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A Divisão dos Não-sectários

Por: Watchman Nee

Alguns cristãos julgam que são superiores aos que dizem: “eu sou de Cefas”, ou “eu sou de Paulo”, ou “eu sou de Apolo”. Dizem “eu sou de Cristo”. Tais cristãos desprezam os outros como sectários e, por esse motivo, começam outra comunidade. Sua atitude é: “Vocês são sectários, eu não. Vocês são cultuadores de heróis, nós adoramos somente ao Senhor”.

Mas a Palavra de Deus não apenas condena os que dizem “eu sou de Cefas”, ou “eu sou de Paulo”, ou “eu sou de Apolo”. Ela denuncia de maneira muito definida e clara aqueles que dizem “eu sou de Cristo”. Não é errado considerar-se como pertencendo só a Cristo. É certo e essencial mesmo. Nem é errado repudiar todo cisma entre os filhos de Deus; é altamente recomendável. Deus não condena essa classe de cristãos por qualquer dessas duas coisas; ele os condena pelo próprio pecado que eles condenam nos demais – seu sectarismo.

Como protesto contra a divisão entre os filhos de Deus, muitos crentes procuram separar-se daqueles que estão divididos em organizações humanas, sem jamais imaginarem que eles mesmos são divisores!

A base que eles tomam para divisão pode ser mais plausível do que a de outros que dividem por causa de diferenças doutrinárias ou preferências pessoais por certos líderes, mas permanece o fato de que eles estão dividindo os filhos de Deus. Mesmo quando repudiam o cisma onde ele ocorra, eles são cismáticos.

Dizem: “eu sou de Cristo”. Querem dizer que os outros não são? É perfeitamente legítimo que diga “eu sou de Cristo”, se sua observação significa simplesmente a quem pertence; contudo, se significa “eu não sou sectário, estou numa posição muito diferente de vocês, sectários”, então ela está estabelecendo diferença entre você e os demais cristãos. A própria idéia de distinguir entre os filhos de Deus tem suas origens na natureza carnal do homem e é sectária.

Se considerarmos os outros cristãos como sectários, enquanto considerarmos a nós mesmos como não-sectários, estamos com isso fazendo distinção no meio do povo de Deus e, dessa forma, manifestando um espírito de divisão até no próprio ato de condenar divisão. Não importa que meio usamos para fazer distinção entre os membros da família de Deus – mesmo que seja com base no próprio Cristo, estamo-nos tornando culpados de cisma no Corpo.

Qual é, pois, a atitude certa? Toda exclusividade está errada. Toda inclusividade (dos verdadeiros filhos de Deus) está certa. As divisões denominacionais não são bíblicas e não devemos ser partidários delas; porém, se adotamos uma atitude de crítica e pensamos: “eles são denominacionais, eu sou indenominacional; eles pertencem a seitas, eu pertenço só a Cristo” – tal diferenciação é, definitivamente, sectária.

Sim, graças a Deus, eu sou de Cristo, mas a minha comunhão não é simplesmente com os que dizem “eu sou de Cristo”, porém com todos os que são de Cristo. Não devo me importar tanto com o que eles dizem, mas com o que são. Não indago se eles são denominacionais, sectários ou não-sectários. Só indago: São de Cristo? Sendo de Cristo, então são meus irmãos.

Nossa posição pessoal deve ser indenominacional, mas a base de nossa comunhão não é indenominacionalismo. Nós mesmos devemos ser não-sectários, mas não ousamos insistir no não-sectarismo como condição de comunhão. Nossa única base de comunhão é Cristo. Nossa comunhão deve ser com todos os crentes numa localidade, não meramente com todos os crentes não-sectários nessa localidade.

Eles podem estabelecer diferenças denominacionais, mas nós não devemos fazer exigências indenominacionais. Jamais devemos fazer diferença entre nós e eles, só porque eles fazem distinção entre si mesmos e os outros. Eles são filhos de Deus, e o fato de fazerem distinção entre si mesmos e outros filhos de Deus não os impede de ser filhos de Deus. O denominacionalismo ou sectarismo deles significa que são impostas severas limitações ao Senhor no que tange a seu propósito e mente em relação a eles, e isso significará que nunca irão além de certa medida de crescimento e plenitude espirituais. Bênçãos pode haver, mas plenitude do propósito divino, nunca.

