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A Fim de Proclamar

Por: Jesus Ourives

O bairro tem o nome sugestivo de Cristo Redentor. Fica na zona norte de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Perto de dois grandes hospitais gerais, mais um hospital especializado em oftalmologia (Banco de Olhos), muitas indústrias, um comércio muito ativo e junto a uma das avenidas mais importantes da capital gaúcha – a Assis Brasil – fica uma rua bem sossegada chamada Gaston Englert, onde mora a família Zilz.

A casa da família é também o escritório central da Missão A Fim de Proclamar. Se nos aproximarmos, vamos ver que o chefe da família, e também diretor da missão, está muito ocupado. Ele se chama Siegfried Rudy Zilz e, embora o seu nome seja germânico e mitológico, ele é bem brasileiro e bem real. Ele está agora atendendo ao telefone e ligado pela Internet com várias pessoas em muitos lugares do Brasil e do exterior. Também se ocupa em receber muitas encomendas que estão chegando – remédios, vacinas, instrumentos musicais, instrumentos cirúrgicos, peças de automóvel, roupas, computadores, intercomunicadores etc. São doações que chegam de vários lugares.

Para Que Tantas Doações?

Ao mesmo tempo, Zilz está confirmando a formação da equipe da próxima viagem, pois ele não faz nada sozinho. Desta vez (abril de 2007), serão três pessoas: o próprio Zilz, um irmão que já participou de outras viagens e um pastor de Porto Alegre que irá pela primeira vez. Entre outras coisas, estarão acompanhando um contêiner de navio com materiais hospitalares tão importantes para o povo necessitado em Guiné Bissau (na África). Consciente da importância daqueles que se dispõem a arregaçar as mangas, ele termina todas as suas mensagens com a mesma assinatura: “Siegfried Zilz e uma fantástica equipe de apoio”.

Os membros das equipes são irmãos de vários lugares do Brasil (Curitiba, Porto Alegre, São Paulo, Rio e outros), os quais, custeando as suas próprias despesas, querem fazer parte de uma próxima viagem ao exterior. Há participantes de uma viagem só, mas há muitos que repetem a experiência. Cada pessoa que participa de uma viagem volta com uma visão nova e uma vida transformada – além de uma paixão pela obra.

E qual é o objetivo dessas viagens: pregar o Evangelho? Não necessariamente. O seu objetivo principal é AJUDAR aqueles que pregam e prestam serviço a populações carentes em postos de evangelização em qualquer lugar do mundo. Este é o objetivo da Missão A Fim de Proclamar – ajudar com o que for possível os obreiros que estão na frente de batalha. Nesses últimos 25 anos, mais de 150 cristãos brasileiros têm participado dessas excursões, e todos foram beneficiados com a colaboração que prestaram.

A preparação para a viagem inclui as instruções para os novatos que viajam pela primeira vez: o ministério de apoio aos cristãos no país de destino já começa com a bagagem: um instrumento (violão ou guitarra) para deixar no destino, Bíblias, suprimentos, instrumentos hospitalares, peças etc.; é uma missão de risco (pode ser perigoso levar tantas coisas diferentes na bagagem, o que pode atrair a atenção dos funcionários da imigração e da alfândega nos países estrangeiros), portanto os membros da equipe e seus familiares precisam estar prontos a realmente dependerem do Senhor em tudo; se um dos membros da equipe for detido no aeroporto de chegada, os demais são instruídos a seguirem como se aquele não fosse conhecido deles (somente depois do resto da equipe estar segura no hotel é que o líder volta ao aeroporto para ajudar na solução daquele que ficou preso). Como se vê, há muito trabalho e muita atenção na preparação de uma viagem dessas. Mas para Siegfried Rudy Zilz trata-se de uma rotina que já se repete há 25 anos.

Algumas pessoas vão pensando em dedicar apenas o tempo e o dinheiro de uma viagem, mas voltam com a vida transformada. Começam a se preparar para ir definitivamente para o campo ou passam a dedicar suas vidas para apoiar de forma mais substancial aqueles que estão lá.

