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caminho que Jesus trilhou

Israel-A Raiz de Todas as Divisões

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Por Reuven Doron

Enquanto acompanhamos os desdobramentos dos acontecimentos atuais em Israel (alvo de pressões cada vez maiores e mais graves) e na Igreja (onde os primeiros sinais de mudanças fortes e fundamentais começam a despontar), aguardamos, com expectativa, a prometida convergência desses dois povos em um só. É preciso compreender, porém, que, para isso acontecer, o cisma mais profundo, mais amplo e mais antigo de toda a humanidade precisa ser resolvido. Nunca houve uma desconexão mais severa e com consequências mais extensas do que essa que surgiu entre judeus e gentios.

A rachadura começou tão logo Deus chamou Abraão e designou-o pai de uma nação que seria sua “propriedade peculiar dentre todos os povos… reino de sacerdotes e nação santa” (Êx 19.5,6). Naquele instante, o próprio tecido da humanidade foi rasgado pelo fato de o Senhor Deus ter chamado para si um povo que seria diferente, exclusivo e separado para um propósito específico. Como sabemos, separar alguém requer distanciamento dos demais, e foi assim que o abismo começou a surgir.

Balaão, profetizando sobre Israel pelo Espírito de Deus, descreveu a situação da seguinte forma: “Eis que é povo que habita só, e não será reputado entre as nações” (Nm 23.9). Assim, por decreto divino, para cumprir o propósito formulado por Deus, a nação de Israel foi colocada num caminho solitário tão logo foi resgatada da fornalha do Egito em cujas chamas de sofrimento e escravidão havia sido preparada.

A solução de Deus

De acordo com o relato das Escrituras, o chamado de Abraão veio logo após o episódio da Torre de Babel. Podemos dizer que a escolha e a preparação do povo especial foram o antídoto e remédio de Deus para os terríveis juízos que viriam dessa catastrófica rebelião global a sua autoridade e soberania. Enquanto a humanidade unia-se em blasfêmia para edificar “uma cidade, e uma torre cujo tope chegue até aos céus” e tornar célebre o próprio nome (Gn 11.4), Deus já estava preparando a solução! Em meio à anarquia global, enquanto toda a humanidade levantava-se contra Deus, negando seu direito de governar, uma nação foi gerada soberanamente, pela graça, para uma missão redentora.

Em outras palavras, Abraão surgiu no centro do palco justamente no momento em que a família humana, anteriormente unida, estava fragmentando-se em facções hostis para espalhar-se pelas regiões mais remotas do mundo.

Daquele ponto de Gênesis 12 até o final da profecia de Malaquias e o encerramento dos escritos do Velho Testamento, estão registrados os tratamentos exclusivos e inexoráveis de Deus com apenas uma nação, Israel! Durante 2 mil anos, essa nação singular foi o recipiente exclusivo da revelação de Deus, de seu favor, suas bênçãos, seus castigos e juízos. Todas as demais nações só podiam relacionar-se com o Deus da criação por intermédio de Israel.

O Israel de Deus aparece

Assim como o Velho Testamento relata os tratamentos de Deus com a raça humana por meio de uma nação escolhida, os escritos do Novo Testamento desvendam a expansão e extensão do plano divino para toda a humanidade. A Santa Semente de Deus foi plantada no ventre de Israel, o caminho preparado para seu aparecimento – e o Messias nasceu para tornar-se o Salvador do mundo. Quando ele, por sua vez, cumpriu as exigências da Lei, viveu uma vida perfeita, caiu na terra como Semente do Reino e foi levantado outra vez, a Igreja foi gerada!

A primeira etapa do grandioso plano divino de salvação cumpriu-se quando Israel deu à luz o Salvador do mundo. Em seguida, como um ventre sangrento e cansado depois do nascimento de um bebê, a nação de Israel foi encostada por um período enquanto a graça e o poder de Deus inundavam a Terra por meio do ministério dos apóstolos e do testemunho da igreja recém-nascida cheia de vigor. Ao mesmo tempo em que o povo de Israel passou a viver em exílio, com a vida nacional praticamente extinta e a terra sendo pisada por pagãos, o “Israel de Deus”, a emergente nação espiritual, crescia em força e andando em poder divino.

Contudo, apesar de tudo o que Deus fizera nesse novo capítulo de seu plano, o antigo abismo entre judeus e gentios ainda não havia sido resolvido. A mais profunda de todas as divisões, aquela que existe entre Israel e as nações, acabou infiltrando-se na raça dos redimidos, produzindo novas expressões tóxicas. Embora o Senhor Jesus já tivesse conquistado completa reconciliação na cruz, a Igreja ainda não estava (e não está) experimentando toda a sua plenitude. Na cruz, o homem não só foi reconciliado com Deus, pela expiação de todos os seus pecados, mas também foi reconciliado com os outros homens e com a criação, pois toda hostilidade, rivalidade e preconceito se desfazem na presença de Deus. Entretanto, não podemos esconder-nos da trágica realidade de desunião, racismo e rancor que perduraram dentro da igreja e contaminaram-na durante toda a sua história até os tempos atuais.

Por que estamos divididos?

