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caminho que Jesus trilhou

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Por: James A. Stewart

Na época da minha conversão, durante um poderoso mover de Deus na minha cidade de Glasgow, na Escócia, uma moça de mais ou menos a minha idade se converteu também. Seu nome era Helen Ewan. Era apenas um palitinho de uma moça, mas logo no início da sua nova vida em Cristo, ela o coroou como Senhor absoluto e foi cheia do Espírito Santo. Ela aceitou o convite de seu Senhor de “beber abundantemente” (João 7.37-39). As torrentes de água viva simplesmente começaram a fluir da vida de Helen.

Helen Ewan nasceu em 1910 numa família comum de operários. Era filha única. Seus dois pais amavam a Jesus de todo coração. O bendito Filho de Deus era o centro em torno do qual toda a família movia. Viviam por apenas uma coisa – agradar a Deus em cada detalhe das suas vidas.

Sempre que eu os visitava, via três Bíblias bem marcadas num lugar proeminente da sua sala.

Depois da sua conversão com a idade de quatorze anos, toda a personalidade de Helen ficou radiante com a glória do Senhor. Deus, na sua soberana graça, iluminara sua alma entenebrecida a fim de que através deste vaso de barro comum, a suprema majestade do poder do evangelho pudesse ser revelada.

Esta manifestação da sua glória espantou a todos nós. Sua vida, embora tão comum, foi iluminada com a glória de Deus. Cheguei a me questionar muitas vezes como ela conseguia suportar tanta glória no seu frágil vaso de barro.

Cheia do Espírito Santo, ela também estava cheia de Cristo. Enquanto estudava a Palavra de Deus, com a direção e iluminação do Espírito Santo, o Senhor tomava seus tesouros e os revelava a ela (João 16.14,15). Isto fazia seu coração pular de alegria. Muitas vezes ela parava cristãos na rua e com rosto radiante contava-lhes de alguma passagem especial nas Escrituras onde encontrara um novo quadro do seu bendito Redentor. Estes amigos freqüentemente estavam em lágrimas ao deixá-la. Diziam: “Vimos Jesus; olhamos para seu rosto glorioso”. Uma solene admiração de Deus permanecia nas suas almas durante o restante do dia. Como Spurgeon, ela estava no seu melhor quando estava falando a respeito do seu Senhor. Era nestes momentos que se destacava como figura solitária, tão diferente das demais pessoas. Ela conhecia o Senhor de uma forma tão profundamente íntima.

Muitos testificaram que apenas seu sorriso, ou seu feliz “Bom dia, Deus te abençoe” trazia uma influência divina que permanecia neles durante o resto do dia.

Na sua vida de oração, Helen era um exemplo tão grande a todos nós. Ela se levantava por volta das cinco horas da manhã para ter comunhão com seu Senhor. Ela não acendia o fogo no quarto gelado, nem procurava se fazer confortável em qualquer outra maneira, por sentir que ficaria mais alerta no frio. E além disso, as pessoas por quem orava em países estrangeiros não tinham esse conforto.

Começava sua comunhão com louvor e adoração. Depois lia a Palavra para aquecer seu coração. Lembrava sempre das palavras do seu patrício escocês, R. Murray McCheyne: “É o olhar que salva, mas é o contemplar que santifica”. Helen contemplava o rosto do seu Senhor com êxtase. Não daria nem para citar as expressões de adoração que escrevia no seu diário depois de tempos assim com seu Senhor. São sagradas demais para serem publicadas.

