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Entrevista-Avaliando “A Cabana”

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Por Uma entrevista com Wayne Jacobsen

Wayne Jacobsen é escritor e tem visitado muitos países para falar sobre o amor de Deus. De maneira simples, ele gosta de se apresentar como “filho de um agricultor, marido de Sara, pai de Julie e Andrew e avô de duas menininhas: Aimee e Lindsay”. O autor ficou conhecido no Brasil a partir de seu livro So You Don’t Want To Go To Church Anymore – publicado pela editora Sextante com o título em português: Por Que Você Não Quer Mais Ir à Igreja? Mas o que muitos não sabem é sua colaboração em A Cabana. A seguir, você pode conhecer um pouco mais sobre a participação de Wayne na produção do livro que se tornou best-seller mundial.

Qual foi sua participação na publicação de A Cabana?

Um amigo meu (Paul Young) escreveu o livro. A intenção original era escrever uma história para seus filhos. Eu o havia conhecido um ano antes, e, apesar de não sermos amigos próximos, trocamos alguns e-mails e ele me enviou uma cópia da história. Quando a li, fui muito tocado. Conversei com ele sobre a possibilidade de publicá-la como livro, mas, inicialmente, não demonstrou interesse. Nos dois ou três meses seguintes, conversamos de novo sobre essa possibilidade.

Havia certos problemas com o manuscrito original: a história não estava muito clara, e existiam questões teológicas, para mim pelo menos. Sugeri algumas mudanças que, no começo, ele recusou, mas depois acabou considerando. Foi então que, aos poucos, fomos encontrando um caminho para reescrever o manuscrito numa equipe de três: Paul Young, um outro amigo meu, Brad Cummings, e eu. Passamos 16 meses fazendo quatro versões diferentes do livro. Reescrevemos praticamente cada página e cada capítulo, tentando enfocar mais a história. Queríamos que A Cabana não fosse apenas uma série de lições, mas também a história de Mackenzie. Foram, então, 16 meses de trabalho juntos até conseguir o resultado final.

Você se surpreendeu com o sucesso do livro?

Quem não ficaria surpreso? Não tem como não se surpreender! Vender 20 mil livros na América do Norte já é um enorme sucesso. Lá, se vender 7.500 exemplares de um livro, ele já é considerado um best-seller. Nossa esperança era vender 100 mil exemplares em três anos para conseguirmos fazer o filme, porque era esse o nosso alvo com a história. Até agora, já vendemos quase 10 milhões de exemplares no mundo todo. Então, se ficamos espantados? Com toda certeza!

Qual você considera a mensagem principal do livro?

Para mim é simplesmente isto: não existe buraco tão profundo nem lugar tão tenebroso onde Deus, como o Pai amoroso do universo, não consiga encontrar você e guiá-lo, andando ao seu lado, até um lugar de plenitude e cura por meio de um relacionamento com ele. Eu acho que o livro é um convite a um relacionamento com Deus que a maioria das pessoas nem sabe que existe. A religião, às vezes, pinta Deus como um juiz aterrorizador, muito irado, quase como se tivesse uma personalidade de dominador cruel e insensível. Nós queríamos que esse livro expressasse a ternura do coração de Pai que Jesus expressou quando nos encorajou a chamar Deus de “Abba”, nosso Pai, e a amá-lo e relacionar-nos com ele com essa mesma ternura.

Você observou algum resultado negativo nos leitores do livro, não reações de teólogos, mas de leitores comuns?

Bom, houve pessoas que gostaram e outras que não gostaram do livro. Na minha opinião, os que não gostaram não compreenderam ou distorceram a teologia do livro. Eu fico triste em saber que alguns leram o livro e concluíram que nosso objetivo era dizer que Deus é mulher. Eu não creio que Deus seja mulher e, tampouco, homem. Deus é espírito e verdade. Tanto a essência masculina quanto a feminina estão incluídas em quem Deus é; contudo, Deus escolheu ser conhecido por nós como nosso Pai.

Algumas pessoas que leram o livro e o interpretaram erroneamente, na verdade, não conheciam o Deus verdadeiro; mesmo assim, acharam que o deus delas era o mesmo Deus do livro. Mas essa não era a nossa maior preocupação. Não queríamos que as pessoas chegassem ao final do livro e dissessem: “Este deus descrito aqui é o Deus da Bíblia, e agora entendi que tenho obrigação de segui-lo”. Ao invés disso, queríamos que dissessem: “Se há um Deus no céu como este, eu quero conhecê-lo”.

Temos recebido e-mails dizendo exatamente isso e escritos tanto por ateus quanto por cristãos que foram criados dentro da igreja sem conhecer esse Deus de imensa ternura e compaixão. Essas são as melhores coisas que recebemos dos leitores. Agora, quanto às pessoas que não captaram ou não entenderam a mensagem no livro, eu realmente sinto muito.

Quais são alguns dos resultados positivos de tantas pessoas terem lido esse livro?

O número de vidas transformadas: pessoas que retornaram ao Deus de sua infância, pessoas que talvez houvessem rejeitado as coisas que lhes foram ensinadas durante a criação por causa de seu envolvimento com as coisas do mundo e por terem se afastado de um Deus irado e intimidante. Recebemos tantos e-mails de pessoas que não tinham mais fé e que nos escreveram dizendo: “Esse é o Deus que quero conhecer. É por esse Deus que sinto afeição”. Nós realmente nos alegramos muito com isso.

