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Ciência e Fé: Os Perigos da Tecnologia

Por: Mateus Ferraz

Não saia de casa. Levante-se, tome seu café da manhã, vá para o seu homeoffice, nos fundos de sua casa, elabore todas suas pesquisas via Internet e conclua seu trabalho enviando uma mensagem via correio eletrônico para sua companhia. Para relaxar, leia um bom livro. Ele pode ser facilmente encontrado em uma lista na Internet, e será remetido à sua casa por correio, e a cobrança será realizada automaticamente no seu cartão de crédito. Está com fome? Pegue o telefone, disque o número de sua pizzaria predileta e peça uma pizza à moda da casa. Em poucos minutos o entregador estará à porta de sua casa com sua encomenda. Se sentindo sozinho? Corra para o computador, não deixe a solidão afligi-lo. Acesse rapidamente um desses sites de bate-papo e com certeza você vai dividir suas necessidades com alguém de seu interesse. Afinal de contas vivemos em um mundo tecnológico. Por que sair de casa?

Esse mundo maravilhoso, que chamamos de mundo tecnológico, diz trazer inúmeros benefícios para a sociedade. Economia de tempo, redução de custos, maior agilidade nos serviços etc. Em poucos anos, o funcionamento do mundo se transformou totalmente trazendo conseqüências enormes a cada um de nós. O tempo vai ficando cada vez mais escasso, e para nós que vivemos dentro do sistema desse mundo tecnológico, as coisas estão acelerando e o espaço encurtando. Temos telefones celulares, pagers, correio eletrônico, sistema bancário on-line, TV por assinatura, enfim, pressione um botão e esse mundo está em suas mãos. Mas até que ponto esse tipo de avanço tecnológico e científico tem auxiliado nossas vidas? Será que tudo isso tem sido realmente bem utilizado principalmente pelo povo de Deus? Será que ao tornar-nos parte dessa compulsão frenética por tempo, dinheiro e espaço não nos temos tornado mais amigos do mundo do que de Deus?

Não é nossa intenção dizer que o cristão deve tomar uma atitude totalmente irrealista e isolada do mundo. Sabemos que precisamos, de uma forma ou de outra, interagir com esse mundo tecnológico para extrair dele aquilo que pode nos servir de apoio para viver uma vida equilibrada. No entanto, temos observado até mesmo entre os cristãos uma aparente conformidade com este sistema (Rm12.2); conformidade esta que tem levado muitos a se esquecerem de suas esposas, de seus filhos, de suas igrejas, de seus irmãos em Cristo, e até mesmo de seus relacionamentos com Deus.

Vejamos alguns perigos desse envolvimento:

Isolamento

A situação descrita no início desse artigo, embora um pouco fictícia no Brasil, já é uma realidade nos EUA e em outros países do primeiro mundo. As pessoas não saem mais de casa. A tecnologia as tem enclausurado, convencendo-as de que o convívio com o resto do mundo é desnecessário. Será que isso é benéfico? Será que isso é realmente uma das maravilhosas vantagens de se viver em um mundo moderno?

Uma das lições mais sutilmente ensinadas por essa tecnologia é a lição da auto-suficiência. O mundo coloca à nossa disposição tudo o que precisamos para viver sem o auxílio de ninguém. Isso nos leva a uma total reclusão, tornando-nos alheios ao conceito tão valioso da comunhão expresso em toda a Bíblia. Tudo é feito para sua maior comodidade, mas essa comodidade acaba nos fechando em um calabouço de egoísmo, privando-nos de ouvir a voz de Deus e minando nossas mentes com o pensamento imposto pelo mundo através da mídia. Já foram colocadas na Internet até mesmo igrejas virtuais, através das quais os membros não precisam sair de casa para “louvar a Deus”. Esse isolamento sem dúvida alguma é uma sutil armadilha do inimigo.O autor da carta aos Hebreus nos adverte sobre a importância da comunhão, ou seja, a inter-relação que deve existir entre os membros do corpo de Cristo:

“Vede, irmãos, que nunca se ache em qualquer de vós um perverso coração de incredulidade, para se apartar do Deus vivo; antes exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (Hb 3.12-13).

Com essa influência tão aguda a qual somos expostos, seu amigo mais íntimo passa a ser o aparelho de TV e seu sábio conselheiro passa a ser encontrado em seu escritório, personificado na figura de um microcomputador.

Consumismo

Uma outra conseqüência maléfica dessa relação íntima com o mundo tecnológico é o consumismo impulsivo que ele nos impõe. Tudo fica ultrapassado no período de dois anos. Tudo perde seu valor mais rápido do que o tempo que dispomos para desfrutar dele.

As mudanças são inevitáveis, mas as coisas estão mudando mais rapidamente esses dias. Antigamente, estilos de roupas e mobílias costumavam tomar novos rumos a cada década. Nos anos 70 essas tendências mudavam a cada ano. No entanto, hoje esses novos estilos chegam a cada mês e cada vez mais agressivos. Não conseguimos nos manter atualizados. Novos estilos são impostos para que as pessoas não se sintam à vontade com o que possuem, e o comercialismo assegura que as coisas nunca permanecerão as mesmas.

