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Até quando ousaremos seguir em frente sem lágrimas?

Até quando ousaremos seguir em frente sem lágrimas?

Por J. Allen Thompson

Certa manhã, bem cedinho, A. B Simpson foi visto em seu tempo devocional, abraçando um globo terrestre, com lágrimas escorrendo pelas faces enquanto orava por um mundo perdido:

Milhares de almas por dia
Passando uma por uma para a eternidade,
Em culpa e trevas sem Cristo.
Oh, igreja de Cristo, o que dirás
Quando no terrível dia do juízo
Sobre ti lançarem a culpa?

Para um evangelismo eficaz, é indispensável que tenhamos um forte impulso no espírito que chamamos de “encargo”.  É necessário ter uma alma sensível ao perdido, uma atitude de quebrantamento, um coração que sofre com a triste condição do não arrependido.

Em junho de 1865, Hudson Taylor ficou profundamente irritado com a atitude complacente e autocentrada de uma congregação em Brighton, Inglaterra, enquanto cantava seus hinos durante o culto. Taylor sentia tanto peso pela China que não conseguia tolerar a apatia e a frieza que percebia entre os cristãos.

John Pollock, autor de uma biografia de Hudson Taylor, escreveu: “Taylor olhou ao redor. Nos bancos da igreja, via inúmeros comerciantes prósperos, donos de lojas e visitantes. Via também mulheres recatadas e crianças limpinhas treinadas para esconder sua impaciência. A atmosfera de satisfação na religiosidade o enojava. Num rápido impulso, pegou o chapéu e saiu. ‘Eu era incapaz de suportar a visão daquela congregação de mais de mil cristãos se alegrando com a própria salvação enquanto milhões de pessoas estavam perecendo por falta de conhecimento. Saí andando sem rumo sozinho na areia da praia, em imensa agonia espiritual’.”

Ali, naquela praia, Taylor orou por “vinte e quatro trabalhadores dispostos e habilidosos” que sentissem o mesmo encargo de Cristo pelos perdidos da China.

Encontro poucos cristãos hoje que compartilham da profunda preocupação de Simpson e Taylor pelos perdidos. Grande parte dos pedidos de oração são por necessidades físicas ou financeiras, enquanto as pessoas não salvas parecem ser esquecidas. Aparentemente, ninguém consegue achar a linha de oração em favor dos bilhões de pessoas que não conhecem a Cristo. Eu vejo grupos de oração por missões quase sem vida nas igrejas e faculdades de teologia, destituídos do Espírito que traz dor e agonia ao coração do homem.

O meu pesar pelos perdidos também é inconstante. Às vezes, o Espírito de Deus vem com grande ímpeto sobre mim a respeito de uma necessidade específica, mas eu não choro pelos pecadores com a mesma intensidade que ardia no coração de Jeremias quando lamentava por Jerusalém. Eu não suplico com lágrimas em meus olhos, indo de casa em casa para falar com homens e mulheres, como fazia Paulo. Em desespero, eu clamo com Jim Elliot: “Senhor, enche os pregadores (missionários) e suas pregações com teu poder. Até quando ousaremos prosseguir sem lágrimas, sem paixão, sofrimento e amor por conta do pecado? Não por muito tempo, eu oro, Senhor Jesus, não por muito tempo”.

Há um antídoto para essa indiferença calejada. Cristãos sem encargo sofrem de consciências doentes. Ou não estão conscientes do pecado, ou não estão conscientes da graça perdoadora de Deus.

Uma perspectiva bíblica do pecado aprofunda o encargo pelo perdido. A partir do momento em que compreendemos o conceito bíblico da palavra “perdido” – um pecador morto no pecado, escravo de Satanás, debaixo do juízo de um Deus santo – estamos preparados para receber o dom do coração de pastor, cheio de compaixão dinâmica pelas ovelhas que se afastaram do aprisco.

Um entendimento bíblico da graça perdoadora de Deus coloca urgência no encargo. O Evangelho é a boa nova de que Cristo veio para salvar pecadores. Sua salvação nos liberta do pecado. Pela graça, fomos perdoados e reconciliados com Deus. Quando Jesus voltar, receberemos novo corpo e viveremos num mundo em que o pecado será totalmente banido. Deus seja louvado!

Essa mensagem de liberação se espalhou pelo mundo no primeiro século com grande entusiasmo e coragem. Os discípulos a proclamavam com convicção e urgência porque estavam profundamente conscientes da grande salvação recebida. Se quisermos anunciar o evangelho com “o coração em chamas”, nós também teremos de reconhecer a profundidade do nosso pecado e alegrar-nos na grandeza do nosso Deus.

Extraído de The Gospel Witness (O testemunho do Evangelho) e Pillar of Fire (Coluna de fogo).

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