas o resultado do impessoal mais a complexidade. No mundo científico naturalista, seja em sociologia, psicologia ou em ciências naturais, o homem é reduzido à impessoalidade mais complexidade.

Preconceito Contra Deus

Há somente uma visão de mundo que pode explicar a existência do universo e a singularidade das pessoas – a visão de mundo que nos é oferecida na Bíblia. Muitas pessoas, porém, reagem fortemente contra este tipo de reivindicação. Elas vêem o problema – De onde vêm todas as coisas e por que são assim? -mas se recusam a considerar uma solução que envolva Deus. Deus, elas dizem, pertence à “religião”, e respostas religiosas não lidam com fatos. Somente a ciência trata de fatos. Desta forma, segundo eles, respostas cristãs não são verdadeiras respostas; são “respostas de fé”.

Essa é uma reação estranha, porque pessoas modernas se orgulham de serem abertas para novas idéias, ou de estarem dispostas a considerar opiniões que contradizem o que se tem acreditado por muito tempo. Elas acham que isto é necessário para “ser científico”. Repentinamente, porém, quando alguém menciona as “grandes” e mais básicas indagações (como essas que estamos considerando agora) com uma resposta que envolva

Deus, as portas se cerram na hora, a mente aberta se fecha e uma atitude muito diferente, um racionalismo dogmático, domina.

Isso é curioso – primeiro porque poucos parecem notar que a explicação humanista das grandes e mais básicas perguntas não passa de “resposta de fé” tanto quanto qualquer outra poderia ser. Dentro do ponto de vista humanista, tudo começa apenas com matéria; qualquer coisa que se tenha desenvolvido desenvolveu-se somente a partir da matéria e o universo representa uma reordenação da matéria por acaso.

Embora cientistas materialistas não possuam entendimento científico do por que as coisas existem nem algum entendimento científico de como a vida começou, e embora esta visão de mundo os deixe com problemas imensos – os problemas que Woody Allen, um cineasta ateu americano, descreveu como “alienação, solidão e vazio beirando a loucura” -muitas pessoas modernas ainda rejeitam de imediato qualquer solução que use a palavra Deus, em favor da “resposta” humanista que não responde nada. Isso é simplesmente orgulho em ação.

Precisamos entender, porém, que este orgulho é recente e arbitrário. O professor Ernest Becker, que ensinou na Universidade da Califórnia em Berkeley e na Universidade Estadual de São Francisco, disse que por milhares e milhares de anos pessoas sempre creram em dois mundos – um que era visível e outro que era invisível. Este mundo visível era onde eles viviam sua vida cotidiana; o mundo invisível era mais poderoso, porque o significado e a existência do mundo visível dependia dele. Repentinamente, no último século e meio, as idéias do lluminismo se espalharam por toda a cultura ocidental e temos sido ensinados quase arbitrariamente que não há nenhum mundo invisível. Isso tornou-se um dogma para muitas pessoas seculares hoje.

Portanto, antes de adotar uma visão de mundo “científica”, verifique as premissas filosóficas em que esta “ciência” está fundamentada. Cheque para ver se você mesmo ou aqueles que estão apresentando os argumentos não foram cegos pelo preconceito contra Deus e analise cuidadosamente se não é necessário mais fé para acreditar neste tipo de visão de mundo do que para aceitar aquela apresentada na Bíblia

(Este artigo foi composto de trechos traduzidos dos livros: “O Que Será Que Aconteceu Com a Raça Humana?” e “Ele Existe e Ele Fala”, ambos escritos por Francis Scheaffer.)

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