Compreenda e abrace o
caminho que Jesus trilhou

Não seja abençoado, seja…

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Por: Clésio Pena

Não sei quanto a você, mas eu travo uma luta interna com o modo prático de se viver. Sempre penso que nós, cristãos, deveríamos ter um estilo de vida diferente e surpreendente a ponto de atrair pessoas a Jesus. Porém, isso não tem acontecido.

Uma das razões é que queremos, buscamos e almejamos as mesmas coisas que os não cristãos. Buscamos uma casa melhor, uma promoção no trabalho, um bom casamento (tudo lícito)… Por muito tempo, eu culpava completamente o capitalismo por isso, mas tenho entendido que o problema é bem maior. “As coisas” que queremos são uma expressão do nosso amor próprio, do eros (desejo de satisfazer a nós mesmos). Mesmo que não sejamos simpatizantes da teologia da prosperidade, queremos algo além do que já temos. Queremos ser abençoados (com coisas palpáveis).

Temos um amor próprio tão grande que nos impede até mesmo de enxergar quão maléfico isso tem sido em nossa vida. Amor próprio gera células cancerosas, ou melhor, orgulhosas, que acabam por destruir nosso sistema imunológico. Destroem nosso chamado primordial, que é o de ser um abençoador. Nosso chamado a uma vida cristã não é para sermos abençoados, mas para sermos abençoadores. Creio que o foco central da nossa controvérsia de vida seja exatamente este.

Existem vários exemplos que corroboram essa tese. Veja, por exemplo, uma igreja que vai até a prefeitura da cidade. Daria para confiar, tranquilamente, que os líderes religiosos foram lá para abençoar a cidade ou será que foram em busca de algum beneficio próprio? Quando participo de uma campanha de oração, qual é meu interesse real?

Vejo que há uma diferença muito grande nessa questão entre o Velho Testamento e o Novo. No Velho Testamento, VOCÊ era a personagem central. Quando alguém era abençoado por Deus, ele era rico e matava (literalmente) seus inimigos. Se alguém o ferisse, deveria ser penalizado… Já no Novo Testamento, VOCÊ dá lugar à outra personagem mais importante: o PRÓXIMO. O próximo é a razão pela qual sou cristão. Nada é para VOCÊ. Até o inimigo deve ser alvo das nossas bênçãos.

Eis uma ordem difícil de ser vivida e até de ser compreendida: “Apresente seu corpo como sacrifício vivo”. Se é sacrifício, como pode ser vivo? Como posso me oferecer em sacrifício sem ser um suicídio? Minha solução para essa equação parece ser simplista: não seja só abençoado, mas seja um ABENÇOADOR. A partir do momento em que coloco o próximo em lugar de destaque, buscando que ele seja abençoado, que ele tenha uma vida melhor e condições melhores, doando minha vida em favor dele, começo a obedecer àquela ordem.

Não temos muitos exemplos dessa prática na atualidade, mas quero citar Madre Teresa. Diz a história que, certo dia, um dos grandes ofertantes de sua obra ficou arruinado financeiramente. Faliu. Um ‘perseguidor’ de Madre Teresa foi até ela para questioná-la: “O que a senhora fará agora, já que aquele empresário faliu? Centenas de famílias não terão o que comer, pois dependiam do salário que recebiam da empresa. E ele faliu porque dava muito dinheiro à sua instituição. A senhora agora irá devolver o dinheiro que ele doou?”

Ao que ela respondeu: “Devolverei, sim senhor. Pode entrar e levar todas as panelas, as cadeiras, tudo – até as crianças”.

Para Madre Teresa, era fácil dar essa resposta, pois ela não tinha nada que lhe pertencesse, que fosse sua propriedade particular. Não tinha um carro moderno, uma joia rara, uma conta bancária gorda, uma mansão, nada. Ela era livre, pois não havia nada em beneficio próprio. Todo o seu esforço, seus talentos, dons e tempo haviam sido dedicados para abençoar o próximo. Ela era o exemplo de sacrifício vivo.

Sei que é complexo quebrar o tabu de ser abençoado e adotar um estilo de vida abençoador. Eu me amo tanto, amo tanto o meu grupo, a minha igreja, a minha família que não sobra muito para ser um abençoador. Se ainda não tenho o suficiente para mim, como poderei abençoar?

Outro dia, o pastor e pescador Paulo Oliveira (de Goiânia) nos relatou uma história de uma de suas viagens ao Haiti. Durante um dia inteiro, algumas crianças ficaram rodeando a equipe brasileira que lá trabalhava. Essas crianças não têm nada, nem comida. Paulo disse que, no final de um dia, fez um prato de comida bem grande e deu a uma criança que estava por perto. Para a surpresa dele, essa criança não encheu o garfo e comeu todo o alimento. Primeiramente, ele deu uma garfada de comida a cada um dos coleguinhas que estavam na roda e só depois de servir a todos os amiguinhos foi que ele comeu. Sei que isso causa certa dose de emoção, mas, por favor, entenda que mesmo com fome podemos ajudar outros a se saciar.

Minha esposa e eu estamos trabalhando há dez anos com cursos voltados para a família. E isso tem ajudado aqueles que querem mudar sua rotina dentro de casa. Porém, neste último ano, temos conclamado que as famílias adotem um estilo de vida abençoador. Que recebam a promessa que foi feita a Abraão como sendo para nós hoje: “Em ti serão benditas todas as famílias…”. Que parem de olhar apenas para a própria família, para os seus problemas.

Não seja abençoado, seja abençoador. Para isso, preciso ser um doador. E para fazer parte da Trindade (fomos convidados a participar da comunhão que há na Trindade), não posso ter esse espírito de só querer ser abençoado. Preciso me dar, ser um sacrifício vivo.

Para refletir na cama: você tem sido mais abençoado ou mais abençoador? Qual dos meus próximos tem sido beneficiado com minhas bênçãos? Tenho feito diferença na vida de alguém? Posso ser mais abençoador? Posso me dar mais? Não seja apenas abençoado, seja abençoador.

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4 respostas

  1. Parabéns pelo artigo, verdadeiramente esse evangelho puro e simples está cada vez mais em “extinção”, essa leitura do evangelho que precisamos encarnar em nosso cotidiano.

  2. Dou graças a Deus porque, dos milhões de irmãos pelo mundo, há os que entendem a essência de ser cristão. Preciso meditar nesse texto, e estar atento às oportunidades de ir mais fundo com Jesus no dia a dia.

  3. Que palavra abençoada, que nos faz pensar e tirar o foco de nós mesmos e não acumular tesouros aqui na terra onde os ladrões escavam e roubam, mas acumular tesouros no céu onde os ladrões não escavam, nem roubam, fazer de Cristo o tesouro mais precioso da nossa vida.

  4. Cantamos em nossas igrejas ¨Dá-me um coração igual ao teu, meu mestre¨e fechamos os olhos p/ o irmãozinho menos favorecido que está ao nosso lado,clamando p/ nossa ajuda… É tempo de arrependimento! palavras abençoadas! precisamos mesmo ser confrontados todo o tempo pelo Senhor.

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