Em todo o tempo, devemos manter uma atitude de inclusividade, não de exclusividade, para com os crentes que se encontram em diferentes igrejas denominacionais, pois eles, assim como nós, são filhos de Deus e vivem na mesma localidade; portanto, pertencem à mesma igreja que nós. Quando usamos o termo “nós” em relação aos filhos de Deus, precisamos incluir todos os filhos de Deus, não somente aqueles que congregam conosco. Se, quando nos referimos aos “nossos irmãos”, não incluirmos todos os filhos de Deus, mas somente aqueles que se reúnem regularmente conosco, então somos cismáticos.

Não desculpo o sectarismo e não creio que devamos defender diferenças sectárias entre uma igreja e outra, porém não nos compete induzir as pessoas a deixar sua congregação, ainda que seja sectária. Se nosso principal interesse é levar as pessoas a um real conhecimento do Senhor e ao poder de sua cruz, então elas se entregarão alegremente a ele e aprenderão a andar no Espírito, rejeitando as coisas da carne. Verificaremos não haver necessidade de acentuar a questão das denominações, porquanto o próprio Espírito as esclarecerá. Se um crente não aprendeu o caminho da cruz e a andar no Espírito, que adianta ele sair de uma determinada igreja? Levará consigo o sectarismo, que é inerente à carne, para onde for.

(Texto extraído do livro “A Vida Normal da Igreja Cristã”, Watchman Nee, Editora Cristã Unida, edição atualmente esgotada)

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DEUS NÃO FALA NOS EXTREMOS
Por: Gino Iafrancesco

Deus não fala nos extremos. Precisamente nos extremos do propiciatório, Deus colocou querubins guardiões. Deus fala debaixo e no meio das asas dos querubins, sobre o propiciatório (Êx 25.22).

Nem o rigorismo nem a lassidão são soluções. Necessitamos do equilíbrio. Por um lado, devemos apreciar todos os tesouros em todos os membros do Corpo de Cristo; ao mesmo tempo, devemos lembrar que esses tesouros estão em vasos de barro e, por trás de quase imperceptíveis imperfeições em líderes notáveis, podem-se esconder grandes e sutis príncipes malignos que tentam anular o trabalho da Igreja.

Necessitamos da nobre amplitude para valorizar, apreciar, reconhecer e ter longanimidade. Ao mesmo tempo, necessitamos do rigor fulminante da cruz que se encarrega de todos os elementos estranhos. Por isso, Deus combina ministérios distintos e complementares: Pedro e João, Paulo e Barnabé…

A Igreja está grávida para dar à luz o Varão Perfeito, para conformar-se à plenitude de Cristo. E as dores da gravidez são inevitáveis e necessárias. O importante é entender os caminhos de Deus e avançar em sua luz.

Não permitamos que Satanás distorça o que é apenas complementar para apresentá-lo à Igreja como se fosse algo oposto ou contrário e assim provocar a divisão. Satanás quer aproveitar-se das diferenças entre nós que deveriam ser usadas como complemento um do outro e convertê-las em foco de oposição, ao mesmo tempo em que, sutilmente, disfarça-se em anjo de luz, e seus ministros, em ministros de justiça. Mas Cristo mesmo é a luz que discerne e a síntese que coordena a todos os membros de seu Corpo, por mais distintos que sejam.

[Portanto, não nos contentemos com verdades parciais ou extremas, nem com comunhão parcial com grupos uniformes, porém incompletos. Busquemos a revelação do amor de Cristo “com todos os santos” para podermos compreender toda a largura, o comprimento, a altura e a profundidade da plenitude de Deus (Ef 3.17-19).]

É o próprio governo de Deus que, por sua soberana vontade e a partir do Cristo glorificado à sua destra, pelo Espírito de Jesus, dispôs, dispõe e disporá as circunstâncias pelas quais há de encaminhar sua Igreja peregrina. O caminho é Jesus Cristo e cada passo é o próprio Jesus Cristo.

Gino Iafrancesco V., vive em Teusaquillo, Bogotá, com sua esposa Mirian; tem sete filhos e uma neta. Ministra a Palavra na Colômbia e também em igrejas e conferências em outros países, inclusive no Brasil, desde 1978. É autor de vários livros e algumas de suas obras podem ser encontradas em seus blogs: http://es.netlog.com/giv1, em português, e http://exegiv.zoomblog.com/, em espanhol.

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