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A melhor mensagem é o Cristão

Porque relacionamento e testemunho são mais importantes (e eficazes) do que proselitismo

Por Paulo Junior

O verdadeiro evangelista não é o que tem ardor pela evangelização, mas o que tem amor pelo evangelizado

Há um aspecto peculiar na “Grande Comissão” relatada no evangelho de João que nem sempre é lembrado quando estamos tratando do envio de discípulos. Enquanto, nos outros textos sagrados, o destaque da comissão eram aspectos mais práticos (como curar os enfermos, operar sinais e fazer discípulos), no texto de João o destaque está no perdão de pecados (Jo 20.23). O conteúdo do evangelismo, seja por meio de novos ou velhos métodos, continua sendo arrependimento e perdão.

Além dessa ênfase, na comissão joanina, também fica claro que o propósito de Jesus, ao enviar seus discípulos, não era apenas o de proclamar o que ele podia fazer em favor do perdido, mas o que podia fazer por intermédio da vida de seus discípulos. “Àqueles a quem perdoardes os pecados lhes serão perdoados”: o foco não está apenas na mensagem, mas na autoridade e na vida dos mensageiros. Particularmente, não acredito que existam formas “ultrapassadas” de evangelismo. Para mim, Deus pode usar qualquer forma de levar o evangelho, seja nova, seja velha. O que me preocupa são as motivações dos crentes na hora de usar dessas fórmulas. Aquilo que, muitas vezes, a igreja está oferecendo para aumentar o número de seus membros não corresponde à verdade do evangelho e tem gerado expectativas que, certamente, serão frustradas.

Em Mateus 23.15, existe uma advertência forte de Jesus: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, vós o tornais duas vezes mais filho do inferno do que vós”. Esse é um alerta que sempre deve ser lembrado em relação à evangelização: o risco do proselitismo e do esforço em mudar a pessoa apenas exteriormente, sem transformar seu entendimento. Enquanto nos virem fazendo a coisa certa pelo interesse errado, o coração das pessoas será contagiado apenas pela cobiça, mas não transformado pelo amor.

Nada é mais evangelizador do que a forma como nos relacionamos uns com os outros em amor. Nossas relações evangelizam mais do que muitas das nossas ações. O cristão é aquele que, como Cristo, vive em favor do próximo. E é na forma como ele sacrifica seus interesses pessoais em favor do próximo que encontra sua melhor oportunidade de comunicar o que crê. Ou seja, quanto mais relacional for a estratégia evangelística, tanto mais relevante será.

Nunca a revelação de Deus vem sem relacionamento. O evangelho chega a nós por meio de pessoas. E o próprio Jesus prometeu que estaria presente na comunhão de dois ou três reunidos em seu nome. Não podemos perder de vista o quão importante isso é. A evangelização não serve, por exemplo, apenas para alcançar o evangelizado; também alcança o evangelista. Quando ele leva a mensagem a alguém, é gerado nele um profundo senso de responsabilidade pelo próximo, de tal modo que evangelista não é o que tem ardor pela evangelização, mas o que tem amor pelo evangelizado.

Por isso, eu creio que fé não seja apenas a certeza inabalável da salvação que já recebemos, mas também a disposição e o amor incansável de trabalhar para que outros também a recebam.

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