Um dos instrumentos mais usados nessa injeção intravenosa de necessidade e consumo, é aquele que ocupa a primazia na maioria dos lares – a Televisão. A mídia tem como principal objetivo tornar o alvo de sua venda uma necessidade imprescindível à vida humana. Ela faz tão bem esse papel, que hoje em dia artigos como Coca-Cola, Pepsi, e Lanches McDonald’s são encontrados em todo o mundo; a Internet se espalha por toda a parte; filmes americanos e clips musicais da MTV estão em todo o lugar; e o mais intrigante, se você for a qualquer casa de chão batido no interior brasileiro, pode não encontrar mobília ou água encanada, mas com certeza encontrará um aparelho de TV ligado a uma boa antena no telhado.

As prioridades estão cada vez mais invertidas. Parafraseando as palavras de Jesus em Mateus 6.25-34 e aplicando-as em nossa realidade moderna, poderíamos ler:

“Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber, ou pelos softwares que haveis de comprar, ou pelas máquinas que hão de quebrar; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir, ou pela moda que há de mudar Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário?”

Ativismo – E perda de tempo

O principal argumento usado pela tecnologia moderna é a melhor administração e exploração do tempo. Segundo eles, nada como uma boa rede de rápidos computadores para realizar o melhor trabalho o mais rapidamente possível. Será que isso é real? Se for, essa tal tecnologia pode ser a maior aliada do cristão, pois realizando o trabalho mais rápido, ele tem mais tempo para Deus. Mas será que isso tem acontecido com os cristãos do mundo moderno? A resposta é um ressonante “não”. De fato, de alguma forma, os artifícios tecnológicos têm ajudado muito nossa vida. É evidente que certas tarefas são muito melhor realizadas com o auxílio de máquinas e equipamentos. Porém, o que tem acontecido, em termos práticos, é que o tempo que ganhamos com o uso desses equipamentos, perdemos com a manutenção dos mesmos e com outras coisas que esse estilo de vida nos obriga a fazer. Ao invés de ganharmos tempo, ganhamos mais atividades. Somos estimulados a usar cada minuto disponível para satisfazer nossas necessidades tecnológicas e financeiras. Isso tem levado muitos a uma vida fútil e superficial, arraigada apenas em conceitos mundanos do sistema que nos envolve, deixando para depois (que nunca chega), as prioridades espirituais.

Infelizmente, Deus tem sido substituído pela necessidade compulsiva de trabalhar mais para ganhar tempo.

Equilibrando para Solucionar

O que fazer então? Jogar fora todos os microcomputadores e aparelhos de TV que temos? Mudar para uma longínqua região do Alasca em busca de um aprimoramento espiritual? Óbvio que não. Deus não exige que seus filhos sejam totalmente alheios à vida. O que deve ser feito é um rearranjo de prioridades através do uso equilibrado da tecnologia.

“Todas as coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma de-Ias”(I Co 6.12).

O que tem levado muitos a sofrer as conseqüências maléficas citadas acima é o domínio que tais coisas exercem sobre eles. Domínio que se torna tão acentuado, que o ser humano perde o poder de decisão, e se vê sem saída diante de tantas obrigações. Para tais problemas, só existe uma solução:

“Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).

O primeiro passo nesse processo de libertação consiste em colocar Deus no centro de nossas prioridades. Apesar de ser um conceito tão comumente pregado nas igrejas evangélicas, paulatinamente Deus tem deixado de ser o centro das prioridades nos lares. Nada substitui nossa comunhão com Deus. Nada nos faz ganhar mais tempo do que quando paramos para ouvir sua voz. Nada satisfaz mais nossa necessidade interior do que um bom período aos pés do Mestre. Uma reorganização de nossas prioridades e preferências pode ajudar e muito a melhorar nossa qualidade de vida. Defina suas prioridades. Uma boa receita para tal definição é a seguinte ordem: Deus, família, trabalho. Sempre tendo em vista que para cada uma delas é necessário estabelecer um tempo determinado. Não gaste mais tempo trabalhando para compensar as horas que você passou com Deus. E não limite seu relacionamento com Deus a meras horas de atividade na igreja aos domingos. Gaste tempo com ele. Confie nele e creia que todas as demais coisas lhe serão acrescentadas sem a necessidade descontrolada de fazer horas extras. Reorganize seu tempo. Faça dele um amigo e não uma compulsão. Use a tecnologia em favor de sua qualidade de vida espiritual, emocional e familiar. Não se permita ser dominado por ela. Assim sendo, teremos melhores cristãos, melhores maridos e esposas, melhores pais e filhos e com certeza melhores trabalhadores.

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2 respostas

  1. Parabéns! Eu acrescento ainda: A tecnologia trouxe mudanças profundas no comportamento social que está afetando os crentes, principalmente jovens e adolescentes.

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