Não é a existência de várias correntes ou expressões no Corpo de Cristo que entristece o coração de Deus. Como está escrito: “Há um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus” (Sl 46.4, ênfase acrescentada). Pelo contrário, é a falta de unidade entre elas que bloqueia o prazer de Deus e impede-o de dar seu aval. Não é pelo fato de alguns terem chamados, temperamentos ou unções diferentes; antes, é a arrogância, a exclusividade e a falta de amor fraternal que afastam de nós a face do Pai e seu favor.

Há muitos cismas no Corpo de Cristo hoje, incontáveis divisões triviais entre igrejas, movimentos e denominações. São obstáculos à união do Salmo 133 que é requisito à plenitude de bênção. Por que a Igreja ainda não aprendeu com a própria história? Por que essas divisões sem fim na casa do Senhor? Creio que a razão esteja na cisão mais profunda e antiga de todas, e que ainda não foi curada: a divisão entre gentios e judeus.

Paulo, já prevendo a futura desintegração do Corpo de Cristo em fragmentos separados e desconjuntados (que começaram a aparecer já no primeiro século de sua história), tratou do âmago da questão em sua carta aos efésios. Exortando a igreja a reconhecer que os povos pagãos já tinham acesso, pelo evangelho, à comunidade de Israel, ele afirmou que, diante disso, não deveria haver mais qualquer divisão entre judeus e gentios. Lembrando os crentes gentios de sua linhagem carnal e idólatra, ele declarou enfaticamente que Jesus “é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derrubado a parede de separação que estava no meio” (Ef 2.14), tirou a inimizade e trouxe reconciliação. Por revelação, o apóstolo viu e declarou a realidade e a necessidade de um povo unido e coeso para quem o novo nascimento teria preferência sobre lealdades nacionais e identidades étnicas.

Continuando a desvendar o mistério, Paulo falou de “um novo homem” (Ef 2.15). Essa nova raça, escreveu ele, fora destinada a levar a presença do Cristo ressuscitado por todo este mundo de doença e morte. Seria uma grande companhia de redimidos, formada tanto de judeus quanto de gentios, mas que não teria características nem de um nem do outro.

Quando Paulo escreveu sobre derrubar “a parede de separação”, estava colocando a espada da Palavra com autoridade apostólica na raiz de todas as divisões no Corpo do Senhor. Como o Novo Homem coletivo está no centro do propósito de Deus de restaurar a humanidade a si mesmo, e como judeus e gentios formam juntos essa companhia por meio de humildade e amor fraternal, é evidente que se tornou um dos principais alvos de ataques demoníacos através dos séculos.

A batalha que precisamos ganhar

Enquanto judeus e gentios permanecerem sem reconciliação, no sentido mais profundo e verdadeiro de amor cristão e unidade de espírito, sempre haverá divisões em todo o Corpo de Cristo! Enquanto nos recusarmos a negar a nós mesmos, promovendo autopreservação no lugar da unidade, sempre haverá base legal para a atuação de espíritos sectários na Igreja.

Assim como ocorre com todos os problemas, as soluções verdadeiras e duradouras só aparecem quando tratamos a raiz da questão. Uma boa ilustração disso pode ser encontrada no caso do machado que caiu no Rio Jordão no tempo do profeta Eliseu. Ao pedirem socorro ao profeta, este respondeu: “Onde caiu?” (2 Rs 6.6). Identificado o lugar, Eliseu cortou um pau, lançou-o na água, e o machado flutuou. O que foi perdido foi restaurado no local exato onde desaparecera! O mesmo é válido para nós hoje. Faríamos bem se procurássemos a causa de todas as divisões e fortalezas sectárias no ponto exato onde as raízes primeiro apareceram, entre judeus e gentios, entre Israel e as nações.

Onde nosso machado caiu? Onde o perdemos? Exatamente quando e por que a Igreja começou a dividir-se? Não foi sobre as contendas arrogantes a respeito de quem é primeiro no Corpo, quem tem mais preeminência ou posição mais alta diante de Deus?

O orgulho e a autopreservação dos judeus, por um lado, e as inseguranças e arrogância dos gentios, por outro, deram origem à mentalidade de exclusividade dos judeus e à teologia da substituição dos gentios.

Aqueles que receberam a natureza redentora de Jesus precisam aplicar fé e dedicação para curar essa ferida antiga se quiserem ver a plena restauração do povo de Deus. Podemos continuar nossos esforços, lutando contra as múltiplas manifestações de nossa condição desconjuntada; ou podemos ir direto ao âmago da questão e desarmar o espírito do sectarismo no local exato onde foi originalmente plantado: entre judeus e gentios!

Reuven Doron é um judeu messiânico (veja história de sua conversão na edição nº 5 da revista Impacto), que reside atualmente em Minnesota, nos EUA. Juntamente com sua esposa, Mary Lou, dirige o ministério “One New Man Call” ( OneNewMan.injesus.com) que visa promover e encorajar o relacionamento e entrosamento entre a Igreja e Israel nestes tempos do fim

E-mail: [email protected];

One New Man Call P O Box 164 Hayfield, MN 55940 EUA.

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