Depois de comunhão e compartilhamento íntimo entre ela e o Senhor, passava então ao ministério de intercessão em favor de seus amigos e família, pela sua igreja, e por centenas de missionários em campos estrangeiros. Depois vinha a oração pelos não convertidos. Ela tinha uma lista de pessoas a quem havia testificado, e por quem orava diariamente até nascerem de novo. Sua agonia na oração em favor da salvação dos perdidos era algo espantoso para se ver. A razão por que Deus lhe concedeu tantas almas, entre ricos e pobres, jovens e velhos, analfabetos e inteligentes, era que agonizava por elas em ardente intercessão dentro do véu. Não havia nada de vago ou geral sobre suas súplicas. Depois de Helen ser “trasladada” para o céu, a mãe dela bondosamente permitiu que eu lesse seus diários, e ali vi como as petições expressas eram fortes e definidas. Ela registrava a data em que começava a orar por alguém, e depois a data em que a oração foi respondida. Estes diários revelam uma vida de oração que movia Deus e os homens. Não foi de se admirar que quando Deus a promoveu para a glória com a idade de vinte e dois anos, muitos choraram por toda a Escócia, e missionários em terras distantes sentiam que haviam perdido sua maior guerreira de oração.

Não foi só de madrugada que Helen entregava ao seu Senhor seu dia inteiro com tudo que incluía, mas também durante o resto do dia buscava sua direção em assuntos grandes e pequenos. Para ela, não era uma questão insignificante sair para comprar uma peça de roupa pessoal, e às vezes se podia observar enquanto parava na frente de uma loja, pedindo a direção de Deus antes de entrar para comprar uma fitinha! Ela queria agradá-lo em tudo, e não seria guiada pelas tradições dos homens. Isto sem dúvida explica o comentário dos seus amigos de que “Helen sempre estava vestida de maneira correta”.

A maneira como Helen buscava as almas perdidas também envergonha todos nós. Aqui também ela se sobressaía de ombros para cima a todos os demais, até mesmo entre as dezenas de milhares de cristãos que havia na nossa cidade naquela época. Por muitas vezes estive nas ruas de Glasgow, pouco antes da meia-noite, com meus folhetos e cartazes de versículos bíblicos, quando via Helen ocupada com seu próprio método de ganhar almas. Testemunhei em muitas noites geladas de inverno escocês a Helen abraçada com uma pobre prostituta embriagada, falando com ela de Jesus e do seu amor. Em outras ocasiões, falava com homens beberrões, procurando levá-los ao seu Salvador.

Nas reuniões evangelísticas, estava sempre alerta procurando almas perdidas. Sentava-se perto do fundo do prédio, e via uma mulher sentada sozinha, a tristeza estampada no seu rosto, e o cansaço nos seus olhos. Sob a direção do Espírito, Helen chegava discretamente perto dela e sentava ao seu lado, orando silenciosamente durante todo o culto. Quando a senhora se levantava para sair, Helen saía com ela, conversando sobre a mensagem, e encorajando-a a tirar os fardos do seu coração. Desta forma, mais de uma alma sobrecarregada com os cuidados desta vida, e encurvada com o peso do pecado e do desespero foi levada ao conhecimento do Salvador, enquanto Helen apontava o caminho para o Cordeiro de Deus embaixo de um poste de luz, ou esperando no ponto de ônibus.

Quando finalmente entrou na Universidade de Glasgow, ela andava a pé vários quilômetros da sua casa à faculdade todos os dias, para poder distribuir folhetos pelo caminho. Ao mesmo tempo, economizava a passagem de ônibus, para poder contribuir à causa missionária. É desnecessário dizer que teve a alegria de conduzir muitos alunos a Jesus no campus universitário.

Helen carregava a fragrância de Cristo consigo, e manifestava o poder do Espírito. Seu corpo era um templo ambulante do Espírito Santo. Assim, aonde quer que fosse o poder de Deus se manifestava. Quando entrava em qualquer culto, imediatamente a atmosfera ficava carregada com poder sobrenatural. Já vi ocasiões quando ela entrou numa reunião de oração já iniciada, e sentou-se no último banco; entretanto, todos sabiam que ela havia chegado por causa do tremendo senso da presença de Deus que se manifestava no nosso meio.