Recentemente, uma jovem advogada de Curitiba trocou um mês de férias em Paris por um mês de serviço cristão na Guiné Bissau. Hoje ela considera ter enriquecido a sua vida com essa experiência (veja texto a seguir).

Em vez de Paris, Guiné Bissau

Maria Alice Boscardin, jovem advogada de Curitiba, da Comunidade Cristã Reviver, aceitou a sugestão de trocar as suas férias em Paris por um período de serviço a fim de ajudar a missão em Guiné Bissau. Em carta dirigida ao seu pastor e ao Siegfried Zilz, ela disse: “Aprendi que a igreja de Deus é composta por uma raça específica, que não é brasileira, nem européia, nem cubana, nem africana, fula, tanda, balanta etc.. A raça da igreja do nosso Deus é a raça da geração santa, eleita para assentar-se com ele nos lugares celestiais. Essa raça não é negra, nem branca ou amarela… são todos vermelhos, lavados pelo sangue de Jesus.”

Como nasceu a missão?

Convidado pela Missão Portas Abertas em fins da década de 70, Zilz viajou para Moçambique com uma de suas equipes. No ano seguinte, na sua segunda viagem a Moçambique, já foi como líder da equipe. Porém, como logo depois Portas Abertas passou a área de Moçambique para a supervisão da sua filial na África do Sul, Zilz voltou-se para outros campos. Chegou a ocupar cargos de direção na Missão Portas Abertas, que ele declara ter sido a sua “alma mater” no trabalho que hoje desenvolve.

Em 1980, ele serviu de intérprete para um pastor siberiano de origem alemã que veio testemunhar em várias igrejas do Brasil a convite da Missão Portas Abertas. Aquele pastor falou a respeito dos seus 25 anos numa prisão comunista e dos sofrimentos da igreja perseguida. Ouvindo e interpretando aquelas mensagens, Siegfried ouviu também o chamado do Senhor para fazer alguma coisa em favor das igrejas perseguidas e dos missionários que estão em áreas difíceis.

Foi então que ele fez uma viagem a Cuba e conheceu de perto a igreja naquela ilha do Caribe. Segundo suas próprias palavras, ele não só conheceu a sala de visitas da igreja, mas principalmente “a cozinha, a despensa e o banheiro” da igreja cubana. Percebeu então que era necessário fazer mais do que levar Bíblias. Era preciso ajudar com suprimentos os mais variados. Nasceu então a Missão A Fim de Proclamar, com a ajuda de vários irmãos brasileiros e com o apoio da Missão Portas Abertas.

Um Ministério de Compaixão na África

Ultimamente, a missão tem dedicado a sua atenção para um trabalho que está sendo desenvolvido na Guiné Bissau, em Iemberém, onde estão o Pastor Jorge Feistler, sua esposa Vera e seus filhos Tiago, Sarinha e Joshua, o Pr. Américo e Sílvia com o seu filhinho de pouco mais de um ano e, também, a enfermeira gaúcha Eda, que foi visitar e lá ficou. Em Quebo, cidade que fica a 80 km de Iemberém, encontram-se Fredy e Rachel e seus filhos Timóteo, Thalita e Lucas, que, além da igreja local, dirigem uma escola com 300 alunos. Pr. Fábio e sua esposa Leidy são os seus parceiros e colaboradores ali.

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Conversões apesar do risco e do medo
Carta do Pr. Jorge Feistler

No dia 5 de março de 2006, um grupo de 19 discípulos confirmou sua fé através do batismo (entre eles, Taibo, a primeira jovem mulher muçulmana convertida nesta região e a primeira de sua etnia, tanda). Alfabetizamos um grupo de 5 discípulos que, orgulhosamente, já podem ler a história daquele que mudou a sua história. Você não pode imaginar sua alegria; a cada manhã, chegam cedo para aprender mais do Mestre. Alguns são desprezados e até ameaçados, mas, ainda assim, têm sido fiéis. Alguns já foram até açoitados. Por favor, ore por eles e por todos aqueles que querem “beber desta Água”, mas ainda têm medo.