Como a história foi lida por tanta gente, de idades e classes tão diversificadas, temos ouvido muitos testemunhos de um fenômeno interessante: parentes, membros de uma mesma família estendida, que há anos não conversavam sobre assuntos espirituais, por estarem em posições e experiências tão distantes, de repente começaram a conversar sobre essas coisas, porque todos haviam lido A Cabana e queriam conversar a respeito. Temos recebido inúmeros testemunhos de famílias que, pela primeira vez em dez, quinze anos, estão falando sobre Deus e Jesus juntas, à mesa. Estão começando a entender o Deus da Bíblia e querem amá-lo e conhecê-lo. Este, para mim, foi o mais profundo efeito desse livro: um convite para as pessoas repensarem essa imagem de um Deus irado e dominador que sempre aprendemos na religião. Talvez, ele realmente seja o Pai terno e compassivo que Jesus veio revelar.

O livro é mais importante para ajudar cristãos a corrigirem seu conceito errado de quem Deus é ou para pessoas não cristãs a encontrarem Deus?

Eu creio que tem feito as duas coisas. Muitos de nós, cristãos dos séculos 20 e 21, realmente temos uma visão distorcida de quem Deus é. Acho que isso explica o tamanho do impacto desse livro. As pessoas têm correspondido muito a essa imagem de Deus como sendo um pouco engraçado, pronto a envolver-se diretamente conosco, disposto a ajudar Mack a encontrar cura no momento mais sofrido e profundo de sua dor.

Algumas pessoas reclamam que não há ira suficiente no Deus de A Cabana, e isso sempre me surpreende. Eu creio que aquela cena na caverna entre Mack e Sofia seja a essência do que a ira realmente é. Deus está construindo um relacionamento com Mack na história, mas, ao mesmo tempo em que fundamenta esse relacionamento com ternura, ele também não o libera da exposição ao “fogo” em tudo o que tem a ver com a verdade. Na história, não há nada na vida de Mack que Deus deixa intocado, até mesmo a necessidade de perdoar ao assassino da própria filha. Ele convida Mack não só a experimentar o amor de Deus, mas também a luz, pois as duas coisas são inseparáveis no Deus que conhecemos. Então não é apenas: “Ah, Deus é legal!”. Ele é amoroso, compassivo e terno, sim, mas também tem em sua essência a verdade, que nos transformará se crermos e vivermos nela.

A história de Mackenzie é baseada em fatos reais?

O autor que escreveu o livro original nunca teve uma filha assassinada; então, não é uma história real nesse sentido. Ao mesmo tempo, Missy [a filha de Mack] é uma metáfora para a dor na vida dele. Ele sofreu a perda da inocência sexual, ou seja, foi molestado quando era ainda muito jovem. Missy, então, é uma metáfora. A cabana e a figura do Papai, também; não foram fatos reais. Algumas pessoas acharam que era uma história verdadeira e queriam ir ao Oregon [local da história] para encontrar a cabana, esperando que Deus estivesse ali aguardando por elas. Tivemos de explicar: “Não, não, não, a melhor história sobre como Deus nos amou não é o Papai na cabana, no Oregon, mas é Jesus na Palestina fazendo com que Deus Pai fosse conhecido por todos nós, quando ele primeiro apareceu entre nós na encarnação. Essa foi a maior história e foi real; a outra é ficção”.

Há algum aspecto da descrição da Trindade ou dos princípios de pecado, perdão, salvação ou eternidade com o qual você hoje não concordaria?

Eu tive a oportunidade de ajudar a reescrever o livro, e Paul, o autor original, foi generoso ao ponto de permitir que buscássemos juntos, nós três, um resultado final com o qual todos nós concordássemos e nos identificássemos. Quando chegamos ao final do projeto, creio que os três poderiam afirmar que não havia nada no livro que não expressasse a maneira como víamos as coisas, pelo menos naquele ponto de nossa jornada. Ainda estou crescendo na fé, Deus ainda está mudando coisas na minha vida. Pode ser que eu não veja tudo da mesma maneira daqui a cinco anos, mas quando nós escrevemos o livro, sim, eu creio que estávamos em acordo com tudo o que foi escrito.

Estou dizendo que concordamos com tudo o que procuramos transmitir pelo livro, com o que era nossa intenção de escrever. Em relação às interpretações do livro, já é outra história. Já ouvi muitas interpretações erradas. Às vezes, alguém me pergunta: “Wayne, você realmente crê que Deus seja assim [indiferente ao pecado, não condena ninguém, aceita qualquer coisa]?” Aí, eu respondo: “Não, não é nisso o que eu creio e não acho que é o que o livro afirma”.

A coisa interessante sobre ficção é que as pessoas podem interpretar os fatos de acordo com suas experiências de vida e chegar a conclusões diferentes. Nem todos terão as mesmas conclusões que nós tivemos. Pessoas podem talvez distorcer alguns aspectos. Contudo, o cerne do livro, a essência do que expusemos sobre Deus, o Pai, o Filho, o Espírito, o relacionamento que têm entre si, o convite para entrarmos nesse relacionamento, a forma como Deus transforma vidas, sim, eu concordo plenamente com o livro. Amo essa mensagem!

Colaboraram nesta entrevista Vivian Haddad (transcrição e tradução das respostas) e Renata Ribeiro (revisão).

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