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Atualidades-Por Trás da Notícia

Por: Ed René Kivitz

Na nossa procura incessante por um sentido, temos que continuar a ler livros e jornais de forma espiritual. A pergunta que deveríamos fazer sempre é a seguinte: “Por que é que vivemos?”. Todos os acontecimentos da nossa curta vida precisam ser interpretados. Os livros e os jornais servem para nos ajudar a ler os sinais dos tempos e a dar sentido à vida.
Jesus diz: “Quando vocês vêem uma nuvem se levantando no ocidente, logo dizem: ‘Vai chover’, e assim acontece. E quando sopra o vento sul, vocês dizem: ‘Vai fazer calor’, e assim ocorre. Hipócritas! Vocês sabem interpretar o aspecto da terra e do céu. Como não sabem interpretar o tempo presente?” (Lc 12.54-56).
É este o autêntico desafio. Jesus não olha para os acontecimentos dos nossos dias apenas como uma série de incidentes e acidentes que pouco têm a ver conosco. Jesus olha para os eventos políticos, econômicos e sociais da nossa vida como sinais que apelam para uma interpretação espiritual. Precisamos lê-los espiritualmente! Mas como?
O próprio Jesus nos mostra como. Certa vez, umas pessoas deram-lhe a notícia de que o governador Pilatos tinha executado alguns revoltosos da Galiléia e tinha misturado o seu sangue com o dos sacrifícios romanos. Ao ouvir isso, Jesus respondeu: “Vocês pensam que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros, por terem sofrido dessa maneira? Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão” (Lc 13.2-3).
Jesus não dá uma interpretação política dos acontecimentos, mas espiritual. Ele diz: “O que aconteceu convida-te à conversão!”. É esse o sentido mais profundo da história: um convite constante a voltarmos o coração para Deus e a descobrirmos o pleno significado da nossa vida”

(Henri Nouwen).

A interpretação espiritual da tragédia envolvendo a menina Isabella Nardoni nos convida a considerar aspectos da sociedade contemporânea: o adoecimento das estruturas familiares, das figuras parentais e das mais profundas relações humanas de afeto; a banalização da vida e a espetacularização da morte e do sofrimento; a cruel necessidade da criação de bodes expiatórios que desviem a atenção a respeito do mal inerente a todo ser humano para o mal presente em apenas alguns seres humanos; a força da mídia televisiva e seus conflitos entre a difusão da notícia, a educação da sociedade e a manipulação da informação por interesses questionáveis; a vulnerabilidade humana diante do mal social endêmico; as implicações nefastas e funestas do descarte dos valores sagrados; a fragilidade do ser humano para dominar o mal que o habita e discernir e sanar as enfermidades de sua psique, que gera o fenômeno “homem lobo do homem”; a absoluta carência de Deus como matriz de sentido para a existência e fonte de vida; dentre outros.

Deus é ao mesmo tempo senhor soberano e hóspede na história e no coração humano. Não reina sem ser convidado, não interfere sem ser chamado. Deus não invade, interpela – está à porta batendo, e seu anseio é entrar para colocar a casa em ordem e participar da mesa de comunhão onde a família é ambiente de paz, alegria e amor. Neste tempo de dor e sofrimento, caos e confusão mental, emocional, social e espiritual, Deus nos convida a dar lugar à vida que brota da cruz – seu Filho também foi vítima inocente, massacrado pela maldade humana e, justamente por isso, pode estender as mãos para oferecer cura e apontar caminhos de vida. Seu coração também foi dilacerado pela crueldade e, por essa razão, pode compartilhar o amor necessário às relações de perdão e reconciliação. Na cruz do Calvário pendeu o Cordeiro que tira o pecado do mundo: extirpa o mal do coração, para que a vida em família, amizade, comunidade e sociedade não fossem mais a guerra cruenta do jogo de todos contra todos, mas a dança singela, bela e amorosa entre Deus e seus filhos, todos eles de mãos dadas como irmãos.

Ed René Kivitz é escritor, conferencista e pastor da Igreja Batista da Água Branca, em São Paulo. Blog: www.galilea.com.br

 

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