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Hoje existem 15 missionários brasileiros na África, além de vários obreiros locais que Deus tem levantado de lá mesmo como pregadores e intérpretes para as diversas etnias como Crioulo, Fula, Balanta, Tanda etc.

Um pequeno hospital com 12 leitos foi entregue aos cuidados dos missionários Jorge Feistler e sua esposa Vera que, embora enfermeira, é conhecida como Dra. Verinha pelos nativos. No atendimento à comunidade, tiveram muito êxito no combate à malária. Tornaram-se uma referência nacional nessa área. Quase todos os habitantes da região ali já foram atendidos, curados ou tiveram o nascimento de seus filhos nesse hospital. Até o líder local, conhecido como Rei Adriano (uma espécie de monarca tribal, responsável por uma cidade), já foi curado de malária ali.

Sem se dar conta do milagre

As surpresas e o inusitado já fazem parte da vida da família do missionário Jorge Feistler. Em uma maca improvisada, a mulher foi trazida ao nosso pequeno Hospital missionário em Iemberem na Guiné Bissau. Os dois homens que a carregaram relataram que já estavam caminhando por quatro dias, com Rebeka. Atravessando rios, matas densas, perigos, com a meta de chegarem a salvo. Mas os gemidos cessaram antes mesmo de chegarem. Os temores dos dois homens se confirmaram: o bebê já estava morto, e a mãezinha em coma.

Pr. Jorge e sua esposa Verinha já foram colocando as luvas, diante da impossibilidade de levar Rebeka para a capital (a 280 km), e iniciaram o parto. O bebê, já em decomposição, foi tirado aos pedaços.

Sem sair do coma, Rebeka foi colocada no soro, medicada e levada ao melhor quarto. Exaustos, Jorge e Verinha foram descansar um pouco para decidir ao amanhecer o que fazer, pois o carro não estava em condições. Ainda era madrugada, quando eles retornaram ao hospital. Para sua surpresa, o quarto estava vazio. O mais provável é que a jovem mãe teria morrido. Mas não.

Encontraram Rebeka no tanque lavando as poucas roupas e organizando seus pertences. “Eu estou muito bem e preciso ir para casa, pois tenho mais três filhos para cuidar”, foi o que ela disse. Depois de abençoada, alimentada e suprida, lá se foi Rebeka, sem se dar conta do milagre do qual ela foi protagonista. O dia clareou, e nosso hospital voltou à rotina.

O trabalho no hospital tem aberto muitas portas. Existe no meio da selva africana uma emissora FM comunitária, “A Funda de Davi” (nome já existente, dado pelos líderes islâmicos), que permite a transmissão de pregações dos missionários (interpretadas para as línguas locais) ou dos próprios discípulos nativos. Os programas de rádio não custam nada à missão; ficam por conta do Rei Adriano, grato pelo serviço prestado à comunidade e por ter sido, ele mesmo, beneficiado.

As necessidades, entretanto, são grandes. O sonho da missão é encontrar um médico/missionário disposto a enfrentar as condições primitivas e a dedicar seus talentos para ajudar ainda mais os necessitados daquele lugar.

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Malária cerebral? Não, possessão demoníaca.
Carta da família Feistler, final de 2004

Internamos uma menina, Lissa, 8 anos, há dois dias com comportamento anormal, cuja agressividade e agitação não cediam nem aos mais fortes sedativos. Logo vimos não se tratar somente de malária cerebral, mas de possessão demoníaca, pois estava sendo “tratada” por feiticeiros. E Lissa foi liberta no nome de JESUS! A mesma história se repetiu com Braima, 5 anos, e, em cada caso, chamamos sua família para explicar a situação e oferecer-lhes a paz do Nosso Senhor Jesus.

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Uma grande parcela do trabalho desenvolvido pela Missão A Fim de Proclamar nesses últimos 25 anos não pode ser divulgada por medida de segurança. A ajuda à igreja perseguida em países onde não há liberdade para os cristãos tem que ser anônima e muito discreta. Os órgãos de repressão desses países estão atentos e, como se diz na linguagem da espionagem internacional, “possuem braços bem longos”.