Os evangelistas com freqüência procuravam pelos serviços dela. Não era que cantava ou falava em público. Acho que nunca cantou um solo, nem deu testemunho público em qualquer das suas campanhas. Tudo que fazia era sentar-se quietamente nas reuniões e orar. Entretanto, estes evangelistas sabiam que se pudessem tão-somente tê-la presente nas suas reuniões, certamente haveria uma grande unção ali. Alguns evangelistas proeminentes me contaram que ela era a pessoa mais admirável que já conheceram neste modo. Um destacado evangelista inglês, quando já era guerreiro idoso, testificou que possivelmente a maior campanha já conduzida por ele foi quando Helen pôde participar de todos os cultos durante duas semanas, enquanto estava de férias.

Conversei um dia com dois professores da Universidade de Londres. Eram cristãos, e estávamos falando sobre cristianismo dinâmico, quando um deles de repente disse: “Irmão Stewart, quero contar- lhe uma história.” A seguir, falou a respeito de uma jovem no campus da Universidade de Glasgow, na época em que lecionava ali. Aonde ela estivesse no campus, ele disse, a fragrância de Cristo a acompanhava. Por exemplo, um grupo de estudantes não convertidos podiam estar rindo e contando piadas sujas, quando de repente alguém dizia: “Psiu! Psiu! Lá vem ela! Fiquem quietos!” E então ela passava, inconscientemente deixando o poder e o temor da presença de Deus atrás dela. Ele disse que nas reuniões de oração da Universidade, sempre se sabia se esta estudante estava presente ou não, indiferentemente se orava em voz alta ou não, ou se ela havia sido vista por alguém ou não; pois sentiam a presença de Deus no meio deles.

Então eu disse para ele: “Senhor, só pode ser uma pessoa de quem está falando; Helen Ewan!”

“Sim”, ele respondeu. “Este era seu nome. Ela era uma grande ganhadora de almas.”

Um outro aspecto notável da vida de Helen era seu enorme apetite pela Palavra de Deus e por um maior aprofundamento espiritual na verdade divina. Ela não apenas folheava a Bíblia por porções ape- titosas que lhe caíssem na graça naquele momento; estudava o Livro inteiro, do Gênesis ao Apocalipse. Assim, tornou-se uma filha de Deus profundamente instruída, mesmo com a idade de dezesseis e dezessete anos. Seus pés estavam firmemente posicionados na rocha sólida das Escrituras Sagradas. Mesmo quando era uma estudante dedicada na Universidade, procurando tirar boas notas para a glória de Deus, ainda tirava tempo para o estudo da Bíblia e a meditação. Isto fez com que se tornasse uma cristã bem equilibrada, embora não houvesse tempo ou lugar na sua vida para vãs conversas ou fofocas. Transbordava de humor puro e de entusiasmo pela vida, e ao mesmo tempo, como Cristo enchia todos seus horizontes, buscava honrá-lo através de uma vida santa e de serviço sacrificial.

Na Universidade, Helen estava se preparando para serviço missionário entre o povo russo da Europa Oriental, onde eu mais tarde iria trabalhar para o Senhor. Ela já estava aprendendo a língua russa para este fim. Mas Deus, na sua sabedoria e amor, chamou-a para seu lar com a idade de vinte e dois anos.

Ela estava passando suas férias com uma tia no reinado de Fife, e enquanto lá continuou cuidando do serviço do Mestre. De repente adoeceu, e com a mesma rapidez foi chamada para o Senhor. Foi tão inesperado que chocou a todos nós. Eu estava trabalhando na época numa campanha evangelística numa cidade no norte da Inglaterra. Quando a notícia do recolhimento de Helen chegou para mim, fiquei atônito. Não conseguia comer nem dormir. Tão grande foi minha tristeza que o povo daquela cidade ficou espantado ao saber que esta jovem da minha cidade não era nada para mim além de amiga espiritual e companheira; não era noiva, nem parente. “Como pode um homem ficar tão abalado sobre a perda de alguém, especialmente quando é apenas uma amiga?”