Siegfried Rudy Zilz, 72 anos, mora em Porto Alegre – RS; é casado com Irma e tem quatro filhos (um deles é paraplégico desde os 8 anos após um acidente num retiro espiritual) e nove netos. Todos os membros da sua família são comprometidos com o Senhor Jesus.

Se você quiser conhecer mais sobre o trabalho da Missão A Fim de Proclamar, entre em contato com eles pelo endereço eletrônico [email protected]. A sede fica na Rua Gaston Englert, 275 em Porto Alegre, RS, CEP 91360-210. O telefone é (51) 3341-4461.

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Conversão de um Príncipe Muçulmano
Siegfried Zilz

Conheci Mohamed Keita no início de nosso trabalho em Guiné Bissau, na cidade de Quebo, a 200 km da capital Bissau. Eu estava visitando nossos missionários Jorge e Vera Feistler.

Mohamed, nascido na Costa do Marfim, um príncipe muçulmano de linhagem real, tinha uma pequena farmácia e, como todo muçulmano naquela região, estava envolvido com outros negócios e era bem-sucedido.

Nossa equipe, composta de 13 pessoas entre adultos e crianças, começou a ser notada no pequeno vilarejo, e o seu testemunho despertou a atenção das pessoas, entre as quais Mohamed, que passou a vir todos os dias. Ele gostava de conversar sobre tudo, mas especialmente sobre o supremo propósito de Deus. Eu mesmo conversei por horas com ele, e dava para ver claramente que seu mundo estava se desmoronando. A cada dia, ele estava mais convicto de que o verdadeiro profeta é Jesus.

Ali, na pequena vila, ele conheceu Tânia, uma de nossas missionárias (baiana) e cheia de Jesus.

“Primeiro eu me apaixonei por aquele Jesus que eu via em Tânia e só mais tarde por ela mesma. Me senti encurralado pelas evidências e entreguei a minha vida a ELE, Jesus.”

O seu batismo nas águas gerou o primeiro grande escândalo na cidade, pois Mohamed era um líder em todos os sentidos. Ele passou a sofrer a mais cruel perseguição. Sua família (tios, principalmente) seqüestrou os seus bens, deixando-o na miséria. O segundo escândalo foi pedir a mão de Tânia, uma missionária cristã.

Veio ao Brasil para casar com Tânia. Depois de um tempo de preparo (alguns meses), sentiu o chamado de Deus para mudar para a sua terra, República da Guiné, na capital Conacri, e pregar Jesus ao seu povo. Não era onde eu o conhecera, em Quebo, mas na cidade natal, onde estavam seus pais. Em poucos meses, vivendo ali pela fé, mais de 30 pessoas aceitaram Jesus.

Um dos propósitos de estar ali era para estar mais perto de seu pai Issa Keita, que era Rei sobre o povo IMANHÁ.

Durante um período de pouco mais de um ano, o Rei ouviu o testemunho do filho sem se opor, pois tinha respeito e admiração por ele. Em 01 de março de 2007, o velho rei veio a falecer aos 105 anos. Depois do sepultamento, Mohamed foi nomeado um Primeiro Ministro para o período de luto, após o qual ele deverá ser empossado como novo Rei, uma espécie de monarca tribal, como se fosse o prefeito de uma cidade. O cargo sempre passa ao primogênito.

Por exemplo, nosso rei em Iemberem é Adriano, e ele zela pelo povo, providenciando tudo para seu povo, como o Hospital que nós administramos, gerador de energia elétrica etc.

Não sabemos o que Deus tem reservado, mas vemos que ele está cuidando de todos os detalhes. Sem dúvida, a vida de Mohamed foi preparada, detalhe por detalhe, para um “momento como este” (Et 4.14).

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Uma resposta

  1. Fico muito feliz em ver vidas se rendendo aos pés do Senhor através da vida de vocês. Deus fica bem mais feliz com vocês e os guarda a cada momento na Sua sombra. Que Deus possa estar abençoando vocês ricamente com a bênção do Amor para que mais vidas sejam restauradas através da vida de vocês. A nossa recompensa não é terrena e sim celestial, mas Ele supre todas as nossas necessidades aqui. Amo vocês em Cristo Jesus…..

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