Eu não estava só na minha tristeza. Milhares de pessoas choraram em toda a Escócia e Grã-Bretanha. Muitos procuraram expressar algo da bênção que esta vida lhes trouxera. Um líder cristão deu testemunho no culto memorial de como a espiritualidade de Helen o havia afetado tão profundamente. “Eu tinha idade para ser pai dela”, ele disse. “Conhecia o Senhor há muito mais tempo que ela, mas mesmo assim ela parecia estar quilômetros à minha frente espiritualmente.”

Em postos missionários longínquos, missionários ingleses lamentaram as notícias. Ah, quem os sustentaria tão fielmente diante do Trono da Graça agora? Quem entraria na brecha para tomar seu lugar?

Mesmo muitos anos depois, quando estava novamente em Glasgow, uma das experiências mais tremendas que tive foi de estar com um grupo de amigos cristãos que compartilharam uns com os outros algo do que esta vida dedicada e radiante significou para cada um. Só mencionar o nome dela tinha um encanto; uma força irresistível que nos levava aos joelhos para clamar: “Oh Deus, levanta outros como Helen Ewan. Oh Deus, faze até de mim uma pessoa melhor para tua glória.”

Algum tempo depois, quando tive alguns dias de intervalo das minhas reuniões evangelísticas, visitei o cemitério onde Helen fora colocada para descansar, a fim de mais uma vez dar graças a Deus por aquela vida. Ali ajoelhei-me, e dispus-me novamente no seu altar, suplicando que o fogo de Deus caísse até sobre mim.

Um dos coveiros com quem falei inicialmente não conseguiu recordar a pessoa que descrevi sendo sepultada ali. “Você sabe que sepultamos muitas pessoas aqui, pois é um cemitério público”, ele disse.

Enquanto continuei falando, porém, este robusto trabalhador ficou profundamente comovido. “Sim, lembro-me agora”, ele disse. “Quando estava sepultando aquele corpo, senti a presença de Deus por todo este lugar!”

Agora, querido leitor, qual a explicação de uma vida como esta? Como podia uma jovem mulher, ainda seguindo seus estudos, sem nunca ter pregado um sermão, ou cantado um solo, ou viajado a mais de trezentos quilômetros da sua casa; como pôde sua vida afetar de tal forma pessoas em todas as parte do mundo, a ponto de sentirem que um grande general havia caído? A Palavra de Deus diz: “Um de vós perseguirá mil; dois porão em fuga dez mil” (Dt 32.30). A vida de Helen Ewan valeu mais do que mil cristãos comuns na igreja. E a história da sua vida, traduzida em muitas línguas diferentes, continua a abençoar muitos hoje. O que, repito, o explica? Só tem uma resposta: ELA ESTAVA CHEIA DO ESPÍRITO SANTO.

Helen, que foi uma jovem comum, tornou-se extraordinária simplesmente porque entregou tudo a Cristo e apropriou para si tudo que lhe pertencia nele. Com o rosto desvendado, tirou tempo para receber e conseqüentemente refletir a glória do Senhor enquanto passava de um grau de glória a outro.

Todos podemos espelhar a glória do Senhor em algum grau, mas se o quisermos fazer com mais perfeição, há três coisas que precisam ser verdadeiras a nosso respeito:

1. O espelho precisa estar limpo. Um espelho sujo não forma uma imagem verdadeira.

2. É preciso manter o espelho limpo. Nos dias da Bíblia, quando os espelhos eram feitos de metal polido, tinham de ser polidos continuamente para ter qualquer utilidade. E o espelho da sua vida precisa ser limpo e polido continuamente se quiser que reflita com perfeição e consistência a glória do Senhor.

3. O espelho precisa estar no lugar certo, precisa estar em frente ao objeto a ser refletido. Você precisa colocar os dois olhos em Cristo, sua vida inteira em direção a ele, se quiser refletir sua glória.

Que você, querido leitor, esteja tão entregue ao seu Senhor que possa, assim como Helen Ewan, refletir plenamente a glória do Senhor.

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